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O veículo sobre colchão de ar (VCA) – Define-se como VCA um

No documento Arte Naval - Fonseca - Vol 1 - 7ª Ed.- 2005 (páginas 169-171)

SEÇÃO D – AEROBARCOS E VEÍCULOS SOBRE COLCHÃO DE AR

3.30. O veículo sobre colchão de ar (VCA) – Define-se como VCA um

veÍculo cujo peso é total ou parcialmente suportado por um colchão de ar. Esse colchão de ar pode ser gerado pelo movimento do veículo ou através de ventiladores. Do ponto de vista dessa geração, portanto, distinguem-se dois tipos de VCA:

(1) VCA de sustentação aerodinâmica, onde o colchão de ar depende da velocidade do veículo para ser mantido e gerado; e

(2) VCA de sustentação aerostática, onde o colchão é mantido sob pressão através de ventiladores e contido sob o veículo por meio de jatos periféricos, saias ou anteparas laterais.

Os VCA de sustentação aerodinâmica incluem o WIG (wing lo ground effect ou asa com efeito do solo) e outros veículos que aproveitam efeitos aerodinâmicos conseqüentes da proximidade de seu casco da superfície da terra ou da água. Os russos os utilizaram desde 1960, e construíram um WIG de emprego militar capaz de desenvolver velocidades superiores a 150 nós podendo, talvez, chegar a 300 nós, com potencial para emprego em operações anfíbias.

Os VCA de sustentação aerostática são definidos na Inglaterra como overcraft através do British Hove att Ad 1968. São baseados em dois conceitos que podem ser empregados simultaneamente, a câmara plena e o jato periférico. No conceito de câmara plena, o ar é bombeado diretamente num recesso da base do veículo. O jato periférico é patenteado por Christopher Cockrell, seu inventor, e consiste em manter uma cortina de jatos de ar através de expansores ao longo da periferia da base do veículo.

A partir desses conceitos, desenvolveram-se diversos tipos de VCA de sustentação aerostática. Alguns introduziram complicações que se tornaram desnecessárias com o progresso da tecnologia das saias flexíveis. A saia flexível foi

um desenvolvimento fundamental para os VCA de sustentação aerostática, pois ela torna possível vencer os obstáculos e as ondas do mar. Uma classificação, portanto, dos diversos tipos possíveis de VCA de sustentação aerostática, referente ao sistema utilizado, perde bastante o sentido prático. Outra classificação possível dos VCA é se são anfíbios ou não.

O VCA anfíbio depende de um sistema aéreo de propulsão, seja por hélice ou jato de ar (o que o faz tão ruidoso quanto uma aeronave). Modernamente, o VCA anfíbio de sustentação aerostática é dotado de um conjunto complicado de saias flexíveis e diversos mecanismos que possibilitam seu governo e manobrabilidade, tais como lemes aerodinâmicos, jatos laterais de ar e levantamento de parte da saia. Por estar voando, o VCA anfíbio é afetado pelo vento e tem dificuldades para manobrar e manter a posição. Poderia ser um excelente varredor de minas, se não tivesse esses defeitos.

O VCA não anfíbio pode ser propulsionado por hélices submersos e governado através de lemes dentro da água, conseguindo-se assim uma manobrabilidade superior. Como o veículo está dependente da água, é possível substituir as laterais da saia por anteparas rígidas, permanecendo a parte flexível apenas na proa e na popa. Adicionalmente, pode-se empregar o conceito do VCA de sustentação aerostática em embarcações de casco duplo, tipo catamarã, em que o colchão de ar fica contido lateralmente pelos dois cascos. Este é o caso do NES (navio de efeito de superfície), já mencionado anteriormente.

A travessia do Canal da Mancha realizada por VCA ingleses da classe Mountbatten demonstrou a utilização comercial dos VCA anfíbios. Capazes de transportar 282 passageiros e 37 carros, esses VCA podiam operar em condições de mar com ondas de três metros de altura, mantendo velocidade de cerca de 40 a 50 nós; com ondas maiores, até quase quatro metros, essa velocidade é reduzida para 20 nós.

A Inglaterra vem utilizando e experimentando VCA em possíveis empregos de natureza militar ou paramilitar tais como: defesa costeira, apoio logístico, projeção de poder naval sobre terra, varredura de minas e socorro e salvamento. Na ex-União Soviética foram desenvolvidos diversos tipos de VCA anfíbios para operações de desembarque. A Marinha americana iniciou, em 1969, seu programa para obter tecnologia para emprego de VCA em operações anfíbias.

As EDCA americanas são consideradas como capazes de penetrar em 70% dos litorais do mundo, o que representa um aumento considerável das possibilidades de projeção de poder naval sobre terra, na forma de operações anfíbias, quando comparado com os 20% que eram acessíveis às embarcações utilizadas anteriormente. Além disso, o navio-doca pode ficar a distâncias superiores a 20 milhas da costa, além do horizonte, possibilitando ataques de surpresa com as EDCA, que são capazes de vencer essa distância em aproximadamente 30 minutos. Adicionalmente, as EDCA podem ser empregadas em condições de mar e em praias com fundo de coral, em que seria impossível operar com EDVM e EDCG.

Quanto ao VCA não anfíbio, couberam também aos ingleses o desenvolvimento e o emprego de veículos comerciais com anteparas laterais, saias flexíveis nas extremidades e propulsão por hélice marítimo, como as HM (Hovermarine), que

operam transportando passageiros e prestando serviços em mais de 20 países no mundo. São capazes de atingir cerca de 35 nós de velocidade, existindo atualmente em diversos modelos e em permanente evolução tecnológica.

O menor custo de manutenção do VCA não anfíbio faz com que seja mais atraente para o emprego como lancha-patrulha do que o anfíbio. Existem diversas versões operando em Marinhas de guerra, principalmente naquelas em que o patrulhamento é de vital importância.

No documento Arte Naval - Fonseca - Vol 1 - 7ª Ed.- 2005 (páginas 169-171)