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Capítulo III – Problema, Questões de Investigação e Objetivos

3.1. Objetivos

Relativamente à problemática em estudo e aos objetivos em concreto, é essencial notar que vários autores contribuíram para a descrição do perfil do docente do ensino superior português em relação à integração de tecnologias digitais (Joly, Silva & Almeida, 2012; Lemos & Pedro, 2012; Ramos & Moreira, 2014; Silva et al., 2014), mas não especificamente em relação à área da língua estrangeira, sobre a qual foi difícil obter informação. Da escassez de estudos relativamente a esta problemática decorre, assim, a pertinência deste primeiro objetivo de investigação, que consiste em analisar as atitudes dos docentes relativamente ao uso da

tecnologia (Objetivo 1).

Por outro lado, e tendo em conta uma perspetiva mais prática acerca da integração da tecnologia, é fundamental identificar as ferramentas tecnológicas (as plataformas, recursos

e aplicações) bem como as abordagens metodológicas com recurso à tecnologia mais

utilizadas pelos docentes de língua inglesa (Objetivo 2). De entre as plataformas utilizadas,

alguns exemplos mais recorrentes em Portugal são referidos, como o Moodle, o Blackboard ou o Sapo Campus. Os recursos e aplicações utilizados para o ensino de língua inglesa, uns mais e outros menos tradicionais, são também enunciados, como sejam, o computador, o videoprojetor, colunas de som, microfones, câmara de filmar, smartphone, tablet, leitor MP3, quadro

interativo, livros digitais, videojogos, ferramentas de ASR ou aplicações móveis. Relativamente às abordagens metodológicas com recurso às TIC utilizadas em aula, são apresentados como exemplo o mobile learning (aprendizagem com recurso a dispositivos móveis), o ‘flipped learning’, a ‘aprendizagem baseada em projetos’ e a gamificação, devidamente explicitadas no capítulo do enquadramento teórico.

No âmbito do tema do desenvolvimento de competências de compreensão oral e escrita da língua inglesa com recurso à tecnologia, constatou-se que, apesar de todas as diretrizes provenientes da Comissão Europeia para os estados-membros, não se encontram muitos estudos ao nível do ensino superior do espaço europeu, talvez em virtude de em alguns países alguns cursos de licenciatura serem lecionados integralmente em língua inglesa (como na Alemanha ou

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Holanda), sendo que a maioria dos artigos encontrados provém de países situados em outros continentes (Chou, 2015; Fattah, 2016; Miyazoe & Anderson, 2010; Yen, Hou & Chang, 2015). Torna-se relevante, assim, aferir o tipo de utilização de ferramentas Web 2.0 que é feita por

parte dos docentes para desenvolvimento de cada uma das quatro competências de

comunicação (Objetivo 3) em Portugal, sobretudo no que respeita à expressão oral que, de

acordo com a literatura, é por vezes negligenciada.

Apesar de vários autores portugueses analisarem a utilização de ferramentas para desenvolvimento de competências a nível individual (Canelas, 2012; Furtoso & Gomes, 2011), surge a necessidade de fazer uma análise multidimensional, incluindo as quatro competências de comunicação, especificamente o ouvir/falar/ler/escrever. Alguns exemplos de tipologias de ferramenta enunciados por Bower (2015) e que cremos poderem ser trabalhadas em língua estrangeira serão considerados: gravação de áudio; partilha de áudio para podcasts; criação e edição de vídeo, partilha de vídeo; transmissão de vídeo; organização de recursos; apresentação e partilha de informação; inquéritos; redes sociais, partilha de imagens ou mapas mentais, entre outros.

Ainda no âmbito do uso da tecnologia no ensino superior, considerou-se importante ir além do desenvolvimento de competências comunicativas, tendo em conta a tendência crescente de uso da tecnologia para facultar feedback automático e proceder a atividades de avaliação (Amante, 2011; Balula, 2014; Gomes, Amante & Oliveira, 2012). Tenciona-se, assim,

identificar a tipologia de atividades de avaliação com recurso à tecnologia que os docentes

mais utilizam (Objetivo 4).

Por forma a que a descrição sobre as práticas de integração das TIC não seja de algum modo enviesada por se deter apenas na perspetiva de um dos intervenientes do processo de ensino/aprendizagem, neste caso o docente, decidiu-se estender a análise desta problemática à perspetiva do próprio estudante, dado ser ele o elemento central de todo este processo. Com esta segunda fase de recolha de dados, pretendemos, assim, inicialmente, caracterizar as atitudes

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idênticos têm demonstrado resultados positivos na utilização de tecnologia na aprendizagem de língua estrangeira (González-Vera, 2016; Tri & Nguyen, 2014) e no ensino superior, tanto a nível mais geral, como em contextos de ‘mobile learning’ (Viberg & Grönlund, 2013) ou ‘e- learning’ (Alemu, 2015).

