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APRENDIZAGEM DE CONCEITOS ESCOLARES

4.2 O Recurso Audiovisual no Ensino: da Produção à Execução

A aprendizagem no espaço escolar tem um papel fundamental no desenvolvimento intelectual dos estudantes. É preciso construir meios para desenvolver a consciência e internalizar os conceitos científicos escolares. Vigotski (2013, p. 69) considera que “a função principal quanto ao processo de formação de conceitos – ou quanto a qualquer atividade dirigida para um objetivo – é a questão dos meios pelos quais essa operação é realizada”.

Os vídeos produzidos no contexto da SE fizeram parte dos instrumentos mediadores utilizados pelos professores para propiciar aos estudantes significação dos conceitos escolares. Sobre a linguagem do vídeo (audiovisual), Arroio e Giordan (2006, p. 1) expressam que “é uma produção cultural, no sentido que é uma codificação da realidade, na qual são utilizados símbolos da cultura, e que são partilhados por um coletivo produtor do audiovisual e por outras pessoas para a qual o audiovisual é destinado”.

Nos processos de ensino e de aprendizagem, os estudantes puderam experienciar as duas modalidades, ou seja, ao produzir o vídeo tiveram que decodificar os símbolos que representavam a realidade; e ao assistir ao vídeo e dialogar com os colegas buscaram articular o conteúdo veiculado com os conhecimentos que vinham sendo constituídos pela abordagem interdisciplinar. Arroio e Giordan (2006) explicam que o vídeo parte do visível, do concreto, e toca todos os sentidos, sensações e sentimentos.

A produção do material audiovisual torna-se importante à medida que o professor envolve o estudante no processo de criação. Conforme Moran (2013, p. 34), nos processos de ensino e de aprendizagem não se pode dar tudo pronto, pois aprender exige envolver-se, pesquisar, produzir significados ao longo do trajeto em busca do conhecimento, “o modelo de passar conteúdo e cobrar a sua devolução é insuficiente. Com tanta informação disponível, o importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador”.

A ponte a que o autor se refere pode ser o uso dos recursos tecnológicos, por exemplo, a produção de material audiovisual. Essa produção possibilitaria amplo envolvimento pessoal e coletivo. Produzir material audiovisual com fins didáticos propicia que sejam desenvolvidas diferentes situações na educação. O material audiovisual permite integrar o que a televisão tem de melhor, imagem e áudio, com o melhor da internet, interatividade (MORAN, 2013). A Figura que segue representa a síntese do processo de produção de vídeo.

Figura 3 – Etapas da produção do vídeo

Fonte: A autora, 2016.

A Figura 3 representa os momentos que foram vivenciados na EB durante o processo de produção do material audiovisual. Nesse processo, os estudantes experienciaram a mobilidade de envolver-se na construção de conhecimento. Seu papel ativo foi fundamental para conseguir elaborar os vídeos e utilizar esse material para propiciar a aprendizagem de maneira interativa.

Moran (2013, p. 110) expressa que o processo de ensino deveria pautar-se na individualidade de cada sujeito, ou seja, “respeitar talentos e modos de aprender”. O uso de recursos tecnológicos no processo de ensino traz à tona a superação do paradigma da transmissão “a relação pedagógica pautada no “escute, leia, decore e repita” passa a ser superada por ações que demandam envolvimento e participação para projetar, criar e produzir conhecimento”. Nesse formato, é possível perceber os diferentes talentos dos estudantes.

Esses movimentos coletivos podem ser atendidos no processo de produção de vídeos, conforme os momentos representados pela Figura 3. Na fase de pré-produção, é necessário planejamento para construção do roteiro. A TV Escola publicou um manual breve com dicas para a produção audiovisual. Nesse material está expresso que a etapa de pré-produção é fundamental, pois “antes de começar a gravar, é preciso marcar datas e horas de filmagem, se todos equipamentos estão disponíveis” (BRASIL 2015c, p. 13). Ou seja, a organização é fundamental para executar o trabalho, pois nessa etapa torna-se fundamental elencar prioridades e delegar funções aos membros do grupo.

