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CAPÍTULO 1 – Da metrópole à metropolização do espaço

1.1 O processo de metropolização e suas formas

A que se refere o termo metrópole? Por vezes, no imaginário coletivo, o evocar desta palavratraz à mente a grande cidade, adensada de prédios, automóveis e pessoas, para muitos, o cenário do caos. A origem etimológica da palavra vem do grego e se refere à “cidade-mãe”, que estende e projeta sua urbanidade acidades coloniais e exerce funções de comando e poder (ROGER, 2007). A metrópole da Grécia antiga exportava seus guerreiros, comerciantes, deuses e prestava serviços considerados raros a outras pólis, colocava-se, destarte, comoa principal interlocutora entre as cidades, controlando-as, dominando e incorporando em seu movimento aquelas que não detinham funções semelhantes (ASCHER,

15 Do ponto de vista da dinâmica populacional, a constituição de novas frentes de expansão geográfica para

1998; DÍ-MEO, 2008). Já no império romano, a metrópole era caracterizada como a capital administrativa e eclesiástica de uma província. Posteriormente, e por um longo tempo, esta passou a designar a cidade-grande que emergiu com a Primeira Revolução Industrial e passou apresentar uma morfologia urbana descrita por Geddes (1994)16 como conurbada17, imponente pelo seu peso populacional, seu poder e extensão territorial.

Foi na primeira modernidade18 que o termo metrópole passou ser usado com mais fugacidade. Portanto, o eclodir desta terminologia se relaciona às novas funções urbanas e à complexidade morfológica que a cidade passou a deter, principalmente com a ruptura da cidade mercantil e com aemergência da cidade industrial. A grande cidade, que era caracterizada por um crescimento populacional expressivo nesse período, passou a abrigar, também, todo o tipo de precariedade, formas de viver e cultura, além do que havia de mais moderno no mundo, tais como meios de transporte e consumo (FIRKOWSKI, 2013).

Devido às transformações ocorridas ao longo da história e nas metrópoles, o termo e o significado desta morfologia passaram a ter uma característica polimorfa, isto é, o significado da metrópole muda com o evoluir da história, pois em cada ponto da linha do tempo ela possui uma funcionalidade e uma estrutura inerente ao período em voga. Ademais, as metrópoles não se dotam de distinção apenas com a evolução temporal, mas também diferem de acordo com a espacialidade em que estão inseridas. Entretanto, Ascher (1998) pontua três características inerentes a qualquer estrutura metropolitana. Para ele, a metrópole qualifica “as principais aglomerações urbanas de um país que contêmalgumas centenas de milhares de habitantes, que sejam multifuncionais, e que mantenham relações econômicascom muitas outras aglomerações” (ASCHER, 1998, p. 4). Para Julien (2002), são aquelas que detêm as funções superiores e o papel de decisoras no âmbito regional. Já Santos (1990, p. 9) as qualifica como os maiores objetos culturais jamais construídos pelo homem. Por fim, Leroy (2000) apreende a metrópole como a grande cidade de limites imprecisos.

Como visto, o termo metrópole perdurou ao longo dos anos, mesmo apresentando mudanças em sua conceitualização. É preciso ponderar que, ainda que o uso desta terminologia se mantenha até a atualidade, as faces e as nuances tanto do termo metrópole, quanto do arranjo em si, diferem daquelas apresentadas nos tempos pretéritos. Com relação a

16 Original 1915.

17 Geddes (1994) descreve o crescimento desmedido da cidade de Londres no início do século XX como a

proliferação de um recife de coral, ou um recife de homens que cresce em um mar sem fim, o autor nomeia esse fenômeno que passa a fazer parte da metrópole londrina como conurbação.

