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Objetivo operacional 5.5 | Externalidades: emprego, competitividade,

2. FASE 2: QUADRO ESTRATÉGICO

2.3 OBJETIVOS OPERACIONAIS

2.3.20 Objetivo operacional 5.5 | Externalidades: emprego, competitividade,

Emprego

246. Na fase inicial de implementação da nova estratégia não se esperam efeitos positivos no aumento do emprego permanente dado que o objetivo de aumento de eficiência e de otimização dos custos dos serviços pode implicar uma redução ou estagnação dos recursos humanos necessários para a exploração dos sistemas. No entanto, a realização dos investimentos previstos para o período 2014-20, da mesma ordem de grandeza dos períodos anteriores embora de caraterísticas diferentes, irá ter um impacto positivo na criação de emprego associado a atividades realizados na sua quase totalidade pelo setor privado – consultoria e serviços de engenharia em geral, construção e fornecimento de equipamentos. O enfoque na utilização de novas tecnologias, por exemplo na gestão de ativos e exploração de sistemas bem como a inovação, irá traduzir-se progressivamente ao longo do período de vigência do PENSAAR 2020 na criação de emprego com recursos humanos qualificados e consequente valor acrescentado em relação à redução inicial de pessoal menos qualificado. 247. Por outro lado, enquanto a realização de investimentos tem um impacto positivo na criação de

emprego no setor privado, a exploração de sistemas é maioritariamente assegurada por recursos humanos que trabalham em entidades públicas, nacionais ou municipais. Este facto pode limitar a criação de emprego atendendo às restrições de recrutamento no setor público. Para obviar este constrangimento e ao mesmo tempo dinamizar o setor empresarial privado, as empresas públicas terão que aumentar o recurso à subcontratação. O Grupo AdP, cujo objetivo neste domínio ficou bastante aquém do previsto conforme salientado no Capítulo 2.2.1 do Volume 1, balanço do Objetivo Operacional 6 e Capítulo 2.2.3 do Volume 1 terá um papel preponderante na dinamização deste processo, bastando para tal que retome o processo e metas estabelecidas no seu programa PESOMAS.

Competitividade

248. O setor dispõe já de capacidade e diversidade de entidades capazes de assegurar a competitividade do e no setor. A realização dos projetos, ações e investimentos em geral a realizar no período 2014-20 devem ser concebida de tal forma que permita que essa competitividade se desenvolva ainda mais, nomeadamente através da inovação, uso de novas tecnologias e a criação de conhecimento no seio dos recursos humanos ao serviço do setor. 249. A concorrência entre entidades é o fator determinante, seja através de regras de concurso e

contratação pública adequadas e regulação contratual aplicadas às empresas privadas, ou de benchmarking do desempenho às EG dos serviços de AA e SAR.

250. Relativamente à competitividade e desenvolvimento de conhecimento especializado na área da engenharia existem alguns problemas causados no âmbito da concorrência que merecem atenção e a procura de soluções. Com efeito, embora na prestação de serviços de consultoria, construção, fornecimento de equipamentos por empresas privadas, as regras de concorrência na contratação pública sejam claras, a sua aplicação atual na área da consultoria não contribui para o aumento de competitividade e de capacitação dos recursos humanos do setor. Sendo uma área onde a componente intelectual de conceção e desenho é primordial e maioritária no custo da prestação dos serviços, regras de concorrência que conduzam ou permitam que o preço seja um fator determinante no processo de seleção tornam-se nocivas para o uso e desenvolvimento desse conhecimento e da capacitação do setor e um impacto negativo na qualidade dos serviços. Esse impacto tem também repercussões negativas na qualidade e custo das etapas seguinte do ciclo do projeto: construção, equipamentos e exploração dos sistemas. Tem também efeitos negativos na competitividade das empresas com repercussões na internacionalização e exportação de serviços, uma externalidade importante referida mais adiante.

251. Independentemente de alterações no contexto atual da concorrência, a nova estratégia deve considerar formas de conceber a realização das ações e projetos que promovam de uma forma integrada a competitividade, a capacitação e a internacionalização do setor. Como exemplo, o lançamento de concursos que maximizem a dimensão dos serviços a prestar sem pôr em risco a concorrência, de modo a permitir o reforço das referências das empresas obtidas no mercado nacional necessárias para a sua competitividade internacional, mitigando a fragmentação das entidades adjudicatárias no setor em Portugal, conforme se refere no sub- capítulo seguinte relativo à internacionalização.

Concorrência

252. Conforme resulta do diagnóstico realizado, uma condição de sucesso para a otimização da concorrência pelo mercado das concessões ou da participação no capital de empresas mistas e, consequentemente da escolha feita nessa sede, é a robustez dos procedimentos de contratação pública. A capacitação dos municípios e o desenvolvimento e disponibilização de ferramentas para a realização de estudos prévios, assentes em pressupostos e projeções robustas, que assegurem o value for money do modelo contratual escolhido é vital.

