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4. Enquadramento Operacional O baralhar do Cubo Mágico

4.1. Orientação e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.3 Realização

4.1.3.4 Testes FITEscola qual a sua utilidade?

Segundo Romão & Pais (2013), é importante que o aluno apresente um desenvolvimento global do corpo ao nível de quatro componentes (capacidade cardiorrespiratória, capacidade de trabalho muscular, flexibilidade e composição corporal), uma vez que permite ganhar uma boa capacidade física com o desenvolvimento das capacidades coordenativas e condicionais, onde o termo capacidade indica uma medida em potencial, que por sua vez, apresenta um valor amplamente moldável ou treinável (Romão & Pais, 2013). Já Faria et al. (2013) afirmam que as capacidades condicionais são associadas “aos processos de obtenção de energia, onde predominam os processos metabólicos dos sistemas musculares e orgânicos”, ou seja, é graças à energia produzida pelos sistemas musculares que permitem a realização de ações motoras.

Desta forma, é possível afirmar que as capacidades condicionais (força, velocidade, resistência e flexibilidade) são de carácter quantitativo enquanto as coordenativas (execução e domínio dos gestos técnicos), por serem determinadas pelos processos de condução do sistema nervoso central, são de carácter qualitativo (Romão & Pais, 2013).

Os testes do FITEscola são testes utilizados em contexto escolar como forma de avaliar a aptidão física das crianças e adolescentes tendo em conta as capacidades condicionais. Para tal, integra uma variedade de testes que se encontram divididos em três grandes áreas: Aptidão Aeróbia (vaivém e milha), Aptidão Neuromuscular (abdominais, flexões de braços, impulsão horizontal, impulsão vertical, agilidade 4x10m, velocidade 20/40m, flexibilidade de ombros e flexibilidade de membros inferiores) e Composição Corporal (índice de massa corporal - IMC, massa gorda e perímetro da cintura). Para cada teste é possível encontrar a sua descrição detalhada, na qual é acompanhada por um conjunto de materiais de apoio (áudio, vídeo ou texto), como forma de facilitar a correta aplicação da bateria de testes. Sendo a primeira vez que contactava com estes

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testes, procedi a uma análise aprofundada da descrição de cada um, no sentido de facilitar a minha instrução na aula, aspeto que se revelou positivo como podemos ver no excerto seguinte:

“A aula correu muito bem e isso deve-se ao facto de ter realizado um bom trabalho prévio de preparação, pois analisei meticulosamente todos os protocolos dos testes que iria realizar (…). A explicação dos protocolos ocorreu de forma natural, fluida e coerente, uma vez que optei por associar a instrução à demonstração.”

10ºC - Reflexão da aula nº 3 e 4, 19/09/2019

Na minha EC estava definido, tendo em conta as condições materiais, que para avaliar a aptidão aeróbia, utilizar-se-ia apenas o teste do vaivém e, na aptidão neuromuscular, realizar-se-iam todos os testes excetuando o teste da agilidade e da velocidade. Para o efeito, elaborei uma ficha de registo de resultados, como podemos observar na figura 4. Desde o início do ano letivo que procurava que os alunos participassem ativamente nas tarefas da aula. Desta forma, para além da ficha de registo que ficaria para mim, conforme observamos na figura 3, elaborei uma ficha de registo para o teste do vaivém, uma vez que juntei os alunos em pares e enquanto um aluno realizava o teste, o colega ia registando na ficha o percurso realizado e ia motivando o mesmo a não desistir.

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Não contava receber tantos feedbacks positivos quanto às fichas de registo elaboradas por mim. A primeira ficha, a minha ficha de registos geral, acabou por ser utilizada por todos os professores do grupo disciplinar, quando após a elaboração, o PC comentou com uma professora e ela achou uma perspetiva inovadora, visto que permitia ver os resultados dos alunos num só documento, pedindo-me para lhe enviar por email, que ela reencaminharia para todos os restantes professores. A ficha de registo de vaivém foi elogiada não só pelo PC como pelos alunos, visto que antigamente todos os alunos decoravam o seu percurso individualmente e, no fim, diziam ao professor e ele registava, existindo esquecimentos por vezes, provocando pouca fidelidade no teste. Disseram-me que nunca ninguém tinha pensado em criar um instrumento de registo que permite trabalhar em pares e de forma mais concentrada, uma vez que era necessário riscar na folha o percurso que o aluno estava a realizar, bem como rodear o percurso onde cometeu uma falta, contabilizando de forma assertiva as faltas que podia dar:

