• Nenhum resultado encontrado

O TEMPO DAS POLÍTICAS SOCIAIS E O TEMPO DA VIDA

CAPÍTULO 4 DR ALEGRIA

6.4. O TEMPO DAS POLÍTICAS SOCIAIS E O TEMPO DA VIDA

Na primeira etapa da modernidade, desde o advento da sociedade industrial, claramente o tempo se converteu em uma fonte fundamental de coerção. Este controle temporal passou para uma lógica temporal pós-moderna marcada por uma intensificação dos ritmos, por momentos fugazes, a velocidade generalizada da vida. Segundo esta interpretação, o que se acentua é um processo de progressiva aceleração social e histórica dos eventos, uma experiência de fragmentação do tempo e uma compressão do espaço-tempo (SANTOS, 2014). Nesta perspectiva, Hartmut Rosa (2016) apresenta três grandes motores desta aceleração: a tendência capitalista de economizar tempo (porque tempo é dinheiro); a generalização da ideia de mudança permanente como elemento maior da modernidade; e por último, uma aceleração do tempo mesmo como consequência, ao nível das representações da inserção em uma sociedade complexa, um processo que, no plano propriamente social, seria induzido por uma tripla aceleração (tecnológica, da mudança social, e dos ritmos de vida), que se manifestaria por um aumento do número de atividades que devem efetuar-se sobretudo pela aparição de novas fronteiras e imbricações temporais, uma realidade que faria com que os indivíduos privilegiassem unilateralmente o tempo presente como principal horizonte temporal de suas existências, posto que em sua ausência, a vida corre o risco de transformar-se em uma experiência fragmentada e interminável (BAUMAN, 2008b). Um processo que induziria, inclusive, a múltiplas patologias coletivas e individuais, através das quais as pessoas buscam paradoxalmente desacelerar suas vidas em meio a uma sociedade que ganhou, globalmente, em tempo livre.

A imagem é plausível de forma muito ampla. Não obstante, o tempo em ação na periferia da metrópole, entre o posto de saúde e a clínica médica particular, se caracteriza menos pelo problema generalizado da aceleração do que pelo tema do desequilíbrio entre os tempos. Os fenômenos de aceleração não estão ausentes em

Heliópolis, porém, ao menos ao nível das experiências individuais, o desejo majoritariamente expressado pelos indivíduos é a busca de um equilíbrio entre o trabalho e a família. Na crítica da aceleração se mesclam outros elementos: com muita frequência a denúncia da aceleração da realidade está associada à experiência desconfortável a respeito das interações com os outros. A queixa sobre a aceleração é específica, com a denúncia de um sentimento difuso, mas generalizado, de irritação nas relações sociais, e que aparece com especial importância nos encontros entre médico- paciente.

O equilíbrio é fundamental na ausência de uma regulação institucional, porém ele aparece como um projeto agonizante.

Na União Europeia assim como nos Estados Unidos houve, de fato, muitos dispositivos do que se tem denominado work-life (WAHL, 2011) ou seja, práticas de harmonização entre a vida dentro e fora do trabalho. Estas práticas incluem flexibilização temporal e espacial de trabalho, e a oferta aos assalariados de um conjunto de recursos em termos de saúde, cuidado com os filhos, vida cotidiana ou projetos pessoais. Tratam-se de fatores que tiveram que ser tomados em consideração à medida que a vida pessoal dos assalariados terminou impondo coerções que os empregadores não puderam mais desconhecer: resistência ao deslocamento, disponibilidade limitada de tempo, estresse, de carreira de promoções, rejeições a tempo parcial, e até mesmo demissões.

Trata-se de uma tomada de consciência coletiva que fez com que, em muitos desses países, um emaranhado institucional e uma linguagem política tenham dado o marco para a articulação temporal. Aqui a legitimidade do próprio tempo é muito maior (BECK; BECK-GERNSCHEIM, 2001), e a conciliação do tempo é uma importante preocupação institucional que conhece, inclusive, variantes nacionais em função dos modelos de Estado de bem-estar (ESPING-ANDERSEN, 1991). O importante a reter aqui é que esta problemática se converteu, nas últimas décadas, em um dos mais importantes setores de inovação de políticas sociais efetuadas, e para além dela, a vida concreta e cotidiana dos indivíduos.

