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2 FILHO DOS GRANDES PROJETOS: OS PORQUÊS DA PESQUISA E DO PESQUISADOR

2.2 O mundo amazônico: em busca de uma pesquisa

Passado um breve hiato desde minha saída do Pará, conclui minha graduação e estudos iniciais na mais nova capital da Amazônia Legal, Palmas, no Tocantins. Posteriormente tornei-me, através de seleção pública, jornalista do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio Grande do Norte. As atividades inerentes à minha profissão fizeram com que eu aprofundasse meu conhecimento sobre a questão agrária no País, com especial destaque aos estudos sobre os movimentos sociais do campo e suas lutas e história. Acabei retornando à universidade em 2008 para cursar mestrado em Comunicação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Defini como objeto de estudo à época o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e suas formas de atuação na Internet.

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As fotos tiradas da Serra Pelada nos anos 1980 lembram um formigueiro. Várias delas estão disponíveis no link a seguir. Disponível em: http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/38073-serra-pelada#foto-545370. Acesso em: 14 jul. 2017.

Nesse ínterim, minha companheira foi chamada em um concurso público para trabalhar em Manaus, e alguns meses depois estávamos mudando para a capital do Amazonas. O retorno foi um turbilhão de sentimentos e fortes lembranças de uma infância e adolescência há muito esquecidas. Não imaginava que pudesse voltar a morar na Amazônia depois de tantos anos longe da região. Essa “estranheza” me fez refletir sobre a condição em que agora me encontrava. Já não era mais um filho do “trabalhador da obra”: atuava como profissional de comunicação e logo escolheria a própria região e alguns de seus fenômenos como objeto de trabalho e estudo.

No ano seguinte, fizemos seleção para a docência na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), no campus da cidade de Parintins, uma grande ilha com mais de 100 mil habitantes à margem direita do Rio Amazonas, a quase 400 km da capital, na divisa com o estado do Pará, lugar que eu mal sabia onde ficava até aquele momento. Em agosto de 2009, estávamos embarcando (literalmente em um grande navio) para a cidade conhecida nacionalmente por um Festival Folclórico onde dois bois-bumbás, Garantido (vermelho) e Caprichoso (azul), disputam todos os anos qual das duas agremiações é a melhor em um espetáculo com elementos operísticos, nordestinos, amazônicos e especialmente indígenas que, segundo Patrício (2007), foram incorporados pela indústria cultural de massas desde a década de 1990. Através de transmissões “ao vivo” em grandes emissoras televisivas e pela presença de empresas multinacionais (como a Coca-Cola) financiando o evento, incorpora-se dessa maneira uma dinâmica singular ao cotidiano ordinário de todos os moradores desse município amazonense.23 Era o começo de uma nova vida profissional, onde a educação e a pesquisa fariam partes integrais de nosso dia a dia.

23 Uma visão geral sobre a cidade e sobre o Festival Folclórico pode ser observada na reportagem destacada no

Figura 6 – Vista aérea da cidade de Parintins (AM). Fonte: Jornal Acrítica (2017).

Atuando como professor do magistério superior, comecei a formular questões que me interessavam como possibilidade de investigação em um possível doutorado – temas como movimentos sociais, questão indígena, comunicação e educação faziam parte dessas indagações. Fui me dando conta, ao analisar minha própria trajetória de vida, que havia um pano de fundo o qual eu não poderia ignorar se quisesse ser fiel a vários fenômenos que presenciei empiricamente ao longo dos anos. Intuitivamente, em uma possível pesquisa desenvolvida no âmbito do doutorado, deveria dar consubstancialidade a um objeto de pesquisa relacionado ao contexto amazônico.

A partir dessas ponderações iniciais, um tema em específico saltava aos olhos por vários motivos, que iam desde sua pertinência social e acadêmica de grande repercussão midiática, passando por um interesse sistemático da opinião pública nacional e internacional, envolvimento de mobilizações e atores sociais e uma série de questões que faziam da polêmica construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, na cidade de Altamira, estado do Pará, um objeto de estudo relevante e de grande possibilidade investigativa. Tal obra era (é), de muitas formas, uma síntese que perpassa inúmeras discussões – em vários campos do conhecimento e da ciência – sobre as consequências socioambientais de um megaempreendimento no meio da floresta amazônica, junto à bacia de um de seus rios mais

importantes, o Rio Xingu, que abriga às margens de seu leito uma biodiversidade e variedade étnica e social só existente em poucos lugares do mundo.

Idealizada pelo Governo Militar no final dos anos 1970, inicialmente com o nome de Complexo Hidrelétrico de Kararaô (que previa a construção de seis grandes usinas ao longo do Xingu), a Hidrelétrica de Belo Monte foi retomada pelo Governo Federal na primeira década de 2000, sendo legitimada por um discurso oferecido à opinião pública de segurança energética contra futuros apagões.24 De acordo com Fearnside (2015, p. 232), ela está “no centro das controvérsias sobre o processo de tomada de decisão para grandes projetos de infraestrutura na Amazônia, sendo foco de intenso debate devido à magnitude e à natureza de seus impactos”.

