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Os executivos coreanos em São Paulo e a sua sociabilidade

CAPÍTULO 3. REFLEXÕES SOBRE A INSERÇÃO DO EXPATRIADO

3.2 Os executivos coreanos em São Paulo e a sua sociabilidade

Os dados de setor de RH das empresas multinacionais coreanas são exclusivas, portanto não se sabe quantos executivos coreanos estão em São Paulo. Além de ser exclusiva, devido a permanência temporária e transição de expatriados que dilata em 2 a 5 anos, levando em consideração que cada expatriado vem em períodos diferentes, é portanto, complexo conhecer o

62 A Domingues e Pinho Contadores presta assessoria trabalhista e tributária a empresas e expatriados no cumprimento de suas obrigações fiscais, com a análise prévia de cada caso e verificação de aplicabilidade de acordos internacionais a fim de evitar penalidades e bitributação.

número exato de expatriados de negócios de origem coreana. Desta forma, expõe-se as singularidade do executivo coreano analisando as informações de entrevista com aqueles, juntamente com o levantamento de natureza bibliográfica, documental, notícias e dados numéricos do referencial teórico sobre os temas envolvidos, mediante das reflexões sobre a alteridade e identidade.

3.2.1 Perfil do executivo coreano e os motivos que levaram a migrar para o Brasil

A) Salários e benefícios atrativos

As empresas coreanas são preocupadas com como lidar com salários, benefícios sociais, aposentadorias e quatro apólices de seguro ao enviar expatriados para o exterior. Não existem sistemas que possam gerenciar sistematicamente os salários, de modo que os salários e os custo de subsídios dos expatriados são muito diferentes para cada empresa. No entanto, os salários dos expatriados são 1,5 vezes mais altos que os dos trabalhadores nacionais. As grandes empresas Samsung, Hyundai e LG são conhecidas pelo alto nível de satisfação dos expatriados, pois estão bem equipadas com sistemas de avaliação e compensação, em comparação com empresas de pequeno e médio porte (PARK e HAN, 2014, p.165).

A outra maneira de determinar os salários dos expatriados é considerar a classificação do país e o nível de cargo do empregado. Os países receptores são classificados segundo o desenvolvimento econômico, a qualidade de vida e segurança, e o critério de quem ser transferido para qual país é decidido pelo seu ano da empresa (mínimo de 2 anos completos), desempenho (que reflete no seu cargo) e é transferido a partir do cargo de gerente junior. Assim, o sistema meritocrático resume em quanto maior for o cargo, melhor chance de ser transferido para o país melhor classificado, e porventura maior o subsídio (tabela 4).

Tabela 4- Subsídio de trabalho no exterior mensal em US$ Classificação Cargo nível

1 Cargo nível 2 Cargo nível 3 Cargo nível 4 e abaixo 1º País 3,626 3,145 2,881 2,617 3,120 2,706 2,479 2,252 2,407 2,088 1,913 1,737

Fonte: segundo dados extraídos PARK e HAN, 2014, p. 171

Como a melhoria da satisfação do funcionário eventualmente leva à melhoria do comprometimento organizacional, lealdade e desempenho gerencial, o cálculo salarial e o sistema previdenciário que podem compensar a vida dos residentes no exterior são um dos fatores mais atraentes para os executivos coreanos aceitarem o acordo de transferência para fora.

Além do salário alto, os benefícios desde despesas domésticas, educação dos filhos, seguro de vida, planos de saúde, despesas de imigração (mudança, passagens aéreas, emissão de documentos) e apoio a moradia são outros fator atrativo para aquele. Conforme as afirmações de Kim e Park que resolveram migrar para o Brasil devido a benefícios e a alta renumeração do trabalho.

“(Eu) aceitei por conta do alto salário e experiência.” (Park, coreano, 32 anos, gerente em Hyundai Motor, chegou a São Paulo em 2016).

“Um dos motivos decisivo foi a educação dos filhos, (a empresa) cobre todo o custo. A escola internacional vai abrir muitos caminhos para o futuro do meu filho.” (Kim, coreana, 42 anos, esposa de executivo coreano da LG, es profissional liberal, dona de casa, chegou a São Paulo no ínicio do ano de 2019).

