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O projeto da FEB e a Aliança Militar Brasil-EUA

3.2 1906-1940: AS INFLUÊNCIAS ALEMÃ E FRANCESA

3.3 DA INFLUÊNCIA NORTE-AMERICANA A UMA DOUTRINA INDÍGENA Gerson Moura, analisando a aproximação do Brasil com os EUA durante e

3.3.1 O projeto da FEB e a Aliança Militar Brasil-EUA

Em julho de 1944, embarcava para a Europa a Força Expedicionária Brasileira (FEB), no que viria a ser a mais significativa participação do Exército Brasileiro em conflito externo convencional no século XX. É importante ressaltar que, sem a participação norte-americana (fornecendo armas, munições, alimentos e roupas adequadas), esse empreendimento não teria sido possível. Alves (2007: 123) mostra que a iniciativa da constituição e envio da FEB ao Teatro de Operações europeu partiu dos brasileiros, ao contrário da visão mais difundida, de iniciativa norte-americana. Conclui que, “curiosa e paradoxalmente, os líderes do Exército Brasileiro aceitaram participar da luta justamente porque não tinham condições para isso.” Num comentário sobre a fria recepção norte-americana ao primeiro escalão da FEB, que desembarcou na Itália totalmente dependente em termos de material, o Chefe de Estado-Maior da 1ª DIE, assim se manifestou: “Nosso concurso não era tão ambicionado como muitos supunham. Os [brasileiros] que acabavam de chegar representavam, a rigor, uma gota dágua naquele oceano humano [...]. Não devíamos ter vindo. Essa é que era a verdade fria.” (Brayner, 1968: 118)

Pelas dificuldades encontradas para se constituir a FEB,66 verifica-se que a dicotomia “defesa interna x defesa externa” ainda se fazia presente: não havia uma divisão pronta para ser empregada e a convocação devia ser realizada de maneira a enfraquecer o menos possível a estrutura existente.67 O esforço devia ser dividido entre as diversas regiões militares, o que, além de manter uma situação de equilíbrio regional, permitiria, quando do retorno, uma melhor disseminação da experiência

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Para um estudo detalhado do processo de constituição da FEB, ver Castello Branco (1960: 128- 150).

67 Ao Sul, havia a “ameaça” argentina e o risco de sedição de elementos simpáticos ao Eixo; no

adquirida. Alves (2007: 117) relata que a adoção de parâmetros organizacionais norte-americanos exigiu modificações urgentes nas estruturas das unidades constituídas para a FEB (orientadas previamente no padrão francês). Além disso, o padrão sanitário e os requisitos de qualificação (eletricistas, mecânicos de viatura e de rádio, armeiros, radiotelegrafistas etc.) estavam acima da realidade do Brasil de então. Não obstante os esforços dos escalões interessados, centenas de analfabetos e homens com problemas de saúde foram incorporados, criando sérios transtornos ao desempenho inicial das unidades (Branco, 1960: 141).

Ao término da campanha ainda se verificavam problemas na relação Brasil- EUA: os norte-americanos chegaram a pedir que a FEB restituísse não apenas as armas e os equipamentos capturados dos alemães, mas também os utilizados por seu pessoal. “Os americanos só não nos cobraram o ar que se respirava porque os bancos não podiam medi-lo”, afirma o marechal Floriano de Lima Brayner (Brayner, 1968: 511). A diplomacia, entretanto, encarregou-se de reverter esse quadro.

Em 1945, terminado o conflito, o Exército possuía um núcleo de veteranos que combateram na Itália e era a força mais bem armada e equipada da América do Sul. Por razões principalmente políticas, mas também por se priorizar a missão de defesa interna (papel de interventor) do Exército – mesmo em detrimento da externa – a FEB foi dissolvida imediatamente após seu retorno, perdendo-se uma oportunidade de aproveitá-la como núcleo de treinamento para o Exército.

