• Nenhum resultado encontrado

5.3 ESTUDO DE CASO: A BACIA DO SÃO FRANCISCO

5.3.1 Obtenção dos dados

Em primeiro, para definição da disponibilidade hídrica de cada um dos 27 trechos objetos de estudo do estudo de caso, foram obtidas junto à ANA as vazões de referência (Qreferencia)

por meio de utilização do SCBH da bacia do São Francisco, desenvolvido por Collischonn (2014). Vale comentar que esses dados do SCBH são os adotados pela Agência para verifi- cação da disponibilidade hídrica nas principais bacias cuja outorga é de sua responsabilidade, inclusive a do São Francisco.

101

De acordo com a Resolução ANA nº 1041, de 19 de agosto de 2013, as vazões de referência adotadas para os corpos de água de domínio da União são definidas para três situações (Bra- sil, 2013):

 Em trechos de rios em condições naturais: vazão natural com alta permanência no tempo (Q95), obtida de regionalização ou a partir de estações de monitoramento pró-

ximas;

 Dentro de reservatórios: Q95 do rio no local do barramento, quando o reservatório

pertence ao Sistema Integrado Nacional (SIN) ou vazão regularizada, em outros re- servatórios;

 A jusante de reservatórios de regularização: vazão mínima do reservatório logo a montante, acrescida da Q95 do trecho incremental.

Cabe aqui informar que a ANA disponibiliza, para algumas bacias e reservatórios, via web (http://scbh.ana.gov.br/), o acesso ao sistema de balanço hídrico adotado por ela, de tal forma que qualquer usuário pode entrar e verificar, informando dados quantitativos e qualitativos, se há disponibilidade de água no trecho escolhido. Entretanto, para a bacia do São Francisco, ainda não há essa disponibilização.

Os dados de disponibilidade hídrica dos trechos, ou seja, as vazões de referência (Qreferencia)

foram obtidas com acesso de login e senha de usuário interno da Agência (órgão gestor). A numeração dos trechos foi escolhida de montante para jusante na bacia, por questões de organização de trabalho, a fim de localizar os pontos de interferência com vazões outorgadas por meio do programa Arc Gis.

Além das vazões de referência (Qreferencia), para cada trecho foram obtidos pelo SCBH as

vazões outorgadas nos trechos de montante ou anteriores (ƩQmontante), uma vez que o referido

SSD utiliza esses dados para cálculo dos indicadores de comprometimento coletivo (ICC).

Apresentam-se, a seguir, tabelas com os dados dos trechos objetos de estudo, contendo para cada um dos mesmos: localização (rio ou reservatório), as vazões outorgadas à montante ou nos trechos anteriores (ƩQmontante), vazão de referência (Qreferencia), e o número dos pontos de

interferência outorgados que se localizam no referido trecho.

102

Trecho Sub-bacia Localização

ƩQmontante (l/s) Qreferencia (l/s) Nº ptos de interferência 1 Alto SF (MG)

Rio São Francisco, da confluência com o

rio Samburá até o Res. 3 Marias 2.511 21.641 29

2 Alto SF (MG)

Reservatório de Três Marias, formado

pelo barramento do rio São Francisco 6.552 155.000 57

3 Alto SF (MG)

Rio São Francisco, de jusante do Reserva- tório de Três Marias até a confluência com o rio das Velhas

8.578 350.100 53

Figura 5.3– Representação dos trechos 1 a 3 (em azul escuro), localizados na sub-bacia do Alto São Francisco, Estado de Minas Gerais (Alto SF destacada em Verde Claro) Tabela 5.4– trechos da sub-bacia do Médio São Francisco

103

Trecho Sub-bacia Localização

ƩQmontante (l/s) Qreferencia (l/s) Nº ptos de interferência 4 Médio SF (MG)

Rio São Francisco, da confluência com rio das Velhas (divisa Alto/Médio SF) até a confluência com o rio Paracatu

35.451 396.100 11

5 Médio SF

(DF/GO)

