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Opera¸c˜ ao dualidade de Hodge

No documento RELATIVIDADE RESTRITA E ESPAÇO-TEMPO PLANO (páginas 92-105)

Campos Tensoriais e suas derivadas dirigidas

1.9.2 Opera¸c˜ ao dualidade de Hodge

A ´ultima opera¸c˜ao que vamos introduzir entre as formas diferenciais ´e a chamada dualidade de Hodge. Define-se o “operador estrela de Hodge”sobre uma variedade n-dimensional como uma aplica¸c˜ao entre os espa¸cos om a mesma dimens˜ao pΛ(M) e

(n−p)Λ(M) atrav´es da rela¸c˜ao (α) a1...an−p = 1 p!ε a1...ap b1...bn−pαa1...ap, (1.131)

entre uma p-forma pα e uma (n − p)-forma α. Ao contr´ario das opera¸c˜oes anteriores

esta opera¸c˜ao depende da m´etrica, como se depreende pelo recurso ao tensor de Levi- Civita. A aplica¸c˜ao sucessiva deste operador estrela de Hodge retribui a forma original vezes um sinal menos ou mais consoante a assinatura da m´etrica,

∗∗α = (−1)s+p(n−p)α, (1.132)

onde s ´e o n´umero de sinais menos nos valores pr´oprios da m´etrica.

Assim, sendo dados um 4-vector arbitr´ario J, um tensor anti-sim´etrico de 2a ordem F

e um tensor totalmente anti-sim´etrico de 3a ordem B, definimos novos tensores cujas

componentes s˜ao dadas, respectivamente, por

J abc = Jfεf abc F ab = 1 2F cdε cdab B a = 1 3!B bcdε bcda

a que chamamos os duais de J, de F , e de B, respectivamente. Numa variedade base de dimens˜ao 4, como ´e o espa¸co-tempo, podemos dizer que a opera¸c˜ao dualidade estabelece uma correspondˆencia entre tensores anti-sim´etricos de ordem p e tensores anti-sim´etricos de ordem 4 − p; e como se vˆe pelas defini¸c˜oes, essa correspondˆencia ´e

obtida `a custa da contrac¸c˜ao com o tensor alternante de Levi-Civita do espa¸co(-tempo) em causa.

Exerc´ıcio 19 Com base nas rela¸c˜oes obtidas em (1.71) e (1.72), ou usando (1.132) para as correspondentes p-formas associadas, mostre que

∗∗J = J, ∗∗F = −F, ∗∗B = B,

onde J, F e B s˜ao os objectos definidos anteriormente.

Exerc´ıcio 20 Um observador com 4-velocidade U interactuando com um campo elec- tromagn´etico F mede um campo el´ectrico EU e um campo magn´etico BU no seu refe-

rencial inercial local (isto ´e, numa base ortonormada com eˆ0 = U). Estes campos s˜ao

4-vectores com componentes covariantes dadas pelas rela¸c˜oes Ea= FabUb, Ba = −∗FabUb, com∗Fab = 1

2εabcdF

cd

1. Mostre que os campos Ea e Ba existem no plano ortogonal `a linha do Universo

do observador, e est˜ao portanto assentes na hiper-superf´ıcie de simultaneidade do observador.

2. Definindo Bab = 2U[aBb] e Eab = 2U[aEb], mostre que o tensor campo electro-

magn´etico pode ser reconstru´ıdo a partir da 4-velocidade do observador e dos cam- pos el´ectrico e magn´etico medidos no seu referencial do repouso por interm´edio da equa¸c˜ao

Fab = Eab+ ∗Bab, com ∗Bab = εabcdUcBd.

Exemplo 4 Vejamos como podemos obter as equa¸c˜oes de Maxwell na sua vers˜ao 3- dimensional a partir das equa¸c˜oes (1.117) formuladas covariantemente em rela¸c˜ao ao grupo de Lorentz. Vejamos como proceder no caso das equa¸c˜oes n˜ao homog´eneas: o m´etodo mais directo passa por uma decomposi¸c˜ao (1 + 3), que corresponde a separar a componente temporal das espaciais. Efectivamente,

∂aFab = −Jb ³ ∂iFi0, ∂0F0i+ ∂jFji ´ = −(³ρ, ~J´ µ −∇ · ~E, ˙~E + εjik jBk= −³ρ, ~J´ ou seja, ∇ · ~E = ρ, ∇ ∧ ~B − ∂tE = ~~ J

equa¸c˜oes que correspondem `a lei de Gauss e `a lei de Amp`ere generalizada, respectiva- mente.