O general Leônidas Pires Gonçalves (2010) afirma que “quando eles [os pracinhas] chegaram aqui, tivemos problemas graves de disciplina [...] Atendemos sob o ponto de vista material [pensão militar, até a atualidade], mas no psicológico não. Quem veio da guerra, inclusive os soldados, achava-se superior aos que não foram.” Comenta o grande desnível existente entre oficiais68

, sargentos (estes, profissionalmente, cresceram muito na guerra, e boa parte teria permanecido no EB) e, principalmente, cabos e soldados. E arremata: “Não ia dar certo [ficar com todos]. Acho que é por isso que os americanos também não ficam com eles, só com os graduados, soldados não.”

No período que se seguiu à II Guerra Mundial, houve novo esforço de atualização (organizacional e doutrinária) do Exército, em função das inovações tecnológicas originadas no conflito: novos carros de combate, armas anti-carro,

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Ainda a respeito da oficialidade, Brayner (1968: 511) coloca que 80 a 95% dos oficiais eram declaradamente opositores a Getúlio Vargas.

novos calibres da artilharia (incluindo-se a auto-propulsada e a anti-aérea), minas terrestres, detetores de minas, novas munições, armamento individual e coletivo, fardamento, aparelhos de radiofonia, telefonia e radiotelegrafia etc. Os meios motorizados passaram a predominar, havendo que se substituir a tração animal; na Artilharia, destaca-se o acréscimo de uma Esquadrilha de Ligação e Observação, equipada com aviões leves, melhorando a eficiência do tiro; na Engenharia, as transformações foram radicais, com equipamentos novos e vultosos, exigindo uma gama de especialistas a serem formados; na Cavalaria, surgiram unidades mecanizadas e blindadas, antes estudados como complementares à infantaria e cavalaria (Brasil, Estado-Maior do Exército, 1973: 833; Banha, 1984: 162). Foi criada, logo em 1945, a Escola de Paraquedismo (transformada, em 1953, em Núcleo da Divisão Aeroterrestre, atual Brigada de Infantaria Paraquedista); novos equipamentos foram adquiridos junto aos EUA, por meio do sistema Lend-Lease.69

Em História do Exército Brasileiro: Perfil Militar de um povo (1973: 1039), consta que a estrutura organizacional para emprego prevista na nova Lei de Organização do Ministério da Guerra, de 1946, seguiu o modelo norte-americano, prevendo a existência do Exército e do Corpo de Exército como Grandes Unidades de Batalha. Estes seriam compostos por uma parte fixa (Quartel General e Elementos de Comando) e uma parte variável, composta por Divisões (como Grandes Unidades básicas de combate) e Unidades das Armas e Serviços. O Exército constituía o órgão primordial para planejamento da “grande manobra” e o Corpo de Exército, que tinha uma estrutura semelhante e não durou muito aqui, era um elo de ligação entre os outros dois escalões. As Divisões, auto-suficientes para a execução do combate das armas combinadas, coordenavam três Grupamentos Táticos.70 Estes seriam substituídos, na década seguinte, pelas Brigadas, mais leves e de constituição variada. Abandonou-se aí, também, a estrutura ternária, em prol de uma flexibilidade em função da natureza da(s) operação(ões) a serem desencadeadas.

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Em 03 de março de 1942 foi assinado um contrato Lend-Lease, pelo qual os EUA transfeririam ao Brasil armamento e munição no valor de 200 milhões de dólares. O governo brasileiro pagaria 35% do custo do material entregue em seis parcelas, entre 1943 e 1948. Por meio desse acordo, as forças armadas foram substancialmente reequipadas. (Moura, 1993: 185)

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O conceito de Grupamento Tático preconizava a aglutinação de Unidades de modo a desenvolver o espírito de Grande Unidade, no âmbito de “um bem proporcionado conjunto de Armas e Serviços”. Objetivava evitar / combater a tendência de disseminação da tropas por todo o território nacional, a fim de fazer face a uma série de fatores locais, em detrimento dos laços de comando e articulação mais adequada da Força terrestre. (Banha, 1984: 123-124)

