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O que se aprendeu com o processo da mobilização

No documento vol4 10 (páginas 39-44)

E) A relação do “paralelo” com a Aids

2) Dinamizadores sociais

4.2 O que se aprendeu com o processo da mobilização

Retomando as idéias do contexto teórico, mobilizar é pôr em movimento. Ao contrário da prática mais corrente na interven- ção social, que denomina “mobilização” o processo de levar as pessoas a pararem suas atividades cotidianas por um período de tempo e se disporem a uma ação coordenada em geral pe- las instituições, consideramos que mobilizar deve ser entendido como o ato de favorecer a potencialização do movimento já existente de produção e circulação dos sentidos sociais – nes- te caso, pelos jovens e adolescentes. De fato, não se pode ter a pretensão de querer pôr em movimento aquilo que é cons- tituído fundamentalmente por e em movimento: os sentidos sociais. O método adotado objetivou evidenciar esses sentidos, oferecer condições para que eles pudessem ser ouvidos de for- ma amplifica/ampliada. A intenção era que esses locutores – os jovens – pudessem participar de outras instâncias de interlocu- ção, com um maior grau de legitimidade. A premissa era que, uma vez evidenciados e legitimados, serão maiores as chances de serem incorporados pelas instituições que têm a responsa- bilidade de elaborar e implantar políticas públicas.

No método, a mobilização deveria vir em seguida ao mape- amento da rede de sentidos, que permitiria a montagem de uma estratégia que favorecesse a emergência de produtores locais. Mas, a mobilização resultou em mais uma estratégia de mapeamento. Desta forma, a lógica da realidade atropelou o método e o levantamento dos dados empíricos que permitem um primeiro mapeamento passou a conviver e a se articular com o processo de mobilização.

As estratégias de mobilização e dinamização social deviam favorecer a emergência de produtores sociais locais. Tínhamos então um dos grandes desafios da pesquisa, uma vez que as experiências de mobilização social na perspectiva desejada são pouquíssimas no Brasil, nenhuma desenvolvida como ou asso- ciada a um método de investigação. Para nós era uma incógni- ta como a população e os técnicos das instituições iriam reagir à proposta. Por outro lado, a perspectiva que adotávamos era inerentemente um texto aberto, a ser construído coletivamen- te. Uma de suas virtudes, acreditávamos nós, era valorizar o protagonismo da população local na busca de suas próprias soluções. E protagonismo implica surpresas, imprevistos. O planejamento, neste caso, consistiria de: um elenco de es- tratégias iniciais de informação e “sedução”, apropriadas ao cenário construído na etapa anterior; a montagem de uma estrutura institucional altamente flexível de apoio às iniciati-

vas que deveriam surgir; a elaboração de um sistema ágil de acompanhamento e registro do que seria produzido. Como efetivamente se deu o processo? Em primeiro lugar, o elenco de estratégias ficou restrito às práticas habituais das instituições locais, na tentativa de fazer valer o princípio da articulação com serviços. Isto se traduziu em uma palavra: reu- niões, de fato a prática menos efetiva de trabalho com jovens. Num olhar retrospectivo, avaliamos que um maior investimen- to nesta etapa, com estratégias autônomas que de fato pu- dessem chamar a atenção dos grupos que nos interessavam, talvez pudesse superar em parte as dificuldades encontradas nas duas áreas:

1) no Lins, a luta de poder e a falta de articulação entre as diversas comunidades discursivas e, em larga medida, da falta de legitimidade e poder de convocação do Posto de Saúde em relação à população e suas organizações.

2) em Curicica, o baixo nível de organização local da população. O método original previa que o primeiro passo seria identifi- car um elenco inicial de jovens que desejassem participar da pesquisa. Estes seriam os primeiros produtores sociais e, junto com os dinamizadores e pesquisadores, discutiriam o “imagi- nário” da pesquisa: idéias-chaves que seriam referência para a elaboração das estratégias. Idéias formuladas como frases ou slogans.

