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CAPÍTULO 5: ANÁLISE DOS DADOS

5.2 AS VOZES DISCENTES

5.2.2 OS COMENTÁRIOS DISCENTES

Deu-se início a uma percepção diferenciada dos documentos, partindo de uma análise dos discursos expressos pelos alunos sobre seus professores (comentários opcionais), tabelados e organizados (anexo B), com o intuito de estabelecerem recorrências, regularidades e comparações, identificando os aspectos que comportam a avaliação do docente. Por não serem obrigatórios, nem todos os professores recebem comentários sobre os conceitos atribuídos a eles. Ao mesmo tempo, não é possível identificar o comentário do aluno ou nota dada por este. O que é fato é que todos os professores estão nas mesmas condições de ser avaliados, tanto numericamente quanto qualitativamente, por meio de comentários (não identificados), se assim o agente avaliativo (discente) desejar.

Finalizada a análise preliminar dos comentários, conseguiu-se agrupar os dados, de acordo com as formas e intenções discursivas dos discentes, em três grandes áreas bem diferenciadas: 1- atuação didático-pedagógica; 2- postura ético-profissional; e 3- relacionamento interpessoal. O objetivo desta diferenciação é poder, a partir desse reconhecimento das recorrências constitutivas, identificar as ações, comportamentos ou situações que provocaram essas manifestações nos alunos.

Neste ponto da análise precisa-se avançar mais em descobrir qual o objetivo final dos discentes em seus posicionamentos em face do professor e suas ações, de forma que se possam perceber as relações estabelecidas em sua caracterização. Saber se essas avaliações propõem uma atitude reflexiva do conjunto dos atores intervenientes no processo de ensino- aprendizagem ou atuam, simplesmente, favorecendo um exercício catártico, dentre inúmeras outras possibilidades, seria importante para o avanço desta análise.

Pois, confia-se que o próprio aluno decide como direcionar sua própria palavra, avaliar se ela for positiva ou negativa, e assim dialogar com o docente desde uma posição não indiferente (BAJTIN, 1997). No entanto, suas avaliações são passíveis de ser interpretadas de forma diferenciada, a partir dos contextos e características particulares que as constituem. Cada leitor poderá exercer seu entendimento conforme seu quadro axiológico particular, de acordo com o conjunto de informações disponíveis.

Assim, qualificam-se simplesmente as manifestações discursivas dos alunos como positivas e negativas, verificando as caraterísticas particulares dos relatos. É compreendido que estas expressões muitas vezes sugerem, propõem, pontificam, criticam ou elogiam as atitudes, ações, propostas, omissões e demais particularidades docentes, mas que de nenhuma forma deixam de dialogar e interagir entre elas, no espaço avaliativo auxiliar, proposto pela instituição.

A pesquisa utiliza posteriormente essas qualificações, juntamente com as avaliações numéricas, para categorizar esses docentes com o intuito de depreender de forma contextualizada os aportes da avaliação docente e a importância desta na (re)construção da identidade docente. Apresentam-se a seguir os comentários discentes agrupados da forma que foi explicitada precedentemente.

5.2.3 ATUAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Em relação à atuação didático-pedagógica, o conjunto de comentários nos informa a importância que o aluno dá para questões metodológicas ou formas de dar aula, visibilizando algumas das caraterísticas performáticas dos docentes. Por exemplo, quando um aluno fala a respeito do professor P4, nota-se um elogio, uma crítica e uma atitude propositiva por parte do aluno: Muito sábio, porém utiliza uma metodologia que não ajuda muito no

processo de aprendizagem, poderia utilizar outras atividades mais atrativas como trabalho em equipe, apresentação de seminários e outros.

Do mesmo modo crítico e propositivo, em face de questões metodológicas, encontra-se este outro comentário associado a P3: A professora realiza muitos exercícios

práticos da disciplina, o que é muito bom. Sugiro, porém, as frases e orações submetidas à análise sintática sejam diretamente ligadas ao conteúdo do curso, de modo a reforçar o conjunto da aprendizagem.

Encontraram-se outras críticas a questões metodológicas representadas por esta expressão a respeito de P6: Gostei da metodologia de ensino, mas as aulas eram um pouco monótonas; mas aprendi bastante com o professor, ele sempre me esclarecia dúvidas em relação ao espanhol.