Exemplo 5 Recorrendo `a defini¸c˜ao de tensor dual

Fab = 1

2ε

abcdF cd

facilmente se obt´em que as componentes de F s˜ao dadas pela seguinte matriz quadrada

4 × 4, Fab =      0 −Bx −By −Bz Bx 0 Ez −Ey By −Ez 0 Ex Bz Ey −Ex 0      (1.133)

portanto a transforma¸c˜ao F → F corresponde a ~E → − ~B e ~B → ~E.

Atendendo `a defini¸c˜ao de Fab n˜ao ser´a dif´ıcil verificar que

b∗Fab = 1 2ε

abcd

bFcd e ∂[bFcd]= 0 ⇒ ∂b ∗Fab = 0.

Exerc´ıcio 21 Construa os escalares ψ = 1

2FabFab e φ = 12Fab∗Fab, conhecidos como

os invariantes do campo electromagn´etico.

Notemos dois factos acerca do dual de Hodge: Em primeiro lugar, a “dualidade”no sentido de Hodge ´e completamente diferente da dualidade entre vectores e co-vectores, embora ambas sejam aplica¸c˜oes entre espa¸cos com a mesma dimens˜ao. E com ambas as dualidades ´e poss´ıvel definir aplica¸c˜oes do espa¸co original em <. Para o vector tangente X e para 1-forma α num ponto de M temos α(X) ∈ <. Por outro lado, se pω ´e uma

p-forma e (n−p)β ´e uma (n − p)-forma num certo ponto do espa¸co-tempo, temos

((n−p)β ∧pω) ∈ <.

O segundo facto diz respeito a formas diferenciais no espa¸co euclideano 3-dimensional <3. O dual do produto exterior de duas 1-formas ´e tamb´em uma 1-forma,

(a ∧ b)

k= εijkaibj, (1.134)

o que ´e muito semelhante ao que j´a vimos na equa¸c˜ao (1.61), ou mesmo idˆentico se atendermos a que num espa¸co euclideano em coordenadas cartesianas n˜ao distinguimos entre 1-formas e vectores. Neste caso, portanto o produto exterior n˜ao se distingue do produto vectorial. E isto explica porque ´e que s´o existe produto vectorial a num espa¸co a trˆes dimens˜oes: s´o a trˆes dimens˜oes temos uma aplica¸c˜ao entre dois vectores duais e um terceiro vector dual. Tal como vimos, a prop´osito dos vectores axiais, a presen¸ca

do tensor de Levi-Civita explica porque raz˜ao o produto externo de dois vectores muda de sinal na transforma¸c˜ao de um triedro directo em triedro inverso.

A Electrodinˆamica ´e um dom´ınio onde as formas diferenciais se aplicam com bastante naturalidade. Em rigor, a teoria das formas diferenciais ´e mesmo indispens´avel para clarificar a natureza matem´atica de todos os objectos que figuram nas equa¸c˜oes de Maxwell, mas n˜ao vamos discutir isso aqui com esse pormenor. Da defini¸c˜ao de derivada exterior, vemos facilmente que a segunda das equa¸c˜oes (1.117) pode escrever-se de modo mais conciso como,

dF = 0, (1.135)

que traduz o facto da 2-forma Faraday F ´e fechada. Querer´a isto dizer que F ´e tamb´em uma forma exacta? A resposta ´e afirmativa se considerarmos que a topologia do espa¸co-tempo de Minkowski ´e trivial: onde todas as formas fechadas s˜ao exactas. Deve portanto existir uma 1-forma A tal que

F = dA. (1.136)

Esta 1-forma ´e o vector dual associado ao 4-vector potencial Aa = (V, ~A), que reune

o potencial escalar V e potencial-vector ~A. Se adoptarmos o ponto de vista que A ´e o campo fundamental do electromagnetismo, ent˜ao (1.135) segue-se como uma iden- tidade. Mas como sabemos A n˜ao ´e ´unica, pois a invariˆancia de “gauge”exprime o facto da teoria ser invariante na transforma¸c˜ao: A → A + dχ, para alguma fun¸c˜ao escalar χ (0-forma), o que se conclui tamb´em da equa¸c˜ao (1.135). Quanto `a primeira das equa¸c˜oes (1.117), que traduz a outra das equa¸c˜oes de Maxwell, podemos escrevˆe-la como uma rela¸c˜ao entre 3-formas,

d(∗F ) = J, (1.137)

onde a 1-forma corrente J ´e o co-vector dual do 4-vector corrente Ja= (ρ, ~J).