“Esta aula suscitou em mim um sentimento de alegria e satisfação quando me disseram que, no teste do vaivém, nunca tinham usado nenhum tipo de instrumento de registo e que adoravam aquele que eu tinha feito. Criei este instrumento para facilitar no registo do resultado do teste e ao ser colocado em prática, os próprios alunos disseram-me que permitia ficarem mais focados e os resultados tornar-se- iam mais viáveis pois não tinham como se esquecer do nº de percursos que o colega fazia, coisa que frequentemente acontecia nos anos anteriores.”

12ºD - Reflexão da aula nº 7 e 8, 24/09/2019

Relativamente à aplicação desta bateria de testes, eu conversa com o meu colega de estágio, procuramos arranjar a maneira perfeita de realizar todos os testes possíveis, utilizando o menor número de aulas possíveis e não comprometendo a integridade física dos alunos, para conseguirem estar no seu melhor os testes todos. O PC disse que ambos podíamos ajudar um ao outro nas aulas das turmas residentes. Posto isto, decidimos então realizar da seguinte forma: 1º dia = todos os testes da composição corporal (acrescentando a medição do peso e da altura) + os dois testes de flexibilidade e impulsão; 2º e

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último dia = teste do vaivém + abdominais + flexões. Contudo, no primeiro dia, íamos preparados com mais um teste do que aquilo estava planeado (flexões ou abdominais) pois se restasse tempo, avançaríamos com a bateria de teste. Esta decisão foi bastante positiva, pois permitiu organizar melhor os espaços, os materiais e os grupos de trabalho, uma vez que cada um de nós ficava responsável por uma estação.

“Conseguimos terminar a bateria de testes da melhor forma. A divisão que fizemos dos testes pelos dois dias atribuídos a esta Unidade foi bem-feita uma vez que se pensou na gestão de espaços e tempo, nas condições materiais e nos alunos, no sentido de os motivar e não desmotivar para a realização dos mesmos. Tentamos “aliviar” os testes para não ser demasiado cansativo num dia ou no outro.”

12ºD - Reflexão da aula nº 7 e 8, 24/09/2019

Após a realização da bateria de testes e o preenchimento destas fichas, procedi a uma análise tendo em consideração a idade, o género dos alunos e a tabela de referência existente. Os resultados obtidos por cada aluno nos testes em que foram avaliados foram associados a uma determinada zona: Fora da Zona Saudável, Zona Saudável e Perfil Atlético. Eu atribuí a cada zona uma cor (vermelho, verde e azul, respetivamente) e apresentei os resultados à turma. Não só apresentei a ficha de registos geral “pintada”, como observamos na figura 5, como elaborei mais uma ficha onde apresentava os valores de referência compilados a partir das idades e género deles, conforme mostra a figura 6:

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Figura 6 - Ficha de registo FITEscola (modo apresentação à turma)

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Para mim, e em modo de conclusão, a bateria de testes FITEscola é bastante útil e fácil de realizar. Não só a informação obtida foi de grande utilidade para mim, enquanto professora, porque me permitiu ter uma visão global da aptidão física das minhas turmas e uma informação detalhada de cada aluno, como também serviu para que os alunos percebem em que nível se encontram, por vezes não correspondendo às suas expectativas. Não basta apenas informar os alunos dos resultados que obtiveram, mas sim ajudar a compreender os seus comportamentos, realçando que os mesmos podem ser decisivos na obtenção de uma vida mais saudável.

Os alunos passam grande parte do seu tempo na escola e os professores de EF devem aproveitar esta oportunidade não só para intervir, promovendo a atividade física regular como parte do quotidiano e os seus benefícios motores, cognitivos, psicológicos e sociais (aspeto referido nos PNEF), como para acompanhar os seus alunos no trabalho de treino funcional desenvolvido durante as aulas mas também fora delas, aconselhando a realizar este tipo de trabalho. Percebi que o trabalho de um professor neste vertente é fundamental visto que é ele quem conhece melhor os alunos, compreende as suas capacidades e competências físicas, percebe como os motivar e possui todo o conhecimento científico e técnico para os acompanhar e auxiliar.