Outros comentários denotam algumas possíveis contradições na percepção dos alunos, dentro da mesma dimensão avaliativa, referente ao professor P5: A finalidade da aula

da professora não é o aprendizado, mas sim o cumprimento do programa da disciplina, simplesmente. Se levarmos em conta que a disciplina tem como objetivo o início da aquisição

da língua espanhola, deixa bem a desejar. Porém, seu material é bastante eficaz, o que ajuda o aluno a estudar sozinho.

Atenta-se que o aluno critica a professora A finalidade da aula não é o

aprendizado [...], mas, posteriormente e contrariamente, aceita que ele tem muitas

possibilidades de aprender porque o material trazido e proposto pelo docente é bastante

eficaz, o que ajuda o estudante a estudar sozinho. Esta declaração mostra haver uma

interferência na aprendizagem desse futuro professor, inicialmente, por desmerecer as diferenças entre aprendizagem e aquisição, deixando exposto que, talvez, o mais importante seja esse ganho de autonomia do aluno, vista como início de aquisição do conhecimento ou “aprender a aprender”, e que a visão do aluno estivesse expressa a partir de uma concepção imediatista. Para Bakhtin, inclusive:

[...] a língua não se transmite; ela dura e perdura sobre a forma de um processo evolutivo contínuo. Os indivíduos não recebem a língua pronta para ser usada; eles penetram na corrente da comunicação verbal; ou melhor, somente quando mergulham nessa corrente é que sua consciência desperta e começa a operar. [...] Os sujeitos não adquirem sua língua materna; é nela e por meio dela que ocorre o primeiro despertar da consciência[...]”. (BAKHTIN, 1997, p. 107-108).

De forma que possa adaptar-se à Língua Estrangeira e a outros despertares de consciência, como o da própria autonomia na aprendizagem, em função de assimilar quais os propósitos específicos do professor em cada situação particular.

Outros comentários elogiam a metodologia dos professores, mas não especificando em que consiste a mesma, a respeito de P3: muito boa a metodologia de ensino da professora,

onde temos o privilégio de estar aprendendo mais rápido a língua espanhola. Ou com outras

denominações mais específicas, em relação a P2: Excelente Professor com uma abordagem

bem estruturada acerca dos estudos na disciplina!.

5.2.4 POSTURA PROFISSIONAL

Quanto à postura profissional, destaca-se o vínculo das faltas e o uso do tempo para esclarecer dúvidas, basicamente extraclasse, mas observam-se outros posicionamentos dos professores comentados pelos alunos. Alguns desses comentários relativos ao tempo extra mostram-se de forma positiva, por exemplo a P2: Este professor disponibilizou

tempo extra e houve interesse do professor em nos apoiar, até em projetos que não tinham a ver com a disciplina. Da mesma forma que em P5 encontram-se o relato: Bastante dedicada e preocupada com o nosso aprendizado; esteve sempre disposta a nos ajudar tanto em sala de aula quanto fora dela.

Muitas vezes o aluno comenta também reconhecendo o professor, neste caso como exemplo, P1: Ótimo professor, excelente! Além de saber expor bem os conteúdos,

suas aulas são ótimas e ele sabe cativar e aconselhar os alunos, preparando-os para os desafios que ainda enfrentaremos no decorrer de nossa formação; sem dúvida o melhor professor do semestre.

Outras vezes revelam aspectos em um sentido crítico e propositivo de ações que favoreçam mudar certas situações: P1 é um dos melhores professores da UFRN, se não for

o melhor. Porém a disciplina de Expressão Oral não foi bem administrada por ele; ficamos numa deficiência imensa nessa matéria, tendo em vista que só treinamos a expressão oral em um seminário realizado pela turma. É preferível que deixe os alunos sem professores em tal disciplina do que preencher com professores que não são da área, como vocês fizeram com PX e P1.

Outros ressaltam os aspectos negativos, como este, concernente a P4: Ótimo

professor domina o conteúdo e programa, mas não tem tempo disponível para tirar dúvidas dos alunos fora da sala de aula. Às vezes a turma pedia uma aula extra para tirar dúvida e ele nunca podia por ter outros compromissos.