Para finalizar vamos referir a um aspecto particularmente intrigante da f´ısica actual. As equa¸c˜oes (1.135) e (1.137) s˜ao bastante semelhantes. Em particular, se assumirmos J = 0, as equa¸c˜oes ficam invariantes nas “transforma¸c˜oes dualidade”definidas por

F → F

F → −F. (1.138)

Dizemos que as equa¸c˜oes de Maxwell de v´acuo s˜ao invariantes nas transforma¸c˜oes de dualidade, mas que essa invariˆancia ´e quebrada na presen¸ca de cargas el´ectricas. Se imaginarmos que tamb´em existem monopolos magn´eticos na natureza, ent˜ao podere- mos adicionar uma corrente magn´etica (J

M) ao lado direito de (1.135), e as equa¸c˜oes

resultantes seriam invariantes para as transforma¸c˜oes dualidade adicionadas da subs- titui¸c˜ao J ↔ JM. Mas ´e claro que neste caso F 6= dA, e portanto esta hip´otese s´o ´e

aceit´avel se A n˜ao ´e um campo fundamental. Dirac considerou esta hip´otese, h´a bas- tante tempo, e mostrou que a condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para a existˆencia de um

monopolo magn´etico era que a sua carga magn´etica fosse inversamente proporcional `a carga el´ectrica fundamental.

Problemas

1.1 Considere um “cron´ometro de luz”constitu´ıdo por dois espelhos plano-paralelos E1 e E2 nos quais se reflecte sucessivamente um raio luminoso. O cron´ometro

move-se com velocidade constante v dirigida segundo a normal aos espelhos e paralela ao eixo dos xx no referencial do laborat´orio.

Partindo do Princ´ıpio da Relatividade e da invariˆancia da velocidade da luz no v´acuo deduza os coeficientes de contrac¸c˜ao do espa¸co e de dilata¸c˜ao do tempo e mostre como se podem obter as f´ormulas de transforma¸c˜ao de Lorentz.

1.2 Se dois acontecimentos ocorrem no mesmo ponto (do espa¸co) de um dado re- ferencial inercial S, mostre que a sua sequˆencia temporal ´e a mesma em todos os referenciais inerciais. Discuta o problema com o aux´ılio de um diagrama de Minkowski. Em qual dos referenciais o intervalo de tempo ´e m´ınimo?

1.3 Determine a matriz da transforma¸c˜ao de Lorentz L resultante da composi¸c˜ao de duas transforma¸c˜oes de Lorentz especiais (“boosts”): uma segundo o eixo dos XX, com parˆametro vx , seguida de outra transf. de Lorentz especial segundo

o eixo dos Y Y , com parˆametro vy. Mostre que, em geral, o produto de duas

transforma¸c˜oes de Lorentz n˜ao ´e comutativo:

L(vx) L(vy) 6= L(vy) L(vx).

1.4 Taqui˜oes

Taqui˜oes s˜ao part´ıculas hipot´eticas cuja velocidade ´e maior que a da luz (para to- dos os observadores inerciais!). Considere dois observadores inerciais O e O0, com

uma velocidade relativa v segundo o eixo dos ZZ, equipados com transmissores taqui´onicos para comunicarem entre si.

(a) Se o transmissor taqui´onico emite part´ıculas com velocidade u > 1(c = 1), no seu referencial pr´oprio, mostre que a velocidade desses taqui˜oes ´e u0 > 1

em qualquer outro referencial S0 animado com velocidade v em rela¸c˜ao a S.

(b) Suponha que um dos observadores se encontra `a distˆancia L do referencial pr´oprio do outro observador, S, no momento em que recebe a primeira mensagem e responde imediatamente com outra mensagem taqui´onica. Qual ´e o intervalo de tempo entre a emiss˜ao e a recep¸c˜ao das mensagens em S?