18 É nessa primeira modernidade que as cidades trazem o sentido de racionalidade e de produtividade. A

metrópole em todos os aspectos, em seu tecido urbano que passa a ser constituído e também em sua vida mental passa a abarcar as características do moderno, ou seja, “do efêmero e fugido e o eterno e imutável” (HARVEY, 1992, p. 21).

estas distinções, observa-se que as metrópoles constituídas ao logo do século XX - fruto do binômio urbanização/industrialização - vêm sendo alteradas pela chamada metropolização do espaço, processo este que “se constitui num fenômeno que vai além da dimensão territorial das metrópoles, mas refere-se, também, aos modos de vida e de produção” (FIRKOWSKI; MOURA, 2002, p. 25). Portanto, se a noção de metrópole apresentada atéentão não elucida a ideia de novas formas de estruturação do espaço urbano ou a formação “de um novo espaço quotidiano de atividades econômicas e sociais” (ASCHER, 1998, p. 16), torna-se, então, necessário evocar novos termos para qualificar as dinâmicas urbanas contemporâneas.

Nesse sentido, de acordo com Moura (2009), a noção de “metropolização” (evidenciada anteriormente) é mais pertinente para apreender a essência e o processo que conformam as novas dinâmicas de concentração de pessoas, atividades econômicas e serviços. Ascher (1998) salienta que a metropolização não se relaciona apenascom a formação de grandes aglomerações, mas se vincula, também, à concentração de atividades nas áreas que circundam a área metropolitana, ou seja, é um processo que engendra e modifica o funcionamento dos grandes núcleos urbanos, das cidades médias e dos pequenos centros localizados ao redor de grandes áreas metropolitanas.

Com a difusão da metropolização, as cidades distantesdo núcleo metropolitano passam a apresentar funções antes resguardadas àmetrópole e se integram à lógica metropolitana através de um “espaço de fluxos”19 (CASTELLS, 1999a). Atualmente, tem-se a

preponderância de uma lógica que é urbana e regional (MOURA, 2009), já que a metropolização do espaço se caracteriza sob práticas espaciais distintas do período anterior e se constitui sob novos tipos de territórios. Em síntese, com a difusão da metropolização tem- se a emergência de uma nova forma urbana.

Também, nesta nova morfologia urbana, a grande cidade passa por significativas transformações no seu interior, bem como nas áreas adjacentes. Agora, essas metrópoles são caracterizadas por “espaços urbanizados cada vez mais vastos, heterogêneos, descontínuos, formadas, por vezes, por grandes cidades, cada vez menos ligadas a uma economia regional, e cujo interior se transforma em espaços de serviços e lazeres” (ASCHER, 1998, p.16). Segundo Ascher (1998, p. 15), este fenômeno é entendido comoa crescente concentração de

19De acordo com Castells (1999a, p. 47) o espaço de fluxos caracterizaria uma nova forma de organização

espacial, sendo que os fluxos perpassados nesta forma engendrariam uma nova forma de práticas socais, segundo o autor: “há uma nova forma espacial característica das práticas sociais que dominam e moldam a sociedade em rede: o espaço de fluxos. O espaço de fluxos é a organização material das práticas sociais de tempo

compartilhado que funcionam por meio de fluxos. Por fluxos, entendo as sequências intencionais, repetitivas e

programáveis de intercâmbio e interação entre posições fisicamente desarticuladas, mantidas por atores sociais nas estruturas econômicas, política e simbólica da sociedade [...] o espaço de fluxos inclui a conexão simbólica da arquitetura homogênea nos lugares que constituem os nós de cada rede pelo mundo”.

“homens, atividades e riquezas em aglomerações de várias centenas de milhares de habitantes, multifuncionais, fortemente integradas na economia internacional”. Para Leroy (2000), a metropolização não deve ser entendida apenas como um processo que reflete a concentração populacional e a maciça urbanização, mas tambémdeve ser compreendida como um fenômeno que reforça em poucos polos as atividades econômicas de maior complexidade, bem como aquelas relacionadas à tomada de decisão e à gestão de sistemas econômicos.

