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UM OLHAR SOBRE A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

3 A FORMAÇÃO CONTINUADA NA EDUCAÇÃO INFANTIL PELA PUBLICAÇÃO EM PERÍODICOS CIENTÍFICOS: UMA CONTRIBUIÇÃO

3.1 UM OLHAR SOBRE A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ao ter em vista um cenário de produção otimista no campo da formação de professores e da formação continuada de professores, vale questionar como anda o campo da formação de professores na educação infantil.

Ao tratar desse campo, Guimarães et al. (2008), ao buscar essas respostas pela sua pesquisa, objetivando dar visibilidade a produção nessa área da formação de professores e na intenção de compreender como têm se caracterizado esses tipos de pesquisas para essa etapa da educação básica, no período entre 1996-2006, procurou por trabalhos no banco de dados da ANPEd, disponíveis nos GT de Educação Infantil, de Políticas Públicas e de Formação de Professores, e nos periódicos nacionais e internacionais Qualis A (conforme definido pela CAPES no ciclo de avaliação que correspondia à qualificação feita no ano de 2004). Essa autora utilizou os descritores “infância”, “criança”, “educação infantil”, “formação de professores”, “professor”, “práticas de formação”. Nesse sentido, foram encontrados 18 textos no banco da ANPEd e 08 textos nos periódicos.

A partir de buscas por regularidades nos trabalhos, foram analisados 17 textos (12 da ANPEd e 05 de periódicos). As categorias pelas quais se procurou regularidades formam o total de seis, a saber: 1) Aspectos da formação docente e de suas práticas; 2) Papel dos profissionais que atuam com crianças pequenas; 3) Saberes e

experiências necessárias ao profissional que atua com crianças pequenas; 4) A concepção de criança que está explícita ou implícita; 5) Função social da educação infantil e; 6) A concepção de educação infantil que está implícita ou explícita no texto.

No que diz respeito à formação continuada, a autora apontou 11, dos 17 trabalhos discutindo a temática. Em sua análise, ficou demonstrada a valoração dada ao campo da formação de professores da educação infantil. Em relação aos textos analisados, 07 trataram da formação como acontecimento em serviço, 01 apenas apontou o contexto do trabalho e 03 não demonstraram o lócus dessa formação.

Nessa mesma direção, que aponta o campo de formação de professores da educação infantil, Ujiiê (2014), em trabalho apresentado ao segundo Simpósio Luso Brasileiro em Estudos da Criança, produziu reflexão baseada no levantamento de produções no Banco de Teses e Dissertações da CAPES, compreendendo o período de 2000 a 2012, acerca da formação de professores para a educação infantil, desenvolvido pela abordagem qualitativa, bibliográfica e documental, tendo como descritor “formação de professores da educação infantil”. Nesse sentido, foram encontradas 956 produções (780 dissertações e 176 teses).

Ao restringir o universo apenas para a educação infantil, foram considerados 238 produções (214 dissertações e 24 teses) para a análise dos resumos. A autora, apesar de detectar um significativo aumento nas produções no que tange à produção relativa à formação de professores da educação infantil, relatou que a formação continuada se apresentou incipiente em dissertações de mestrado. Demonstrou, também, que a prevalência dessa produção está na região Sul e Sudeste do país, com 44,9 % da concentração.

Quanto à investigação da autora acerca da produção de teses de doutorado, na temática, no quantitativo de 24 resumos analisados, foi realizada a distribuição em 05 categorias: 1) Apresentação temática; 2) Objetivos da pesquisa; 3) Base teórica; 4) Método e quadro metodológico de encaminhamento da pesquisa e; 5) Principais resultados avançados. Para tanto, salientou que 16 (66,7%) trabalhos versavam sobre a formação continuada em redes, apontando, de modo diferenciado das dissertações (mestrado), uma atenção dada a esse campo da formação, e destacou

a relevância de se produzir formação de professores da educação infantil, centrada na escola, como processos coletivos e em serviço.

Santos (2008), ao analisar em sua pesquisa de mestrado, 15 teses e dissertações produzidas nos programas de pós-graduação das universidades públicas da região Sudeste, no período de 1996 a 2004, encontradas no banco de teses e dissertações, busca analisar a formação continuada de professores da educação infantil. A sua análise deu-se pela abordagem qualitativa, com investigação bibliográfica- documental, utilizando para o tratamento dos dados a análise de conteúdo desenvolvido por Bardin (2004) e com base em três concepções teóricas de formação de professores: a tecnicista, a reflexiva e a crítico-reflexiva.

Nesse sentido, como marco de análises, buscou nessas pesquisas as concepções de criança, o referencial teórico e as perspectivas de formação continuada nas quais os pesquisadores embasam-se. Assim, a concepção de criança foi abordada como: sujeito histórico, cidadã de direitos e como sujeito psicológico afetivo e cognitivo. No referencial teórico houve a predominância da perspectiva de formação calcada na concepção de profissionais reflexivos e críticos-reflexivos e, em menor escala, os referenciais foram dados pelos estudos antropológicos, pelas representações sociais e pelo materialismo histórico.

