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Capítulo V – Apresentação e Análise de Resultados

5.4. Síntese dos principais resultados encontrados

Procedemos, agora, a uma síntese dos resultados mais relevantes obtidos a partir dos questionários aplicados aos 70 docentes e 341 estudantes de língua inglesa do ensino superior, seguindo a sequência dos resultados apresentados neste capítulo.

No âmbito da caracterização das atitudes dos docentes de Inglês perante a integração da tecnologia, os resultados são indicativos de um índice elevado (> 3,50), revelador de uma atitude bastante favorável à integração das TIC na vida pessoal, sobretudo, mas também profissional. Além disso, também os itens respeitantes ao uso da tecnologia para

desenvolvimento das quatro competências de comunicação em Inglês (ouvir/falar/ler/escrever) obtêm scores elevados. Numa perspetiva por modalidade de ensino, os scores totais médios relativos às atitudes também são igualmente elevados, não se assinalando diferenças muito significativas entre os mesmos.

No que respeita ao uso da tecnologia no ensino de língua inglesa e a todos os recursos e formatos metodológicos utilizados, foi possível concluir que o Moodle é a plataforma online a que os docentes mais recorrem, com um valor percentual de utilização de 92,9%, ainda que tenha sido assinalado o uso de outros seis exemplos de LMS. Quanto aos recursos e aplicações mais utilizados em aula, os dados indicam que o computador é aquele de que os docentes mais se socorrem, de acordo com os dados globais, mas também os de cada um dos regimes de lecionação. A nível geral, o score deste item, de nível elevado (> 3,50) contrasta mesmo com o score total médio de todos os itens, que é de nível reduzido (< 2,49). Numa análise por

modalidade de lecionação, repete-se este resultado dissemelhante, sendo de assinalar o facto de o regime EaD/ambos obter um score médio de utilização relativamente inferior ao do presencial. A partir da realização do teste t - Student, verificou-se que as médias são significativamente diferentes quanto ao item ‘aplicações móveis’, entre os grupos de participantes a lecionar no regime presencial e no EaD/ambos.

Relativamente às abordagens metodológicas apresentadas, os índices de utilização são reduzidos, sendo a ‘aprendizagem baseada em projetos’ a única que recolhe um score de nível

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moderado (2,50 – 3,49). Numa perspetiva por regime de lecionação, os resultados são

semelhantes, sendo que o score total médio de utilização de metodologias específicas é inferior no regime EaD/ambos. Assinala-se, ainda, que não foram indicadas outras metodologias na questão aberta.

Em relação à utilização de ferramentas Web 2.0, por parte dos docentes, para

desenvolvimento das várias competências de comunicação, todos os valores percentuais médios foram de nível reduzido (< 49%): compreensão oral = 18,1%; compreensão escrita = 22,7%; expressão oral = 18,8%; expressão escrita = 25,2%. Nos resultados gerais, houve apenas duas tipologias de ferramentas tecnológicas mais utilizadas para desenvolver competências de comunicação, designadamente a ‘partilha de vídeo’ para desenvolver a compreensão e

expressão orais, por um lado, e a ‘apresentação e partilha de informação’, para desenvolvimento da compreensão e expressão escritas. Numa análise efetuada com distinção entre os dois

regimes de docência, constata-se alguma divergência entre os dados e emergem novos tipos de ferramentas com índices mais elevados de utilização, a saber (i) a ‘gravação de áudio’ para desenvolver a expressão oral no ensino presencial e a compreensão oral no EaD/ambos; (ii) a ‘partilha de vídeo’ para desenvolvimento da compreensão oral e expressão oral em ambos os regimes; (iii) a ‘transmissão de vídeo’ para a compreensão e expressão orais no EaD/ambos; (iv) a ‘apresentação e partilha de informação’ para a expressão oral e escrita no presencial e para a compreensão e expressão escritas no EaD/ambos; (v) os ‘blogues’ para a compreensão escrita no EaD/ambos; (vi) os ‘quizzes, testes ou inquéritos’ para a compreensão escrita nos dois regimes; (vii) os ‘fóruns de discussão e outras ferramentas de comunicação assíncrona’ para a expressão oral no EaD/ambos; e a ‘partilha de imagens’ igualmente para a expressão oral no EaD/ambos.