O imaginário é a pedra de toque e o calcanhar-de-aquiles des- te método. Pedra de toque, porque permite reunir e dar uma concretude textual a idéias esparsas e abstratas. O formato de slogan confere emoção ao que geralmente é apresentado como frias metas e objetivos. Calcanhar-de-aquiles, porque o limite entre a perspectiva publicitária e a política é muito tê- nue. A primeira dilui e homogeneiza a diversidade reinante, vício recorrente da prática de intervenção social. A saída, diz Toro, é a paixão, e ensina: “a forma como a paixão se mobiliza não é através da lógica, mas sim através de imagens e repre- sentações” (1996, p.28). O desafio é justamente converter dis- cursos e argumentos que são lógicos e formais em imaginários que movam a paixão. Prossegue Toro: “Assim, quando uma so- ciedade é capaz de entender um objetivo como comum, priori- tário para o conjunto dos atores que a formam, converte-o em imaginário”. E “quando o imaginário – que pertence à esfera das expectativas, da esperança coletiva de uma sociedade – é proposto, esse imaginário consegue mover essa sociedade”. (idem, p.29). (Araújo, 2003).

Com base no imaginário, cada produtor deveria desenvolver uma estratégia própria de atuação, de acordo com suas refe- rências e compreensão da realidade.

Como de fato ocorreu essa mobilização? Como o método fun- cionou na prática?

O caso do Lins

Podemos afirmar que todo o tempo da pesquisa foi gasto, no Lins, no esforço de mobilização. As dificuldades foram tantas,

que quando foi necessário pôr um termo ao trabalho de cam- po, um grupo de jovens estava interessado, mas ainda não havíamos conseguido viabilizar alguma estratégia. Vejamos o que se passou, objetivamente.

Quatro grupos de jovens foram inicialmente mapeados como potenciais participantes da pesquisa: um ligado a uma ONG, outro a um projeto da Igreja Católica e dois de associações de moradores, sendo um ligado à Igreja Batista e outro ao governo estadual. Depois de alguns movimentos, apenas dois grupos se firmaram como possibilidades concretas – o do pro- jeto Vida Nova e o do Jovens pela Paz / Juventude, Socialismo e Paz. Estes foram convidados para sucessivos encontros, para que pudéssemos consolidar o grupo de produtores. Alguns desses encontros não se realizaram, porque simplesmente não apareceu ninguém. Os motivos alegados pelos dinamizado- res dos grupos e pelos próprios jovens eram variados, desde o simples esquecimento, até outro compromisso simultâneo. Nos que efetivamente foram realizados, comparecia um nú- mero variável – entre 5 e 25 –, mas sempre com quase to- tal renovação, sendo que apenas dois jovens se fizeram mais constantes. Por isto, sempre se fazia necessário recomeçar. Nos encontros, uma parte dos jovens se mostrava genuina- mente interessada, além de exibirem uma boa capacidade de observação e análise de sua realidade. Chegamos a cumprir, com dois grupos diferentes, a etapa da produção do imagi- nário, formulando várias frases que expressavam suas idéias sobre a prevenção. Também diversas estratégias foram enun- ciadas. Quando as coisas pareciam “engrenar”, o grupo desa- parecia e voltávamos à estaca zero.

Houve também uma tentativa, sugerida por um dos dinami- zadores, de viabilizar os encontros, realizando-os com cada grupo em separado – Vida Nova e JSP –, mas não surtiu o efeito esperado.

Uma análise baseada nos acontecimentos e no conhecimento que se produziu sobre a dinâmica local, mas também no ponto de vista colhido nas entrevistas, permite afirmar que as dificul- dades foram decorrentes de:

• resistência das lideranças locais em desenvolver trabalhos conjuntos, que não revertam em ganhos exclusivos (estraté- gias: bloqueio na circulação de informações, boicotes aos en- contros etc.);

• o fato de o projeto não ter procurado o aval de partidos políticos com presença forte na área;

• um período particularmente difícil da conjuntura político- administrativa, que provocou mudanças e interrupções nos projetos, inclusive no pagamento das bolsas;

• a coincidência da pesquisa de campo com o período elei- toral, somado ao comprometimento político-partidário das organizações locais;

• a omissão do Posto de Saúde em relação à pesquisa.

