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PARTE II – AS ARTICULAÇÕES ENTRE ESTRUTURA, PROCESSO, FUNÇÃO E FORMA.

4.3 Os bancos e seu paradigma técnico atual: a quinta onda de inovação e a

Como discutimos anteriormente a consolidação do meio técnico-científico- informacional no território brasileiro é condição estruturante do desenvolvimento técnico bancário a medida em que a constituição das redes no período atual permite a circulação de informações e ordens que autorizam e assinalam uma reorganização profunda dos sistemas produtivos, sobretudo, os comandados pelos agentes econômicos hegemônicos que “[...]dependem de conhecimentos estratégicos para que possam recriar permanentemente um cenário mundial de competitividade. A informação, neste contexto, se redefine como um recurso estratégico, utilizado seletiva e hierarquicamente” (SILVA, 2001, p.104)

Assim, no contexto da modernização contemporânea a atividade bancária reestrutura-se, tanto da perspectiva da organização de seus processos internos quanto das lógicas e estratégias espaciais que orientam a instalação das redes de fixos sobre o território, em função das novas capacidades de produzir, processar e transmitir informação, considerando que a moeda é cada vez mais medida em bits (DOLLFUS, 1995) em um processo de verdadeira “desmaterialização”, sendo que

Para Ron Martin (1999, p. 13), as manifestações desta “desmaterialização” poderiam ser notadas pelas novas formas assumidas pela moeda no mundo contemporâneo: a. Dinheiro virtual, eletrônico ou desmaterializado; b. “smart cards’”; c. Telefone- banking; d. Crédito/débito diretos; e. Transferência eletrônica de fundos; f. Comércio por tela de computador (screen-based trade); g. Arbitragem computadorizada (MARTIN, 1999, p.13 apud CONTEL, 2011, p.3)

Neste sentido, as inovações nas atividades bancárias articulam-se as renovadas bases técnicas do território constituindo verdadeiros macrossistemas técnicos financeiros (CONTEL, 2011). Assim, buscaremos investigar os novos nexos entre vetores da modernização contemporânea no Brasil – destacando as variáveis pujantes que compõem a conjuntura econômica recente e as feições renovadas do meio técnico-científico- informacional – e as transformações impulsionadas pelos bancos na esteira de um novo paradigma técnico de cuja complexidade destacamos duas dimensões que se correlacionam: a da disseminação dos canais digitais de autoatendimento e a das transformações nos ritmos de expansão dos fixos bancários.

Neste sentido, o foco de nossas análises estará voltado aos processos inovativos mais recentes protagonizados pelos bancos e associados a um novo paradigma técnico orientado pela hegemonia da informação, ou seja, privilegiaremos o recorte temporal prioritário correspondente ao período de 2000 a 2017.

Discutiremos o que Cernev et. al. (2009) classifica como “quinta onda de inovação”, caracterizada pela convergência digital proporcionada pelo aumento do uso e dos investimentos em canais digitais de autoatendimento bancário, o Internet Banking e o Mobile Banking. Nossa intensão é compreender de que forma a expansão dos canais digitais de autoatendimento, motivada por um conjunto de novos fatores inovativos articulados à um novo período de modernização, repercute nos ritmos de expansão de fixos bancários, sobretudo agências, Postos de Atendimento Bancário (PAB), Postos de Atendimento Eletrônico (PAE) e correspondentes bancários, gerando alterações na rede de atendimentos no país.

Reforçamos, como princípio de método, que as evoluções técnicas incorporadas à atividade bancária são conteúdo do espaço geográfico (CONTEL, 2007), portanto, passam a influenciar as formas de organização das redes bancárias, da escala da rede urbana à escala das cidades (OLIVEIRA, 2017), repercutindo em uma nova topologia. Portanto, para compreender as lógicas e estratégias espaciais bancárias no período atual é de fundamental relevância a análise de seus processos inovativos mais recentes.