A partir dos argumentos expostos, elaboramos uma pesquisa que tem como objetivo central identificar e analisar quais são os movimentos sociais amazônicos e suas redes de mobilização que atuam no contexto de enfrentamento à Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Tem-se como ênfase seus processos educacionais e comunicacionais, suas práticas pedagógicas de educação não formal e a utilização de um repertório conectado ao que há de mais recente em se tratando de tecnologias de informação e comunicação (TICs), capitaneadas pelo uso da Internet.

Nesse sentido, para uma análise ampla do fenômeno destacado, precisamos retroceder na história e compreender como se deu a complexidade da formação social amazônica, levando em consideração os vários elementos políticos e econômicos que influenciaram a região, o que será abordado em detalhes na terceira parte desta tese. A princípio, podemos destacar que, a partir do final do século XIX e começo do século XX, após a consolidação do capitalismo em países da Europa e da América do Norte, uma matéria-prima produzida na Amazônia se torna essencial como mola expansionista da crescente industrialização em todo o mundo: a borracha.

O látex extraído da seringueira (hevea brasiliensis) foi fundamental para as nações em ascensão e seus milhares de produtos fabricados em larga escala, bens de consumo comercializados em todo o mundo. No Brasil, consolida-se um grande ciclo econômico que começa a redefinir as feições sociais e econômicas da Amazônia brasileira, até então

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Nos anos de 2001 e 2002, o Brasil viveu uma crise energética que afetou especialmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste. O termo “apagão” foi adotado como referência às interrupções ou falta de energia elétrica frequente, como “blecautes” de maior duração. A crise ocorreu por falta de planejamento e ausência de investimentos em geração e distribuição de energia, e foi agravada pelas poucas chuvas. O nível de água dos reservatórios das hidrelétricas baixou, e os brasileiros foram obrigados a racionar energia. Disponível em: http://www.ienergia.com.br/energia/apagao.aspx. Acesso em: 15 nov. 2017.

majoritariamente habitada por povos indígenas e comunidades ribeirinhas. A produção da borracha realoca estrategicamente a região como uma importante fornecedora de matéria- prima para a industrialização do mundo capitalista. O Governo brasileiro e os moradores do imenso território agora tinham uma prioridade: extrair a maior quantidade de látex possível para os estrangeiros que queriam adquiri-lo. Novamente a Amazônia servia a interesses distantes de sua realidade concreta.

A promessa de prosperidade vinda com o “ouro branco” coincide com uma das piores secas já vistas no Nordeste brasileiro (1870 a 1879), fazendo com que milhares de “flagelados” imigrassem para a região amazônica fugindo da miséria e prontos a se tornarem coletores do mais importante produto econômico que o Brasil produzira até aquele momento. Esse êxodo modificou substancialmente o perfil da formação populacional amazônida (literalmente o gênero físico das pessoas que lá residem). Além dos povos autóctones que habitavam a floresta havia milênios,25 excetuada as limitadas iniciativas de povoamento dos colonizadores portugueses e das missões jesuíticas, só nesse momento a região receberia uma grande massa de pessoas que a moldaria social e culturalmente em definitivo: os nordestinos, em um translado que, segundo Ribeiro (1995, p. 323), “conduziria cerca de meio milhão de pessoas à Amazônia”.

Desse modo, como afirma Pinto (1980, p. 13), ao contrário do que muitos acreditam, não é possível dizer que a Amazônia é “homogênea e que lá habitam apenas povos indígenas em um imenso tapete verde entrelaçado por plantas e animais exóticos”. Além dessa diversidade, seu processo de formação colonial e exploratório implicou em várias consequências econômicas e sociais para seus habitantes. Essas questões servem como pano de fundo deste trabalho e serão abordadas com mais profundidade na terceira parte da respectiva tese.

Seguindo essa linha de raciocínio, no intuito de compreender a amplitude histórica onde está inserido nosso objeto de estudo, a partir da segunda metade dos anos 1960, o Governo Civil-Militar implantou uma política para a Amazônia diferente de tudo que havia sido feito até então. Conforme afirma Oliveira (1987; 1991), o Estado modificou o processo de expropriação histórica da região – presente desde a era colonial –, dando centralidade ao aprofundamento de sua inserção no interior da economia capitalista mundializada. No bojo

25 Segundo pesquisa recente do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) em parceria com a

Universidade de São Paulo (USP) e publicada na revista The Royal Society, a Amazônia pré-colombiana foi habitada por cerca de 8 milhões de pessoas antes da invasão europeia. Disponível em: http://rspb.royalsocietypublishing.org/content/282/1812/20150813. Acesso em: 15 out. 2017.

dessas medidas governamentais, uma nova realidade começa a surgir. A intelligentsia civil- militar concebia a região estrategicamente, um complexo conjunto de enclaves importante para a integração e desenvolvimento econômico do País. Era necessário fazer com que a maior floresta tropical do mundo fosse inserida na economia planetária, como também apontam Batista (2007), Ab’Saber (2004), Castro (2012), Pinto (2008), Meggers (1987), Godim (2007), Cardoso e Muller (1977), Becker (2005) e Souza (2009).

