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4. Enquadramento Operacional O baralhar do Cubo Mágico

4.1. Orientação e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.1 Conceção concetual

4.1.1.1 O valor do ensino e da educação na vida do ser humano

Definir um ser humano é uma tarefa complexa. O ser humano, na sua simplicidade, é um ser que pensa. E se formos a ver, quantas vezes já pensaste e te questionaste sobre o teu propósito nesta terra? Por que razão passas grande parte da tua vida a estudar, em busca de conhecimentos para um dia vires a ser alguém melhor? Mas afinal o que é o ensino e a educação? Qual o papel na nossa vida? Já devem ter percebido que não sou um Cubo Mágico sossegado, gosto de questionar tudo e mais alguma coisa, procuro saber o “porquê” das coisas até ao mais ínfimo pormenor. Desta forma, desafio-vos a entrar na minha mente e tentarem acompanhar o meu raciocínio neste tão complexo tema.

O ser humano é um ser que partilha não mais que 25 mil genes nos seus 46 cromossomas. Apresenta muitas características genéticas semelhantes a alguns animais, nomeadamente gorilas e chimpanzés. Contudo, é a evolução que ocorreu no seu cérebro ao longo destes milhares de anos que nos permitiu chegar até aqui. Segundo Monteiro (2017), “os cérebros humanos são os mais complexos dispositivos de gestão criados pela evolução”, ou seja, esta evolução permitiu que o ser humano conseguisse se desenvolver enquanto um ser intelectual e individual, interagindo com o meio onde se encontra inserido. Vejamos as coisas dentro deste prisma: o nosso cérebro é a peça fundamental de cada Cubo Mágico. Tu não tens a mesma peça que eu, eu não tenho a mesma peça que tu e mais ninguém tem. Esta peça única é a que nos permite olhar para aquilo que nos rodeia, perceber o que se passa através de milhentos sinais corporais que interpreta, age consoante as suas crenças, tomando decisões de

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acordo com as emoções que sentimos e vivenciamos. É caso para dizer que somos bastante mais valiosos e complexos do que pensamos!

Mas agora surge outra questão: como é que um cérebro que nos dá acesso à educação? Vamos falar de um novo conceito muito associado a este órgão: a plasticidade neural. O cérebro desenvolve-se de forma exponencial até à puberdade (14-15 anos), adquirindo uma plasticidade que permite desenvolver na criança/jovem a sua coordenação neuromuscular, agilidade, velocidade, força, técnica e inteligência tática. Se o ser humano pensa, temos de educar esse pensamento no sentido de conseguir arranjar “soluções e preparar decisões e prever as respetivas consequências, imediatas ou futuras.” (Monteiro, 2017). Como podemos ver, graças ao desenvolvimento do cérebro e aos estímulos a que está sujeita no meio onde está inserida, a criança/jovem consegue pensar, aprender e crescer. É aqui que se cruza com a educação, o fenómeno que permite ao ser humano ser uma espécie única - educabilidade humana.

A educação é algo essencial ao crescimento do ser humano. Todas as suas capacidades e limites dependem do rumo da educação na vida do mesmo, sendo este o caminho que o distingue das outras espécies. Segundo Bento (1995), “o homem nasce carente e condenado à necessidade de educação” e desta forma, a educação permite identificar e acompanhar as potencialidades, dificuldades e possibilidades do ser humano, despertando-o para uma procura de mais conhecimento, colmatando a manutenção, transformação e evolução da sua aprendizagem. É todo um processo que visa uma melhor integração do ser humano na sociedade onde está inserido. Conforme Savater (1997) anuncia, é através “dos processos educativos que o grupo social tenta remediar a ignorância amnésica com que naturalmente vimos ao mundo.”, ou seja, sem educação, o ser humano não é nada. A necessidade da educação vive da partilha de conhecimentos uns com os outros, do aumento do nosso leque de aprendizagens, possibilitando a nossa evolução enquanto sujeitos. Tão ou mais importante que aprender é também ensinar ao outro aquilo que sabemos. Para mim, a educação é como um ciclo vicioso, no sentido em que “se eu sei, eu vou partilhar; se não sei, vou procurar aprender e depois de aprender, vou partilhar

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o que sei com os outros”. É aqui que carece o verdadeiro valor da educação na vida do homem.

Após perceber cada coisa na sua perspetiva individual é importante refletir sobre os propósitos do ser humano e os benefícios da educação no mesmo. O processo educativo pode ocorrer por duas vias: formal, através da escola e de professores, que são sujeitos vocacionados para essa tarefa, ou informal, através de pais, avós, amigos, e até a própria sociedade onde o homem está inserido. Posto isto, percebemos que o homem só o consegue ser na verdadeira aceção da palavra através das aprendizagens que vivencia durante toda a sua vida. Pela complexa biologia do homem, nós temos de ser o ator principal, o sujeito ativo nesta parte, pois apesar de aprendemos muita coisa sozinhos pela exploração (característica idêntica aos animais - conhecimentos funcionais), é a interação com os nossos semelhantes, de formas formais ou informais, que construímos uma rede de conhecimentos (conhecimentos culturais). Nunca nos podemos esquecer que “processar informação não é o mesmo que compreender significados” (Savater, 1997) e é neste passo que a educação nos ajuda a superar e verdadeiramente diferenciar na espécie mais evoluída. Todas as nossas experiências, relações com os outros, vivências, sentimentos e aprendizagens vão moldar o ser humano que nos tornamos.

É neste momento que entra a escola na vida do ser humano, a instituição que permite que todo o seu conhecimento cresça e evolua, onde velhos paradigmas são desfeitos e/ou melhorados e novos se desenvolvam. O homem passa aproximadamente 12 anos na escola (ensino obrigatório: ensino primário até ao ensino secundário). Essa obrigatoriedade proveio do Decreto-Lei nº176/2012 e resulta em alterações profundas não só no sistema educativo, porque requer uma reformulação constante em busca de novos mecanismos para integrar e motivar os alunos mas também na forma como as famílias se organizam, porque cada vez mais, os jovens iniciam a fase do trabalho mais tarde. Deste modo, a escolaridade presente na vida do ser humano serve para que o mesmo receba uma educação e uma formação de qualidade e relevante para o progresso social e cultural do mesmo, devendo ser um processo “seguro,

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contínuo e coerente”, garantindo assim a promoção da qualidade e da exigência no ensino e o desenvolvimento do ser humano a todos os níveis.