Para construir um quadro coerente dos processos em análise discutiremos os conteúdos deste paradigma técnico bancário em articulação ao contexto econômico do período e a emergência de novas redes técnicas que se fortalecem no território – com foco na internet e na telefonia móvel – elementos que compõem as novas lógicas espaciais bancárias.

Primeiramente, como forma de contextualizar as transformações técnicas atuais e avaliar adequadamente seus impactos nas redes de fixos bancários, discutiremos a conjuntura de crescimento econômico recente do país que promoveu uma intensificação da bancarização que reflete a expansão das redes de atendimento e a maior inserção da população no mercado bancário brasileiro. Para tanto, destacaremos alguns fatores macroeconômicos, assim como algumas ações concretizadas por meio da ação estatal, que levaram a um importante aumento do número de pessoas com acesso a serviços bancários essenciais e à conta bancária no país.

Como maneira de introduzir esta discussão faremos um esforço de definição do termo “bancarização” que, como já mencionado, diz respeito ao potencial de acesso da população à serviços bancários (tanto para clientes quanto para não clientes) e que se expressa

por dois traços fundamentais: a “capilarização bancária” (CONTEL, 2009), ou seja, a distribuição e o alcance espacial das redes de fixos bancários no território; e o que chamaremos aqui de “inserção bancária”, ou seja, a efetiva incorporação da população ao mercado bancário na categoria de correntistas, em outras palavras, a inserção bancária expressa o incremento do número de contas bancárias, isto é, aumento do número de clientes nas instituições bancárias e não apenas de usuários de serviços bancários (não clientes)16.

A utilização aqui do termo “inserção bancária” – como uma das dimensões da bancarização – tem como objetivo evitar a confusão com a ideia de “inclusão financeira”17 já que esta, diferentemente daquela, incorpora a ideia de promoção de políticas públicas e privadas, fundadas nos conceitos de cidadania e equidade, que garantam o oferecimento de serviços e produtos compatíveis com demandas específicas, sobretudo das populações mais pobres (BCB, 2015), quer dizer, o incremento da bancarização nem sempre significa a ampliação da inclusão financeira.

Para Dymski, não são sinônimos “bancarização” e “inclusão financeira”. Caso o acesso e o uso de produtos e serviços não sejam adequados para a melhoria da vida das famílias envolvidas, não se pode falar propriamente em “inclusão financeira”18. Neste sentido, a questão da exclusão financeira pode ser entendida também como uma exclusão “através do recrutamento das famílias de baixa renda em relações de crédito exploradoras” (idem, p.276), isto é: a participação no sistema financeiro, a bancarização, pode contribuir para a piora da vida econômica do indivíduo ou família (CONTEL, 2017, p.3)

Feitas estas considerações seguimos à análise da conjuntura econômica brasileira que, dadas algumas condições específicas, possibilitou uma ampliação importante da bancarização, tanto na dimensão da capilaridade quanto da inserção bancária, sendo o período de 2003 a 201419 bastante representativo deste processo em função do contexto de importante crescimento da economia brasileira e redução da pobreza, em uma conjuntura favorável a nível internacional, com forte participação do Estado no estímulo ao desenvolvimento e planejamento a longo prazo (PAULANI, 2017) que, por sua vez, possibilitou uma aceleração do crescimento econômico com redução do desemprego, aumento do salário mínimo, incremento dos investimentos em infraestrutura e programas sociais de transferência e

16

Há uma diferenciação jurídica entre clientes e não clientes bancários, ainda que ambos gozem de mesmo direitos enquanto consumidores dos serviços bancários (OAB, 2012).

17 “Processo de efetivo ACESSO e USO pela população de serviços financeiros ADEQUADOS às suas necessidades, contribuindo com sua qualidade de vida” (Banco Central do Brasil, 2015, p. 19)

18

Para Fernando Nogueira da Costa (2015) ainda que a bancarização não tenha contribuído diretamente para a distribuição de renda no país, trata-se de um fenômeno socialmente significativo, pois ela é um “importante mecanismo institucional de defesa do poder aquisitivo em uma economia que se caracteriza por volatilidade cambial e inflacionária”.