Quanto ao uso da tecnologia para contextos de avaliação, constata-se que, tanto a nível global como por regime, os índices de utilização de ferramentas avaliativas são,

manifestamente, reduzidos (< 2,49), sendo ligeiramente mais elevados no EaD/ambos. As tipologias de ferramentas de avaliação mais utilizadas globalmente são os ‘quizzes de

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preenchimento de espaços’ e os de ‘questões true/false’, mas os resultados por regime diferem, sendo os ‘quizzes de preenchimento de espaços’ os mais utilizados no presencial e os de ‘escolha múltipla’ aqueles a que os docentes recorrem mais frequentemente no EaD e ambos os regimes. O teste t -Student dá conta, ainda, de que os scores médios de utilização de simulações no computador para avaliação são significativamente diferentes nos grupos que lecionam num e noutro regime.

Damos conta, agora, dos resultados obtidos a partir do questionário aos estudantes. No que respeita às atitudes dos estudantes perante o uso de tecnologia sua vida pessoal e académica, os índices são bastante elevados (> 3,50), tanto a nível geral como nos dois regimes.

Relativamente à perspetiva dos estudantes para a vantagem de utilização das TIC nas quatro competências de comunicação, todos os índices são também de nível elevado numa perspetiva global e por regimes, situando-se sempre acima de 4,00. Assinala-se, ainda, a existência de diferenças significativas nos grupos de estudantes que frequentam o ensino presencial e o EaD/ambos em relação aos itens que respeitam (i) ao facto de a metodologia e propostas usadas na UC incentivarem ao uso das TIC; (ii) à utilidade da plataforma de aprendizagem para as aulas de Inglês; (iii) à promoção de utilização da tecnologia pela instituição frequentada e (iv) à constatação do uso da tecnologia para dar feedback aos estudantes, por parte dos docentes.

Com relação à perceção de utilização de ferramentas Web 2.0, os valores percentuais médios globais são também de nível reduzido (compreensão oral = 20,7%; compreensão escrita = 28,5%; expressão oral = 17,6% e expressão escrita = 22,8%), à semelhança do que se

verificou nos resultados dos docentes. As ferramentas mais utilizadas a nível global são novamente a ‘partilha de vídeo’ para a compreensão e expressão orais e a ‘apresentação e partilha de informação’ para a compreensão e expressão escritas, resultados mais uma vez coincidentes com os dos docentes. Já no que concerne à tipologia de ferramentas que emergem a partir da distinção entre regimes, no caso dos estudantes não acresce tanta informação como no caso dos resultados dos docentes. Temos, então, (i) a ‘gravação de áudio’ para o

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e expressão orais no presencial e para a compreensão oral no EaD/ambos; (iii) a ‘apresentação e partilha de informação’ para a compreensão e expressão escritas no ensino presencial e para a compreensão escrita no EaD/ambos; (iv) os ‘grupos e redes sociais’ para a expressão escrita no EaD/ambos e, finalmente, (v) ‘criação de notas e de documentos para a compreensão escrita no mesmo regime.

Quanto aos restantes resultados dos estudantes, pode concluir-se que os índices de perceção relativos à utilização da tecnologia na aprendizagem de língua inglesa e às vantagens que daí advêm são bastante favoráveis ( > 3,50), sendo os resultados relativos à utilidade das TIC para a melhoria das quatro competências também elevados, ainda que, em ambos os regimes de lecionação, seja a expressão oral a recolher o índice mais baixo. Neste ponto, há a referir, ainda, que se encontraram diferenças estatisticamente significativas nos participantes a frequentar a modalidade presencial e o EaD, no item que respeita à utilidade das TIC para desenvolver a competência de gramática, sendo o score mais elevado no EaD/ambos.

No que concerne às principais limitações e constrangimentos impeditivos da integração de tecnologia no ensino de Inglês, os valores percentuais obtidos são reduzidos (< 49%), tanto a nível geral como nos dois regimes de lecionação, pelo que eventuais problemas como a

impreparação ou não recetividade do docente, a falta de material informático e o desinteresse dos estudantes não se afiguram como impeditivos do normal decorrer das aulas.