A filmagem envolve captação de imagem e áudio. Embora essas duas ações pareçam simples, elas podem ser complexas, pois o cinegrafista precisa considerar vários fatores no momento de captar imagens, por exemplo, luminosidade, plano de enquadramento do objeto ou personagem que vai compor a cena. No processo de filmagem realizado pelos estudantes do EM, a equipe contou com mais de um cinegrafista, pois o intuito foi valorizar as diferentes percepções sobre o local que estava sendo filmado. A outra função que essa etapa exige é um operador de áudio, pois é preciso que ele esteja atento aos ruídos externos e busque minimizar o impacto desses no ato da filmagem; no caso de alguns ruídos não poderem se excluídos no processo de edição, grava-se o áudio em estúdio.

Girão (2013, p. 114) destaca que, na gravação, vários elementos são necessários, como a iluminação, “no entanto é importante ressaltar a qualidade do som quando a gravação é feita no campo. Nada mais irritante do que ouvir ruídos de fundo quando tentamos nos concentrar naquilo que é dito na entrevista”. Por isso uma etapa é complementar à outra, e as fases da pré- produção, filmagem e edição devem estar em consonância com o objetivo do trabalho. A finalização do vídeo, representada na Figura 3, assim como as outras etapas, também é fundamental e torna-se o momento em que as cenas serão costuradas e representadas.

No caso dos dois vídeos produzidos e utilizados na atividade de sistematização da SE, a edição e a finalização do material foram feitas por acadêmicos dos cursos de Ciências Biológicas e de Nutrição com supervisão da mestranda, conforme descrito no Capítulo 02 deste estudo. Como a edição envolve um trabalho minucioso que deve ser feito por uma ou duas pessoas, optamos pela não participação dos estudantes (no caso específico desses vídeos), pois esse material foi utilizado no processo de sistematização, portanto a atividade estava sendo avaliada.

Dessa maneira, percebi o quanto o trabalho coletivo é fundamental para a produção audiovisual com fins educativos. Na concepção de Girão (2013, p. 113), a produção desse material,

é sem dúvida um processo complexo, mas não tão difícil como parece ou como querem nos fazer crer. Ao contrário, é saudável e desejável estender a alunos e professores os processos de produção dos vários meios de comunicação, notadamente o vídeo. [...] Já se disse que num futuro próximo, as sociedades que não adotarem os meios audiovisuais para preservação da memória e da cultura do seu povo estarão fadadas à extinção, assim como várias sociedades desapareceram sem deixar registro. Pode parecer exagero, mas se analisarmos as inovações tecnológicas a que estamos submetidos, veremos que o século XXI exacerbou uma linha divisória já existente entre dois mundos: o mundo dos "países digitais" e o outro, que está à margem desse processo.

Para efeitos desta discussão destaco que o envolvimento dos estudantes nesse processo ganha destaque, conforme fica evidenciado na Figura 4.

Figura 4 – Foto da oficina de vídeo momento em que os estudantes aprendem a captar imagens

Fonte: Acervo pessoal da autora.

A Figura 4 representa o início do processo em que os estudantes aprenderam as noções básicas para captação de imagens, conforme descrito no Capítulo 2. A imagem expressa o quanto trabalhar com essas produções no espaço escolar torna-se motivador para os estudantes. Arroio e Giordan (2006) destacam o papel motivacional que o recurso audiovisual pode representar para o ensino.

O material audiovisual trouxe pistas para organizar o conhecimento, pois foi desenvolvido dentro de um contexto de estudos, conforme descrito na atividade 11 do Quadro 2 da página 92. A Figura 4 representa as ideias centrais utilizadas para desenvolver a atividade de sistematização relacionando as abordagens interdisciplinares com os vídeos didáticos.

Figura 5 – Representação dos principais estágios para desenvolver a atividade 11 (p. 92)

Fonte: A autora, 2016.

Ressalto que, para desenvolver certas habilidades cognitivas, tornam-se necessárias as interações com objetos da cultura, que nesta situação pode ser o vídeo. Este representa um importante meio de comunicação, e com subsídio deste recurso é possível aprender vendo e representando histórias em interação com os outros de forma compacta e agradável (MORAN, 2013). O Quadro 3 apresenta o eixo central de cada vídeo e uma breve sinopse.

Quadro 3 – Vídeos produzidos e utilizados na sistematização da SE “Sustentabilidade Ambiental”

Título do vídeo e o eixo central Sinopse

1 – Carbon Free – Passeio ecológico “sem emissão de carbono”.