Todos os filhos dos executivos entrevistados estão matriculados nas escolas internacionais ou bílingues. A nova possibilidade de viver “burguesmente” em regime salarial resultou também o aumento no poder aquisitivo dessas frações - sobretudo a partir dos anos 60 - das chances de escolarização de seus filhos no ensino secundário, e se esforçam para manter para próximas gerações escolarizadas, o nível econômico de vida, e o estilo de vida dos seus pais (BOLTANSKI E CHIAPELLO, 2009, p.25 a 26). Posto isto, não é por acaso a expansão de escolas bilíngues e internacionais na cidade, o lugar de residência do novo burguês - o executivo, engenheiro, médico, segundo os autores acima.

O mundo global trouxe também uma tendência educacional de bilinguismo nas cidades. No Brasil, de acordo com o censo escolar de 2017 do MEC63, o país tem cerca de 40 mil escolas privadas, 21% das 184,1 mil unidades brasileiras. A Abebi64 estima que, no máximo, 3% dessas escolas particulares (1,2 mil) tenham hoje algum ensino bilíngue. Ainda segundo o censo, cerca de nove milhões — ou 18,4% dos 48,6 milhões de estudantes do infantil e fundamental — estão matriculados em escolas particulares, e estima que entre 3% e 4% desse total, algo entre 270 mil e 360 mil estudantes, estudem hoje em unidades bilíngues no Brasil. Nessa conta não foi incluída a parcela de estudantes privados entre os 7,9 milhões de alunos do ensino médio brasileiro.

As parcerias para a transformação de escolas convencionais em bilíngues encontram pista livre num cenário formado pela mistura de efeitos da globalização com peculiaridades do país. E, através das entrevistas, ficou conhecido que os filhos dos executivos coreanos estão matriculados em escolas bilíngues ou internacionais. Esta relação e a expansão de escola bilíngues na cidade é esclarecido ao pensar no surgimento da figura de burguês do mundo contemporâneo - os engenheiros, médicos e os executivos.

Além da educação, o viver “burguesmente” em regime salarial é refletido na escolha dos bairros de residência dos executivos coreanos: Panamby, Brooklin, Vila Suzana (em específico o Condomínio Portal do Morumbi). Nestes bairros, há imóveis e condomínio fechados de alto padrão envolvendo um custo

63 Referencial tirado na revista educação, disponível em https://www.revistaeducacao.com.br/expansao-das-escolas-bilingues-no-brasil/

de aquisição bastante alto. Um apartamento de luxo contém características únicas que se destacam no mercado imobiliário tais como melhores localizações, acabamento de alto padrão, planta inteligente, assinatura de um arquiteto de, ótima área de lazer, alto padrão de segurança, infraestrutura de serviços, tecnologia avançado no apartamento, isolamento acústico e outros empreendimentos de privacidade, segundo a construtora de imóveis residenciais sediada no estado de São Paulo - CYRELA65. Essas propriedades privadas para uso coletivo - os ‘enclaves fortificados’ termo dado por Caldeira, ao mesmo tempo que enfatiza o valor privado, desvaloriza o que é público e aberto na cidade. Aliás, o medo e o sentimento de não estar seguros nos locais que não são fisicamente demarcados e isolados por muros, controlados por guardas armados e sistema e segurança limitam os lugares que as mulheres frequentam aos shoppings centers, clubes de golf e o espaço de lazer do condomínio. Desta forma, os condomínios fechados são vistos como espaços segregadores que impõem regras de inclusão e exclusão (Caldeira, 2000, p.258).

Uma descoberta interessante durante a pesquisa foi que entre as infraestruturas de serviços existentes no Condomínio Portal do Morumbi, é a entrega de produtos de mercearia coreana OTUGUI66 duas vezes ao mês para atender os moradores coreanos. Esta oferta de serviço que facilitam o dia a dia do coreano, pois muitos deles não falam português e as mulheres que são responsáveis pelo trabalho doméstico, muitas delas dependem do marido para deslocarem. Um episódio adicional que evidencia como o não conhecimento da língua do país que reside limita a locomoção de muitas esposas dos executivos.