Os problemas decorrentes da coincidência com o período elei- toral e de transição político-administrativa poderiam ter sido contornados, se houvesse vontade para isto por parte dos di- namizadores e coordenação local da pesquisa. Já a atitude das lideranças locais e a atitude do PS parecem-nos os dois fatores determinantes. Analisemos cada ponto em particular.

Como mencionado antes, o bairro tem uma história de difi- culdade de trabalhos que requerem cooperação. Em con- trapartida, nosso projeto tinha uma metodologia que partia exatamente da possibilidade de articulação de esforços: uma metodologia que supunha um esforço coletivo para superação de problemas que são de ordem coletiva.

“Admito, você foi embarreirada pelas lideranças, nós embar- reiramos você. Você nem pisou na comunidade, só nas insti- tuições, que te embarreiraram”, foi o que ouvimos de uma das principais lideranças. O motivo? Tentar reunir num projeto vá- rios grupos que na prática social disputam espaço, numa “bri- ga de vaidades”. “Se você tivesse tentado com um grupo só teria dado certo. Aqui no Complexo tem muita competição”. Isto talvez permita classificar os muitos encontros programa- dos que não aconteceram como “boicote”, principalmente se considerarmos nossa forte suspeita de que tenha havido uma interferência velada, mas firme, do “paralelo” no senti- do de impedir que os trabalhos se efetivassem. A presença de estranhos em projeto de pesquisa (investigação) não é algo facilmente aceitável para as forças que controlam o “funcio- namento social” nos morros. Apenas isto explicaria por que jovens que pareciam tão motivados num dia desapareciam no outro, principalmente de jovens que, em grande medida, tinham ou haviam tido uma relação com as organizações do tráfico. A presença sutil desse poder se fazia notar em suavís- simas doses, por exemplo, a determinação do que ou quem pode ou não ser filmado ou fotografado, na ordem para baixar o vidro do carro da pesquisa, ou para não permanecer em determinados locais.

Ao final do trabalho de campo ocorreu um fato que reforça nossas suspeitas. O grupo Teatro do Oprimido fez uma série de 40 apresentações em todo município, patrocinado pela Se- cretaria de Saúde. A última delas, encerrando o projeto, foi no Lins, até como decorrência de articulações propiciadas em tor- no da pesquisa. A exibição foi na quadra da Escola de Samba e houve ampla divulgação pelo Posto de Saúde. Estivemos lá, para registrar o evento, tanto porque o tema era prevenção da Aids, como porque a proposta do Teatro é interativa, o que nos possibilitaria mais material de análise, na ausência de es- tratégias locais. Ninguém compareceu e, diante do impasse, conseguiram arrebanhar na rua meia dúzia de crianças e mu- lheres. Antes, houve uma tentativa de liberação dos alunos de uma escola próxima, negada pela diretora. Diante da extrema receptividade que estes eventos têm nas comunidades mais pobres e da experiência do grupo teatral de platéias cheias, avaliamos que houve algum veto não declarado ao trabalho. O segundo problema é o da atitude omissa do Posto de Saúde. A participação do serviço local de saúde era um ponto funda- mental do método. Desde o mapeamento até a avaliação, o

trabalho deveria ser não só conjunto, mas mediado por ele. Um dos objetivos do projeto era, sem dúvida, possibilitar uma maior e melhor articulação dos serviços com a população e a participação na pesquisa teria o papel de qualificação das equipes. A direção do posto, apresentada como exercendo uma liderança local de grande expressividade, não quis as- sumir a coordenação local, como era esperado, delegando-a para uma funcionária administrativa recém-contratada, que nada conhecia sobre o bairro e a dinâmica comunitária. Como justificativa, o excesso de trabalho de todos os outros profis- sionais da equipe, inclusive aqueles que já desenvolviam tra- balhos com jovens.

O PS dispõe de profissionais como assistente social, psicólogos e outros com contato direto com população, mas não hou- ve interesse deles, para além do manifestado numa reunião inicial. Como se não bastasse, a coordenadora designada na maioria das vezes não foi liberada dos seus trabalhos para acompanhar os eventos da pesquisa. Adicionalmente, não obstante sua extrema boa vontade, ela não tinha nenhum po- der de convocação sobre as organizações locais e o diretor do posto, se o tinha, não exerceu.