Problematiza a grande quantidade de gases lançados na atmosfera diariamente. Explica o conceito de Carbon Free e direciona para o trajeto percorrido pelos estudantes da EB para conhecer uma fazenda pedagógica que vivencia esse projeto. 2 – Desenvolvimento Sustentável – Problematizar

as ações humanas e conceituar a sustentabilidade ambiental.

Inicialmente traz uma reflexão sobre as transformações ocorridas no ambiente em função do desenvolvimento econômico. Problematiza as ações humanas. No segundo momento conceitua a sustentabilidade e apresenta os principais aspectos vivenciados pelos estudantes na viagem de estudos para a fazenda pedagógica: Quinta da Estância Grande – Viamão – RS.

Os vídeos representam importantes instrumentos para sistematizar e problematizar os conteúdos disciplinares que vinham sendo desenvolvidos pela abordagem interdisciplinar. Fazer uso desse recurso propiciou a sensibilização dos estudantes que, em vários momentos, se reconheciam como protagonistas e assim prestavam atenção e era possível identificar o envolvimento deles, pois estavam fazendo anotações para produzir os mapas conceituais. Silva e Pinheiro (2013, p. 96) argumentam em sua pesquisa com a produção de vídeo para ensinar determinado conteúdo que “os alunos prestaram bastante atenção aos vídeos, destacando-se o produzido no município. Durante a sua reprodução, alguns mencionaram: “alá, eu conheço esse lugar”, “ah, eu conheço essa mulher”, “ah, ela aí é prima de...”. Ou seja, trabalhar com um vídeo que retrata experiências vivenciadas pelos estudantes permite aproximar o discurso dos conteúdos escolares com situações cotidianas.

Andrade (2010, p. 82) destaca que a “realidade material é tomada como condição de produção de conhecimento, portanto é partindo dela e voltando a ela que o processo de abstração das elaborações conceituais é estabelecido”. Com vistas a compreender como ocorre esse processo de elaboração conceitual com aporte teórico de Vigotski (2013) e articulação com as análises dos dados empíricos é que apresento algumas cenas que compõem os vídeos (Figura 6; Figura 7) e faço um breve comentário sobre as principais abordagens imagéticas dialógicas. Figura 6 – Sequência de cenas selecionadas do vídeo “Carbon Free”

Fonte: Dados da pesquisa. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v= 0IDkXuU4Nck>

Inicialmente, podemos ver, em plano de fundo, tons acinzentados e imagens que representam a poluição decorrente das ações humanas. Ao mesmo tempo, ouve-se a voz do narrador que direciona para reflexão sobre a grande quantidade de gases lançados na atmosfera os quais causam o efeito estufa. Novas imagens de poluição aparecem, e vem o questionamento:

além de diminuir a emissão desses gases, como podemos compensar a emissão de carbono? (D1). A cena está composta de trilha sonora rítmica em tom de suspense, imagens em

movimento com grande quantidade de carros fecham a cena. Um plano preto aparece e, em seguida, num movimento fluido surge o termo Carbon Free e o símbolo. Compondo a cena está a voz do narrador. Depois, aparecem efeitos visuais compostos por inúmeras árvores que vão surgindo no intuito de neutralizar a emissão dos gases poluentes, especialmente o gás carbônico. Para situar o expectador, vem novo plano de fundo que direciona para o local onde está sendo desenvolvida a iniciativa Carbon Free. Assim surge o mapa do estado do Rio Grande do Sul (RS) com animação gráfica de um ônibus que representa a classe escolar que foi conhecer o local onde estão acontecendo ações sustentáveis.

Um novo plano de fundo preto com o nome do local surge, e imagens de um local arborizado e das pessoas que estão conhecendo esse local vão compondo a cena. Em seguida, em plano médio, é apresentada entrevista com um monitor do local. Como plano de fundo, hortas e estufas com diferentes culturas. Além da voz do entrevistado, é possível ouvir ao fundo canto de pássaros e ruído de motor de trator. A seguir imagens mostram estudantes percorrendo o território que está em recuperação ambiental. Essas imagens vão finalizando o vídeo juntamente com a voz do narrador que direciona o texto para os exemplos positivos de recuperação ambiental, e convida o expectador a refletir sobre as ações que estão sendo desenvolvidas na comunidade local.

