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VIABILIDADE DA GUARDA COMPARTILHADA

No documento Revista (páginas 72-75)

DE SUA APLICAÇÃO

3. VIABILIDADE DA GUARDA COMPARTILHADA

70 Brasileiro, abordaremos a seguir os fatores que viabilizam a guarda compartilhada.

Para Grisard Filho (2014) a guarda compartilhada privilegia a continuidade da relação da criança com seus dois genitores após o divórcio: ambos são responsáveis pela criação dos filhos, assegurando-lhes o direito a ter os pais, de forma continua em suas vidas. Explica que muitos países instituíram a guarda compartilhada com o fim de reequilibrar as relações entre pais e filhos. Na Alemanha, Inglaterra, Espanha, Itália, Argentina, Suécia, Estados Unidos, Dinamarca e França, ela é considerada como modelo básico.

Argumenta que a guarda compartilhada atribui a ambos os genitores a guarda jurídica; assim, exercem igualitária e simultaneamente todos os direitos e deveres relativos aos filhos pressupondo ampla colaboração entre os pais na tomada de decisões em conjunto, o que minimiza os sentimentos de perda e rejeição dos filhos.

Explica ainda o mesmo autor que a cooperação entre os pais, na guarda compartilhada, distancia a possibilidade da guarda unilateral, a qual impõe ao não guardião o afastamento, gerando sentimento de fracasso e restrição à obrigação alimentar e o dever de visita.

A guarda compartilhada eleva o grau de satisfação de pais e filhos e elimina os conflitos de lealdade: a necessidade de escolher entre seus dois pais. Mantém intacta a vida cotidiana dos filhos do divórcio, dando continuidade ao relacionamento próximo e amoroso com os dois genitores, sem exigir dos filhos que optem por um deles.

No paradigma da guarda compartilhada, pais e filhos não correm o risco de perder a intimidade, equilibrando a necessidade dos filhos de uma relação permanente e ininterrupta com seus genitores, bem como recompõe os embasamentos emocionais do menor, atenuando as marcas negativas de uma separação, resultando em um maior compromisso dos pais nas vidas de seus filhos. Diminuir os sentimentos de rejeição dos filhos, proporcionando-lhes a convivência com os pais livre de conflitos, facilitando o processo de socialização e identificação.

Sob a ótica de Quintas (2010), a guarda compartilhada é o arranjo que mais se aproxima do melhor interesse da criança, pois assegura a necessidade de os filhos manterem a relação com os pais, como uma única família, apresentando,

71 portanto, vários benefícios.

Explica o autor, que, para os pais, a guarda compartilhada tem como beneficio a igualdade em direitos e obrigações. Assegura que os genitores não perderão o contato com seus filhos e poderão tomar decisões que entendam o melhor interesse dos filhos. Alivia a pressão sobre um só, possibilita maior flexibilidade na sua vida pessoal e profissional, além do apoio nas horas difíceis, como por exemplo, problema de saúde.

Assevera que a modalidade da guarda compartilhada evita que os pais tenham de discutir quem apresenta melhores condições, evitando agressões e ataques desnecessários, pois, no caso da disputa de guarda, geralmente um procura demonstrar a incapacidade do outro, agridem-se mutuamente e se tornam inimigos, ao invés da cooperação na criação dos filhos.

Segundo o autor, na guarda compartilhada os pais serão ambos considerados aptos a exercer a guarda, diminuindo o sentimento de perda, falência pessoal, baixa estima e culpa diante da ruptura familiar.

Argumenta que a maioria das mães são detentoras exclusivas da guarda. Assim, a guarda compartilhada é benéfica porque permite às mães desfrutar de mais liberdade para suas atividades pessoais, já que não detêm a inteira responsabilidade para com seus filhos.

Com relação às vantagens da guarda compartilhada para os filhos, o autor refere que ela permite que os pais participem ativamente em suas vidas: assim eles percebem que os pais se preocupam com eles e cuidam deles; o que diminui a ansiedade decorrente da separação: saber com qual dos genitores irão viver, qual dos pais irá perder o contato contínuo.

Segundo o autor, no caso da guarda exclusiva, um dos pais pode ser visto como mero visitador, e vai perdendo o contato com os filhos, gerando neles sentimento de rejeição e abandono. Em alguns arranjos , os pais podem manter ativo o envolvimento de ambos na vidas dos filhos, mas a guarda compartilhada maximiza a possibilidade de isso ocorrer.

Outro benefício apresentado pelo autor sobre a guarda compartilhada é que a questão da guarda dos filhos deixa de ser o ponto de discussão, e outras questões pendentes podem continuar sendo resolvidas sem envolvimento das questões relacionadas à guarda, evitando que os filhos tenham que escolher com qual dos

72 pais querem ficar, diminuindo-lhes assim os conflitos, que seriam prejudiciais.

O autor explica que a guarda compartilhada também é benéfica no caso de um dos pais falecer, pois os filhos estão habituados à presença do outro genitor, o que facilitará a adaptação e amenizará o sofrimento da perda.

Enfim, o autor refere que a guarda compartilhada propicia mais contato com os avós e outros familiares de ambos os lados, pois não priva a criança da convivência com o grupo familiar e social de cada um dos seus genitores.

4. INVIABILIDADE DA GUARDA COMPARTILHADA

Vistos os aspectos relacionados a viabilidade da guarda compartilhada, focaremos, na sequência, fatores que tornam inviável a aplicação da guarda compartilhada.

Grisard Filho (2014) assevera que os arranjos da guarda compartilhada podem ser lesivos aos filhos, na ausência de diálogo, bem como diante de condutas em paralelo, sabotagem, contaminação no método educativo; diante de famílias fragilizadas, a guarda deve ser deferida ao genitor menos contestador e mais disposto a dar ao outro o direito amplo de visitas.

Explica que, no contexto da guarda compartilhada, os diferentes planos de acesso só terão sucesso se os pais proporcionarem aos filhos continuidade de relações, sem exposição a lutas pelo poder.

Diz o autor que os arranjos de tempo de forma igualitária (semana, quinzena, mês, ano, casa, dívida) também oferecem desvantagens ante o maior numero de mudanças e menos uniformidade de vida cotidiana dos filhos.

Para Quintas (2014) a guarda compartilhada almeja a capacidade de entendimento entre os genitores. No entanto, se os pais não conseguirem manter um bom relacionamento, a guarda compartilhada não funcionará, o que a colocaria em desvantagem frente a outras possibilidades de estabelecimento da guarda.

Argumenta o autor que, se os pais não conseguem decidir em conjunto o futuro dos filhos, o impasse poderá gerar maiores conflitos. Para um casal que guarda mágoas e rancores, a guarda compartilhada pode ser a continuidade da vida a dois que se apresentava prejudicial aos filhos.

No documento Revista (páginas 72-75)