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Capítulo IV – Metodologia

4.3. Procedimentos

A operacionalização de um estudo desta natureza deve obedecer a um conjunto de procedimentos, sobretudo no que respeita ao processo de recolha, tratamento e análise de dados.

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Um dos aspetos essenciais a assegurar é, ainda, a consideração por questões éticas inerentes aos estudos em Educação, designadamente o anonimato dos participantes, a preservação e

confidencialidade dos dados e o rigor na produção de resultados e sua consequente publicação. Neste contexto, enunciamos brevemente os procedimentos gerais seguidos, as datas em que cada um dos instrumentos foi aplicado e o público a que lhe corresponde (tabela 9), para depois descrever as várias ações levadas a cabo nas diferentes fases de condução do presente trabalho.

Tabela 9: Listagem cronológica dos procedimentos e instrumentos utilizados

Constituíram-se como participantes do estudo, numa primeira fase, os docentes do 1º ciclo de estudos do ensino superior nacional, tal como definido no Processo de Bolonha, ou seja, licenciaturas, onde se revelava possível identificar a existência de Inglês no plano de estudos (pelo menos uma UC), no ano letivo de 2015/2016, tendo surgido a necessidade de se

Ano Letivo Procedimento Instrumento

2015/2016

▪ Identificação do grupo de participantes

▪ Análise dos instrumentos existentes e disponíveis

▪ Construção do questionário ▪ Validação do questionário ▪ 1ª fase da disponibilização do questionário online

Questionário aos docentes

2016/2017

▪ Identificação do grupo de participantes

▪ Análise dos instrumentos existentes e disponíveis

▪ Construção do questionário ▪ 1ª fase da disponibilização do questionário online

Questionário aos estudantes

2017/2018

▪ 2ª fase da disponibilização de ambos os questionários

▪ Construção da base de dados ▪ Produção de resultados e

tratamento de dados Questionários aos docentes e estudantes

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elencar, para o efeito, a totalidade das IES. Procurou-se abranger, assim, todos os docentes que lecionassem alguma UC que se integrasse no domínio da língua inglesa, incluindo os cursos de Línguas, Literaturas e Culturas ou outros que conferem habilitação para a docência da língua. Em outros casos, trata-se de UC adaptadas ao plano curricular de curso dentro de uma área específica, pelo que enunciamos alguns exemplos de designação de UC que integrámos neste estudo: Inglês; Língua Inglesa; Inglês Técnico; Inglês para Turismo; Inglês para Hotelaria; Inglês para Gestão; Inglês para Assessoria; Inglês para Marketing; Inglês Jurídico, entre outros.

Tentou-se, no início do ano letivo referido, contactar via email (geral) as várias

faculdades e escolas superiores com cursos em que houvesse uma UC de Inglês, de acordo com os dados da página web de Acesso ao Ensino Superior, de forma a obter informação sobre o número de docentes de língua inglesa a lecionar na instituição. Todavia, essa abordagem revelou-se infrutífera, com muitas IES a não colaborarem com respostas sobre a informação solicitada. Mais concretamente, após o contacto com 96 instituições, apenas obtivemos 21 respostas, totalizando-se, assim, uma taxa de resposta de 21,9%. Procurou-se, ainda, estabelecer um contacto a nível superior (direções, presidências, gabinetes de imagem), com as próprias Universidades e Institutos Politécnicos, sendo que, por várias vezes, os dados veiculados se revelaram inconsistentes com os apresentados pelas respetivas unidades orgânicas nas suas páginas web. Daqui adveio a necessidade de se conseguir uma outra fonte de informação, tendo- se elegido a DGEEC para se obter uma listagem fiel dos docentes consoante a sua formação inicial, sendo que excluímos as instituições do ensino militar e policial, com a intenção de agilizar o processo de investigação, considerando os procedimentos e autorizações que são, habitualmente, requeridos a este nível.

Enunciamos, agora, a totalidade das IES sobre as quais incidiu o nosso estudo, em que havia, de acordo com o organismo supracitado, pelo menos um docente licenciado na área de Línguas e Literaturas Modernas, com variante de Estudos Ingleses, ou na área da Tradução, também com componente de língua inglesa. Salvaguardamos a possibilidade de nem todos os

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docentes identificados pela DGEEC lecionarem UC de língua inglesa em contextos de ‘inglês língua estrangeira’, acreditando, contudo, que esse número possa ser residual.

▪ Ensino Universitário: Universidade dos Açores; Universidade do Algarve; Universidade de Aveiro; Universidade da Beira Interior; Universidade de Coimbra; Universidade Nova de Lisboa; Universidade do Porto; Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Universidade da Madeira; Universidade Aberta; Universidade de Lisboa.

▪ Ensino Politécnico: Universidade de Aveiro; Instituto Politécnico de Beja; Instituto Politécnico do Cávado e do Ave; Instituto Politécnico de Bragança; Instituto Politécnico de Castelo Branco; Instituto Politécnico de Coimbra; Universidade do Algarve; Instituto Politécnico da Guarda; Instituto Politécnico de Leiria; Instituto Politécnico de Lisboa; Instituto Politécnico de Portalegre; Instituto Politécnico do Porto; Instituto Politécnico de Santarém; Instituto Politécnico de Setúbal; Instituto Politécnico de Viana do Castelo; Instituto Politécnico de Viseu; Instituto Politécnico de Tomar; Escola Superior de Enfermagem do Porto; Escola Superior Náutica Infante D. Henrique; Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.