A visão sobre o OS, da maioria dos entrevistados, é de que há uma indisponibilidade para uma ação “extramuros”: o posto acolheria iniciativas locais, desde que sejam no seu espaço fí- sico; “o posto não se compromete, não vai à luta, é muito bu- rocratizado”. Por outro lado, ele sofreria conseqüência do des- crédito acumulado por outras gestões e no sistema de saúde em geral. Se procedente, esta “cultura institucional” pode ter afetado a noção de comprometimento com a pesquisa. Se não for, a direção do Posto tem dois graves problemas a superar: a visão local pouco favorável em relação às suas possibilidades e a avaliação das oportunidades de melhorar essa visão. Como veremos mais adiante, a pesquisa teve um impacto positivo extraordinário na relação da população de Curicica com os serviços de saúde e vice-versa e poderia ter ocorrido algo se- melhante no Lins.

A conjugação desses dois fatores, competição local e omissão do Posto, provocou, na nossa avaliação, as dificuldades vividas no processo de mobilização, impedindo inclusive a circulação das informações, elemento vital num processo de mobilização. Por fim, desejamos assinalar que o boicote ou omissão dos profissionais de saúde e das lideranças do Lins tiveram sua expressão final no seminário público de apresentação dos re- sultados da pesquisa, quando ninguém compareceu, apesar de convidados individualmente. A exceção foi o dinamizador do JSP, que naquele momento não estava mais vinculado a nenhuma das organizações com atuação local e que tentou, mas não conseguiu levar alguns jovens ao evento. Sintoma- ticamente, convidado para compor a mesa, representando o segmento “dinamizadores” da pesquisa, ele não assumiu este lugar, preferindo expressar sua opinião pessoal sobre o confli- to entre a noção de protagonismo e a relação autoritária das instituições com os jovens.

O caso de Curicica

Diante da constatação de que não havia grupos organizados de jovens ou adolescentes em Curicica e que seria necessário identi- ficar alguns com perfil de produtor social, a etapa de mobilização em Curicica iniciou com a tarefa das agentes de saúde do PSF de organizarem um primeiro encontro com possíveis interessados. Como as agentes são pessoas da comunidade e conhecem mui- tas famílias por força do serviço, julgou-se que seriam as mais indicadas. Desta forma, nos reunimos com um primeiro grupo de 15 adolescentes – entre 12 e 18 anos – dos quais 7 mostraram- se animados com a idéia. Destes, apenas 3 vieram ao encontro seguinte, sendo que um não poderia continuar.

A primeira pergunta que emerge aqui é: o que se passou? Qual foi o problema? Por que os jovens recuaram? Além de considerar razoável a principal alegação da maioria – o pro- jeto exigiria deles um tempo não disponível –, nossa análise aponta para a completa ausência da equipe do PSF naqueles dois momentos. Devido aos problemas mencionados no tópico do contexto local, nenhum membro da equipe acompanhou o encontro e os adolescentes se viram sozinhos numa sala com pessoas que desconheciam e que também desconheciam sua realidade. Não houve mediação que legitimasse a proposta ou favorecesse o diálogo.

Um depoimento do coordenador local, que na época, recém- chegado ao PSF, ainda não havia se integrado à pesquisa, apresenta um modo de interpretar o fato:

(...) acho que as pessoas se sentiram um pouco exploradas... com a proposta, tipo assim: Ah! Essa mulher quer que a gente trabalhe de graça pra ela? Eram os comentários que a gente ouvia. É... bem, mas... pô, que coisa chata! Isso não vai fun- cionar! (...) A pesquisa foi colocada como uma coisa, muito assim... como a coisa mais importante. É... pro pesquisador a sua pesquisa é sempre o mais importante. Só que a gen- te estava vivendo um caos, aqui dentro, por conta da falta de pagamento, da chegada da equipe nova, a gente estava acabando de chegar, não tinha grupo nenhum, estava tudo muito desestruturado. Então, a pesquisa era a coisa menos importante, pra esse programa, naquela época. E... de uma forma que fez com que as pessoas não se sentissem parte da coisa, entendeu? (...) Acho que os adolescentes não ficaram porque foi uma coisa muito entediante pra eles. Acho que não chamou mesmo, não puxou interesse. (...)