Por sua vez, no que se refere ao comparecimento do professor em sala de aula, os discentes se manifestam, como exemplificado em P1: Faltou bastante às aulas esse

semestre, deixando dessa forma a desejar, como também alguns assuntos que deveriam ter sido apresentados durante a disciplina e não foram. Ou como no caso de P4: Estamos sendo prejudicados, pois o professor participa de muitos congressos e bancas de concursos, faltando um pouco às aulas [...].

Compreende-se que nestes comentários os alunos dialogam preferencialmente com a instituição, alertando sobre o comportamento docente, na tentativa de modificá-lo. O outro (o docente) é passível de ser visto de diferentes formas, de acordo com Duschatsky e Skliar (2001), como alguém que precisa ser tolerado e nem sempre pode ser compreendido. Crê-se que existem outras formas de controlar a pontualidade e assiduidade do professor, similares aos utilizados em outras instituições; assim como, a instituição poderia disponibilizar outros meios de controle que evitem distorcer a avaliação numérica docente. Esses itens, embora de importância na postura ético-profissional do docente, colocam os

discentes em uma posição de controle que desatende a visão maior do que seriam os fatores ético-profissionais dentro do processo de ensino-aprendizagem que o espaço propõe.

5.2.5 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

A área de relacionamento interpessoal destaca-se como um elemento central dentro da dimensão das representações discentes sobre os docentes. Encontramos vários exemplos dessas manifestações nos comentários discentes, conforme apresentados abaixo: P2: um professor amigo; P4: Esse cara é bem chato deveria tratar melhor aos alunos,

ninguém gosta dele na minha sala; P3: uma fofa, mais sempre muito apressada; P8: P8, excelente pessoa fora da sala, mas um tanto infantil na mesma. Esperava mais dela como professora em relação à organização.

Alguns fatores de personalidade ligados ao aspecto “cultural” correlacionam-se significativamente com a “habilidade geral de ensinar”, (HILDEBRAND, WILSON e DIENST, 1971 apud MOREIRA, 1988, p. 84), e inclusive confirmam que os fatores de personalidade explicam mais de 50% da variância na efetividade docente (MURRAY, 1975 apud GARDUÑO, 2000, p. 5).

Em outro sentido, no que diz respeito ao contato entre professor-aluno, considera- se que um bom clima entre eles poderá promover maiores possibilidades de rendimento do aluno acima do nível satisfatório. Deve-se ter em conta que alguns aspectos de personalidade do professor podem afetar altamente o processo. Esses aspectos, principalmente a sensiblidade artística, imaginação e abertura mental se destacavam frente a outros como, franqueza, energia, cordialidade, responsabilidade, organização etc. E estão especificados na pesquisa longitudinal citada por Moreira, (1988), correlacionando-se com a habilidade geral de ensinar do professor (ISAACSON, McKECHIE e MILHOLLAND,1963 apud MOREIRA, 1988). Nesse caso, o aluno responde sobre P6: faz

que a matéria não seja chata, mas sem perder a seriedade do assunto dado.

A escolha do curso de Letras muitas vezes obedece a critérios de acessibilidade ao nível superior, dados pelos baixos argumentos numéricos e expectativas de ingresso em relação a outros cursos tradicionais, ao mesmo tempo em que se mostram, a priori, afastados de questões vocacionais dos alunos. Por isso, opina-se aqui que outro fator que é passível de influir na avaliação docente é o curso, mais precisamente a sua escolha, as suas disciplinas e o seu nível. Entra-se de acordo com Moreira (1988 p. 81) na apreciação de que existe uma

queixa dos professores sobre os alunos que tendem a avaliar mais favoravelmente quando acreditam que o curso/disciplina seja particularmente importante para eles; se as disciplinas são obrigatórias ou optativas ou se elas pertencem ao departamento ou curso.

Notam-se nesse sentido alguns comentários de alunos de outros cursos que têm a disciplina Língua Espanhola como obrigatória do seu curso. Assim recolhemos a respeito de P8: Como foi discutido num fórum aberto do curso de Turismo, as disciplinas de Língua

Espanhola I e Língua Espanhola II deixam muito a desejar. Praticamente não existe evolução quanto ao aprendizado da língua. E isto é uma realidade que também existe nas disciplinas de Língua Inglesa, as quais também são obrigatórias. Faz-se necessário a revisão da metodologia aplicada e objetivar o que é realmente serem vistos, já que a disciplina é ministrada em tão pouco tempo.