Uma mudança intelectual básica foi a rápida substituição da perspectiva eminentemente defensiva, que os próprios idealizadores franceses também abandonaram. O general Castello Branco, que estivera nos anos iniciais de seu oficialato sob a influência dos jovens turcos e, logo em seguida, da MMF, teria atribuído os reveses iniciais da FEB a uma “quase psicose nacional da defensiva”. O general teria extraído daquelas experiências, a necessidade de valorização do espírito ofensivo, destacando que o fato de a Constituição Federal estabelecer que o Brasil não se empenharia em guerras de conquista não implicava, de modo algum, numa atitude passivamente defensiva (Santos, 2004: 184).

Na Escola de Estado-Maior (e no Exército como um todo), os assuntos de mobilização e logística eram ainda pouco desenvolvidos e os planos e ordens elaborados tinham “grande preocupação literária, mas reduzida eficácia executiva” (Carvalho, 1994: 149). Como diretor de ensino, Castello Branco (1946-1949) foi responsável pela atualização do “Método de Raciocínio”, por meio da codificação do “Trabalho de Comando”. Em essência, uma complementação do método existente, pormenorizando e disciplinando melhor as atividades do comandante e de seus oficiais de estado-maior na análise e na tomada da decisão (a responsabilidade, intransferível, permanecia com o comandante).

Como reflexo das operações combinadas de forças terrestres, navais e aéreas verificadas na II Guerra Mundial, foi criado, em 1946, o Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), inicialmente com a denominação de “Estado-Maior Geral”, ao qual caberia a responsabilidade pela integração operacional das Forças Armadas, respeitando-se, entretanto, as peculiaridades e características de cada Força Singular71.

O ensino dessas operações foi incluído nas Escolas de Aperfeiçoamento de Oficiais e de Estado-Maior72, propulsoras da pesquisa e aplicação da nova doutrina. Nesse mesmo ano, foram aprovadas novas leis de Organização do Exército (Lei 9.099), de Organização do Ministério da Guerra (Lei 9.100), de Constituição Geral das Forças Armadas do País (Lei 9.107) e de Organização dos Quadros e Efetivos do Exército (Lei 9.120). (Esteves, 1996: 318)

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Para uma descrição mais pormerizada das atividades desenvolvidas pelo EMFA, sugere-se a leitura do artigo “A atuação do EMFA, o que é o EMFA e a estrutura Militar em tempo de paz”, de Fábio Soares Carmo, na Revista da Escola Superior de Guerra: 12 (35), 7-31, 1997.

72 Esta, em 1955, mudaria de nome para o atual “Escola de Comando e Estado-Maior do Exército”

Em função da experiência da FEB e do contato com o Exército norte- americano, a disciplina, de um modo geral, passou a ser mais moderada, enfatizando-se a necessidade de padrões mais urbanos e corteses. Ao mesmo tempo, tentava-se atenuar a distância entre oficiais e praças, com a busca de uma elevação no nível intelectual destes últimos.

Normas mais uniformes e uma padronização mais rígida dos programas e métodos de ensino ajudaram a nivelar e sistematizar conhecimentos. Isso, vinculado ao aumento e valorização da especialização dos quadros (oficiais e praças), contribuiu para que, pouco a pouco, as tropas se tornassem mais homogêneas, diminuindo o desnível até então excessivamente grande. (Branco, 1960: 577-78)

Todavia, o espírito de corpo do Exército, adquirido e fortalecido nas décadas anteriores, nunca se traduziu em unidade de pensamento.

Os anos 50, para as Forças Armadas, foram marcados por uma forte divisão de opiniões na parte mais politizada do oficialato73. Simplificadamente, de um lado estavam os “nacionalistas” (mais à esquerda no espectro político), desconfiados do capital estrangeiro e da subordinação aos EUA; do outro, os “liberais” (ou “entreguistas”, segundo seus oponentes), temendo menos o capital internacional do que a mobilização política da massa operária. Podia-se ainda enxergar outro grupo intermediário, de posicionamento menos definido. Como bem assinala Peixoto (apud Alves, 2007: 156), a real questão era se a industrialização do país dar-se-ia “com ou sem o capital estrangeiro, e qual seria o papel dos Estados Unidos nesse processo”. O ambiente da Guerra Fria, então nascente, polarizava as opiniões nas mais diversas áreas, refletindo nas Forças Armadas, fortemente politizadas à época.