No que respeita às expetativas dos estudantes, os resultados são bastante favoráveis a nível geral (> 3,50) mas sobretudo no item mais elevado, designadamente ‘espero que as TIC sejam utilizadas com maior frequência para me ajudar a melhorar as competências em língua inglesa’. Neste ponto, destaca-se, ainda, a existência de diferenças nas médias dos participantes a frequentar os regimes presencial e EaD, verificada a partir do teste t - Student, relativamente ao item que respeita à participação num fórum online com os colegas, sendo o resultado mais elevado no EaD/ambos.

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Relativamente à perceção do uso de ferramentas de tecnologia para avaliação, os resultados demonstram que os scores médios obtidos são bastante reduzidos (< 2,49), tanto a nível global como mais particularmente, no ensino presencial. Contudo, no regime EaD/ambos, o score médio de utilização é já moderado e os resultados do teste t - Student sinalizam,

precisamente, essa diferença nas médias dos participantes a frequentar os dois grupos. Quanto ao tipo de ferramenta mais utilizada, a nível geral temos os ‘quizzes online de escolha múltipla’ e de ‘preenchimento de espaços’ com scores médios iguais, mas, numa análise por regime, constata-se que os ‘quizzes online de escolha múltipla’ são mais utilizados no ensino presencial e os de ‘preenchimento de espaços’ são mais utilizados no EaD/ambos.

Quanto ao estudo autónomo de Inglês, os resultados indicam que o valor percentual médio deste tipo de atividades é, globalmente, de nível moderado (50-69%), valores que não divergem grandemente dos resultados por regime. Em síntese, pode concluir-se que, em ambos os regimes, os estudantes recorrem mais às TIC para desenvolver competências de compreensão que para as de produção e que a competência que praticam menos é, precisamente, a de

expressão oral.

Com relação à análise comparativa entre os resultados de docentes e estudantes, na dimensão ‘atitudes’ não há diferenças significativas a assinalar entre os scores totais médios dos dois grupos, sendo estes relativamente superiores no regime EaD/ambos. Na dimensão

‘ferramentas Web 2.0’, mais uma vez há uma convergência entre os dados recolhidos junto de docentes e estudantes, registando-se, novamente, valores ligeiramente mais elevados no EaD/ambos. Quanto aos valores percentuais mais elevados das várias competências de comunicação, os dados indicam que, em ambos os grupos, é dada preferência às competências relacionadas com a escrita, em detrimento das competências de oralidade. Na análise à luz dos dois regimes de lecionação, mais uma vez os valores percentuais médios são ligeiramente superiores no EaD/ambos. No que concerne às quatro competências de comunicação, tanto docentes como estudantes dão maior preponderância à compreensão escrita. A dimensão

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médios não são superiores no grupo dos estudantes relativamente aos docentes. Assim, temos nos grupos de estudantes e docentes scores totais médios reduzidos, exceção feita ao subgrupo dos estudantes no EaD. Quanto à tipologia de ferramentas mais usadas para avaliação, todas elas são do tipo ‘quiz’, principalmente as de tipo ‘escolha múltipla’ e ‘preenchimento de espaços’.

Por último, relativamente à correlação entre os dados obtidos junto dos dois grupos, através do recurso ao cálculo do coeficiente de Pearson, é possível concluir que há associação entre os scores médios de atitudes de docentes e estudantes, dentro de cada regime de

lecionação, sendo esta associação mais forte no EaD/ambos. Investigou-se, ainda, a correlação entre os scores médios dos participantes que provêm deste regime, tendo-se verificado existir (i) uma associação forte e estatisticamente significativa entre as atitudes dos docentes e a perceção dos estudantes quanto às vantagens do uso das TIC no ensino do Inglês; (ii) uma associação moderada e estatisticamente significativa entre as atitudes dos estudantes e as suas expetativas relativamente ao uso da tecnologia para a aprendizagem da língua; (iii) uma correlação forte e estatisticamente significativa entre a perceção dos estudantes quanto às vantagens do uso das TIC para o ensino da língua e as suas expetativas.