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OS FILHOS DIANTE DA SEPARAÇÃO DOS PAIS

No documento Revista (páginas 78-82)

DE SUA APLICAÇÃO

5. OS FILHOS DIANTE DA SEPARAÇÃO DOS PAIS

Consideramos importante tecer algumas considerações sobre os filhos diante da separação dos pais.

Para Waldemar (1996), as reações da criança no processo de separação dos pais dependem da idade, do temperamento e da capacidade de lidar com a tensão, bem como do clima pré-separação entre os genitores, sendo que, quanto mais crônico o conflito marital, mais problemáticos são os filhos, os quais não abandonam a ideia de fazer com que os pais se reconciliem; sentem-se desamparados e sem controle sobre suas vidas, sentem-se abandonados por um dos genitores, magoados e tristes, especialmente na idade escolar.

De acordo com Guisard Filho (2014) a cooperação entre os pais, não expondo os filhos aos conflitos, auxilia na minimização dos desajustes e da probabilidade de desenvolverem problemas emocionais, escolares e sociais.

César-Ferreira (2007) explica que, na constituição de novas famílias, a criança precisa saber que pertence às duas famílias, não devendo ser considerada como hóspede ao frequentar a casa de um dos genitores, sendo necessário também que os pais ajudem os filhos na dissolução das culpas existentes e assim evitem conflitos de lealdade. Portanto, é fundamental que os pais tentem a negociação frente aos desentendimentos, evitando prejuízos emocionais aos filhos.

Assim, a autora argumenta que, na medida em que a separação é bem administrada, durante e após o processo de separação, a tendência é que ocorra o estreitamento dos laços parentais, levando os filhos a reconhecer depois o que não conseguem admitir quando crianças ou jovens; ou seja, que a separação dos pais foi a melhor solução para a família.

A citada autora ainda argumenta que os ex-cônjuges se sentem fragilizados diante da separação e, por esta razão, os profissionais que assistem ao casal, tais como advogados, juízes, promotores, médicos, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, podem contribuir na amenização dos conflitos; para tanto devem estar atentos para que posturas radicais e valores pessoais não intensifiquem os conflitos entre o casal e prejudiquem o estado emocional dos filhos.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sobre a viabilidade da aplicação da guarda compartilhada sob a ótica de , Brito e Gonsalves (2013), verificamos que a promulgação da Lei da Compartilhada foi medida importante e decorrente das reinvindicações do não guardião. Abriu-se assim, a possibilidade de guarda conjunta, em que ambos assumem as responsabilidades dos filhos.

Grisar Filho (2014) nos fez refletir que a Guarda Compartilhada satisfaz pais e filhos e elimina a necessidade de o filho escolher entre o pai ou a mãe, bem como possibilita a continuidade de relacionamento próximo e amoroso, relação permanente, resultando maior compromisso dos pais na vida dos filhos.

Nas argumentações apresentadas por Quintas (2010) foi possível observar que a Guarda Compartilhada é modalidade que mais se aproxima do melhor interesse dos filhos e da necessidade de manter relação com os pais, como única família. Desta forma, a guarda compartilhada deixa de ser um ponto de discussão; e outras questões pendentes do ex-casal podem ser resolvidas, sem que haja o envolvimento dos aspectos relacionados aos filhos. Propicia também a possibilidade de mais contatos com avós paternos e maternos e demais familiares de ambos os lados.

Com relação às questões da inviabilidade da guarda compartilhada, Grisard Filho (2014) nos levou ao entendimento de que a guarda compartilhada pode ser prejudicial aos filhos, quando não há diálogo, ou há condutas em paralelo, sabotagem e contaminação na forma de educação, ou quando os arranjos de forma igualitária, prejudica o cotidiano dos filhos. Também nos pontuou que a referida guarda é prejudicam aos filhos diante da continuidade de mágoas e rancores não elaborados entre os pais.

Leite (2014) apresentou a inviabilidade de guarda compartilhada no tocante ao equilíbrio de tempo de convívio entre pais e filhos, explicando que são os genitores, a partir da dinâmica própria de cada realidade familiar, quem devem entrar em acordo com relação à divisão de tempo com os filhos; desta forma, cada caso implicará numa divisão de obrigações entre os genitores para com os filhos.

Com relação à aplicabilidade da guarda compartilhada, diante da discordância entre os pais com relação à guarda, Leite pontuou que deixa de ser

77 opção e sim imposição, tratando-se de uma solução parcial e formal, que, no entanto, não soluciona os conflitos entre os pais.

Considerações importantes nos foram apresentadas com relação aos filhos diante da separação, tendo sido esclarecido por Waldemar (1996) que, na separação, quanto mais crônico os conflitos entre os pais, mais problemática se torna a situação para os filhos.

Esclareceu Guisard Filho (2014) que a cooperação entre os pais e a não exposição dos conflitos aos filhos poderão minimizar os desajustes, bem como a probabilidade de eles desenvolverem problemas emocionais, escolares e sociais.

Assim, pudemos refletir sobre a viabilidade e a inviabilidade da aplicação da guarda compartilhada, considerando os direitos dos pais e especialmente a preservação do bem-estar dos filhos nesse processo.

Considerando que a Lei da Guarda compartilhada é relativamente nova, pesquisas futuras sobre esta modalidade poderão trazer contribuições importantes ao meio acadêmico, à sociedade, aos psicólogos, assistentes sociais, operadores de direito e demais profissionais que lidam com esta temática.

REFERÊNCIAS

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78 compartilhada” e dispor sobre sua aplicação. Disponível em:

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PATOLOGIZAÇÃO E TDAH: A IMPORTÂNCIA DE

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