O primeiro passo foi integrar a região ao restante do País (interconectando-a com a construção de grandes rodovias); o segundo, ocupá-la de forma sistemática (promovendo um maciço programa de povoamento e colonização); e, por fim, extrair suas riquezas da maneira mais eficiente possível (implantando grandes projetos de infraestrutura para a produção e escoamento de commodities).

Projetos como a criação das rodovias Transamazônica (BR-230) e a Cuiabá-Santarém (BR-163), o inventário hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu (estudo para viabilidade de várias hidrelétricas na região, inclusive a atual barragem de Belo Monte) e a criação da Zona Franca de Manaus visavam a impulsionar o desenvolvimento econômico da Amazônia Ocidental e a campanha massiva de ocupação de vários estados da região (sobretudo o Mato Grosso e Pará) no intuito de desmatar e tornar agricultável a floresta, como a colonização empreendida pelo Governo Federal nos anos 1970 e 1980 (e de uma forma idiossincrática observada por mim através de meus familiares). Essas medidas impactaram profundamente a Amazônia brasileira, modificando a relação do Estado com a região e de seus antigos e novos moradores.

A partir dessa grande intervenção estatal, muitos conflitos sociais surgem: questões advindas com a construção de grandes barragens e os impactos por elas gerados; o desmatamento legal e ilegal da floresta; os grandes e pequenos projetos de mineração (inclusive as zonas de garimpo); a criação extensiva de gado; os conflitos de latifundiários contra trabalhadores sem-terra em decorrência da enorme concentração fundiária advinda com uma distribuição questionável e fraudulenta de terras (grilagem); a ameaça constante a territórios indígenas por parte de fazendeiros, garimpeiros, empresas privadas e o próprio Estado, todos interessados em suas riquezas naturais. Enfim, uma nova era de conflitos socioambientais – e o surgimento de novos atores sociais – é inaugurada com a presença do Governo Civil-Militar na Amazônia.

Nesse sentido, a presente pesquisa tenta responder um dos fenômenos citados anteriormente, qual seja: saber como surgem e como atuam os movimentos sociais da região, em específico aqueles que confrontam grandes projetos de infraestrutura, tendo como lócus a

Usina Hidrelétrica de Belo Monte e a cidade de Altamira. Questões relacionadas à diversidade desses movimentos, seu caráter pedagógico e constituição histórica, estrutura organizacional, de comunicação e repertórios de mobilização são algumas das nuances que analisaremos nos capítulos que se seguem. Nossa hipótese inicial é de que esse conjunto de movimentos se articula em “ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil” (GOHN, 2014, p. 251).

São grupos e coletivos sociais, ligados por construções culturais, étnicas, identitárias e de classe. Agem segundo um cenário pontuado por lutas, conflitos e contradições econômicas e sociais. Na região amazônica, estão envoltos por uma série de problemas históricos, de acesso às necessidades básicas (como saúde, segurança e educação) e no enfrentamento a grandes mudanças ambientais e socioterritoriais que geram enormes impactos, como a construção de hidrelétricas e a implantação de projetos mineradores.

Na construção de nosso argumento, acreditamos que esse conjunto de atores e movimentos sociais criou uma dinâmica própria de articulação, fazendo uso de ferramentas pré-existentes (e em certa medida clássicas na dinâmica das ações coletivas) e também criando outras plataformas com repertórios de mobilização específicos. Um dos aspectos que nos chama a atenção diz respeito à diversidade desses atores – no dizer de Touraine (1961), “sujeitos históricos de reconhecimento mútuo”, que atuam em Altamira e na região impactada pela Usina de Belo Monte.

Esses grupos, ligados aos mais diversos gêneros e segmentos (como religiosos católicos, indígenas, pescadores, ribeirinhos, povos tradicionais, grupo de mulheres, atingidos por barragens, trabalhadores urbanos, movimento de jovens, de luta pela moradia, movimento negro e organizações não governamentais ligadas ao meio ambiente) são os protagonistas que analisamos especificamente na quinta parte desta tese.

