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2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL

3.6 Mercado Bancário

3.6.2 OS “Cs” DO CRÉDITO

A análise da concessão de crédito é baseada em critérios cujas literaturas especializadas em administração financeira recomendam que são diretrizes tradicionais e subjetivas, conhecidas como os 5 “C’s” do crédito. Isto se dá para a

real definição da capacidade de crédito dos clientes solicitantes, sendo eles: o caráter, capacidade, o capital, o colateral e as condições.

De acordo com Gitman (2002), o caráter é definido como sendo o histórico do solicitante ao crédito quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os dados históricos de pagamentos e quaisquer causas judiciais pendentes ou concluídas contra o cliente seriam utilizados na avaliação do seu caráter.

Para Droms e Procianoy (2002), o caráter se refere à integridade moral do solicitante do crédito e se o mesmo está disposto a dar o seu melhor empenho para honrar o compromisso assumido. Especialistas em crédito enfatizam que o caráter do solicitante é uma das mais importantes preocupações ao se tomar uma decisão de concessão de crédito.

Hoji (1999) afirma que o caráter é o item mais importante na análise de crédito. A avaliação do caráter do cliente, apesar do elevado grau de subjetividade, por se referir a aspectos morais e éticos é de suma importância já que é esta análise que vai determinar aspectos como a integridade ética ou honestidade para saldar compromissos financeiros.

O levantamento de dados históricos pode contribuir para avaliação do caráter. Se o caráter do cliente não for aceitável, os outros itens da análise estarão bastante prejudicados. O caráter é o principal fator para a decisão e concessão do crédito, sendo também um dos mais difíceis de ser analisado.

Vale ressaltar que não há taxas de juros ou garantias que compensem o risco de efetuar empréstimos às pessoas, reconhecidamente, desonestas. Analisando comportamentos evidenciados na vida pessoal e profissional, busca-se avaliar a imagem que o cliente desfruta junto às pessoas com as quais convive ou negocia.

Gitman (2002) define capacidade como sendo o potencial do cliente para liquidar o crédito solicitado. É comum a utilização de análises dos demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez e de endividamento para avaliar a capacidade do solicitante de crédito.

Droms e Procianoy (2002) relatam que a capacidade de pagamento se refere à capacidade financeira da empresa ou indivíduo solicitante de cumprir os requeridos prazos e valores de crédito solicitado. Mesmo as melhores intenções não podem compensar à ausência da capacidade financeira.

Lemes Júnior, et.al. (2002) definem que a capacidade considera se os ganhos ou o desempenho operacional e financeiro do cliente irão possibilitar a geração de recursos para realizar o pagamento do compromisso pretendido. No caso de pessoas jurídicas, os demonstrativos financeiros são extremamente úteis para o cálculo dos índices de liquidez e do endividamento. Já para a análise de pessoas físicas são também importantes as comprovações de rendimentos e compromissos assumidos.

Segundo Hoji (1999), só a determinação de pagar, ou seja, o caráter, não será válido se o cliente não possuir a capacidade de saldar seus compromissos financeiros.

O capital refere-se ao comprometimento do patrimônio líquido com valores exigíveis da empresa e respectivos índices de lucratividade. Para as pessoas físicas, a existência de comprometimento de seus ganhos, como prestações mensais, aluguéis, consórcios etc., pode mostrar insuficiência de recursos para pagamento do crédito pretendido (LEMES JÚNIOR, et.al., 2002).

Droms e Procianoy (2002) conceituam o colateral como uma garantia, que pode ser oferecida pelo solicitante do crédito. Já Lemes Junior, et.al. (2002), afirmam que o colateral leva em conta o que o cliente pode oferecer como garantia, real ou não, do crédito, se possui bens e outros recursos disponíveis para cobrir o valor exigido pela transação.

As garantias constituem um complemento à operação de crédito, levando em consideração, primeiramente, o caráter do cliente e a capacidade de pagamento do próprio negócio. As garantias geram maior comprometimento com a operação, mas não pagam o crédito. São importantes fatores de pressão em caso de atraso de pagamento, uma vez que o cliente também está correndo risco de perder algo.

Gitman (2002) descreve condições como sendo as categorias econômicas e empresariais vigentes, assim como circunstâncias particulares que possam interferir em qualquer das partes envolvidas na negociação.

As condições avaliam o grau de exposição aos possíveis efeitos de ocorrências externas sobre a capacidade do cliente para pagar suas dívidas, como por exemplo, influências de variação no nível da atividade econômica, agressividade da concorrência etc. No caso de pessoa física é importante considerar como os

ganhos estão condicionados às variações da atividade econômica, nível de emprego, estabilidade no emprego, etc. (LEMES JUNIOR, et.al., 2002).

De acordo com BLATT (1999, p. 48), ainda temos, os C’s modernos do crédito que são: o conglomerado, a consistência, a comunicação e o controle, além dos 3 novos C’s que se referem a concorrência, custos e caixa.

O conglomerado diz respeito à análise financeira de controladas, controladoras, coligadas e interligadas. Para que seja possível fazer uma análise mais apurada com relação ao pleiteante do crédito, a empresa deve ser analisada no âmbito do grupo de empresas que a contenha. No caso de pessoas físicas, o conglomerado inclui uma análise de crédito do grupo familiar, considerando-se o cônjuge e demais familiares dependentes ou não (BLATT, 1999).

Ainda de acordo com o autor a consistência faz menção à escolha e o gerenciamento do alvo de mercado, ou seja, a escolha do alvo correto, que, de fato, depende da política do credor, da conjuntura econômica, da estrutura do cliente etc. Enquanto Comunicação faz jus à correta e ágil obtenção e análise de informações cadastrais, estruturais, contábeis e econômico-financeiras do pleiteante do crédito. (BLATT, 1999)

Já o controle refere-se ao acompanhamento, gerenciamento e administração do crédito concedido, tendo em vista que todo crédito gera uma obrigação a ser cumprida em determinado prazo, e que, neste prazo, a situação geral do cliente pode se alterar. Detectar problemas logo em seu início no que se diz respeito ao crédito concedido pode vir a ser o caminho para evitar que determinado crédito se torne problemático (BLATT, 1999).

No aspecto concorrência, o cliente deve ter os produtos corretos para o mercado adequado ou não resistirá aos rigores da concorrência no curto prazo. Deve estar apto a competir no calendário, no serviço, na qualidade e, em alguns casos, na tecnologia. É preciso que o credor conheça a natureza e o nível da competição a que estão sujeitos cada um de seus clientes (BLATT, 1999).

Já no que tange à questão dos custos, o solicitante deve possuir uma boa gestão de custos, do contrário, poderá sofrer um significativo ataque em suas receitas. São notórios os casos de empresas que faliram por ter o seu proprietário priorizado somente as receitas deixando para segundo plano a respectiva administração e controle de custos (BLATT, 1999).

Referente ao caixa pode-se dizer que geração de caixa é uma medida da viabilidade de uma empresa. As fontes de caixa devem ter capacidade de suportar o gasto de capital, os dividendos e as variações no capital circulante. Sob risco de o saldo de tesouraria do cliente ficar comprometido. Para fins de concessão de crédito, é muito mais importante saber se o cliente gera caixa, e qual a qualidade e consistência deste caixa do que saber se ele gera lucro ou prejuízo (BLATT, 1999).

Tais critérios para concessão podem ser aplicados nos mais diversos tipos de crédito. Alguns critérios, inclusive, recomendam que sejam aplicados em qualquer concessão de crédito realizada, enquanto outros, dependendo do caso, podem ficar a critério de quem concede.

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