A relação entre o tempo de trabalho e a vida fora do trabalho resultou em um conjunto importante de estudos, e rapidamente criou-se a questão sobre qual era o melhor termo para descrever precisamente a tensão entre ambos. Para alguns, a ideia de conciliação deixava subentendida a possibilidade de um acordo por fora das coerções sociais. Em termos de tempo, a conciliação das políticas sociais com a vida fora do

trabalho é central nas instituições. Nesta direção as políticas sociais são, em muitas ocasiões, objeto de críticas abertas.

Em Heliópolis o desequilíbrio entre o tempo do trabalho e o tempo da família faz parte de um processo estrutural ao qual os indivíduos devem dar, a partir de seus diferentes repertórios, e de maneira muitas vezes solitária, uma resposta pessoal. Este desequilíbrio de domínios se impõe, assim, com especial virulência devido ao escasso debate público e à inexistência de contra-tendências institucionais à invasão da vida pelo trabalho ou à desvalorização do tempo livre. O sentimento de solidão pessoal, em meio a vidas cotidianas duras é, deste modo, uma experiência maçante.

Como indicamos, a existência ou não de políticas sociais que tentam regular o tempo é mais que importante. No entanto, não é somente relevante sua, senão o caráter dessas políticas. Inclusive quando elas existem, o principal objetivo é, em geral, de índole estritamente funcional, como aumentar a produtividade dos assalariados, e raras vezes elas se inscrevem em uma perspectiva mais individual e plural, o que supõe tomar em conta outros âmbitos da realização pessoal. Inclusive quando esta problemática é objeto de políticas públicas, o fato de que o tempo seja reduzido à única questão da reconciliação trabalho-família conota inevitavelmente um déficit institucional importante, dados os anseios e expectativas que têm hoje os indivíduos. A oferta política traduz mal e, inclusive, às vezes simplesmente não reflete a demanda. As demandas em direção a uma sociedade de bem-estar não são em absoluto inexistentes, mas estas tendem a ser negligenciadas por uma sociedade de consumo.

Em resumo: o tempo é urgente, uma vez que um desequilíbrio produzido estruturalmente não é compensado ou contrabalançado por uma vontade institucional. Ou somente o é parcialmente. Ao contrário, a urgência do tempo é depositada sobre as costas dos indivíduos. Eles devem encontrar, segundo as suas capacidades e em meio aos seus diferentes repertórios, como lidar com esse desafio. Este é um exemplo significativo de como, no quadro mais geral do processo de individualização, o tempo pode, apesar de uma fraca ou muito escassa visibilidade no emaranhado institucional da sociedade, ser muito significativo no nível das experiências individuais.

Na ausência de fortes e claras regulações institucionais, um conjunto plural de estratégias na casa, no trabalho, na vida familiar, tentam equilibrar os diferentes âmbitos temporais dos indivíduos na estruturação das diferentes classes sociais. Odécia (CP) fala sobre a sua atividade de cuidadora de idosos: “A minha vida se resume ao trabalho e a

casa. Saio pouco. Essas coisas ficam para segundo plano”. A estratégia é paradoxal, porque consiste em buscar um equilíbrio pessoal através do desequilíbrio estrutural. Para este grupo de indivíduos, o trabalho não é o problema, mas a solução. Soma-se a isso, muito concretamente, um profundo sentimento de desequilíbrio de tempo.