Também apontando ao que deveria ser ministrado na disciplina Espanhol Aplicado ao Turismo II [...] como também alguns assuntos que deveriam ter sido

apresentados durante a disciplina e não foram. Como, por exemplo, conversação e gramática. Inclusive, revelando sensações a respeito da disciplina Língua Espanhola I: Muito boa a metodologia de ensino da professora, onde temos o privilégio de estar aprendendo mais rápido a língua espanhola.

De maneira que, sem pretender esgotar todas as possibilidades de análise, suponha-se ter exposto uma concreta caracterização do profissional docente de espanhol da UFRN. Sugere-se encontrar as vozes discentes, registradas até aqui, com as vozes docentes motivadas e surgidas a partir da interação em sala e na leitura desses comentários, continuando o diálogo iniciado anteriormente.

5.3 ALGUMAS CONCLUSÕES

Os comentários discentes denotaram natureza bastante variada, porém focalizam centralmente questões consoantes à metodologia, ou formas de dar aula propostas pelo professor, e disponibilidade de atendimento extraclasse. Os comentários podem ser positivos, negativos, críticos, propositivos e/ou informativos. Eles respondem a sensações, pensamentos, impressões ou vontades que os alunos puderam reter na sua memória até o momento inicial do próximo semestre, quando obrigatoriamente tenham que fazer uso do instrumento.

Os comentários a respeito dos professores demonstram um caráter naturalmente constitutivo das possíveis imagens de quem seja o docente, mas observa-se que estão intimamente ligados aos valores numéricos representativos do desempenho docente sugerido

pelo conjunto do instrumento avaliativo institucional. De modo que se capta uma complementariedade constitutiva entre as notas dadas aos docentes e os comentários veiculados adicionalmente.

Nessa dinâmica avaliativa, veiculada pela instituição universitária, é possível ver, na leitura completa das avaliações numéricas, que existem discentes que dão nota máxima, ou pelo contrário, muito baixa a todos os itens da dimensão Um (anexo A). Isto expõe, em linhas gerais, que o discente assume um menor tempo de reflexão sobre o que o instrumento propõe, e em um momento afastado das interações em sala. Ou talvez obedeça a outras afetações que identificam tais ações, por exemplo, empatia ou antipatia geradas pelas características particulares do docente, ou no esforço dispensado em atendimento extraclasse em grupos numerosos de estudantes.

A pesquisa realizada por Gonzalez Such et al (1994) aponta que existe uma “avaliação como castigo” (Ibid, p.294), interferindo na fiabilidade e validade das avaliações negativas em relação à colocação de notas no que diz respeito à assistência a classe, pontualidade e ao atendimento ao estudante quando estes não acontecem. Este é um dos temas que os comentários prioritariamente abordam, fazendo-se pensar que podem existir condutas avaliativas motivadas por fatores outros, dentre eles os afetivos e de relacionamento interpessoal, que interfiram nas avaliações.

Além destes, outros aspectos podem, igualmente, atingir as avaliações e merecem ser destacados. São eles, o tamanho das turmas e a nota que os alunos receberam pelo aproveitamento acadêmico nas disciplinas que cursaram anteriormente à avaliação docente. No primeiro aspecto, é reconhecida uma influência moderada do tamanho do grupo, como atestam os estudos de Feldman (1984) e Shingles, (1977), e que pode ser observado na tabela II (Apêndice quatro), diferenciando turmas com 5 (cinco) alunos e outras com mais de 50 (cinquenta), afetando substancialmente a maneira de ensinar uma Língua Estrangeira e provavelmente a forma como o professor é visto por seus alunos, no esforço particular dispensado a eles.