As múltiplas linguagens que compõem cada cena para formar um vídeo propiciam uma interação do expectador com conteúdo exibido. Como o vídeo foi produzido com imagens que fazem parte da vivência dos estudantes, nessa etapa do aprendizado estão representados os conceitos cotidianos.

Destaco novamente a importância dos vídeos serem exibidos no sentido de convidar os estudantes a refletirem. A melhor alternativa que temos para “controlar” o efeito estufa seria compensar a emissão de gases poluentes? Ou devemos ter uma postura crítica em relação ao processo industrial e reorganizar a produção para reduzir a emissão desses gases poluentes?

Leff (2012) alerta que a EA não pode ser reduzida como um processo exclusivo de conscientização dos cidadãos. É necessário estar atento para o conteúdo que está sendo exposto para que a problemática não seja reduzida e mutilada. Em progressão o autor argumenta que,

perdeu-se de vista a necessidade de construir uma outra racionalidade produtiva, capaz de superar o falso dilema do neoliberalismo ambiental entre crescimento econômico e custos ecológicos. A ética pragmatista e utilitarista da visão economicista do mundo levou a desconhecer o valor da educação ambiental. Neste propósito produtivista e eficiencista dissolve-se o pensamento crítico e reflexivo, pessoal e autônomo, para ceder o poder de decisão aos mecanismos do mercado, aos aparelhos do Estado e às verdades científicas desvinculadas dos saberes pessoais, dos valores culturais e dos sentidos subjetivos que regulam a qualidade de vida e o sentido da existência humana (p. 249).

Por isso é importante que esse conhecimento de senso comum abordado no vídeo seja problematizado, e que novas concepções sejam abordadas para que o conhecimento escolar seja elaborado. Vigotski explica que o conceito científico e o espontâneo se desenvolvem em direções opostas: “Os conceitos científicos desenvolvem-se para baixo por meio dos conceitos espontâneos; os conceitos espontâneos desenvolvem-se para cima por meio dos conceitos científicos” (2013, p. 136). Nessa perspectiva, as questões da mediação e da relação linguagem- pensamento podem ser situadas subjacentes ao eixo do fazer docente corroborando com o processo de aprendizagem.

A linguagem é elemento fundamental no desenvolvimento cognitivo, ou seja, a linguagem é o principal instrumento de mediação para formação de um conceito que, ao ser apropriado, irá se tornar um signo por isso diz-se que houve aprendizagem.

A força da linguagem audiovisual está no fato de ela conseguir dizer muito mais do que captamos, de ela chegar simultaneamente por muitos mais caminhos do que conscientemente percebemos e de encontrar dentro de nós uma repercussão em imagens básicas, centrais, simbólicas, arquetípicas, com as quais nos identificamos ou que se relacionam conosco de alguma forma (MORAN, 2013, p. 51).

Nesse sentido, evidencio que o material audiovisual pode sensibilizar o expectador quando representa uma imagem com significado. O vídeo como instrumento de mediação pode constituir novos significados se o conteúdo da imagem for problematizado, discutido sistematizado pela mediação por meio de instrumentos e signos. O professor tem essa função para que de fato ocorra a formação de conceitos. De acordo com Vigotski (2013) as relações intrínsecas entre as tarefas externas e os processos internos do desenvolvimento cognitivo devem levar em consideração as dinâmicas sociais e culturais ocorrendo por meio de instrumentos mediadores, essas interações irão promover a transformação do processo intelectual.

A próxima sequência representa uma seleção de imagens do segundo vídeo utilizado no processo de sistematização da SE. Após as imagens, destaco os aspectos centrais das cenas que o compõem.

Figura 7 – Sequência de cenas selecionadas do vídeo “O desenvolvimento sustentável”

Fonte: Dados da pesquisa. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DE3hnq- _wzM>.

Esse vídeo (Figura 7) primeiramente traz imagens que representam o desenvolvimento econômico. As cenas são exibidas com velocidade para expressar as transformações aceleradas do atual contexto. Enquanto o narrador interpreta o texto, vão surgindo imagens de pessoas conectadas utilizando mídias móveis, representando a atual situação do ser humano e sua relação com os elementos do mundo moderno.