Contudo, se esta experiência não é nova, ela transmite uma questão extrema em Heliópolis. Como se resiste a esta experiência quando as instituições dão pouco ou nenhum apoio? Ou seja, o horizonte do tempo do trabalho sem fim se transforma no único suporte existencial. Este relato não foi isolado. Em muitos outros relatos o trabalho foi descrito como uma realidade na qual se dedicava o essencial do tempo. Ante o álibi da necessidade econômica, por trás dele, muitas vezes, se deixava vislumbrar uma necessidade de tipo existencial, uma necessidade que remete muito menos à carência de um sentido pessoal e coletivo de vida entre os entrevistados do que a uma dificuldade concreta de sustentar a vida.

O trabalho, seja qual for a razão, é um suporte da existência. “Estou com crises renais, já tive câncer e agora estou com um novo nódulo na clavícula esquerda. Fiz radioterapia e quase morri. Deram uma dose maior. Precisei assinar um monte de papel para ir para a mesa de cirurgia. Inclusive um que dizia que poderia afetar uma parte do cérebro que se liga à fala. Agora preciso fazer novos exames para fazer uma nova cirurgia. Prefiro trabalhar do que ter a permissão de afastamento e auxílio doença. Trabalho para esquecer”, diz Marcela (CM). A sua legitimidade é menor no que toca o âmbito familiar, mas ainda assim é um suporte suficientemente eficiente para ser assumido publicamente.

Não, pra falar a verdade eu tenho seis meses de convênio [Greenline]. Desde novembro de 2016 e não usei ainda. Usei uma vez que eu tava precisando porque estava com dor no pescoço. O pessoal falou que era caxumba. Gente, mas a minha mãe falou que você só tem uma vez. Não é caxumba, porque eu tive quando era criança e a minha mãe falou que é só uma vez! Eu peguei, fui no posto. Tô lá no posto, não tipo... não tinha ninguém adulto, só tinha muita criança. Aí a Daniela falou, Carolina vai no convênio. Tem um ali no Ipiranga. Aí eu falei, caramba! Vou ter que ir lá no convênio. Aí eu peguei tive que pagar o Uber, ir até o convênio. Gastei R$ 30 reais. O pronto atendimento fica no Ipiranga. Cheguei no pronto atendimento, não puderam fazer nada por mim. Era um pronto atendimento, não era um pronto socorro. Não tinha máquinas pra fazer exame, não adiantou muito porque eu tinha que ir até a Brescia, que é onde

fica o Hospital do convênio, e eu tava no horário do trabalho ao mesmo tempo. Gente, Deus cura” (Carolina, CP).

A causa da falta de tempo, por causa da lógica do trabalho, deve ser submetida a um ordenamento. Uma rotina estrita da vida que abarque cada momento. Um sentimento, destacamos, particularmente vivo entre as mulheres ativas, assalariadas, com filhos, que com ou sem ajuda de familiares, estão submetidas a uma pressão temporal. Raimunda conta a sobre o trabalho anterior que teve no hipermercado Extra como gerente durante 15 anos. “Mudei de emprego e decidi por uma vida com mais tempo pra a minha filha e pra mim. Ganho bem menos”. E mesmo não sendo um trabalho diretamente ligado ao curso de pedagogia a distância que está fazendo, fala bem da atual experiência. A principal estratégia é a de buscar reequilibrar, a partir de suas próprias forças pessoais, a vida cotidiana. “Olha, meu filho tá doente, se eu for pegar o ônibus para chegar no próximo posto do SUS vai demorar muito” afirma Ana depois de ser questionada por que frequenta a clínica médica de baixo custo em Heliópolis. Muitas vezes isso se traduz na necessidade de uma organização do tempo e das atividades, outras vezes, este equilíbrio passa pela busca de estratégia pessoais que consigam romper a fronteira entre o espaço-tempo do trabalho e o espaço-tempo doméstico. Entre as mulheres é possível observar que os efeitos são menos ambivalentes, o que se tem denominado de padronização do espaço doméstico. O resultado às vezes pode ser contraintuitivo, ou seja, a agenda do tempo onde as ações se sucedem sem respiro, e onde sobretudo, todo imprevisto (a doença de um filho, por exemplo) acarreta severas disfunções na jornada. Do ponto de vista da organização do tempo, a vida é vivida sem cenário de mudanças de peças. Jeane (CP), na recepção de uma clínica médica de baixo custo de Heliópolis, comenta que os preços valem a pena. “Ginecologista vale a pena. Aquele exame de densitometria óssea, também é muito procurado”. Ela tem um filho, o caçula, que nasceu com uma doença dos ossos, e todas as sextas-feiras precisa ir à Santa Casa. O marido vai às vezes, porque trabalha com conserto de eletrônicos e computadores em casa. Além do trabalho de agente comunitária de saúde das 08h às 17h, Jeane estuda na Faculdade Anhanguera com o financiamento Prouni do governo federal, e atravessa a cidade de São Paulo para chegar lá. Ou, como Carolina (CP), que quando questionada sobre o dia a dia no trabalho diz: “corrido assim que nem você viu. Aqui é tranquilo mais um dia, o resto é assim. Eu sei que eu fico doida, mas eu fico feliz de trabalhar aqui, porque é isso, todo mundo quer tá junto, quer participar, quer conhecer...”.