A nota é um fator tido pelos professores como elemento a ser contemplado de forma mais atenta. Este é um aspecto um tanto controverso, dado que existem estudos que apontam influências tanto positiva quanto negativas deste fator na avaliação docente. Segundo Moreira (1988 p.74), concordante com conversas informais entre colegas professores e inclusive dentre alguns dos respondentes às entrevistas desta pesquisa, as notas variaram em função de ser atribuídas antes ou depois das provas. Isto implica que a avaliação pode atuar como resposta satisfatória ou insatisfatória ao aproveitamento, bom, ruim, consciente ou

inconsciente do aluno, sendo o professor corresponsável por isso. Como na situação excepcional manifestada por P7: [...] Eu tive um caso, por exemplo, de um aluno que colocou

todas as avaliações zero e aí depois os próprios alunos vieram conversar comigo e disseram que isso tinha sido uma questão pessoal; que isso não representava a opinião da turma porque tinha sido uma questão pessoal; que esse aluno tinha ficado chateado pela forma como... pela nota que tinha recebido em um seminário e que por conta disso ele teria tentado se vingar, entre aspas de mim, e que tentou inclusive induzir alguns colegas. [...].

Moreno (2004 p. 13) também aponta que a nota dada pelo professor é um dos fatores que influem na avaliação do docente pelo discente. Nesse interim, exibe em seus estudos, na Universidade Autônoma de Cali, que as respostas dos estudantes aos questionários em dita universidade expressaram como maior fator influente no desempenho docente a claridade expositiva do professor, junto a outros fatores, como a justiça com a qual qualifica seus estudantes, ou seja que, uma nota injusta dada ao aluno representaria uma valoração negativa sobre seu o desempenho.

Outros autores vão de encontro a essa opinião, atestando que os estudantes avaliam de forma independente das notas atribuídas em avaliações acadêmicas (BENDIG, 1952; RUSSELL e BENDIG, 1953; VOECKS e FRENCH). Neste trabalho não foi encontrado dados contundentes que manifestem a influência das notas dadas aos alunos como condicionantes das notas por eles aplicadas aos professores, portanto, a partir da controvérsia existente, recomenda-se uma renovação das pesquisas sobre os fatores que influenciam a avaliação do docente em geral e especificamente neste tema.

Outro elemento que surge dos dados e que se quer explicitar tem a ver com o vínculo entre a quantidade de comentários discentes e a quantidade de alunos da amostra. A partir da quantidade de alunos por turma, observa-se que foram inventariados 2721 alunos em 116 turmas no transcurso de sete semestres, contabilizando 208 comentários discentes. O que corresponde a uma participação optativa calculada em 7,64% de todos os possíveis comentaristas. Pessoalmente, este é um número pouco significativo, dentro de um contexto com muito potencial, tratando-se de uma licenciatura, onde os processos reflexivos ocupam ou deveriam ocupar espaços temporais e curriculares mais amplos, dando margem a um aperfeiçoamento das ações docentes na construção de uma identidade profissional e um melhoramento das ações educativas.

5.4 AS VOZES DOCENTES

Na avaliação docente realizada na UFRN, os professores têm a possibilidade de exteriorizarem sobre sua própria atuação, exercendo uma autoavaliação através do mesmo SIGAA. Neste contexto, o que interessa particularmente saber é de que maneira os professores entendem os comentários a seu respeito, feitos pelos discentes e se, e de que forma, isso pode ou não contribuir para uma transformação de sua práxis. Para esse propósito efetivaram-se entrevistas semiestruturadas que objetivaram emergir algumas respostas consoantes a isto.

As entrevistas foram realizadas em diferentes momentos e de forma individual com cada professor-colaborador. O instrumento a ser utilizado lhes foi disponibilizado previamente para sua melhor consideração e entendimento via correio eletrônico. A entrevista, por sua vez, foi agendada em horário e lugar escolhido pelo entrevistado. Nos encontros, iniciaram-se conversas que deram espaço para descontrair os participantes. As conversações deram lugar às entrevistas propriamente ditas, guiadas pelo instrumento elaborado, que foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas.

A entrevista está dividida em duas partes: a primeira parte objetiva saber se o sistema de avaliação docente era conhecido pelo docente e se esta era lida semestralmente por eles. As respostas limitavam-se a confirmações afirmativas ou negativas. A segunda parte está composta por 5 (cinco) perguntas, a saber. Pergunta 1: O/a senhor/a considera que o resultado dessas avaliações permitem uma reflexão acerca da prática profissional do professor? Pergunta 2: A avaliação da docência possibilitou algum tipo de mudança em sua prática profissional? Se sim, de que tipo? Pergunta 3: Os resultados dessas avaliações modificaram a