253. Por outro lado, e ainda que não seja previsível a segmentação de atividades (unbundling) à semelhança do que foi realizado no sector da eletricidade e do transporte ferroviário para reduzir o âmbito do monopólio e liberalizar algumas atividades, justifica-se a reavaliação do atual paradigma dos sistemas centralizados e linearizados que asseguram o fornecimento de água para todos os usos públicos e o tratamento das respetivas águas residuais. Um maior

recurso à utilização de águas residuais tratadas para usos que não tenham exigências de qualidade tão elevadas, a diferenciação do tratamento das águas residuais negras e cinzentas e a maximização da utilização de subprodutos dos processos de tratamento através de sistemas semi-centralizados poderá permitir a poupança de recursos naturais, a redução de custos e simultaneamente uma maior participação de outros operadores.

254. A segmentação de atividades tem merecido uma atenção particular em países como o Reino Unido onde a concorrência é um fator primordial devido ao facto do setor ter sido privatizado. Embora em Portugal a situação seja diferente, as caraterísticas de monopólio do setor justificam o acompanhamento das medidas que venham a ser propostas e aplicadas para daí tirar lições para o futuro numa perspetiva de inovação na concorrência que merecerá certamente o interesse da ERSAR e da Autoridade de Concorrência.

Internacionalização

255. Portugal tem agentes da cadeia de valor dos serviços de águas de elevada qualidade, capacidade e conhecimento com provas dadas e reconhecidas por várias instituições internacionais. Este património foi essencial para que o setor português da água sobrevivesse à crise económica atual, virando-se para os mercados internacionais. Sendo este setor muito dependente dos recursos financeiros públicos, o impacto negativo das dificuldades por que tem passado a economia portuguesa foi muito expressivo com as EG a reduzirem significativamente o nível de contratação de serviços e de empreitadas.

256. Se já no passado a internacionalização era um objetivo perseguido pelas empresas portuguesas do setor, agora e nos próximos anos esse objetivo tornou-se uma prioridade. Um inquérito recente promovido pela Parceria Portuguesa para a Água, mostra a importância crescente da internacionalização para o cluster português da água, o peso que assumiu em 2013 e a persistência da situação de estagnação do mercado nacional.

Figura 3 - Balanço e Tendências na Internacionalização do cluster Português da Água. Fonte: PPA, 2014.

257. Os processos de internacionalização do setor português da água, em grande parte em países em desenvolvimento com fortes apoios de bancos financiadores internacionais obrigam a que as empresas apresentem referências atuais e de dimensão importante que têm de ser obtidas sobretudo no mercado nacional, num contexto em que se assiste a uma retração da contratação de serviços por parte do sector público. Por outro lado, as empresas têm de ter dimensão para concorrer à escala global. Neste contexto, nos próximos anos é necessário que sejam criadas oportunidades para que as empresas portuguesas possam ser mais competitivas

e mais fortes nos mercados internacionais, adquirindo experiência, know-how e referências não só na área internacional como também no mercado interno.

258. Os recursos financeiros a afetar ao setor nos próximos anos devem dinamizar o mercado nacional e criar oportunidades ao cluster português da água em Portugal, invertendo a tendência de estagnação sentida nos últimos anos. Uma efetiva utilização dos recursos financeiros no sector da água é essencial para garantir as condições de competitividade das empresas portuguesas, de modo a que possam competir globalmente em condições mais favoráveis. Esse aspeto, é sem dúvida, uma das externalidades mais relevantes do PENSAAR 2020.

259. Por outro lado, uma crescente externalização, isto é, subcontratação de atividades das EG de água e saneamento ao setor privado será, certamente, um caminho para simultaneamente criar mercado nacional e enriquecer as referências que as empresas necessitam para ter sucesso a nível internacional. Deve-se notar que é o setor privado que tem um papel importante de maior dimensão e volume de exportação na internacionalização do setor, servindo o setor público para suporte e criação de oportunidades através de intervenções a montante e complementares na investigação, planeamento e diálogo entre entidades públicas de outros países.

260. A dimensão dos contratos será também relevante para que as empresas possam criar referências que as tornem competitivas com empresas de outros países no mercado internacional. Para minimizar esta condicionante típica de um país de pequena dimensão com um mercado de dimensão limitada a que acresce um setor fragmentado, as empresas deverão procurar parcerias que aumentem as referências.

261. A constituição de parcerias virtuosas é um caminho a percorrer para aumentar as mais-valias e sinergias entre os agentes da cadeia de valor do cluster português da água na competição internacional, que é cada vez mais exigente e competitiva. Esse caminho está já a ser trilhado, como se evidencia no inquérito acima referido. De facto, o perfil de novas parcerias estabelecidas no último ano espelha as estratégias adaptativas de internacionalização seguidas pelas empresas Portuguesas.

262. Por outro lado, a excelência dos centros de investigação e das universidades portuguesas abre perspetivas, com provas já dadas, de parcerias virtuosas com o sector empresarial para alavancar a inovação nos serviços de AA e SAR, e assim dar maior competitividade nos mercados externos. O envolvimento de Portugal nas plataformas europeias de inovação, onde se destaca o recente exemplo da European Innovation Partnership on Water é outro dos caminhos a seguir para potenciar oportunidades para o sector português da água.

263. Um bom indicador das oportunidades nos mercados prioritários do cluster português da água é o montante de financiamentos contratados pelas Instituições Financiadoras Internacionais.

Figura 5 - Número de contratos ganhos por empresas portuguesas (2007-2013). Fonte: PPA, 2014