Entre os temas mais investigados, a autora encontrou as políticas para a formação continuada, a análise de formação continuada, a análise sobre a prática docente, identidade e desenvolvimento profissional, formação continuada de professores da educação infantil no âmbito do curso normal superior e representações sociais. Nessa direção, salientou que o espaço para a formação continuada de professores dá-se na escola em jornada de trabalho, fazendo-se uma luta contínua para afirmação da identidade própria de formação com foco nessa etapa educacional.

Somado a isso, constatou que a formação continuada, em sua maioria, foi proposta pelos pesquisadores, identificando que nenhuma escola tinha um modelo de formação sistematizado e que os aspectos e práticas, privilegiados na formação, apontaram para a importância de questões pessoais dos profissionais, tais como: biografia, formação escolar, entrada na profissão e desejos futuros. A autora cita, também, que foram encontradas pesquisas, com caráter documental, com foco na

discussão da formação política pela intervenção social desse profissional e pelos documentos oficiais.

Entretanto, a autora salientou que, em sua busca, ficou evidente a importância dada à formação continuada de professores que atuam na educação infantil por essas pesquisas. Todavia, esse campo precisa se expandir mais em comparação ao campo de formação de professores em outros níveis de ensino e a outras dimensões da formação desses profissionais.

Nessa linha, Santos e Sivieri-Pereira (2015) produziram análises do mesmo campo pelo Banco de Teses e Dissertações da CAPES sobre a formação continuada de professores de educação infantil, entre o período de 2011-2012, com o intuito em construir um ranking das abordagens dessas pesquisas acerca dessa formação. Elegeram como descritores: formação continuada de professores de educação infantil, Formação continuada de professores e educação infantil.

No total, foram encontrados 88 registros (74 dissertações e 14 teses), desse total foram selecionadas 16 pesquisas (13 dissertações e 3 teses) para compor o quadro de análise, por proporem, como objeto de estudo, a formação continuada de professores da educação infantil, estando excluídas todas as outras que não apresentaram esse objeto.

As autoras distribuíram as análises em 05 categorias: Práticas docentes e pedagógicas, Formação pessoal e profissional, Concepções educacionais, Formadores de formadores, Políticas de formação de professores da educação infantil. A distribuição foi apresentada pelas autoras como segue no Gráfico 3:

Gráfico 3 ─ Percentual de distribuição de teses e dissertações por categorias

Fonte: Santos e Sivieri-Pereira (2015, p. 07).

Apesar de as pesquisas apresentarem um movimento acadêmico com certo otimismo, no que diz respeito ao crescimento das pesquisas nesse campo, bem como à sua dinâmica temática, relacionadas ao campo da formação continuada de professores, até o ano de 2012, é importante não perder de vista os dados trazidos pelo Anuário Brasileiro da Educação Básica (2014)46, nos quais são apontadas preocupações em relação à formação continuada desses profissionais em todas as regiões brasileiras.

Apenas para termos uma amostra geral apresentada nesse anuário, do total de 200.748 mil docentes atuando na região Sudeste do Brasil, no ano de 2012, na educação infantil, apontou-se que 126.808 (63,17%) não tinham formação

46O Anuário Brasileiro da Educação Básica é um produto da articulação do movimento “Todos pela

educação”, utilizando fontes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelas informações do Censo Escolar e do sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), tabuladas para publicação, de responsabilidade do Ministério da Educação. Nessa publicação (ano de 2014), o foco foi o Plano Nacional de Educação (PNE), que oferece propostas de questões significativas a serem encaradas. Nessa edição, o anuário detalha e discute, com estatísticas, as 20 metas propostas no projeto do PNE.

37% 25% 13% 6% 19% Categoria 1 - Práticas Docentes e Pedagógicas Categoria 2 - Formação Pessoal e Professional Categoria 3 - Concepções Educacionais Categoria 4 - Formadores de Formadores Categoria 5 - Políticas de Formação de Porfessores de Educação Infantil

continuada. Esse dado, apesar de ter sido produzido há 04 anos, faz-nos ficar alerta ao quantitativo produzido de formação continuada, ao tipo de formação continuada, e a como e onde se tem produzido essas formações.

É imprescindível reconhecer o papel importante desse tipo de formação em seus distintos movimentos, certificados ou não certificados. Salientamos que o Anuário de 2015, que traz dados estatísticos do período de 2013, não sinaliza a formação continuada dos professores da educação infantil, não trata de pós-graduação ou de quaisquer outros tipos de formação continuada certificada ou não certificada e. por isso, permaneceram com os dados do anuário de 2014, que apresenta dados até o ano de 2012.

A existência ou não da certificação diz, significativamente, respeito às pesquisas realizadas nas escolas por acadêmicos, em especial, ao que tange às investigações com foco de intervenção, como é o nosso caso, pois tal intervenção não estará acoplada ao certificado a ser entregue aos professores.

Para que compreendamos o campo da formação continuada mais profundamente, naquilo que tem sido publicado a seu respeito, sobre os motivos das escolhas de publicações, os aspectos conceituais abordados, o alinhamento teórico- metodológico das pesquisas, sua colaboração com o campo, os espaços/tempos onde acontecem essas formações e quais dimensões disso têm sido valorizadas, torna-se importante uma busca rigorosa por publicações em periódicos da educação.

3.2 ESTUDOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NOS PERIÓDICOS