Com os homens ocorre o contrário; menos habituados por sua socialização nesta gestão simultânea e apertada da agenda diária, e, sobretudo, menos responsáveis pela carga mental e material da casa. Na nossa pesquisa as mulheres expressaram uma maior capacidade, e obrigação, para administrar um uso plural do tempo livre, enquanto os homens privilegiam muito marcadamente um domínio, o do trabalho, sobre todos os outros. No entanto, e apesar destas importantes diferenças, expressaram o sentimento comum de desgoverno do tempo em suas vidas (GEORGES; SANTOS, 2016).

Finalmente, todos têm o sentimento de que é preciso fazer mais coisas, mais complexas, em menos tempo. O resultado é um sentimento de urgência e de estresse permanente na vida cotidiana. Se isto se dá entre alguns homens, é, sem dúvida, entre as mulheres que se expressa com mais força. Uma estratégia que, frente aos desequilíbrios estruturais, se busca encontrar com um equilíbrio individual. O que se persegue no final das contas é uma estabilização pessoal e familiar. Mais do que isso, buscam ativamente continuar fazendo coisas que as interessam, não se resignam, se colocam em posição de ganhar tempo ao tempo, ou de evitar, pelo menos, perder as prioridades, sem que isso implique em amputar suas existências pessoais. Para fazer uma analogia, falamos em “acrobatas-malabaristas”, para acentuar o caráter fortemente individual no qual se põe em prática esta estratégia.

Rita (CM) fala sobre a nova rotina depois que as ACS começaram a visitar a sua casa. “Elas me orientaram e eu segui o programa”. Ela fala sobre os dias da semana em que frequenta as atividades e passa para o marido e a filha quando chega em casa. A filha pega o pau da vassoura e mostra como a mãe faz. “Isso tudo me ajudou com a síndrome do pânico que estava. [...] Não conseguia sair de casa, pegar o metrô, ir aos lugares que precisava. [...] Sentia falta de ar. Passei com a psicóloga no posto, faço atividades físicas no CEU, terapia de grupo e atividades na Igreja Santa Edwiges”. Para as mulheres entrevistadas, em consequência de sua tendência a privilegiar o âmbito do trabalho, é um desafio que vai muito mais além da solitária conciliação do tempo entre o trabalho e a vida familiar. São outros tempos: a sociabilidade, a participação, e o tempo para elas mesmas. É para ter acesso a estes outros tempos, que se colocam em diversos projetos. Uma situação que se revela impossível até que uma solução seja encontrada em meio à corda bamba e os malabares.