À semelhança do que foi feito no questionário aos docentes, através da inquirição aos estudantes tenciona-se determinar as perceções dos estudantes no que respeita à utilização

de ferramentas Web 2.0 no desenvolvimento das competências de comunicação em língua

inglesa, bem como à utilidade da tecnologia para aprendizagem desta língua estrangeira,

aos constrangimentos e limitações identificados na integração das TIC e às expetativas dos

mesmos sobre a utilização das TIC para o ensino de língua inglesa, no futuro (Objetivo 6).

Mais concretamente, pretende-se que os estudantes sinalizem as ferramentas tecnológicas que são usadas nas UC frequentadas, associando-a às competências de compreensão e expressão orais e escritas que consideram que as mesmas ajudam a desenvolver. Além disso, numa perspetiva mais genérica, os estudantes assinalam o seu nível de concordância quanto ao contributo das TIC para a melhoria das competências comunicativas em língua estrangeira. Esta análise tem por base a perceção que os estudantes têm relativamente ao uso da tecnologia, o que permite contribuir para traçar um panorama geral da utilização feita nas aulas de língua inglesa. Tencionamos, ainda, dar conta dos principais constrangimentos que os estudantes identificam relativamente à integração da tecnologia no ensino da língua e da forma como os mesmos esperam que a tecnologia seja integrada neste contexto. Mais concretamente, pretende-se identificar as principais limitações à integração da tecnologia no ensino da língua, de acordo com a perspetiva dos estudantes, como sejam a impreparação do docente; a não recetividade do docente, ou seja, atitudes negativas face às TIC; a falta de material informático na instituição; o desinteresse dos estudantes ou outros fatores por estes enunciados. Complementarmente, tenciona-se identificar a forma como os estudantes esperam que a tecnologia seja integrada no estudo de língua inglesa, partindo do pressuposto que as expetativas sobre o uso da tecnologia

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serão porventura mais favoráveis quanto mais enriquecedoras forem as experiências dos estudantes.

Num objetivo paralelo ao O4, investiga-se igualmente a perspetiva do estudante quanto às ferramentas de avaliação utilizadas em aula. Pretende-se, assim, identificar a tipologia de

ferramentas tecnológicas de avaliação mais utilizadas em aula de língua inglesa, de acordo

com a perceção do estudante (Objetivo 7), tais como: avaliação por testes no computador

(com correção/feedback automático); quiz online de escolha múltipla; quiz online de

preenchimento de espaços; quiz online de ‘matching’, quiz online de resposta curta; quiz online de questões ‘true/false’; monitorização de aprendizagem em tempo real (Socrative, Kahoot, etc.…); jogos e mundos virtuais, simulações ou e-Portefólios.

Considerando os atuais estudantes de ensino superior como uma geração de ‘millenials’, importa ter em conta que eles vivem num ambiente de imersão na tecnologia, a vários níveis, sobretudo relativamente à comunicação e interação social, mas também à pesquisa de informação. A utilização do computador e dos smartphones e o respetivo acesso à internet potenciam também contextos de ‘self-study’ (Verhoeven, Heerwegh & De Wit, 2016), fenómeno que importa investigar, dada a miríade de aplicações disponíveis em rede, com as quais os estudantes podem, de forma autónoma, melhorar as suas competências de comunicação em língua estrangeira, através da práticas dessas mesmas competências, do recurso a atividades diversas ou da partilha de tarefas com colegas e/ou docente. Daqui decorre, portanto, o nosso oitavo objetivo de investigação, que consiste em avaliar a forma como a tecnologia é

utilizada no estudo autónomo dos estudantes (Objetivo 8). Alguns exemplos de atividades

contempladas no estudo autónomo remetem para a pesquisa de materiais online em Inglês; a prática de compreensão e expressão orais e escritas; a utilização de dicionários online ou de ferramentas de tradução.

Uma vez que há três dimensões comuns entre os questionários a aplicar aos docentes e aos estudantes, considera-se importante proceder a uma análise que combine ambos os

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resultados. Tenciona-se, portanto, identificar as principais diferenças e semelhanças entre os

resultados de docentes e estudantes, numa perspetiva comparativa (Objetivo 9).