Essas metrópoles ou aglomerações que passam a manifestar novas características na contemporaneidade, independentemente da localização geográfica, não são mais caracterizadas ou definidas por termos que qualificam a metrópole instituída a partir do processo de industrialização, ou seja, não devem ser denominadas “modernas”20, já que

passam por uma “diluição”. Para Magalhães (2008), nos primórdios do processo de urbanização, as partes da cidade (os bairros e os centros) não apresentavam vínculos entre si e as cidades vizinhas eram verdadeiras entidades a parte. Em um primeiro momento, com o crescimento da grande cidade e com o alastramento do processo de urbanização, tem-se aimplosão/explosão (LEFEBVRE, 1999)21 das cidades. Assim, neste movimento, as diversas

partes da cidade e as áreas circunvizinhas se diluem em um único sistema urbano. Neste processo, no bojo de intensa industrialização – que culminou na metrópole moderna –as cidades próximas à metrópole principal passaram a se integrar cada vez mais ao tecido metropolitano. Entretanto, em paralelo às profundas reestruturações (econômica, produtiva e social e urbana) ocorridas na década de 1970, devido às mudanças no processo de acumulação do capital, teve-se também uma grande reestruturação nos ambientes metropolitanos. Destarte, tem-se a passagem da predominância da “metrópole moderna” para hegemonia da “metrópole contemporânea”22.

20 A metrópole moderna aflora juntamente com o movimento modernista que emerge no final da segunda metade

do século XX. Portanto, a metrópole que nasce aliada ao fenômeno de industrialização, é locus de toda a invenção deste período. De acordo com Meyer (2000) a vida metropolitana ao longo do século XX sempre foi essencialmente moderna, neste espaço organizou-se a luta de classes, surgiu à multidão e a massa e, também, desenvolve-se o indivíduo cosmopolita e moderno, que – segundo Simmel (1987) em a “Metrópole e a vida mental”, é o indivíduo que pensa diferente do homem do campo e se apresenta através da racionalidade. Em síntese, a metrópole do século XX se apresenta como moderna, pois, ao mesmo tempo em que a aglomeração fomentou a criação do “trabalho novo” (JACOBS, 1969), ela também materializou e cristalizou em si os padrões de modernização ditados pela revolução industrial.

21 Lefebvre (1999), ao citar o termo implosão-explosão da cidade refere-se ao alastramento do urbano na

emergência da sociedade industrial, ou seja, está relacionado ao inexorável processo de concentração de pessoas, riquezas, bens, objetos de trabalho que permeiam a realidade urbana e metropolitana. Ao mesmo tempo, o termo faz alusão à fragmentação da cidade com o alastramento do urbano, ou seja, o crescimento dos subúrbios e periferias.

22 A “metrópole contemporânea” emerge no final do século XX e surge com as mudanças ditadas pelo

esgotamento do modo de acumulação do período fordista. A metrópole contemporânea é difusa, dispersa e espraiada, e se coloca também como produto para acumulação nesta nova fase de acumulação do capital.

Portanto, se antes grande parte dos meios de produção estavam limitados apenas ao espaço central das grandes cidades e aos bairros industriais, agora, com a reestruturação produtiva e com o intenso crescimento do setor terciáriono núcleo metropolitano, tem-se a refuncionalização desta metrópole e o espraiamentodas atividades produtivas para as áreas que a circundam, bem como a criação de novas centralidades23. Ou seja, tem-se um reforço do policentrismo, na medida em quea dinâmica de concentração espacial de certas atividades se desverticalizaram. Porém, cabe salientar que esta nova morfologia urbana não está plenamente consolidada, ou seja, possui (ainda), um caráter transitivo, já que muitos dos seus atributos dizem respeito ainda à “metrópole moderna”.

Deste modo, “se por um lado temos uma efetiva transformação em andamento, por outro ainda é possível reconhecer a presença de uma considerável proporção de elementos permanentesvindos da etapa anterior" (MEYER, 2000, p. 6). A despeito destes indicadores, Lencioni (2008a) sintetiza as principais características da metrópole moderna e da contemporânea (QUADRO 1). Sobre estes elementos que caracterizam a nova forma, a autora salienta que estas características precisam ser estudas e desvendadas nas mais diversas perspectivas. Todavia, mesmo que este trabalho esteja assentado na mobilidade espacial da população, cabe fazer algumas considerações sobre determinados aspectos sintetizados no Quadro 1, afim de apresentar (sem ter a pretensão de exaurir) alguns pontos que diferenciam a metrópole moderna da metrópole contemporânea.