(c) Mostre que se

u > 1 v[1 +

1 − v2],

a resposta pode ser recebida em S antes do sinal ter sido enviado! (d) Discuta o problema com o aux´ılio de diagramas de Minkowski. 1.5 Movimento “Superluminal”

O quasar 3C 273 emite jactos relativ´ısticos de plasma de uma regi˜ao pr´oxima do seu centro onde se encontra um buraco negro de massa elevada. Os jactos viajam a uma velocidade v ao longo de uma direc¸c˜ao que faz um ˆangulo θ com a direc¸c˜ao de observa¸c˜ao. Projectando no c´eu, os jactos parecem deslocar-se perpendicularmente `a direc¸c˜ao de observa¸c˜ao com uma velocidade angular vap/r

onde r ´e a distˆancia ao quasar (tratando o espa¸co com euclideano) e vap ´e a

velocidade aparente. (a) Mostre que

vap =

v sin θ 1 − v cos θ.

(b) Para um dado valor de v, qual ´e o valor de θ que maximiza vap? Qual ´e o

valor correspondente de vap? Pode vap exceder c sem violar a relatividade

restrita?

(c) Para o 3C 273, vap ≈ 10c. Qual ´e o maior valor poss´ıvel para θ?

1.6 Um carro de 5m de comprimento entra numa garagem de 4m a uma velocidade v = 3

5c. De acordo com um observador estacion´ario (fixo em rela¸c˜ao `a garagem)

o comprimento do carro aparece contra´ıdo pelo factor de Lorentz e, por isso, cabe exactamente na garagem. Por´em, para o condutor do carro a garagem tem s´o 3, 2m, e o carro n˜ao cabe na garagem. Como resolve este aparente paradoxo? Relacione a contrac¸c˜ao de comprimentos com a dilata¸c˜ao do tempo e discuta o problema do ponto de vista da relatividade da simultaneidade.

1.7 Considere uma nave espacial capaz de manter uma acelera¸c˜ao constante de 1g (relativamente ao seu referencial pr´oprio instantˆaneo). Se a nave parte da Terra com essa acelera¸c˜ao,

(a) Qual ´e a distˆancia percorrida pela nave ao fim de 40 anos medidos na Terra? E qual a distˆancia percorrida ao fim de 40 anos medidos no referencial pr´oprio da nave?

(b) Qual ´e o tempo (pr´oprio) dispendido pelos tripulantes da nave ao fazerem uma viajem at´e ao centro da gal´axia (cerca de 30.000 anos luz). Suponha que a nave espacial mant´em uma acelera¸c˜ao de 1g durante metade do percurso e uma desacelera¸c˜ao de 1g durante a outra metade. (Fa¸ca uma representa¸c˜ao esquem´atica com o aux´ılio de um diagrama de Minkowski).

1.8 Mostre que:

(a) Prove que para qualquer vector temporal U existe um referencial de Lorentz onde Ua tem componentes espaciais nulas.

(b) Se Pa ´e um vector temporal e PaX

a= 0 ent˜ao Xa ´e um vector espacial.

(c) Se Pa e Qa s˜ao vectores temporais e PaQ

a < 0 ent˜ao os dois vectores s˜ao

ambos dirigidos para o futuro ou ambos dirigidos para o passado.

(d) Mostre que a soma de quaisquer dois vectores espaciais ortogonais ´e um vector espacial.

1.9 Diz-se que um vector Xa ´e transportado paralelamente ao longo de uma curva

numa variedade plana (M, g) se Ua

aXb = 0, e Ua ´e o campo vectorial tangente

`a curva. Se se verificar Ua

aUb = 0 a curva diz-se geod´esica.

(a) Mostre que se Xa(x) e Ya(x) s˜ao dois campos vectoriais transportados pa-

ralelamente ao longo de uma curva temporal de um espa¸co-tempo de Min- kowski M4

0, ent˜ao gabXaYb = XaYa ´e constante ao longo dessa curva.

(b) Partindo do resultado anterior conclua que se uma geod´esica ´e do tipo espa¸co (do tipo tempo ou nula) num dado ponto, dever´a ser espacial (temporal ou nula) por toda a parte onde est´a definida.