Esta é uma possibilidade de interpretação. A outra está no fato de que o único grupo de produtores que conseguiu ser formado e produzir uma estratégia, após um grande investimento do PSF, foi construído por 3 jovens, entre eles um dos que se apresen- taram no primeiro momento. Ou seja, há razões de outra ordem para o parco resultado numérico, que serão vistas a seguir. Sigamos, porém, no relato. Os 2 remanescentes trouxeram mais 2 e manifestaram o desejo de fazer uma pesquisa de co- nhecimento e opinião sobre a Aids em Curicica. Esta pesquisa de fato teve início, mas a equipe do PSF considerou que seria

melhor promover um evento mobilizador da comunidade que permitisse a identificação de outros grupos. Este evento foi uma gincana, com o tema da saúde.

A gincana ocupou a maior parte do tempo que a pesquisa havia previsto para o trabalho de campo, principalmente o destinado à produção das estratégias. Isto poderia ser con- siderado um grave problema, mas decidimos assumi-Ia como legítima estratégia, uma vez que os jovens haviam participado efetivamente da sua proposta e organização. Assim conside- rada, será retomada no tópico relativo às estratégias. Mas ela foi, sem dúvida, fundamental na mobilização, no sentido que imprimimos ao termo: possibilitou uma ampla circulação dos sentidos locais sobre a Aids, permitiu o debate sob as mais va- riadas formas de expressão e foi decisiva na retomada do PSF em suas relações com a comunidade. Além disto, favoreceu o acolhimento para outras iniciativas conjuntas do PSF com as demais instituições e dinamizou a participação coletiva nesses eventos (Feiras de Saúde, Semana da Família etc.).

A gincana foi divulgada por várias formas – escolas, reuniões com a comunidade, TV Comunitária, cartazes e boca a boca. Foi criada a figura do monitor das equipes inscritas, que deve- ria ser um adulto da comunidade e esta já foi uma estratégia de dar maior capilaridade à experiência. No total se inscreve- ram 9 equipes, cada uma com 20 adolescentes. A realização foi um absoluto “sucesso de público”, mas, sobretudo, um su- cesso em termos de ganhos para a equipe do PSF e a própria comunidade. Seus efeitos extrapolaram largamente o objetivo de evidenciar adolescentes que tivessem o perfil de produtor social da pesquisa. Alguns depoimentos podem ajudar a com- preender o alcance da iniciativa:

Olha, foi uma coisa assim... no início eu ficava até enchendo o saco do Gustavo: Gustavo, tem que chamar o Corpo de Bom- beiros e acionar a Guarda Municipal. Porque o trabalho com adolescente é coisa séria, entendeu? (...) Mas... olha, me sur- preendeu, tá? Eu aprendi muito com esses adolescentes dessa comunidade nossa (...) Eu fui na Globo, a Jussara foi na Globo. Quer dizer, todo mundo contribuiu... os agentes de saúde, to- dos se envolveram no trabalho, mesmo quem não fazia parte da organização, trabalharam muito. (...) E o que eu te falo que me surpreendeu foi aquele trabalho todo... aquilo tudo mui- to bem respeitado. Me surpreendeu, assim, os adolescentes, os que estavam pra trás dando maior força para aqueles que estavam na frente, né? Não houve aquela guerra, entendeu? E eu via gente lá da verde e da amarela... (...) Não, vamos dar força agora pra equipe cinza. Aí levantava: Equipe cinza! Aí gritava, vamos dar força pra equipe azul, sabe? (...) Então, isso me surpreendeu muito. E olhei cada rostinho e fui vendo onde morava cada um, sabe? Porque você convive, você anda com eles na rua e você não esquece a pessoa, né? E de repente num trabalho desse tão bonito, né? Não precisou Guarda Municipal, não precisou Corpo de Bombeiros. (...) (E como a comunidade viu a gincana?) Adoraram. Aí a minha comunidade depois fi- cou: Pôxa, Graça, que pena, né, minha filha não participou! (...) Sabe, depois do trabalho, que as pessoas vêem o efeito, assim,

aquelas mães que os filhos participaram, comentam: Aí, puxa, né, e fulano aqui parado. (...) Os que participaram gostaram

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