Para exemplificar a forma como utilizamos os recursos naturais, estão as usinas hidrelétricas, e aos poucos vão compondo a cena imagens de uma natureza preservada. A voz do narrador direciona o texto para reflexão: “tudo isso permitiu ao homem maior conforto e

melhores condições de vida, contudo este sempre pensou que o que a terra oferecia era inesgotável, o que fez com que agisse de uma forma bastante irresponsável” (D2).

As consequências das ações humanas desenfreadas surgem num plano geral e vão aproximando o zoom em um movimento de close para o descarte indevido de lixo, emissão de gases poluentes, desmatamento. A trilha sonora que compõe a cena é instrumental em uma frequência rítmica acentuada. Depois, aparecem cenas de queimadas, enchentes, o processo de redução da biodiversidade por meio de imagens que representam a extinção de várias espécies animais.

O foco da cena muda para imagens de um ambiente com ações naturais, com ondas do mar, pássaros voando. O áudio direciona para refletir que, em meio a todas essas ocorrências, ainda existem esperanças de aliar as transformações com a sustentabilidade, com imagens de geração de energias alternativas e preservação dos recursos naturais. O texto narrado conceitua sustentabilidade:

capacidade que grupos de indivíduos tem de desenvolver suas atividades em um determinado ambiente, sem causar impacto violento a este meio, de fazer uso de recursos naturais e de alguma maneira os devolver ao planeta por meio de praticas desenvolvidas para este propósito (D2).

A imagem que finaliza essa cena é de um arco-íris. Surge novo plano com as imagens de recreação de um espaço de lazer da fazenda pedagógica (representadas na sequência da Figura 7). As imagens estão enquadradas no plano médio, e as cenas continuam mudando com velocidade para representar as explicações que os monitores da fazenda expõem em cada estação do percurso percorrido pelos estudantes. Aparece a imagem de um bugio que representa uma espécie de mamífero nativo do bioma pampa; árvores e campo também representam esse bioma. O descarte de resíduos alimentares compõe a próxima cena que direciona para o reaproveitamento por meio de composteira; as hortaliças são focalizadas representando a importância desse ciclo, dando ao expectador a clareza de que os resíduos alimentares podem ser transformados em húmus por meio do processo de compostagem e nutrir as sementes na horta para produzir hortaliças naturais e com boa qualidade nutricional. A próxima cena exemplifica uma fonte alternativa de geração de energias a partir de serpentilhas e placas solares. Todas as cenas seguintes direcionam para representações de ações que priorizam a preservação ambiental e ações sustentáveis.

Ao analisar os vídeos produzidos e utilizados no contexto da SE, é possível reconhecer nesse material elementos apresentados com uma linguagem simples e eficaz. Quando me refiro à linguagem, estou direcionando o discurso para imagem e áudio, com recursos de animação gráfica utilizados em pequena escala, isso por que não somos especialistas em reprodução/criação desse tipo de material, e o intuito dos vídeos era exclusivamente didático.

Mas, ao ser âncora entre o conteúdo disciplinar e a proposta interdisciplinar propiciou apresentar os conteúdos escolares de maneira contextualizada, estratégia que envolveu os estudantes na aula. Para Moran (2013), utilizar essa tecnologia (vídeo) propicia comunicação eficiente que pode sintetizar conteúdos, e esses, ao serem aprofundados, conduzem a construção de aprendizagens importantes.

No processo de ensino, o papel do professor é central para conduzir o foco do uso do vídeo. Ele pode trazer esse material para problematizar certas situações, por isso é interessante que não apresente respostas prontas. Essas podem dificultar o envolvimento do estudante na construção de sua aprendizagem. Moran (2013, p. 49) explica que “o papel do educador é fundamental se agrega valor ao que o aluno sozinho consegue fazer com a tecnologia; e o aluno aprende mais se, na interlocução com o educador e seus colegas, consegue avançar mais do que se aprendesse sozinho”. Destaco aqui o quanto os recursos tecnológicos podem ser úteis se utilizados como elo de interação social.

Nesse sentido, Vigotski (2001) fundamenta sua teoria sociointeracionista alicerçado na ideia de que a constituição psíquica estrutura-se a partir de relações sociais estabelecidas entre