Kim, recém-chegada no Brasil, depois de almoçar em um restaurante coreano, no qual eu trabalho, fez a amiga (também esposa de um expatriado coreano) pedir um Uber67 para voltar pra casa. A amiga já havia ido embora junto com outra colega e a Kim ficou sozinha e esperando o motorista do Uber. Ao perceber que algo deu de errado, pois esperou por mais tempo do que foi

65 Disponível em https://blog.cyrela.com.br/caracteristicas-essenciais-que-todo-apartamento-de-luxo-deve-ter/

66 O Otugui é o maior supermercado coreano em São Paulo no bairro de Bom Retiro. Eles são os maiores importadores e distribuidores de produtos sul-coreanos no país e o supermercado conta com mais de mil produtos coreanos.

67 Empresa multinacional americana, prestadora de serviços eletrônicos na área do transporte privado urbano, através de um aplicativo de transporte que permite a busca por motoristas baseada na localização

prevista pelo aplicativo, e pediu ajuda a mim. Quando o carro chegou, ao perceber que era uma corrida de Uber juntos68, pedi para cancelar ao motorista e pedi uma corrida privado via o aplicativo do meu celular.

Este episódio traz uma reflexão da sociabilidade destas mulheres coreanas que é cerceado pela dificuldade da língua, o medo de deslocar sozinha como expressou a Kim leva a dependência do cônjuge na sua mobilidade na cidade e ainda, as facilidades que elas encontram dentro do condomínio ocasiona a um motivo a menos para sair fora do condomínio. Incrementa a reflexão com o conceito do imaginário social de Appadurai (1996) para compreender a mobilização das donas de casas do condomínio fechado de Panamby. Elas compartilham uma carência coletiva de consumir produtos e comidas coreanas e então, construíram um sistema de rede de serviços personalizado com a mercearia coreana beneficiando a comunidade coreana do condomínio. A rede de ajuda mútua estende a compartilhamento do mesmo professor de reforço para os filhos a o uso da mesma faxineira, porém ela também é dividida. Um fator curioso que foi desvendado é que o ciclo de amizade das mulheres dos executivos é o mesmo do seu cônjuge. E além disso, a hierarquia dos executivos perpassam para as mulheres criando redes de relações de hierarquia entre as esposas e que também são separadas por grupos dividas e afetadas pelas fofocas, criando divisão dentro de própria comunidade dos expatriados coreanos em condomínio fechado.

B) Escolaridade

O executivo de negócio é um trabalhador qualificado, com alto nível de escolaridade. Para ingressar nas grandes multinacionais, é preciso no mínimo ser formado nas três universidades mais prestigiadas e concorridas da Coreia do Sul, também conhecido como o trio SKY: Universidade Nacional de Seoul, Universidade da Coreia e Universidade Yonsei. Um dos critérios para ser transferido ao exterior é conhecimento das línguas, inglês é básico e ter

68 O Uber Juntos surgiu com o objetivo de economizar tempo e dinheiro ao combinar o caminho dos passageiros com a rota do motorista. A modalidade reúne diferentes passageiros dentro do mesmo carro para realizar viagens que percorrerão o mesmo trajeto e nem sempre deixa no destino.

conhecimento da língua do país receptor é ideal. A idade média segundo os 12 entrevistados é 39 anos, entrevistados com idade entre 33 a 46. Todos casados com filhos. O grupo de expatriado auto iniciados (os próprios indivíduos organizam um contrato para trabalhar no exterior) é mais jovem, tem a idade média de 31 anos, entre 26 a 39 anos. Temos que levar em consideração que os homens sul-coreanos devem completar 21 meses de serviço militar entre a formatura do ensino médio e os 35 anos de idade, portanto a grande parte dos jovens começam a carreira profissional a partir 27 anos de idade.

Os expatriados sul-coreanos entrevistados têm o ensino superior completo, e alguns com título de mestre ou MBA. Todos eles, falam no mínimo de duas línguas: inglês e sua língua nativa. Um dos 12 coreanos entrevistados sabe falar português, pois aprendeu durante a época de faculdade por sua formação ser em Estudos de Ámerica Latina, este executivo é poliglota que fala coreano, chinês, inglês, espanhol e português. Quanto as 4 esposas entrevistadas, elas também têm o ensino superior completo, e todas deixaram o emprego na Coreia para vir ao Brasil. Uma entre elas, teve que deixar um emprego vitalício para acompanhar o seu marido e pela união da família.

“Já ficamos 2 anos separados, meu marido transitava entre Chile, Brasil e Coreia. Meu filho de 8 anos sentia muita falta do pai.” (Su, coreana, 34 anos, esposa de executivo coreano, ex- funcionária pública, dona de casa, chegou a São Paulo em Fevereiro de 2019).

