• Nenhum resultado encontrado

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. O Mercado de Biocombustíveis

4.1.2. O marco legislativo

O marco legislativo configura os incentivos e as regras financeiras e fiscais

formuladas pelos governos para promover a produção e o comércio de biocombustíveis

com base em uma demanda compulsória determinada em função da substituição total ou

parcial do uso de derivados do petróleo nos meios de transportes. Em síntese, as regras

de produção e de comércio de biocombustíveis para os produtos objeto deste trabalho

4.1.2.1. Etanol.

Estados Unidos: O marco legislativo dos biocombustíveis nos Estados Unidos está

baseado em dois tipos de proteções: por um lado o nível de mistura institucionalizada; e,

por outro, as tarifas de importação estabelecidas. Assim, em 22 de outubro de 2004,

com a Lei H.R 4520 foi assinada a Ata American Jobs Creation 2004 (JOBS Bill) na

qual foi criado o Volumetric Ethanol Excise Tax Credit (VEECT). A VEECT substitui a Federal Ethanol Excise Tax Credit que existia previamente. Nesta ata eliminam-se os níveis restritivos da mistura (5.7%, 7.7% e 10%) ditados pelo Código de Impostos para

refletir as exigências obsoletas da Clean Air Act e fornecer uma significativa

flexibilidade às companhias de petróleo na mistura de etanol para atender o volume

necessário de octanagem. Existe o sistema de reembolso da taxa de crédito de 51

centavos de dólar por galão de etanol misturado com gasolina pago depois de 20 dias de

realizada a mistura. O uso das tarifas de importação tem por finalidade impedir que os

Estados Unidos forneçam subsídios adicionais aos biocombustíveis importados, os

quais já possuem uma carga elevada de benefícios nos países de origem. A tarifa ad valorem é 2,5% do valor do produto, existindo um imposto secundário de 54 centavos de dólar por galão, criado para deslocar o valor do crédito de imposto de etanol da

indústria de petróleo quando o etanol, tanto doméstico quanto importado, é misturado

com gasolina.

Existem exceções na aplicação da tarifas de importação secundária,

União Européia: A União Européia com sua Diretiva específica pretende promover o uso dos biocombustíveis e de outros combustíveis renováveis. Na Diretiva de

2003/30/EC do Parlamento Europeu, aprovada no Conselho de 8 de maio de 2003,

determinaram que os estados membros devem ter uma proporção mínima de

biocombustíveis renováveis para o uso de transporte. Conforme esta Diretiva, a

participação dos biocombustíveis deve ser de 2% no combustível utilizado para o

transporte. Esta porcentagem deve aumentar 0,75% anualmente, até alcançar 5,75% em

2010.

América Latina: Na América Latina não existe uma posição do bloco que faça referência à produção, utilização e consumo dos biocombustíveis. Além do Brasil,

países como Argentina e Colômbia têm acolhido com maior ênfase o tema como parte

de suas agendas de políticas. De qualquer forma, nesta parte do trabalho é apresentada a

posição do Brasil por ser a mais representativa.

Brasil: O Brasil criou seu Programa Nacional do Etanol (Proálcool) na década de 70, em resposta à crise de petróleo desse tempo. Este Programa incluiu incentivos para

sustentar a indústria doméstica, tais como exonerações de impostos e empréstimos para

contribuir com o desenvolvimento do etanol. Por outro lado, o governo forneceu

empréstimos subsidiados às usinas, avaliados em mais de US$ 2 bilhões e grandes

subsídios transferidos à indústria doméstica automobilística, como forma de subscrever

o custo de criar um veículo especial para funcionar com álcool hidratado. RFA (2007).

Atualmente, existem no Brasil dois tipos de proteção para a produção dos

A mistura determinada por lei é de até 25% de etanol anidro, sendo o regime de tarifas

de importação de 20% ad valorem.

4.1.2.2.Biodiesel.

Estados Unidos: No caso do biodiesel houve uma extensão da Volumetric Excise Tax Credit (VEETC) para o agri-biodiesel, biodiesel e o diesel renovável. Segundo este acordo estende-se o income tax credit, suprime o tax credit e o sistema de pagamento

das provisões de VEECT agri-biodiesel e biodiesel até 31 de dezembro de 2008. Ao

mesmo tempo criou-se um similar income tax credit, eliminou-se o tax credit e o

sistema de pagamento das provisões para biodiesel renovável.

O volumetric excise tax credit para o agri-biodiesel é de US$ 1,00 por galão,

enquanto para o biodiesel permanece em 50 centavos de dólar. O novo volumetric excise tax credit para o diesel renovável é de US$1,00. Entende-se por biodiesel renovável o diesel combustível derivado da biomassa e que utiliza um processo termal

de despolimerização. Os créditos VEECT expiram em 31 de dezembro de 2008. (RFA,

2007)

O Acordo criou um novo crédito para pequenos produtores do agri-biodiesel de

10 centavos de dólar nos primeiros 15 milhões de galões de agri-biodiesel produzidos,

desde que a capacidade anual não exceda 60 milhões de galões. Este incentivo estava

restrito aos pequenos produtores de etanol, mas a Energy Policy Act of 2005 estendeu o

União Européia: No caso da União Européia o biodiesel recebe incentivo à produção e ao consumo por meio de desgravação tributária e de alterações importantes na

legislação do meio ambiente. Além dos principais países produtores – Alemanha,

França e Itália, nessa ordem – outros países da União Européia, inclusive por orientação

do Parlamento Europeu, já desenvolvem ações visando estimular o uso do biodiesel e de

outros substitutos de combustíveis fósseis, especialmente para o setor de transportes.

Dentre essas ações, merecem destaque as que buscam estabelecer padrões

mínimos de qualidade para a oferta desse biocombustível, havendo, evidentemente, uma

estreita articulação com os fabricantes de veículos e de peças.

Brasil: O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) foi lançado em dezembro de 2004, sendo os pontos centrais: a definição do modelo tributário, o

mecanismo denominado Selo de Combustível Social, a criação de linhas de

financiamento, as ações promotoras do desenvolvimento tecnológico e o estímulo à

formação do mercado nacional para o biodiesel, por meio dos leilões de compra

conduzidos pela Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

(RODRIGUES, 2006).

A Lei n° 11.097, de 13 e janeiro de 2005, define o biodiesel e faculta a mistura

de 2% de biodiesel (B2) ao diesel convencional, a partir dessa data, quando será

obrigatória em todo o território nacional a partir de 2008, devendo ser ampliada para 5%

(B5) até 2013, além de delegar competência à ANP para regular e fiscalizar a

comercialização de biocombustíveis.

A Lei n° 11.116, de 18 de maio de 2005, define o modelo tributário aplicável ao

biodiesel. Há isenção ou redução de impostos federais incidentes sobre os combustíveis,

A produção de biodiesel com matérias-primas cultivadas por agricultores

familiares apresenta tratamento preferencial no modelo tributário. Independentemente

da oleaginosa ou da região, se a matéria-prima for adquirida desses agricultores, a

redução de tributos federais é de 68%.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário instituiu e regulamentou a concessão

de um certificado, denominado Selo de Combustível Social que outorga incentivos

fiscais. Para a obtenção desse certificado, o produtor de biodiesel deve adquirir no

mínimo 50% de matérias-primas produzidas por agricultores familiares na Região

Nordeste e no Semi-Árido, no mínimo 30% nas regiões Sul e Sudeste e no mínimo 10%

nas Regiões Norte e Centro-Oeste. (RODRIGUES, 2006).