1.10 Prove que a conserva¸c˜ao do 4-momento pro´ıbe uma reac¸c˜ao onde um electr˜ao e um positr˜ao se aniquilam e produzem um ´unico fot˜ao γ. Prove que a produ¸c˜ao de dois fot˜oes n˜ao ´e proibida.

1.11 Considere uma part´ıcula cuja massa em repouso ´e m e cujo 4-momento ´e Pa, e

um observador O cuja 4-velocidade ´e Ua. Use c = 1 e mostre que:

(a) A energia da part´ıcula medida por O ´e E = −PaU a;

(b) O observador O atribui `a part´ıcula uma massa em repouso m2 = −PaP a;

(c) O mede um 3-momento de grandeza k~pk =q(PaU

a)2+ PaPa;

(d) O mede uma 3-velocidade ~v cujo m´odulo ´e dado por k~vk = s 1 + PaPa (PaU a)2 1.12 Dispers˜ao de Compton

(a) Um fot˜ao de comprimento de onda (c.o.) λ colide com um electr˜ao estaci- on´ario de massa m e emerge com um c.o. ¯λ segundo um ˆangulo θ. Mostre que

¯

λ − λ = h

(b) Quando um fot˜ao ´e disperso por uma part´ıcula carregada que se move com uma velocidade pr´oxima da velocidade da luz diz-se que o fot˜ao sofreu uma dispers˜ao de Compton inversa. Considere uma dispers˜ao de Compton in- versa na qual uma part´ıcula carregada com massa em repouso m e energia total E À m, colide frontalmente com um fot˜ao de frequˆencia ν(hν ¿ m). Qual ´e a m´axima energia que a part´ıcula pode transferir para o fot˜ao? (c) Se o espa¸co est´a preenchido por uma radia¸c˜ao de corpo negro `a temperatura

de 3 K e cont´em prot˜oes provenientes dos raios c´osmicos com energias da ordem dos 1020 eV , qual ´e a energia que um prot˜ao de energia 1020 eV pode

transferir para um fot˜ao de 3 K?

1.13 Determine a energia m´ınima necess´aria para produzir antiprot˜oes a partir da reac¸c˜ao

p + p → p + p + p + ¯p .

1.14 Calcule o limiar de energia de um nucle˜ao N para que sofra a reac¸c˜ao γ + N → N + π

onde γ representa um fot˜ao `a temperatura de 3 K. Suponha que a colis˜ao ´e frontal; tome a energia do fot˜ao como sendo ∼ KT ; mN = 940 MeV . (Note que

EN À mN).

1.15 Considere a reac¸c˜ao

π++ N → K++ Λ0.

As massas pr´oprias das part´ıculas s˜ao mπ = 140 MeV, mN = 940 MeV ,

mK = 494 MeV e mΛ = 1115 MeV . Qual o limiar de energia cin´etica do

mes˜ao π para criar um mes˜ao K segundo um ˆangulo de 90◦ no referencial do

laborat´orio, onde N est´a em repouso?

1.16 Considere uma variedade espa¸co-tempo (M, gab), cuja m´etrica ´e gab. Sejam dados

um 4-vector unit´ario temporal Ua e um tensor

hab := gab+ UaUb .

(a) Mostre que hab ´e um operador de projec¸c˜ao no espa¸co ortogonal a Ua. Ou

seja, mostre que:

Va

= hab Vb = (δab+ UaUb) Vb

´e ortogonal a Ua e n˜ao ´e afectado por h ab:

Va

⊥ ⊥ = habVb⊥

(b) Com base na al´ınea anterior mostre em que condi¸c˜oes ´e que hi j (com i, j =

1, 2, 3) s˜ao as componentes do tensor m´etrico no sub-espa¸co dos vectores ortogonais a Ua.

1.17 Considere o 4-vector acelera¸c˜ao ac= dUc/dτ .

1.18 Mostre que ac s´o tem 3 componentes independentes, e relacione-as com a acele-

ra¸c˜ao ordin´aria (Newtoniana).