Rio Bezerra, da nascente até foz (deságue

no rio Preto) 203 4.000 23

6 Médio SF

(DF/GO/MG)

Reservatório de UHE Queimado, formado

pelo barramento do rio Preto 323 20.000 43

7 Médio SF

(GO/MG)

Rio Preto, de jusante do reservatório UHE Queimado até a confluência com o Ribeirão Roncador

4.320 11.225 38

8 Médio SF

(GO/MG)

Rio Preto, da confluência com Ribeirão Roncador até a foz (deságua no Rio Para- catu)

4.482 18.600 42

9 Médio SF

(MG)

Rio São Francisco, da confluência com rio

Paracatu até a confluência com rio Urucuia 73.591 451.200 10

10 Médio SF (GO/MG)

Rio Urucuia, da nascente até a foz (deságue

no Rio São Francisco) 132 26.400 54

11 Médio SF (MG)

Rio São Francisco, da confluência com o rio Urucuia até a confluência com o rio Verde Grande

91.757 478.900 60

12 Médio SF (MG/BA)

Rio Verde Grande, da nascente até a foz

(deságue no Rio São Francisco) 323 3.300 131

13 Médio SF (MG/BA)

Rio Verde Pequeno, da nascente até a foz

(deságue no Rio Verde Grande) 78 800 45

14 Médio SF (MG/BA)

Rio São Francisco, da confluência com o rio Verde Grande até a confluência com o rio Carinhanha

218.323 530.650 13

15 Médio SF (MG/BA)

Rio Carinhanha, da nascente até a foz (desá-

gue no Rio São Francisco) 601 31.800 27

16 Médio SF (BA)

Rio São Francisco, da confluência com o rio Carinhanha até a confluência com o rio Cor- rente

235.525 550.100 22

17 Médio SF (BA)

Rio São Francisco, da confluência com o rio

Corrente até confluência com o rio Alegre 274.553 595.553 23

18 Médio SF (BA)

Rio São Francisco, da confluência com o rio

104

Figura 5.4 – Representação dos trechos 4 a 18 (em linhas cor azul claro e escuro), localiza- dos na sub-bacia do Médio São Francisco (pintada em azul claro)

105

Tabela 5.5– trechos da sub-bacia do Médio, Submédio e Baixo São Francisco

Trecho Sub-bacia Localização

ƩQmontante (l/s) Qreferencia (l/s) Nº ptos de interferência 19 Médio SF (BA)

Rio São Francisco, da confluência com o rio

Grande até o reservatório de Sobradinho 397.026 717.869 19

20 Médio SF

(BA)

Reservatório de Sobradinho, formado pelo

barramento do rio São Francisco 430.075 758.934 185

21 SubMédio SF (BA/PE)

Rio São Francisco, jusante do reserv. de So-

bradinho até confluência com rio Caraca 430.460 800.000* 283

22 SubMédio SF (BA/PE)

Rio São Francisco, da confluência com o rio

Caraca até o reservatório de Itaparica 430.845 800.000* 114

23 SubMédio SF (BA/PE)

Reservatório de Itaparica, formado pelo bar-

ramento do rio São Francisco 494.415 800.000* 345

24 SubMédio SF (BA/PE)

Reservatórios de Moxotó e Paulo Afonso,

formados pelo barramento do rio SF 501.545 800.000* 36

25 SubMédio SF (BA/AL/SE)

Reservatório de Xingó, formado pelo barra-

mento do rio São Francisco 503.195 800.000* 15

26 Baixo SF (AL/SE)

Rio São Francisco, jusante do reservatório

de Xingó até confluência com o rio Ipanema 505.615 800.000* 14

27 Baixo SF (AL/SE)

Rio São Francisco, da confluência com o rio

Ipanema até a foz (mar) 534.545 800.000* 56

Figura 5.5 – Representação dos trechos 19 a 27 (em linhas cor azul escuro), localizados na sub-bacias do Médio (área em azul claro), Submédio (cinza) e Baixo São Francisco (amarelo)