Em relação aos dados do Instituto Politécnico de Leiria, as estatísticas da DGEEC dão conta de 37 docentes de língua inglesa; no entanto, uma vez que o estatuto de investigadora não é neste estudo entendido como compatível com o de participante, houve a necessidade de exclusão de um participante, ficando o número final em 36. Contabilizando, assim, o número total de docentes do ensino superior universitário (150) e politécnico (210), o universo de participantes nesta fase do estudo perfaz o número de 360 docentes.

Os dados correspondem à informação recolhida sobre o ano letivo 2015/2016 e, apesar de terem sido feitas duas etapas de recolha de dados, não houve necessidade de atualizar esta

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informação junto da DGEEC, com a inserção de uma questão prévia relativa à lecionação de língua inglesa no ano letivo referido, na mesma instituição, para circunscrever, assim, o número de respondentes ao público-alvo.

Relativamente ao número de respondentes no questionário, o número inicial obtido na recolha de dados efetuada em 2015/2016 situou-se nos 46, o que considerámos, manifestamente, insuficiente. Assim, decidiu-se avançar para uma nova fase de recolha de dados, com pedidos de divulgação do questionário num ano letivo posterior, conforme explicitado adiante.

Ambos os questionários foram disponibilizados online, através da plataforma Limesurvey, sendo que esta modalidade tem a vantagem de registar automaticamente a

informação recolhida numa base de dados, poupando tempo na introdução dos dados e também minimizando os custos associados (Muijs, 2004). O pedido de divulgação dos questionários consistiu no contacto por email com as várias instituições do ensino superior listadas

anteriormente como contendo UC de língua inglesa (Apêndice D). Aquando da disponibilização do questionário na plataforma Limesurvey, entre os meses de abril e julho de 2016, aos

responsáveis pelas várias IES foi solicitada a autorização para aplicação do mesmo,

procedimento essencial para respeitar os padrões éticos de um processo deste tipo. Os dados obtidos foram exportados da plataforma Limesurvey para o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), sendo o tratamento de dados recolhidos feito através deste programa.

Na sequência da primeira etapa de recolha de dados dos questionários aos docentes, foram inquiridos, no ano letivo seguinte (2016/2017), os estudantes das mesmas instituições que tinham já colaborado no estudo, no sentido de se circunscrever o universo dos respondentes (Apêndice E). Apesar disso, não é possível estabelecer relação direta entre os participantes das duas fases, já que não se consegue assegurar que todos estudantes inquiridos tinham como docentes um respondente que tenha participado no primeiro questionário.

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De entre as instituições que tinham colaborado na fase dos docentes, houve uma que deixou de ter representação na segunda fase da recolha de dados, pelo facto de nenhum

estudante ter respondido ao questionário, designadamente a Escola Náutica Infante D. Henrique.

Para obtenção do número de participantes estudantes, foram contactados os Serviços Académicos das várias instituições, mas não foi possível obter o número exato de estudantes a frequentar UC de língua inglesa no 2º semestre do ano letivo de 2016/2017, em virtude do facto de algumas delas (uma IES universitária e duas IES politécnicas) não terem, simplesmente, respondido ou terem mesmo decidido não autorizar a divulgação desta investigação. Ainda assim, e a partir dos dados veiculados, foi possível confirmar a existência de um número total de 4297 estudantes do ensino universitário e 5641 do ensino politécnico inscritos em UC de Língua Inglesa, o que perfaz um total de 9938.

O questionário dos estudantes ficou apenas disponível para ser lançado no 2º semestre do ano letivo de 2016/2017, sobretudo em virtude da dificuldade em se conseguir contactar os autores Tri e Nguyen para autorização de utilização de várias questões neste instrumento, e que, entretanto, tinham mudado de instituição. O questionário foi, então, distribuído, após pedido de divulgação do mesmo junto de direções e gabinetes de imagem/comunicação das várias IES. De entre os participantes, numa primeira fase da recolha de dados, no ano letivo de 2016/2017, conseguiu-se um total de 257 respondentes. À semelhança do que se decidiu perante o baixo índice de respostas dos docentes, também se procedeu à extensão da fase de recolha de dados junto dos estudantes, logo no início do ano letivo de 2017/2018. Mais uma vez, nesta segunda ronda de questionários, foi colocada uma questão prévia que se reportava à frequência de UC de Inglês no ano letivo anterior, o que permitiu circunscrever os dados ao universo de participantes da primeira fase da recolha de dados, excluindo potenciais respondentes que não se incluíssem na população identificada.

Nesta fase, foram também feitos pedidos de informação via telefone, sobre nomes de coordenadores de línguas estrangeiras, de modo a estreitar-se o contacto com os vários participantes, solicitando a divulgação junto de docentes e estudantes que ainda não tivessem

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respondido, para procurar maximizar o número de respondentes. Após esta segunda ronda de recolha de dados, obteve-se um total de 70 respondentes docentes, de entre 360, o que perfaz uma taxa de resposta na ordem dos 19,44%. No caso dos estudantes, obteve-se um total de 341 respostas de entre 9938, pelo que a taxa de resposta se situou, neste caso, nos 3,43%.

Apesar de as taxas de resposta serem relativamente baixas, pode considerar-se que a dimensão da amostra é suficiente, dado que se excede o número de 100, considerado o mínimo para número de observações por grupos, no caso dos estudantes, e 25-50 para subgrupos menores, no caso dos docentes (Coutinho, 2011a).

No caso do questionário dos estudantes, os dados recolhidos foram igualmente exportados da plataforma Limesurvey e o tratamento de dados também foi feito através do programa SPSS.