Nossa meta foi compreender o funcionamento do que denominamos de redes de mobilização, destacando seus recursos e potencialidades. Indo ao encontro desse conceito, nos debruçamos sobre como funcionam essas redes e seus processos pedagógicos de educação não formal, juntamente com a utilização central, por parte desses atores sociais, das ferramentas comunicacionais ligadas à rede mundial de computadores.

Nesse sentido, procuramos compreender como esses movimentos sociais utilizam os recursos gerados a partir da Internet e das tecnologias de informação e comunicação (TICs).

São instrumentos cruciais para a divulgação de ações e visibilidade de suas causas. As limitações dessas ferramentas também foram objeto de nossa análise, principalmente no que se refere ao que Neri (2012) aponta como as deficiências técnicas ligadas da inclusão digital da região amazônica, tendo em vista sua limitada infraestrutura de telecomunicações. Preocupamo-nos também em analisar, com vistas ao nosso objeto de estudo, o debate sobre o controle político da Internet e de suas redes sociais por grandes conglomerados comunicacionais.26 É uma temática emergente tendo em vista as inúmeras mobilizações ao redor do mundo – e a utilização da rede mundial de computadores como ferramental central de articulação – envolvendo empresas, governos e milhões de cidadãos que, segundo as provocações de Srinivasan (2017), Amadeu (2010) e Bustamante (2010), podem estar sendo vítimas de uma “ditadura algorítmica”.27

Outro ponto que consideramos importante e subsidia o presente estudo sobre os movimentos sociais na (da) Amazônia diz respeito a sua pertinência acadêmica e social. Apesar de a região apresentar centralidade em várias discussões sobre questões das mais diversas (como meio ambiente, recursos naturais e populações indígenas e comunidades tradicionais), há uma escassez de produção acadêmica e bibliográfica sobre os movimentos sociais da região. No entanto, é preciso registrar os projetos que vêm sendo desenvolvidos pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA),28 ligado à Universidade Federal do Pará (UFPA); pelo Instituto Latino Americano Amazônico (IALA),29 entidade não governamental sediada no município de Parauapebas (PA) a qual atua em uma perspectiva diretamente ligada à Via Campesina,30 visando a construir uma rede de escolas de agroecologia em toda a América do Sul; além do grupo interinstitucional Nova Cartografia Social da Amazônia,31 vinculado à Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e à Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em que ambos vêm contribuindo sistematicamente nos últimos anos com pesquisas e produções sobre temas relacionados a povos tradicionais e indígenas, impactos socioambientais, questões territoriais e movimentos sociais, estes últimos também importantes produtores de conteúdo sobre essa mesma temática – o que, reafirmadas suas

26 Somente o Facebook, maior rede social do mundo, possui hoje dois bilhões de usuários. Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/tec/2017/06/1896428-facebook-atinge-marca-de-2-bilhoes-de-usuarios-anuncia- zuckerberg.shtml. Acesso em: 16 maio 2017.

27 De acordo com Pepe Escobar, em sociedades digitalizadas (ou seja, em todo o mundo do início do século

XXI), decisões cruciais sobre a vida são tomadas por máquinas e códigos (algoritmos). Isso multiplica a desigualdade e ameaça a democracia. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/a- silenciosa-ditadura-do-algoritmo. Acesso em: 10 jun. 2017.

28 Disponível em: http://www.naea.ufpa.br/naea/novosite/index.php. Acesso em: 16 jul. 2017.

29 Disponível em: http://ialaamazonico.blogspot.com.br/p/quem-somos.html. Acesso em: 31 de março de 2018. 30 Disponível em: https://viacampesina.org/en/. Acesso em: 16 de maio de 2017.

qualidades e relevância, ainda é insuficiente para dar conta das dimensões e complexidade desses assuntos relacionados à Amazônia.

Em sintonia com os argumentos expostos no parágrafo anterior, nossa pesquisa visa a contribuir na ampliação dos elementos críticos-reflexivos sobre os movimentos sociais circunscritos em um determinado contexto específico: o gerado a partir dos grandes projetos que vêm sendo executados na Amazônia e as consequências para a população e povos tradicionais que habitam seu entorno – mais especificamente, como esses últimos se articulam e se mobilizam para enfrentar as consequências negativas e contradições desses empreendimentos na região. A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e os movimentos sociais que se organizam para enfrentar seus impactos são o maior exemplo desse fenômeno hoje no Brasil.

Assim, Belo Monte não é um projeto isolado: faz parte de um conjunto de medidas consideradas prioritárias pelo Governo Federal desde o início dos anos 2000 que argumenta sobre a necessidade de ampliar a matriz energética do País para evitar possíveis apagões vindouros. Esses dados conjunturais relacionados à construção da referida obra arregimentam uma complexa rede de informações e medidas que pretendemos descortinar, respondendo os porquês da construção desse empreendimento mesmo ele sendo altamente impopular junto a diversos setores da sociedade brasileira e internacional.

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