Estes objetivos são enunciados com vista a encontrar resposta aos problemas de investigação assumidos, através dos quais se pretende descrever, de forma fiável, as práticas atuais de integração das TIC no ensino da língua inglesa no ensino superior e identificar algumas tendências, com o intuito de sinalizar um conjunto de potencialidades do uso da tecnologia e contribuir para uma otimização destes recursos.

Considerando a existência de problemas de investigação distintos, mas simultaneamente complementares, a recolha de dados é feita em duas etapas distintas, primeiramente a partir de um questionário aos docentes e depois através de um questionário aos estudantes.

Adicionalmente, é considerada a análise de diferenças associadas a dois regimes de lecionação: presencial e a distância. Explicitamos, agora, a relação entre os vários objetivos e as fases de estudo que lhes correspondem, de modo a sistematizar toda a informação veiculada (figura 7).

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PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO 1

1. ‘Qual o uso que os docentes de Inglês- língua estrangeira do ensino superior português fazem das TIC e de que forma são essas tecnologias mobilizadas para promover o desenvolvimento das quatro principais competências de aprendizagem da língua (ouvir/falar/ler/escrever) e a avaliação dos estudantes, nos regimes presencial e EaD/ambos?

QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO OBJETIVOS

Fase 1: Questionário aos docentes Q1. Como se caracterizam as atitudes dos docentes de língua inglesa no ensino superior em relação à

integração da tecnologia na sua vida pessoal e profissional?

O1. Analisar as atitudes dos docentes relativamente ao uso da tecnologia. Q2. Qual o uso que os docentes de língua de língua inglesa no ensino superior fazem da tecnologia nas suas

práticas?

O2. Identificar as ferramentas tecnológicas (plataformas, recursos e aplicações), bem como as abordagens metodológicas com recurso à tecnologia mais utilizadas pelos docentes de língua inglesa.

Q3. Qual o uso que os docentes do ensino superior fazem das ferramentas Web 2.0 na aula de língua Inglesa, de modo a trabalhar as quatro principais competências de comunicação nos estudantes, especificamente ouvir, falar, ler e escrever?

O3. Aferir o tipo de ferramentas Web 2.0 que é integrado por parte dos docentes em aulas de língua inglesa, para desenvolvimento de cada uma das quatro competências de comunicação.

Q4. Que tipos de atividades com recurso à tecnologia são mais utilizados por tais docentes na avaliação dos seus estudantes?

O4. Identificar a tipologia de atividades de avaliação com recurso à tecnologia que os docentes mais utilizam.

PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO 2

2. De que modo os estudantes do ensino superior percecionam a integração das TIC nas aulas de Inglês - língua estrangeira e em que medida as mobilizam para as suas atividades de estudo autónomo, nos regimes presencial e EaD/ambos?

Fase 2: Questionário aos estudantes Q5. Quais as atitudes dos estudantes de Inglês no ensino superior perante a integração da tecnologia na sua

vida pessoal e académica?

O5. Caracterizar as atitudes do estudante de língua inglesa no que se refere ao uso que faz da tecnologia. Q6. Quais as perceções dos estudantes do ensino superior relativamente à integração da tecnologia nas

atividades desenvolvidas nas UC de língua inglesa para o desenvolvimento das quatro competências de comunicação: ouvir, falar, ler e escrever? Quais os constrangimentos identificados neste âmbito? E quais as expetativas que os estudantes detêm em relação ao uso das TIC no futuro?

O6. Determinar as perceções dos estudantes no que respeita à utilização de ferramentas Web 2.0 no desenvolvimento das competências de comunicação em língua inglesa, bem como à utilidade da tecnologia para aprendizagem de língua estrangeira, aos constrangimentos e limitações identificados na integração das TIC e ao modo como os estudantes esperam que elas sejam utilizadas para a aprendizagem da língua. Q7. Qual a perceção dos estudantes quanto ao tipo de ferramentas que foram utilizadas nas UC de língua

inglesa, em atividades de avaliação?

O7. Identificar a tipologia de ferramentas tecnológicas de avaliação mais utilizadas em aula de língua inglesa, de acordo com a perceção do estudante.

Q8. Qual o uso que os estudantes fazem da tecnologia nas suas atividades de estudo autónomo da língua inglesa?

O8. Avaliar a forma como a tecnologia é utilizada no estudo autónomo dos estudantes.

Q9. Quais os pontos comuns e as diferenças que se assinalam entre os resultados de docentes e estudantes, a nível de atitudes, uso de ferramentas web 2.0 e utilização de tecnologia para avaliação?

O9. Identificar as principais diferenças e semelhanças entre os resultados de docentes e estudantes, numa perspetiva comparativa e correlacional.

Orientações para utilização da tecnologia no ensino de língua estrangeira no ensino superior

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