A família é o valor supremo, mas o trabalho é o meio para satisfazer suas necessidades. Sem trabalho não há pagamento, e sem pagamento não há, em uma sociedade capitalista, vida possível. Trata-se, sem dúvida, da resposta majoritária. Se a

vida se desequilibra é porque a realidade econômica, e suas coerções, quaisquer que sejam suas modalidades, empurram para o trabalho sem-fim. Ressoa a denúncia de Marx sobre os efeitos nocivos que a mercantilização da vida, induzida pela burguesia, tem na vida dos setores trabalhadores. Mas, em outras versões, não parece necessária a ideia da existência de um projeto consciente e explícito de governo dos indivíduos através da coerção do tempo. Uma interpretação deste tipo avançou nas entrevistas entre indivíduos que manifestavam opiniões políticas muito diversas entre si. Se se fala tanto de trabalho não é somente uma interiorização individual da necessidade do trabalho, mas também uma adesão coletiva à ideia de como é visto o trabalhar muito: uma adesão que exerceria em si mesma, uma pressão informal sobre todos e cada um. A lógica do trabalho sobre novas bases, não somente de um mecanismo de controle, consciente ou inconsciente, mas também de um ideal de mobilização de todas as forças vivas em direção ao trabalho, impõe a legitimidade de uma sociedade trabalhadora generalizada, na redução da vida humana em torno das exigências do trabalho. A extensão do tempo de trabalho aparece no processo de individualização como uma profunda experiência de desequilíbrio estrutural entre os diversos domínios da vida.

A sociedade brasileira, com uma intensidade inusitada desde o fim dos anos 80, foi o teatro exacerbado de um dos grandes conflitos das sociedades modernas, entre a lógica do mercado e a lógica da proteção. Na raiz da constituição de 1988, o país colocou em prática um conjunto de medidas econômicas que progressivamente se converteram no modelo neoliberal (privatização, liberalização econômica, desregulação, abertura internacional, flexibilidade do trabalho).

A instauração do modelo neoliberal não foi, porém, linear. A natureza e a profundidade da inflexão introduzida nos anos 90 é objeto de constantes discussões. A razão, para além dos aspectos técnicos, é evidente: trata-se não somente de definir a natureza real do modelo implementado, mas também de saber se o retorno para a democracia supõe, ou não, a abertura de uma nova página. O modelo neoliberal produziu um redesenho entre o mercado e o Estado. As relações entre os grupos sociais sofreram uma profunda transformação à medida que a economia nacional se orientou para o mercado de capitais, que regula sobre novas bases o mercado de trabalho, o que transformou os princípios da proteção social, e para além disso os serviços públicos aos quais os cidadãos podem ter acesso. Isto é, a transformação do capitalismo brasileiro significa mais que o advento de uma nova matriz de redução do Estado. A economia

brasileira é hoje em dia dirigida por grandes grupos, acionistas e proprietários, que têm, em associação com capitais estrangeiros, a capacidade de influenciar na distribuição da riqueza socialmente produzida entre salários, ganhos e renda financeira, um modelo no qual a bolsa de valores se converte em um critério importante de gestão. Frente a estas mudanças, no Brasil, como em tantos outros países, se assiste à transformação das margens de manobra dos governos nacionais. No coração destes processos o que se produz , como já foi discutido, é um novo modo de desdobramento das relações sociais.

Tudo isso leva a afirmar que, hoje como ontem, mesmo sob modalidades distintas, a versão brasileira do capitalismo é uma articulação entre uma lógica de mercado e uma lógica estatal. A ideia de um mercado “aberto e competitivo” e de um Estado “oneroso e ineficaz” é uma caricatura ideológica proposta pelo Consenso de Washington. O capitalismo é indissociável das políticas públicas, e estas políticas e suas filosofias traçam importantes diferenças entre os países. Deste modo, os recursos considerados para uma caracterização do país são as modalidades e transformações no que Fernando Filgueira (1999), em sua classificação dos Estados de bem estar na América Latina, denominou como um “universalismo estratificado” – um sistema que dá cobertura a um número significativo de cidadãos (até 70%) mas dentro de fortes diferenciações entre grupos sociais. Neste registro entende-se que as políticas sociais têm sido um dos principais campos de batalha nas últimas décadas na hora de caracterizar o tipo e a profundidade de mudança de um país.

CAPITULO 7 - O TRABALHO E O CONSUMO: COEXISTÊNCIAS