19

distribuição de renda, ampliação do crédito e do consumo, dentre outros fatores (BARBOSA; SOUZA, 2010).

Este contexto, por sua vez, impactou positivamente o desempenho financeiro das maiores instituições bancárias do país que alcançaram índices históricos de lucros líquidos (Gráfico 5), o que permitiu uma importante ampliação das redes de atendimento bancário a nível nacional, com destaque à participação do bancos públicos e ampliação do número de correspondentes bancários, já que, como destacado em relatório do IPEA

[...] o BB é a instituição bancária presente no maior número de municípios brasileiros: 3.442 municípios, contra 2.959 do segundo lugar, o Bradesco (BANCO..., 2009). Faz parte deste esforço uma ampliação dos chamados correspondentes bancários, como agências lotéricas, postais, supermercados, padarias, lojas de materiais de construção e de móveis. Entretanto, em função das limitações inerentes à atuação dos correspondentes bancários[...]. (ARAÚJO; CINTRA, 2011, p.44)

Consolidou-se, portanto, uma trajetória de aumento da taxa de bancarização (Gráfico 4) ao ampliar-se o acesso da população aos serviços bancários essenciais, ainda que de maneira espacialmente desigual e seletiva, “Neste novo contexto, um conjunto expressivo de alterações dos conteúdos normativos do território foi realizado, visando difundir fixos e fluxos financeiros, sobretudo aqueles voltados para a população de mais baixa renda” (CONTEL, 2017, p.5).

Gráfico 4 - Brasil. Percentual de bancarização no país, 2008 – 2016.

Fonte: Relatórios Febraban de Tecnologia Bancária. Elaborado por: Oliveira, J. S., 2017.

72,4% 74,7% 77,8%

79,9% 82,8%

85,4% 87,9% 89,6% 90,4%

Gráfico 5 - Brasil. Desempenho do Sistema Financeiro Nacional (Lucro líquido em Bilhões de reais), 1995 – 2013.

Fontes: Banco Central do Brasil; Contec, 2014. Elaborado por: Oliveira, J. S., 2017.

Por outro lado, a inserção bancária, ou seja, o aumento do número de correntistas (Gráfico 6), também refletiu a expansão do acesso da sociedade brasileira aos serviços bancários, em especial nos segmentos mais pobres em função de políticas de simplificação dos processos de abertura de contas correntes comandadas pelos bancos públicos e aderidas também por instituições privadas, instituindo modalidades de contas corrente e poupança simplificadas (contas-salário) com menores taxas e condições menos burocráticas de adesão, o que promoveu uma “aceleração” da inserção bancária e, guardado às devidas proporções, da inclusão financeira no país (CONTEL, 2017; ARAÚJO; CINTRA, 2011). Estes processos refletem, também, no aumento do número de cartões de crédito emitidos e ativos no período de 2010 a 2014 (Gráfico 7). 63,6 254,76 115,7 7,9 31,8 38,5 0 50 100 150 200 250 300 1995 - 2002 2003 - 2010 2011 - 2013 Total acumulado Média anual

Gráfico 6 - Brasil. Evolução do total de contas correntes e contas poupanças no país, 2012 – 2017 (em milhões).

Fonte: Febraban, 2018. Elaborado por: Oliveira, J. S., 2017.

Gráfico 7 - Brasil. Evolução do número cartões de crédito e débito emitidos e ativos, 2010-2014.

Fonte: Banco Central do Brasil, 2015. Elaborado por: Oliveira, J. S., 2017.