Morais (2009: 115) esclarece que as disputas militares transpareciam notadamente na luta pela presidência do Clube Militar, refletindo os conflitos sociais presentes na política nacional (lembremos que o Rio de Janeiro era, à época, capital federal e centro político do Brasil). Nos anos 1950, o Clube Militar era um espaço privilegiado de ligação entre a sociedade política e a instituição militar, de forma que a disputa por sua presidência trazia consigo, de certo modo, a posição da instituição frente aos principais problemas do país. A posição política do Clube Militar –

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A respeito disso, o general Leônidas discorda de que havia essa divisão, dizendo que havia, isso sim, dois tipos de militares: uma maioria, que não se envolvia, o “militar típico, como temos hoje [apolítico] e [...] os generais politiqueiros.” Com a Guerra Fria, a questão ideológica ganhou força e começaram a aparecer “uns de esquerda”. Essa questão somente se resolveria no governo militar,

expressa por meio de sua diretoria – era um mecanismo político de disputa pela hegemonia ideológico-institucional e foro de manifestação política do Exército.74

Nesse ambiente, em março de 1952 foi assinado o Acordo de Assistência Militar Brasil-EUA, prevalecendo então a visão mais liberal, que Skidmore (1982: 140) classifica como defensora de um “nacionalismo racional”, de aceitação menos crítica dos investimentos particulares estrangeiros e pronta a seguir a liderança americana na Guerra Fria.75 O acordo visava principalmente a fortalecer o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca76 e seus intrumentos, envolvendo uma progressiva uniformização do material bélico entre os países (o que implicaria numa acentuada dependência do Brasil à indústria bélica norte-americana) e o estabelecimento de normas para a troca de informações e treinamento de militares brasileiros nos EUA.

Restrições financeiras frustraram o planejamento inicial de se padronizar totalmente o Exército num prazo de seis anos e os equipamentos adquiridos lograram, basicamente, mobiliar uma Divisão de Exército, materializada no Grupamento de Unidades-Escola - GUEs (Banha, 1984: 162).

Naquele mesmo ano, dando continuidade à reorganização do Exército, iniciada após a II Guerra Mundial, agora mais ajustada à capacidade financeira do país (como foi visto, não era possível organizá-lo e equipá-lo plenamente à “feição norte-americana”), a estrutura do Ministério da Guerra foi novamente reajustada.77

Foram criadas quatro Zonas Militares: Centro (mais tarde, II Exército), Sul (mais tarde, III Exército), Leste (mais tarde, I Exército) e Norte (depois, IV Exército mais Comandos Militares do Planalto e da Amazônia). Com a preocupação de se

com o expurgo dos “politiqueiros” e o radical afastamento da política (e dos políticos) dos quartéis. (Gonçalves, 2010)

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Na tese de doutorado de Morais (2009: 114-124; 213-217) pode ser encontrada uma boa análise dessa questão.

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Analisando o governo federal como um todo, o autor classifica, ainda, a década de 50 como “um período em que o Brasil seguiu uma estratégia mista, valendo-se do investimento público e privado, interno e externo, para desenvolver a base industrial e o capital social necessários para uma economia industrializante.” (Skidmore, 1982: 381)

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O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), cujo esboço data de 1945, da Conferência Interamericana Chapultepec (México), foi assinado em 1947, na Conferência Interamericana do Rio de Janeiro, estabelecendo que “um ataque armado de qualquer Estado contra um Estado americano será considerado como um ataque contra todos os Estados americanos”. O possível inimigo em 1945 era ainda o Eixo, mas, dada sua derrota e a reversão de alianças que ocorria no plano mundial desde o final da guerra, em 1947 o inimigo potencial dos EUA (grande patrocinador do tratado) era a URSS. (Moura, 1991: 74 e 75).