Através deste quadro, nota-se que uma das singularidades da metrópole contemporânea é que esta se caracteriza não mais pela expansão do urbano, mas pela predominância do metropolitano. É através da expansão da metropolização (dos modos de vida e das características inerentes ao fenômeno metropolitano) que a metrópole contemporânea assume uma nova forma, aglutinando à sua estrutura um conjunto de municípios de diversos portes populacionais e funcionalidades. A metrópole contemporânea amplia e estreita relações com outras localidades através do aumento dos fluxos materiais e imateriais, portanto, polarizam “um território que transcende o aglomerado principal e que aglutina outras aglomerações e centros dasproximidades, como também espaços rurais, na

23 As centralidades urbanas sempre foram muito discutidas na geografia e nas ciências sociais. Por exemplo, para

a escola de Chicago, principalmente através dos estudos desenvolvidos por Clark (1985), a centralidade se relacionava a distribuição dos objetos no âmbito das cidades. Já segundo a teoria dos lugares centrais, elaborada por Christaller (1966), as centralidades se caracterizam como os pontos nodais da rede urbana em termos de tamanho e função em relação aos mercados. Já Villaça (2001) caracteriza as centralidades como “localizações” que são criadas pelos agentes produtores do espaço urbano, isto é, “o ponto que otimiza esses deslocamentos socialmente condicionados da comunidade como um todo” (VILLAÇA, 2001, p. 239).

condução da inserção regional na divisão social do trabalho conforme demandas da produção coletiva” (MOURA, 2009, p. 29).

QUADRO 1 – Algumas características da metrópole moderna e da metrópole contemporânea

Metrópole Moderna Metrópole Contemporânea

Processo Urbanização Metropolização

Aglomeração Concentrada Dispersa

Espaço Espaço dos lugares/espaço dos fluxos Espaço dos fluxos/espaço dos lugares Extensão territorial Metrópole Coesa Metrópole Difusa

População/Superfície Alta densidade Densidade em declínio

Forma Continua Fragmentada

Mobilidade Integração no percurso Percurso sem integração Desenho Crescimento radiocêntrico Crescimento linear Centralidade Definidos Intensificação do Policentrismo Renovação Urbana Planos de recuperação Planos estratégicos

Redes Hierárquicas Anastamosadas

Capital Produção Gestão

Fonte: Lencioni (2008a).

Em outras palavras, a nova forma é caracterizada pela predominância do “espaço dos fluxos sobre o espaço dos lugares” (LENCIONI, 2008a, p. 19), como se observa pela comparação apresentada no Quadro 1. Por esta razão, torna-se necessário estudar a estruturação desta morfologia por uma perspectiva multiescalar, ou seja, é imprescindível analisar esta nova forma urbana através da lógica dos fluxos topográficos e topológicos. De acordo com Lencioni (2008a), a lógica topográfica se refere à lógica dos fluxos materiais e diz respeito à distância entre dois pontos. Já a lógica topológica se relaciona aos fluxos imateriais, isto é, a densidade virtual dos lugares. É preciso salientar que a compreensão da estruturação da metrópole, no período contemporâneo, se dá através de uma visão multiescalar, em outras palavras, pela ótica dos fluxos topográficos e topológicos.

Nesse sentido, é preciso identificar as diversas escalas que imprimem as características urbano-regionais entre as espacialidades que compõem a metrópole contemporânea. Escalas estas que caracterizam dinâmicas que se dão em nível intrametropolitano, interregional, interestadual, nacional e mundial e que revelam a natureza dos processos que conformam esta morfologia. Magalhães (2008) tece algumas considerações sobre as dinâmicas escalares características desta nova espacialidade. Uma destas escalas diz respeito à dinâmica globalizada, ou seja, a metrópole contemporânea é caracterizada pela presença de fluxos inerentes à dinâmica econômica global. Por esta razão, ela tem um papel

preponderante na divisão territorial do trabalho a nível mundial e, portanto, mantém relações além da escala nacionalao se comunicar com outras áreas ao redor do mundo.