Paralelamente a essa aceleração da bancarização uma nova onda de inovação provocou, principalmente a partir de 2015, transformações nos ritmos de expansão das redes de atendimento. Assim, concomitante ao período de importante redução das taxas de crescimento da economia brasileira consolidou-se, também, as estratégias dos bancos em reduzir suas redes de atenção presencial sob a justificativa de uma política de “cortes de custos” pautada no encerramento do funcionamento de inúmeras agências, a despeito da continuidade das altas taxas de lucratividade na atividade bancária no país.

162 158 182 185 200 168 147 155 156 155 158 161 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Contas poupança Contas correntes

0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000 2010 2011 2012 2013 2014

Cartões de débito emitidos Cartões de débito ativos Cartões de crédito emitidos Cartões de crédito ativos

Nesta conjuntura, consolida-se, também, a quinta onda de inovação bancária fundada na intensificação dos investimentos e do uso das TIC (Tecnologia da Informação e comunicação) que figuram como um requisito básico do paradigma técnico atual cujo desenvolvimento confunde-se com o próprio processo de desenvolvimento técnico dos bancos.

Além disso, reiteramos a articulação necessária entre a evolução técnica dos bancos e a renovação das bases materiais do território com destaque à expansão das redes de internet, sobretudo nas últimas décadas, que impulsionou a criação e disseminação de “[...] produtos e serviços bancários baseados em informação eletrônica como caixa eletrônico, internet, comunicação móvel, decorrente da convergência evolutiva entre tecnologia da computação e de comunicação” (CAMOCARDI, 2013, p.22).

Deste modo, a diversificação dos canais de atendimento bancário, com ascensão do internet banking e mobile banking, gerou redefinições nas lógicas e estratégias espaciais dos bancos, já que o uso dessas novas redes técnicas, associado à criação de novos serviços e canais de atendimento, proporcionou capacidades renovadas de descentralização do atendimento realizado, anteriormente, de forma exclusiva nas agências e postos de atendimento (CAMOCARDI, 2013).

A partir destes primeiros apontamento buscaremos discutir os nexos entre esta nova onda de inovação bancária, as transformações nos ritmos de expansão de fixos e as possíveis repercussões na trajetória de bancarização, ou seja, no acesso à serviços bancários, sobretudo pelas populações mais pobres.

De acordo com as discussões e os dados apresentados nos Relatórios de Tecnologia Bancária da Febraban (2012 a 2018), no que diz respeito ao desenvolvimento técnico recente dos bancos é possível fazer uma distinção entre dois momentos: o primeiro corresponde, grosso modo, à década de 1990 marcada pela proeminência das agências, caixas eletrônicos e telefone como canais de relacionamento entre bancos e seus usuários, com especial destaque à forte expansão dos PAEs, o que possibilitou uma maior popularização da automação do atendimento (IAMONTI, 2015) fundado em um renovado macrossistema técnico financeiro no país (CONTEL, 2011). Assim

[...]o uso de ATMs se intensificou gradativamente, especialmente no que diz respeito às operações de consultas, saques e emissão de extratos, que não envolvem movimentação financeira. Esse primeiro movimento foi importante para que os clientes não apenas se acostumassem com o atendimento sem interação humana, mas também ganhassem maior confiança nos serviços oferecidos por máquinas, habilitando-os a realizarem transações que envolvessem movimentação financeira. (RELATÓRIO FEBRABAN DE TECNOLOGIA BANCÁRIA, 2014, p.20)

Contudo, como elucidado no Relatório de Tecnologia Bancária (Febraban, 2014), as funcionalidades e os usos destes terminais de autoatendimento eram insuficientes para conter, de forma significativa, o número de atendimentos presenciais nas agências. Contraditoriamente, como veremos adiante, a expansão do número de PAEs repercutiu em uma diminuição expressiva do ritmo de crescimento do número agências inauguradas no país, ou seja, mesmo com a não constatação de diminuição do volume de atendimentos presenciais os bancos prosseguiram com o processo de encerramento de diversos estabelecimentos comprometendo, desta forma, a qualidade do serviço bancário presencial já no decorrer da década de 1990.