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A Lei de Organização do Exército, promulgada em 1946, seria reajustada em 1952, onde uma das novidades foi o abandono da estrutura ternária para as Divisões, que passaram a ter, como principal

minimizar uma situação diagnosticada como de “Exército de Milícias”, pela dispersão da tropa pelas diferentes regiões do país (Esteves, 1996: 327), outras reestruturações se seguiriam, mas sempre esbarrando nas restrições financeiras.

À medida que a Guerra Fria foi evoluindo, as atenções norte-americanas desviaram-se para a Europa, colocando a América Latina em segundo plano. Colateralmente, ao se privilegiar um inimigo interno, ocorreu um abrandamento das rivalidades regionais na América do Sul.

Domingos Neto (2004: 37) aponta, nesse processo, uma ativa influência norte-americana. No final dessa mesma década (1940), a transferência de cruzadores norte-americanos para as Marinha do Brasil, Chile e Argentina, ao mesmo tempo e em igualdade de condições também demonstrava o interesse norte- americano em não fomentar a hegemonia militar de nenhum país sul-americano, frustrando as expectativas nacionais de uma atenção especial ao Brasil.

Nesse período, a política norte-americana para a região, inspirada por um profundo anticomunismo, atribuía às Forças Armadas dos países latino-americanos “um papel pouco provável na frente externa e um insubstituível na frente interna.” (Martins Filho, 2005: 110) As comissões conjuntas (JBUSDC e JBUSMC), em vez de foro para o estudo e planejamento de defesa mútua, passaram a tratar primordialmente da negociação de armas e de treinamento militar.

A divisão territorial apresentada em 1952 ainda refletia bastante a preocupação com a segurança interna, mantendo, assim, a ótica de que os EUA cuidariam da defesa externa do continente. Isso decorria, em parte, da concepção de que os procedimentos de manutenção da paz da Organização dos Estados Americanos (OEA), como o TIAR, levariam à suspensão de hostilidades no continente americano e ao estabelecimento de negociações ou arbítrio. O papel do Exército no âmbito externo limitar-se-ía a guerras restritas ou operações de forças expedicionárias.

Na ECEME, buscou-se corrigir a conduta adotada nos anos iniciais do pós- guerra, de mera tradução literal dos regulamentos norte-americanos, distantes da realidade brasileira, adaptando-os às peculiaridades nacionais. Ganhava corpo a idéia de se consolidar uma doutrina militar “tupiniquim”, o que levaria algumas

característica, a possibilidade de enquadrar um número variável de brigadas, em substituição aos Grupamentos Táticos.

décadas para se materializar. Novos assuntos foram incluídos nos seus cursos, como Chefia e Liderança e Guerras Revolucionária, Psicológica e Nuclear.

Em 1958, o general Castello Branco, no comando da ECEME, defendia a necessidade de um “Ministério das Forças Armadas” como forma de racionalização administrativa e operacional, numa necessária evolução do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Posteriormente, como Presidente da República, chegou a promulgar o Decreto-lei No 200 (1967), que previa a realização de estudos visando a criação do Ministério das Forças Armadas. Entretanto, a tradicional resistência a mudanças ainda impediria o progresso da ideia. Nas palavras do próprio general: “O Ministério das Forças Armadas é uma necessidade e não um luxo. Mas, hoje, seria demais. Não há ainda um ambiente apropriado. Não há mesmo oportunidade para o feliz êxito de sua criação. Nem mesmo há um ambiente político propício.” (Apud Santos, 2004: 208)

Para Fuccille (2006), as dissensões internas entre as Forças, somadas à crise gerada com a questão da aviação embarcada (querela entre Força Aérea e Marinha, quando da implantação da atual Aviação Naval), levariam a que a tese do Ministério da Defesa não prosperasse e acabasse ficando no papel. 78

3.3.2 Da Doutrina de Segurança Nacional às bases para uma doutrina própria