1.19 Uma part´ıcula move-se com 3-velocidade ~u e 3-acelera¸c˜ao ~a em rela¸c˜ao a um observador inercial O. E um outro observador inercial O0 tem velocidade ~v em

rela¸c˜ao a O. Mostre que as componentes paralela e perpendicular da acelera¸c˜ao s˜ao

~a0k = (1 − v2)3/2(1 − ~v · ~u)−3~ak

~a0

= (1 − v2)(1 − ~v · ~u)−3[~a⊥− ~v × (~a × ~u)].

1.20 A linha do universo de uma part´ıcula material ´e dada pelas seguintes equa¸c˜oes param´etricas num dado referencial de Lorentz

t(λ) = 1

asinh(λ), x(λ) = 1

acosh(λ) sendo λ um parˆametro afim e a ´e uma constante.

1.21 Descreva o movimento e calcule as componentes do 4-vector velocidade e do 4- vector acelera¸c˜ao da part´ıcula.

1.22 Dˆe o significado f´ısico dos parˆametros λ e a. 1.23 Considere o seguinte campo vectorial

V = a à x∂ ∂t + t ∂x !

definido nos pontos do espa¸co-tempo de Minkowski tais que |x| > |t|, sendo a uma constante positiva e ∂t, ∂x vectores base unit´arios do espa¸co-tempo de

Minkowski.

(a) Mostre que V ´e um 4-vector temporal, calcule aα = (−VµV

µ)−1/2Vβ∂βVα

e dˆe o significado da constante a. (Relacione com a discuss˜ao do problema 11).

(b) Mostre que no sistema de coordenadas nulas u = t − x, v = t + x, vem V = a à v ∂v − u ∂u ! .

1.24 (a) Mostre que as equa¸c˜oes que caracterizam a linha do Universo do problema 11 ?? definem uma transforma¸c˜ao de coordenadas do sistema (t, x) para o sistema (λ, a) de coordenadas ortogonais. Desenhe as linhas coordenadas desse sistema e mostre que elas s´o cobrem uma parte do espa¸co-tempo de Minkowski.

(b) Obtenha o tensor m´etrico neste sistema de coordenadas. 1.25 Seja

∂xc uma base coordenada do espa¸co de Minkowski e sejam ec um conjunto

de 4 vectores complexos nulos dados pelas rela¸c˜oes: e0 = mc ∂xc, e1 = ¯m a ∂xa, e2 = l a ∂xa, e3 = k a ∂xa sendo kal

a = −1, mam¯a = 1 e todos os restantes produtos escalares nulos.

(a) Mostre que os 4 vectores ea s˜ao linearmente independentes e determine as

componentes do tensor m´etrico gab = g(ea, eb) nesta base.

(b) Mostre que os ´unicos vectores n˜ao-espaciais ortogonais a um dado vector tipo luz s˜ao proporcionais a esse vector tipo luz.

Tensores Anti-sim´etricos: aplica¸c˜ao ao Campo Electromagn´etico

1.26 Sejam α = (1, 1, 0) e β = (1, 0, 1) as componentes de dois covectores.

(a) Prove, recorrendo a dois vectores arbitr´arios X e Y , como argumentos, que α ⊗ β 6= β ⊗ α e determine as componentes de α ⊗ β.

(b) Obtenha as componentes das partes sim´etrica e anti-sim´etrica de α ⊗ β. (c) Representando por α ∧ β a parte anti-sim´etrica de α ⊗ β, mostre que se tem

α ∧ β(X, X) = 0, para qualquer vector X. (Defini¸c˜ao de produto exterior). 1.27 Sendo dado um tensor de 2a ordem pelas suas componentes Tab,

(a) Como poderemos testar se Tab´e o produto directo de vectores A e B: Tab =

AaBb?

(b) Prove que em geral um tensor de 2a ordem n˜ao pode ser representado por

um simples produto directo de 2 vectores, mas pode ser expresso como uma soma de muitos produtos desse tipo.

1.28 (a) Prove que num espa¸co-tempo 4-dimensional, a menos a multiplica¸c˜ao por uma constante, existe um ´unico tensor εabcd que ´e totalmente anti-sim´etrico

nos seus 4 ´ındices. Em coordenadas Lorentzianas, escolhe-se habitualmente ε0123 = 1. Quais s˜ao as componentes de ε num referencial coordenado geral

com m´etrica gab?