Em comparação ao executivo designado quem faz o plano de carreira na mesma empresa, a maioria dos expatriados auto-iniciados tem experiências em empresas diferentes. Três reflexões sobre a lealdade do coreano na empresa são: 1) As multinaicionais Samsung, Hyundai Motors e LG são as maiores empresas da Coreia do Sul com vagas mais concorridos, portanto desligar de uma seria só se for para uma empresa concorrente com melhores benefícios. 2) A expatriação das multinacionais é o meio a ser promovido ao voltar para Coreia ou transferido para outro país com promoção de cargo. Desta forma, ao subir de cargo, aumenta também a responsabilidade e a sua credibilidade. 3) Nas empresas coreanas existem estruturas de rede social que são frequentemente

os mecanismos reais de poder interno. Essas estruturas dependem de uma teia complexa de relacionamentos e lealdades pessoais e podem ser difíceis de ver ou entender, mas que existem.

3.2.2 O expatriado e a sua família

Os coreanos são muito orientados para a família. Os membros da família são muito leais uns aos outros e dedicados a manter o seu núcleo, característica das sociedades coletivistas. Portanto, o ato de um indivíduo pode afetar a percepção de toda a família.

Tradicionalmente, as hierarquias familiares coreanas eram definidas pela organização confucionista de relacionamentos, que enfatizava a autoridade patriarcal. Sob esse modelo de família, um marido / pai deveria demonstrar domínio e bondade a sua esposa em troca de obediência e amor. Da mesma forma, ele iria mostrar orientação e proteção para seus filhos e receber respeito e obediência. Muitas famílias o apoiariam como o tomador final de decisões (Hahm 1982).

O objetivo final da maioria dos pais é ver seu filho ser mais educado, no sentido escolarizado, e próspero do que eles. Como tal, a maioria dos pais coreanos é totalmente dedicada ao sucesso de seus filhos. Isso não é diferente com os pais expatriados, inclusive a educação dos filhos é um motivos para migrar ao outro país pois, uma vez expatriado, benefício de escolas dos filhos é garantido. Aqui em São Paulo, os filhos dos expatriados são matriculados nas melhores escolas privadas internacionais, que tem uma mensalidade alta de 8 a 10 mil reais. Além da escola, as mães coreanas contratam professor de reforço ou investem em outras áreas tais de esporte, arte e música. Uma mãe expressou na entrevista,

“Eu preparo meu filho de tal maneira que quando meu marido for transferido para ouro país, ele esteja preparado e sofra menos com adaptação.” (LEE, 33 anos, formada em direito, chegou a São Paulo em 2018)

Assim, pela característica de um expatriado que está condicionada a mudança de país segudo a necessidade da empresa, tem cabimento o porquê de todos os filhos dos expatriados estarem estudando nas escolas internacionais.

Isso muitas vezes é expresso de uma forma que coloca expectativas pesadas sobre a criança para se sobressair para alcançar as aspirações de seus pais. Muitos jovens coreanos sofrem imensa pressão em sua educação e carreira. Segundo os valores confucionistas, a idade define a antiguidade no lar e sobrepõe-se à virtude ou mérito pessoal de uma pessoa. Os anciãos devem ser honrados por sua sabedoria de acordo com a piedade filial e cuidados pela família. A geração mais jovem começou a rejeitar essas convenções, causando problemas em alguns lares coreanos, onde a geração mais velha espera que o respeito e a obediência sejam mostrados de acordo com a idade - a maneira tradicional (Hahm 1982).

No entanto, a família dos expatriados sul coreanos ainda aderem aos valores familiares tradicionais. Por exemplo, muitos adoram seus ancestrais várias vezes por ano em cerimônias que reverenciam suas três gerações anteriores (pais, avós e bisavós). Mesmo que não faça a preparação como faria na Coreia junto com familiares, poucas esposas dos expatriados ainda praticam nas suas casas no país estrangeiro.

Um outro aspecto da família coreana é quando deparamos com a situação difícil de regularizar a sua situação como trabalhador estrangeiro. O coreano se encontra na dificuldade em regularização da sua representatividade na sociedade devido a burocracia.