Já o segundo momento desta quinta onda de inovação, em pleno início do século XXI, é marcado pelas novas variáveis tecnológicas que transformariam o curso do desenvolvimento técnico bancário, cujo traço fundamental foi a disseminação do uso e dos investimentos em canais de autoatendimento digitais, além da continuidade do desenvolvimento tecnológico das agências e dos caixas eletrônicos que “[...]são capazes de executar operações mais rapidamente e os ATMs (Automated Teller Machine) estão cada vez mais multifuncionais” (FEBRABAN, 2014, p.21).

Como podemos observar no Gráfico 8 houve um crescimento bastante expressivo do número de contas correntes com acesso a canais digitais entre os cinco maiores bancos do país. No caso do internet banking, entre 2002 e 2017, o número de contas com acesso cresceu de 9 milhões para 53 milhões, sendo seu ápice em 2015. O caso do mobile banking é ainda mais representativo deste novo paradigma técnico, sobretudo por sua acelerada difusão, sendo que o número de contas com acesso a este canal passou de 1,3 milhões em 2009 para 59 milhões em 2017 superando, inclusive, o internet banking como canal digital preferido para acesso.

Gráfico 8 - Brasil. Evolução do número de contas correntes habilitadas para uso dos canais digitais no período de 2002 a 2017 (em milhões).

Fonte: Relatórios Febraban de Tecnologia Bancária. Elaborado por: Oliveira, J. S., 2017.

Gráfico 9 - Brasil. Participação dos diferentes canais de atendimento no número total de transações bancárias, 2010- 2017 (em porcentagem).

Fonte: Relatórios Febraban de Tecnologia Bancária. Elaborado por: Oliveira, J. S., 2017.

0 10 20 30 40 50 60 70 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Internet banking Mobile banking

38% 40% 45% 46% 52% 52% 57% 46% 44% 39% 39% 34% 33% 30% 16% 16% 16% 15% 14% 15% 13% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Internet Banking e Mobile Banking

Outros canais (Agência, ATM's, correpondentes e Contact Center) POS

Como pudemos observar no gráfico anterior (gráfico 9) o grande marco de transformação desta quinta onda de inovação ocorre no ano de 2013 com uma “inversão de canais”, ou seja, o número absoluto de transações por meio dos canais digitais ultrapassa o número absoluto de transações processadas nas agências, ATMs, contact center, correspondentes bancários e POS20, assim “Por diversos anos, Internet e Mobile Banking eram vistos como os canais do futuro. Essa percepção se concretizou em 2013, quando finalmente as transações realizadas por meio deles superaram as demais operações[...]” (FEBRABAN, 2014, p.31).

Vale destacar que, segundo dados apresentados pela Febraban (2014), o crescimento do número de transações não é reflexo apenas do incremento da base de clientes (31% a.a. contra 5% a.a.), mas sim, de um aumento real do uso de serviços financeiros por meios digitais. Essa intensificação de uso ocorre a medida que acentua-se a migração das transações por canais tradicionais (agências, ATMs e contact center) para os canais digitais (internet banking e mobile banking), portanto “Essa conclusão rejeita a hipótese de que a crescente participação dos canais virtuais no total de transações seria consequência apenas do seu maior crescimento” (FEBRABAN, 2014, p.22), ou seja, a intensificação do uso dos canais digitais, pelas facilidades que proporcionam ao evitar deslocamentos constantes até as redes de atendimento presencial, faz incrementar o volume de transações totais feitas por clientes com acesso a esses canais. Assim

[...] a conveniência trazida por esses canais foi tanta que não apenas fez os clientes abandonarem as visitas físicas aos outros canais, como também os incentivou a serem mais ativos no seu relacionamento transacional com os Bancos. Como resultado desses fatores, nota-se que os usuários de Internet e Mobile Banking realizam muito mais transações do que aqueles sem acesso aos canais virtuais. (FEBRABAN, 2014, p.29)

Chamamos atenção para o fato de que os diversos canais apresentam diferentes perfis no que diz respeito aos tipos de transações, deste modo, as agências e os correspondentes bancários ainda são muito relevantes para a realização de transações com movimentação financeira, enquanto que os canais digitais têm maior participação nas transações sem movimentação financeira, deste modo, cada um desses canais mantem sua relevância específica no total de transações realizadas por tipo, como poderemos observar nos gráficos a seguir.

