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O Tratamento dos dados

No documento carlapatriciaquintanilhacorrea (páginas 144-147)

Após a aplicação dos questionários, o primeiro procedimento realizado para tratamento dos dados coletados foi numerar cada um dos questionários para proceder à catalogação e análise. A seguir, passamos a categoria zar as respostas às questões abertas apresentadas pelos participantes do estudo. Esse processo se deu por meio de algumas contribuições da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977), que pode ser entendida como um “conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (BARDIN, 1977, p. 38). O objetivo é agrupar as opiniões dos participantes de acordo com a proximidade do seu significado latente. Isso porque o procedimento de categorização preconiza uma “atração pelo escondido, pelo latente, o não-aparente, o potencial de inédito (o não-dito), retido por qualquer mensagem” (BARDIN, 1977, p. 9).

A Análise de Conteúdo demanda paciência do pesquisador na tarefa de desocultação das mensagens investigadas, oscilando, assim, “entre os dois polos do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade” (BARDIN, 1977, p. 9). Assim, o pesquisador precisa assumir uma atitude de “vigilância crítica”, para não extrapolar o conteúdo das mensagens analisadas e também empreender uma ação criteriosa a fim de não deixar um aspecto importante da análise se perder.

Para Bardin (1997, p. 31), a Análise de Conteúdo tem seu uso simples e generalizado no tratamento das respostas abertas de questionários “cujo conteúdo é avaliado rapidamente por temas”. Chamada de Análise de Conteúdo do tipo classificatório (BARDIN, 1997, p. 59- 63), a análise de respostas a perguntas abertas de questionários prevê uma primeira leitura flutuante, ou seja, uma leitura de reconhecimento do material, sem a responsabilidade de extrair dele todo o seu significado em uma única leitura. Essa primeira leitura flutuante, segundo Bardin (1977), pode indicar algumas hipóteses ao pesquisador, que, em seguida, realizará a classificação do material, de acordo com os temas que surgirem na análise. A

classificação redundará em categorias de análise. Uma categoria surge da “operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e seguidamente por reagrupamento [...]” (BARDIN, 1977, p. 117).

Seguindo essas orientações, em nosso caso, procedemos ao preenchimento de um quadro, chamado por nós de grelha de análise, do qual constavam a questão aberta, a quem se destinava (bolsista de iniciação à docência, supervisor ou coordenador de área), o número do questionário, a instituição do respondente, a transcrição da resposta dada, a ideia central dessa resposta, a categoria extraída e a sua numeração, para que, posteriormente, houvesse o tratamento dessas categorias no SPSS. Recorremos à leitura flutuante (BARDIN, 1977) de todas as respostas dadas a cada questão. Em seguida, empreendemos uma leitura atenta das respostas, da qual foram emergindo certas categorias, na tentativa de organizar o conteúdo das respostas dadas a uma determinada questão. Assim, as respostas a cada questão aberta dos questionários aplicados foram analisadas e as categorias se constituíram no intercâmbio entre a base teórica e o campo empírico.

As respostas categorizadas e as objetivas foram inseridas na matriz de dados do programa estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences). Isso favoreceu a visualização das frequências simples das respostas, possibilitando tecer relações entre os dados coletados. Ainda que, na maioria das vezes, o SPSS seja utilizado para o tratamento de um grande volume de dados, justificamos a utilização desse programa devido à proximidade da pesquisadora com o SPSS, a partir do Grupo de Pesquisa FORPE/UFJF.

As relações tecidas entre os dados apresentados fizeram emergir duas grandes categorias de análise (BARDIN, 1977) em torno das quais o Capítulo 7 foi organizado: 1) Trajetórias formativas e concepções de formação docente e 2) Condições de Trabalho do Formador. Na primeira delas, encontram-se as análises pertinentes à relação entre a trajetória formativa do formador e a consequente construção de certa concepção de formação, apresentadas em quatro subcategorias: Problematizando a formação inicial dos formadores, A natureza da relação entre os formadores, O processo formativo desenvolvido pelos formadores e A formação continuada dos formadores no PIBID. Essas questões são levantadas com o intuito de abordar os objetivos do trabalho e a questão de pesquisa proposta. No entanto, os dados trouxeram muito fortemente a discussão sobre as condições de trabalho dos formadores, razão pela qual essa temática foi estabelecida como uma segunda categoria de análise no capítulo.

Quanto à organização da apresentação dos dados da pesquisa, optamos por apresentá- los no próximo capítulo, dando continuidade às análises no capítulo subsequente. Isso se deve

ao fato de buscarmos oferecer, no primeiro momento, o máximo contato do leitor com os dados do estudo, para só então fornecermos nossas interpretações e explicações advindas das análises sobre eles. Esse movimento se aproxima da abordagem filosófica do realismo crítico, na medida em que, em uma primeira aproximação do fenômeno estudado, temos contato com o nível empírico. No segundo nível, o actual, vemos as relações entre esses dados, de modo entrecruzado e diversificado, indo além da linearidade empírica. E buscamos alcançar o nível real, no sentido de tecer análises mais profundas acerca das estruturas fundantes de um fenômeno. Sabemos que a realidade pesquisada não se apresenta compartimentada, mas exige cuidados metodológicos para explicitá-la com clareza. Por isso, esperamos que essa organização didática em um capítulo de apresentação inicial dos dados, outro de cruzamento dos dados e suas análises, e, finalmente, as considerações acerca das complexas relações estabelecidas – indicadas ao final do trabalho – auxilie na explicitação dos procedimentos utilizados, que potencializaram a condução das conclusões do estudo.

6 CONHECENDO OS DADOS DA PESQUISA

Neste capítulo, apresentamos os dados coletados a partir da aplicação do instrumento de pesquisa, o questionário107. Como participaram do estudo três grupos de sujeitos (bolsistas de iniciação à docência, supervisores e coordenadores de área), os dados são provenientes das informações obtidas junto aos sujeitos e foram tratados por meio da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977) e também com o auxílio do programa estatístico SPSS. Buscando garantir o anonimato dos participantes, tendo em vista o quantitativo reduzido de formadores que contribuíram com o estudo (16 professores), as informações sobre o perfil desses sujeitos será bem limitada.

Mesmo tendo um número de professores respondentes pequeno, a estatística aqui apresentada se refere a eles em forma de percentual para melhor visualização da proporcionalidade interna das respostas encontradas no conjunto observado. Também apresentamos a frequência simples das respostas, como forma de deixar claro o contingente de participantes, evitando, inadvertidamente, inflar os dados apresentados.

Organizamos a apresentação dos dados a partir dos objetivos definidos nessa investigação. Primeiramente, 1) apresentamos os dados relativos à trajetória formativa dos coordenadores e supervisores, envolvendo informações sobre sua formação inicial e continuada. Em seguida, 2) reunimos os dados provenientes das questões que sondavam sobre o processo formativo dos bolsistas orientado pelos formadores no âmbito do PIBID, segundo coordenadores, supervisores e bolsistas. Por fim, 3) apresentamos os dados referentes às concepções de formação dos formadores.

No documento carlapatriciaquintanilhacorrea (páginas 144-147)