“Para resolver problema de documentos é difícil, pois além da barreira da língua, os tramites tem que ser feito tudo por meio de advogados que tem que ir para muitos lugares, a Polícia Federal, tem o Ministério da Justiça. É muita burocracia.” (Mun, coreano, 36 anos, diretor geral da américa latina, chegou a São Paulo em 2018).

Este expatriado está há 5 meses esperando para receber o documento de RNM (Registro Nacional Migratório) desde da entrega de documentos necessários. Isto o impediu de trazer a sua família para o Brasil no devido tempo,

pois sem o RNM não consegue alugar uma casa, abrir uma empresa, e outras coisas que requerem um registro nacional. Também dificultou a matrícula do filho na escola e teve que entregar diversos outros documentos para comprovar a sua situação de expatriado, e toda vez que transitava para a empresa filial no Chile precisava levar documentações para comprovar e justificar a sua situação. A esposa e o filho de Mun residem no Brasil com o visto de turismo.

Essa situação de vulnerabilidade coloca o executivo e a sua família em situação de risco, e outro fator que compõe a demora é o sistema online de autorização de trabalho e residência. Somente por ele é possível fazer a requisição, e ainda de posse de uma certificação digital que são procedimentos custosos. Ainda, com a nova Lei de Migração aprovada em maio do ano passado, a política imigratória passou a ser responsabilidade de três órgãos: ao Ministério da Justiça; a Polícia Federal e o Conselho Nacional de Imigração, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego. Este último ficou com a responsabilidade de políticas e análise de processos relativas à ocupação de vagas por imigrantes e refugiados, que por sua vez foi erradicado no atual governo. Assim, com a lei nova, todas as funções ligada a política de emprego passou para o Ministério da Justiça.

Todos esses fatores compõem o estágio de risco social, ou seja, quando o indivíduo deixa de ter condições de usufruir dos mesmos direitos e deveres dos outros cidadãos, devido ao desequilíbrio socioeconômico e político instaurado.

3.3.3 Trajeto dos executivos não coreanos

Quanto aos expatriados não coreanos (de origem holadesa, francesa, indiana, japonesa, filipina e chinesa), existem dois tipos: o auto-iniciados e designados. Em relação a escolaridade, há aqueles com bacharel incompleto e cursos técnicos de curta duração e outros com até título de mestre.

O expatriado designado de origem japonesa chegou a São Paulo em 2017 pelo banco MUFG, e já é 4 transferência e 3º país. Realizou dois exames, um

teórico e outro prático para a vaga no exterior e como diz o próprio “sobreviver”. Apesar de um processo árduo e cansativo, aos 25 anos foi transferido para EUA e a cada 2 a 3 anos ele é transferido. Shorei pôde estudar em escola americana em Tokyo e terminar os estudos no exterior, em Boston. Ele é outro exemplo do tal ‘novo burguês’ de acordo com Boltanki pois seu pai quem era um empresário no Japão, condicionou estudos internacionais para ele e sua irmã, portanto a língua e os estudos no exterior foram elementos primordiais para Shorei conseguir a vaga no quinto maior grupo financeiro do mundo.

Outro expatriado designado - Jason, filipino de 39 anos. Migrou com sua família aos EUA com 3 anos de idade e hoje é um cidadão americano. Ele fez um plano de carreira em uma empresa farmaceutica americana (10 anos de empresa) e hoje é administrador geral da Ámerica Latina. Devido a isso, apesar de residir em São Paulo, na região de jardins, sempre está transitando entre os países da Ámerica Latina e EUA. Desde 2012 ele é um expatriado de negócios e diz “o mundo é a minha casa” pois é transferido segundo a necessidade da empresa.

Os dois executivos acima têm descendência de origem oriental e se identificam bastante com a cultura americana. Shorei, apesar de ser japonês, esteve em contato com os americanos desde pequeno (seus professores e muitos colegas eram americanos e de outras nacionalidades) ao estudar em uma escola americana no Japão. Morou 5 anos em Boston e se assimilou com a cultura ocidental. Jason por sua vez, nasceu em Filipinas e imigrou cedo para Califórnia. Ambos são fluentes em inglês; é a língua com qual conversam com seus amigos e que usam no trabalho, e lêem livros e notícias. Percebe-se, aqui, a situação do imigrante que permanece indeciso sobre qual matriz cultural mais o representa. A vida destes dois jovens é um processo contínuo de hibridismo