20 POS são terminais eletrônicos de vendas instalados em diversos estabelecimentos para efetivação de transações com cartões de crédito ou débito.

O número médio de transações mensais com movimentação financeira (Gráfico 10) tem caído nas agências entre os anos de 2012 e 2014, passando de 2,6 a 2 respectivamente. Neste tipo de transação os ATMs mantem a maior média de transações mensais, com leve queda entre 2012 e 2013, passando de 3,9 a 3,8, taxa esta que se mantem em 2014. O internet banking e mobile banking apresentam leve crescimento na casa de 0,1 ao ano e 0,07 em 2014 respectivamente. Os correspondentes apresentam leve queda, de 0,1 entre 2012 e 2013, mantendo a média de 1 transação mensal em 2014. Já o contact center mantem a média de 0,1 nos três anos em análise.

Por outro lado, quando falamos em transações sem movimentação financeira (Gráfico 11) o quadro muda bastante, tanto do ponto de vista da participação dos canais quanto do volume de transações que passa a ser bastante maior. No caso deste tipo de transação o internet banking lidera com uma média crescente de 9,6, 10,9 e 11,8 entre 2012 e 2014, seguido pelo mobile banking que apresentou médias de transações de 0,7, 1,8 e 3,9, respectivamente, demonstrando seu acelerado crescimento nos últimos anos. Os ATMs vêm em terceiro lugar com um crescimento consecutivo de 0,1 em 2013 e 2014. A média mensal de transação sem movimentação financeira nas agências e nos correspondentes se mantem e no contact center apresenta queda no período.

Gráfico 10 - Brasil. Volume médio de transações com movimentação financeiras mensais por conta corrente, 2012 – 2014.

Fonte: Relatório de Tecnologia Bancária (Febraban, 2014). Elaborado por: Oliveira, J. S., 2017.

1,1 1 1 2,6 2,3 2 3,9 3,8 3,8 2,4 2,5 2,6 0,1 0,1 0,1 0,1 0,17 0,1 2012 2013 2014

Correspondentes Agências ATMs

Gráfico 11 - Brasil. Volume médio de transações sem movimentação financeiras mensais por conta corrente, 2012 – 2014.

Fonte: Relatório de Tecnologia Bancária (Febraban, 2014). Elaborado por: Oliveira, J. S., 2017.

De forma sintética apresentamos a seguir gráficos (12, 13 e 14) que indicam o percentual de participação das transações com e sem movimentação financeira por canal de atendimento. O internet banking e o mobile banking têm maior participação nas transações sem movimentação financeira sendo que, no ano de 2017, a proporção foi de 93% sem movimentação e 7% com movimentação, para este, e de 78% sem movimentação e 22% com movimentação, para aquele. O contact center e os ATMs também apresentam maior participação nas transações sem movimentação financeira na proporção, respectivamente, de 97% 3% e 56% 44%. Já as agências, correspondentes bancários e POS apresentam uma maior participação das transações com movimentação financeira sendo, respectivamente, de 51% com movimentação e 49% sem movimentação, 90% com movimentação e 10% sem movimentação e 100% com movimentação.

Apesar destes dados atuais, quando observamos a série histórica percebemos um movimento de crescimento da participação dos canais digitais de autoatendimento nas transações com movimentação e, sobretudo, nas transações sem movimentação financeira passando, respectivamente, de 16% para 21% e de 38% para 57% entre os anos de 2011 e