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3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

4.3 OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO

Uma vez superada a fase de planejamento inicial do projeto de pesquisa, culminando com a definição da orientação metodológica e dos cursos de ação para empreender a pesquisa em curso, a sua viabilização dependerá desta fase de preparo da pesquisa de campo, a qual se orienta pela satisfatoriedade dos critérios da abordagem de pesquisa integrada e sistêmica e a viabilização da escolha da unidade de investigação, além de reunir os meios e recursos necessários para desenvolvê-la.

Para executar os passos e procedimentos previstos no plano de pesquisa, especial atenção é dada às condições contextuais e circunstâncias dos cenários de pesquisa que poderão sugerir novos cursos de ação, a depender da dinâmica inerente ao contexto de análise e suas mudanças inerentes.

A pesquisa-ação permite aos atores que construam teorias e estratégias que emergem do campo e que, em seguida, são validadas, confrontadas, desafiadas dentro do campo e acarretam mudanças desejáveis para resolver ou questionar melhor uma situação problemática (Morin, 2004, p. 57).

Imbuído do desafio de experienciar na prática situações com problemas associados ao desenvolvimento organizacional, de modo que as suposições assumidas neste estudo pudessem ser instigadas por meio da pesquisa-ação-participante, o ponto de partida seria a definição do projeto de pesquisa de campo.

Diante da possibilidade de desenvolver um estudo sobre o sistema energético brasileiro, ainda na fase de prospecção e planejamento inicial, descartou-se dar prosseguimento à investigação, tendo em vista a impossibilidade de reunir condições favoráveis para

viabilização do projeto de pesquisa-ação-participante. Conforme atesta Thiollent (2002), o mundo corporativo brasileiro ainda não assimilou os benefícios que esse tipo de pesquisa pode trazer para o desenvolvimento organizacional, tendo como principal justificativa a falta de mecanismos internos capazes de suportar investigações com essas características. Uma nova tentativa foi pensada, a propósito dos sistemas de telecomunicações, mas a peculiaridade do setor em termos de concorrência comercial recairia no mesmo caso anterior.

Adiante, três possibilidades de projeto de pesquisa de campo se apresentaram viáveis, face à natureza dos projetos e da condição de acessibilidade e participação. No primeiro caso, o projeto envolvia uma perspectiva de desenvolvimento organizacional, voltada para a modelagem de processos, com duração de dez meses. Nos demais casos, tratavam-se de dois projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, fruto de cooperação institucional. O segundo projeto é de 18 meses e o terceiro de 12 meses.

Com base nas definições de Morin (2004) e Thiollent (1997), a configuração da pesquisa- ação-participante adotada neste trabalho está tipificada, face à natureza dos projetos de pesquisa escolhidos, da seguinte forma:

- quanto ao aspecto: é uma pesquisa por ação e pela ação - a implicação é devida à efetividade ou reciprocidade do relacionamento entre pesquisadores e atores e a clareza dos posicionamentos de cada parte no plano ético;

- quanto ao tipo de participação do pesquisador: aplicada – conforme contexto dos projetos de pesquisa; e

- quanto à dimensão: participação cooperativa - devido ao tipo de pactuação dos Órgãos participantes dos projetos de pesquisa.

A sistemática de desenvolvimento da pesquisa de campo nos projetos três projetos levará em consideração a orientação metodológica (mais detalhes na Seção 4.2.4.1) e as questões de cunho cultural e social predominantes em cada caso. Nesse sentido, Morin (2004) argumenta que, para melhor compreender o processo de mudança, é importante dar destaque às decisões do grupo, observar o grau de implicação dos sujeitos, a expressão de suas motivações, as normas de iniciação à mudança e, evidentemente, a personalidade do facilitador e sua aptidão a tornar eficaz a intervenção.

Por se tratar de um estudo feito sob circunstâncias contextuais em resposta às realidades vividas encontradas no ambiente de campo, os estudos se desenrolam durante um período de tempo relativamente prolongado – incluindo as unidades de análise e as partes envolvidas a serem pesquisadas, cujos projetos foram concebidos de acordo com as necessidades de cada viés de interesse. A lógica da investigação é, portanto, elaborar ou expandir objetos de conhecimento teóricos fundamentados na prática da ação.

4.3.1 - Projeto de Desenvolvimento Organizacional – Projeto Alpha

O projeto de pesquisa de campo, denominado Projeto Alpha, é resultado de um projeto de desenvolvimento organizacional em um Órgão da Administração Direta do Governo Federal, doravante denominado Órgão de Operação Aérea, cuja participação deste pesquisador estava vinculada ao grupo de trabalho responsável pela coordenação das atividades de projeto.

O Órgão de Operação Aérea atua na execução do planejamento, do preparo, do emprego, do controle e da fiscalização das operações de uma Força Militar, neste ato denominada de Força-Mãe. O Órgão de Operação Aérea detém os mais relevantes meios aéreos, sendo o responsável, ainda, por comandar as ações de pronta-resposta, em situações de conflito ou de emergência, antes da ativação da estrutura de defesa.

Igualmente, o Órgão de Operação Aérea é o “braço operacional” da Força-Mãe, responsável pelo preparo e emprego da força operacional. Compreende cerca de 55% do efetivo da Força-Mãe e mais de cem Organizacionais Militares (OM) Apoiadas.

4.3.2 - Projeto de PD&I – Projeto Bravo

O projeto de pesquisa de campo, denominado Projeto Bravo, é resultado de um projeto de cooperação técnica para desenvolvimento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), pleiteado por um Órgão de Tecnologia da Informação vinculado à Administração Pública Federal, doravante denominado Órgão de TI, em parceria com um Núcleo de Multimídia e Internet (NMI) da Universidade de Brasília, cuja participação deste pesquisador estava vinculada ao NMI – responsável pela coordenação técnica do projeto.

O projeto de PD&I é voltado para os processos e projetos de gestão e governança de tecnologia da informação do Órgão de TI.

4.3.3 - Projeto de PD&I – Projeto Charlie

O projeto de pesquisa de campo, denominado Projeto Charlie, é resultado de um projeto de cooperação técnica para desenvolvimento de PD&I, pleiteado por um Órgão de Fomento à Cultura vinculado à Administração Pública Federal, doravante denominado Órgão de Cultura, em parceria com o NMI/UnB, cuja participação deste pesquisador estava vinculada ao NMI – responsável pela coordenação técnica do projeto.

O projeto de PD&I é voltado para os processos e projetos de suporte técnico-metodológico à implantação de uma rede de escritórios de articulação da economia criativa, aqui denominados de Escritórios de Articulação (Lima, Alves e Molinaro, 2014).

Os pontos de presença dos escritórios de articulação situam-se em treze Estados brasileiros. A implantação desses espaços, por sua fez, é proveniente de convênio pactuado entre aqueles Estados (convenentes) e um Órgão de Cultura.