(b) Mostre que em geral

εabcd = gεabcd

(c) Mostre que o determinante do tensor m´etrico n˜ao ´e um escalar.

1.29 Seja F um tensor anti-sim´etrico de segunda ordem cujas componentes s˜ao Fab.

A partir de F construa um outro tensor de segunda ordem, anti-sim´etrico, ?F , chamado dual de F do seguinte modo

∗Fmn= 1

2Fabε

abmn.

Mostre que ∗(∗F ) = −F .

1.30 Sejam α e β duas formas de grau p (p–formas) (α, β ∈ Λp), ou seja, dois tensores

anti-sim´etricos de grau p. Mostre que:

α ∧ ∗β = β ∧ ∗α = (α, β)ε onde (α, β) = 1

p!αi1···ipβi1···ip ´e o produto escalar induzido em Λ(R3) e ε ´e a forma

volume em R3.

1.31 Seja F o tensor anti-sim´etrico de segunda ordem campo electromagn´etico, ou 2-forma de Faraday, que descreve uma carga pontual e em repouso na origem de um referencial.

(a) Mostre que num espa¸co-tempo plano com coordenadas esf´ericas se pode escrever

F = − e

4πε0r2

dt ∧ dr

(b) Obtenha a forma dual ∗F correspondente `a al´ınea anterior e calcule a quan- tidade F ∧ ∗F .

(c) Obtenha as componentes de E e B para uma carga pontual em movimento uniforme, a partir das componentes de F (ou de ∗F ).

1.32 (a) Seja Fab um tensor antis-sim´etrico dado pelas suas componentes numa base

coordenada. Mostre que se Fab = ∂aAb− ∂aAb ent˜ao

∂[cFab] = 0.

(b) Mostre que as rela¸c˜oes anteriores representam 4 equa¸c˜oes escalares linear- mente independentes e obtenha essa equa¸c˜oes para o caso em que o 4-vector Aa = (V, ~A) ´e o 4-vector potencial electromagn´etico. Escreva as restantes

equa¸c˜oes que regem o campo electromagn´etico.

1.33 Mostre que ´e poss´ıvel escrever a 2-forma campo electromagn´etico da seguinte maneira

F = ˜E ∧ dt + B

onde ˜E e B s˜ao respectivamente as formas campo el´ectrico e campo magn´etico definidas em R3. Escreva as equa¸c˜oes de Maxwell em termos dessas formas

1.34 Seja F a 2-forma que representa um campo electromagn´etico arbitr´ario, num espa¸co-tempo de Minkowski. Determine as componentes de ∗F , obtenha as for- mas diferenciais F ∧ ∗F e F ∧ F e relacione-as com os “invariantes”do campo electromagn´etico.

1.35 Um observador com 4-velocidade U interactuando com um campo electromagn´etico F mede um campo el´ectrico EU e um campo magn´etico BU no seu referencial iner-

cial local (isto ´e, na base ortonormal com eˆ0 = U). Estes campos s˜ao 4-vectores

com as seguintes componentes

EUa ≡ FabUb, BaU ≡ −

1 2ε

abcdU bFcd.

(a) Mostre que os campos EU e BU existem no plano ortogonal `a linha do

Universo do observador, e est˜ao portanto assentes na hipersuperf´ıcie de si- multaneidade do observador.

(b) Mostre que o tensor campo electromagn´etico pode ser reconstru´ıdo a partir da 4-velocidade do observador e dos campos el´ectrico e magn´etico medidos no seu referencial do repouso por interm´edio da equa¸c˜ao tensorial

Fab = UaEb

U − EUaUb+ εabcdUcBUd. (1.1)

(c) Recorrendo ao conceito de formas duais, e escrevendo os 4-vectores anterio- res em termos dos seus co-vectores associados, mostre que ´e poss´ıvel escrever a equa¸c˜ao (1) na forma

F = λ( ˜U ∧ ˜EU) + µ ∗ ( ˜U ∧ ˜BU), (1.2)

e determine o valor das constantes λ e µ.

1.36 Em virtude da sua condutividade el´ectrica, um plasma perfeitamente condutor n˜ao pode suportar um campo el´ectrico no seu referencial pr´oprio. (Mesmo um campo el´ectrico fraco produziria uma forte corrente el´ectrica atrav´es do plasma

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