106

* A vazão de referência dos trechos finais do rio São Francisco, a partir do reservatório de Sobradinho, corresponde à descarga mínima instantânea autorizada pela ANA aos reserva- tórios a jusante do referido reservatório. A bacia do rio São Francisco vem enfrentando con- dições hidrológicas adversas desde 2013, com vazões e chuvas abaixo da média (ANA, 2016). De 2013 para cá, a ANA tem autorizado diminuição na vazão defluente, que estava inicialmente em 1.300 m³/s e diminuiu por último para 800 m³/s, de acordo com a Resolução ANA nº 1492, de 18 de dezembro de 2015 (Brasil, 2015).

Os dados dos usuários outorgados pela ANA são públicos e estão disponíveis na internet, pelo link: http://www2.ana.gov.br/Paginas/institucional/SobreaAna/uorgs/sof/geout.aspx. Para o presente trabalho, selecionou-se as outorgas emitidas até novembro de 2015, tendo sido identificados e selecionados 1561 usuários outorgados na bacia do rio São Francisco.

Em seguida, acessou-se o Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos (http://cnarh.ana.gov.br/) para obter informações relativas aos pontos de interferência destes 1561 usuários outorgados, tendo sido identificados 1760 pontos de interferência outorgados nos 27 trechos na bacia do SF, todos de domínio da União. Lembrando que cada usuário pode ter mais de um ponto outorgado pela ANA.

De posse da localização do ponto, da vazão máxima instantânea de captação ou lançamento, e de qualidade de água (no caso, do parâmetro DBO) de cada um desses pontos de interfe- rência, organizou-se os dados de demanda dos pontos de interferência outorgados em plani- lha do Excel.

Para cada ponto de interferência outorgado, foram obtidos os seguintes dados:

 Localização geográfica no trecho: com a definição dos 27 trechos da bacia do São Francisco, utilizou-se o Mapa de Outorgas de Direito de uso – ANA, contido no Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (www.snirh.gov.br), para verificar a lo- calização de cada ponto de interferência outorgado pela ANA na bacia do São Francisco, conforme exemplificação dos trechos 20 e 21 apresentados na figura a seguir:

107

Figura 5.6 – Pontos de interferência outorgados pela ANA nos trechos 20 e 21, com desta- que para os dados referentes à outorga de uso objeto da Resolução ANA 956/2013  Vazão de captação: Sendo o ponto de interferência outorgado como captação, consi- derou-se Qcaptação = vazão máxima instantânea outorgada para a captação (m³/h), verificando

no Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos a capacidade instalada do usuário. Nota: a ANA outorga uma vazão média, de funcionamento, sendo que a capacidade instalada do funcionamento é maior ou igual à vazão média. Conforme pode ser observado na Figura abaixo, que corresponde aos dados da outorga do ponto de captação Eixo Norte da Transpo- sição do São Francisco, a vazão média outorgada corresponde a 66408m³/h, sendo que a capacidade instalada, considerada como Qmáx_captação, é igual a 95040m³/h.

Figura 5.7 – Vazão máxima instantânea da declaração de uso constante no CNARH, como exemplificação de onde se extrai o Qcaptação

Trecho 20

Reservatório de Sobradinho

Trecho 21

Rio São Francisco: jus. res. Sobradinho

108

 Demanda Bioquímica de Oxigênio do Efluente Tratado: para um ponto de interfe- rência de lançamento, além da vazão, obteve-se também a DBOmáx_efluente, sendo esta

DBO5,20, ou seja, Demanda Bioquímica de Oxigênio, medida durante um período de 5 dias

a uma temperatura de 20°C, correspondendo à concentração máxima instantânea do efluente tratado, constante da declaração de uso no CNARH, outorgada pela ANA, em mg/l, con- forme apresentada na figura abaixo:

Figura 5.8 – Concentração máxima instantânea da DBO do efluente tratado, constante da

declaração de uso no CNARH, como exemplificação de onde se extrai a DBOefluente