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O Modelo de internacionalização e das redes industriais

7. O Processo de Internacionalização das empresas

7.1 Modelos de internacionalização adaptados às PMEs

7.1.3 O Modelo de internacionalização e das redes industriais

A análise do papel das redes industriais no processo de internacionalização das empresas foi impulsionada pelos estudos de Birley (1985) e de Aldrich e Zimmer (1987).

Segundo Axelsson e Johanson (1992) as redes podem ser definidas como conjuntos de duas ou mais relações de troca. A natureza destas relações entre grupos (clientes, fornecedores, competidores, família) vão influenciar as decisões estratégicas da empresa e tornam-se um recurso para a empresa (Daszkiewicz e Wach, 2012).

Na perspetiva de Teixeira (2011), as redes industriais são acordos de longo prazo entre empresas diferentes, mas relacionadas, que lhes permitem ganhar, ou manter, vantagens competitivas sobre os seus concorrentes exteriores à rede.

Em relação à classificação dos tipos de redes, Teixeira (2011) classifica as redes em formais ou informais, hierarquizadas ou independentes, horizontais ou verticais. Neste contexto, M. Perry (s.d.)15 considera a existência de quatro categorias de redes, de acordo com o tipo de relacionamento que está por detrás dessas mesmas redes. Esta categorização está apresentada na seguinte tabela.

Tipo de relação Caraterísticas da relação Exemplos

Familiar e étnica Laços baseados na família e em contatos pessoais, integrados em comunidades muito unidas Empresas chinesas, empresas de minorias étnicas, negócios familiares

Local Proximidade geográfica e

compromissos partilhados

Distritos industrias italianos, Sillicon Valley,

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derivados de objetivos e valores comuns

Cosmetic Valley

Organizacional Laços de investimento ou de propriedade em associações industrais

Grupos de negócios, joint- ventures, corpos industriais, câmaras de comércio

Comprador-fornecedor Interação para melhorar o papel do fornecedor e dos subcontratados

Relações de

subcontratação

Tabela 5: Categorias das redes, adaptado de Perry M. citado em Daszkiewicz et al. (2012)

Johanson e Mattsson (1992)16 desenvolveram um modelo de internacionalização, com base nas redes de relações existentes na própria rede da empresa e também nas redes de relações relevantes existentes nos mercados internacionais. Neste modelo o caminho para a internacionalização de uma empresa está dependente das suas posições correntes na rede ou redes (Teixeira 2011).

De acordo com esta teoria, o processo de internacionalização é visto como um processo no qual várias relações vão-se estabelecendo, desenvolvendo e mantendo continuamente. A conjugação entre o grau de internacionalização da empresa e o grau de internacionalização do mercado (a rede de produção) vai permitir categorizar o nível de internacionalização das empresas. Neste âmbito, Johanson e Mattson (1988) criaram a seguinte estrutura:

Grau de internacio- nalização da empresa

16 Citado em Daszkiewicz e Wach (2012)

The lonely international

The international among others

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Grau de internacionalização do mercado

Figura 10: Situações de internacionalização, adaptado de Teixeira (2011)

Uma empresa encontra-se em situação de early starter, quando as suas relações com as empresas estrangeiras não têm grande importância. Nesta fase pode- se tornar problemático o desenvolvimento de redes, pois, por vezes, os custos podem ser demasiado elevados para a empresa conseguir uma vantagem (Daszkiewicz e Wach 2012). Nesta fase, as empresas têm pouco conhecimento sobre os mercados estrangeiros, na medida em que utilizam agentes ou outras empresas com mais experiência para serem capazes de começar o seu processo de exportação e aprenderem mais sobre os mercados. Por outras palavras, as empresas early starters utilizam a posição de mercado de outras empresas para serem capazes de entrar no mercado externo (Johanson e Mattson).17

À medida que a empresa avança no seu processo de internacionalização, esta irá passar para a próxima etapa, o lonely international. Ainda sobre esta primeira categoria, Daszkiewicz e Wach (2012) afirmam que quando o grau de internacionalização da empresa é baixo e o grau de internacionalização do mercado também é baixo, a empresa pode seguir o modelo tradicional de Uppsala.

O lonely international é o caso no qual a empresa está altamente internacionalizada, mas o mercado não está. A empresa apresenta know how e aquisição de experiência, através de operações passadas no mercado internacional. Para além disto, a empresa também é capaz de se adaptar às diferenças existentes em vários mercados externos. Essa capacidade de adaptação terá sido adquirida através da aprendizagem. Neste sentido, a empresa é capaz de entrar em novos mercados e estender as suas operações, usando a sua própria rede, o que lhe permite não estar dependente das redes dos outros atores comerciais. Segundo Daszkiewicz e Wach (2012) a maior dificuldade que as empresas apresentam nesta fase é a coordenação das suas atividades internacionais.

A situação de late starter diz respeito a uma empresa com um baixo grau de internacionalização, mas cujo mercado doméstico a pode impulsionar para o começo

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de operações internacionais. As relações no mercado doméstico podem representar forças motivadoras para a entrada em mercados internacionais. A empresa pode ser “empurrada” por fornecedores ou clientes para a participação em projetos de maior envergadura. Neste caso, a empresa é em certa medida dependente das outras empresas que já estão presentes no mercado e que podem tentar travar o processo de internacionalização das late starters (Daszkiewicz e Wach 2012).

Na situação de the international among others, a empresa e o ambiente de relações onde esta se insere estão ambos extremamente internacionalizados. Neste caso, a internacionalização significa apenas uma mudança gradual na posição da empresa nos mercados internacionais. Os contatos internacionais, adquiridos pela empresa ao longo da sua aprendizagem, e experiência podem ser utilizados como fonte de informação sobre as mudanças que têm lugar no mercado internacional. A empresa poderá então usar este tipo de informação em seu favor, tornando a instabilidade dos mercados numa vantagem em relação aos seus concorrentes (Tönroors, s.d.).