Já a segunda dinâmica escalar é inerente à ocorrência de fluxos materiais e imateriais entre as espacialidades que compõem a metrópole contemporânea. Portanto, passam pela escala regional e intrametropolitana, sendo que a distinção entre essas duas dinâmicas escalares torna-se necessária, pois são nelas que os fluxos topográficos (objeto de estudo da presente tese) se realizam com mais proeminência. Segundo Villaça (2001), a distinção entre o espaço regional e o intraurbano reside na lógica dos fluxos que estruturam estas realidades escalares. Para o autor, em ambos os espaços, os fluxos materiais possuem um “poder estruturador” superior ao dos deslocamentos de energia e informações. Porém, na estruturação do espaço regional, sobressaem os deslocamentos de informações e energia, como também do capital e das mercadorias em geral, considerando ainda o deslocamento, eventual, da “mercadoria força de trabalho”. Nessa definição, observa-se que o espaço urbano regional é, em grande parte, estruturado por fluxos. Para Villaça (2001), o espaço regional é o âmbito da produção, enquanto no espaço intraurbano se assenta o consumo, ou seja, o espaçointraurbano é “estruturado fundamentalmente pelas condições de deslocamento do ser humano, seja enquanto portador da força de trabalho – como no deslocamento casa/trabalho -, seja enquanto consumidor – reprodução da força de trabalho, deslocamento casa-compras, casa-lazer, escola, etc.” (VILLAÇA, 2001, p. 20).

Pondera-se que, apesar do presente estudo estar centrado na lógica topográfica dos fluxos, este também possui uma visão multiescalar24. Na realidade, a análise do fenômeno da mobilidade espacial da população no contexto da metrópole contemporânea sob o espectro da multiescalaridade, pode revelar alguns processos inerentes à formação desta nova morfologia. Por exemplo, a mobilidade espacial da população na escalaintrametropolitana podeindicar certas lógicas de produção do espaço urbano25, da mesma maneira que o estudo da mobilidade em uma escala interregional pode clarificar processos relacionados aos efeitos da reestruturação produtiva ao analisar, por exemplo, a migração ou a mobilidade pendular de indivíduos ocorridas em função de uma nova forma de divisão social e espacial do trabalho, tal como se verá no Capítulo 3.

É neste sentido que este trabalho, através da mobilidade espacial da população, analisa como esta nova morfologia se estrutura, bem como a maneira como a população se

24 De acordo com Lencioni (2008a, p. 17): “podemos [...] examinar um fenômeno apenas da perspectiva

topográfica, utilizando-se várias escalas e esse procedimento não deixa de ter, também, uma perspectiva multiescalar”.

redistribui sobre esta nova territorialidade. O que se observa é que, com a formação de novas morfologias urbanas, notam-se, também, mudanças na dinâmica demográfica em geral, e na mobilidade espacial da população em particular, pois, com a expansão do processo de metropolização e dilatação do tecido urbano, o “espaço de vida”26 passa a ser desenvolvido

em diversas escalas, ou seja, o fazer a vida se dá sobre novas bases territoriais. De acordo Reis Filho (2006, p. 92), o que se nota é uma regionalização do cotidiano que implica necessariamente no aumento da mobilidade espacial da população. Para Reis Filho (2006), devido às mudanças no mercado de trabalho relacionadas à reestruturação produtiva, as oportunidades de trabalho (tanto na oferta e procura) já não devem ser analisadas na escala local, mas em escala regional, pressupondo uma mobilidade constante dos habitantes dessas regiões. Neste sentido, a hipótese que emerge é se a metropolização do espaço imprime novas características aos lugares, com reflexos também na redistribuição espacial da população e nas características das pessoas envolvidas.