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2 BIM E PROJETO ARQUITETÔNICO

2.2 PROJETO ARQUITETÔNICO E OS MODELOS DIGITAIS Neste subcapítulo, apresenta-se um embasamento teórico sobre

2.2.1 Os métodos de projeto e as fases do processo

Os métodos de projeto ainda são alvo de muitos estudos de diversos pesquisadores, e muitas vezes a subjetividade do processo é ainda difícil de ser explicada. Com o advento das tecnologias digitais, que hoje dão suporte a muitos profissionais para o desenvolvimento do projeto, surgem novos métodos, com diferentes processos e que se refletem diretamente na arquitetura contemporânea e sua produção.

Segundo Andrade; Moreira; Ruschel (2011), os estudos de métodos de projeto surgiram na década de 1960. Na época, eventos apontavam a importância do surgimento de uma disciplina, que tratasse sobre os métodos de projeto na arquitetura. Os métodos de projeto têm por objetivo exteriorizar o ato do processo, buscando diminuir os erros. Os autores relatam os métodos de Morris Asimow, Método de Jones, Método Markus e Broadbent, todos abordados a seguir:

Método de Morris Asimow, engenheiro industrial nas décadas de 1950 e 1960. Foi publicado, em seu livro Introduction to Design, o projeto como processo de informação que apresenta duas escalas de operações:

- Estrutura Vertical como sequência cronológica de passos com os estágios de: estudo de viabilidade, projeto preliminar, detalhamento do projeto, planejamento do processo de produção, planejamento para a distribuição, planejamento para o consumo e retirada do produto;

- Estrutura Horizontal abrange um ciclo com estágios de: análise, síntese, avaliação e decisão, otimização, revisão e implementação. O

modelo de Asimow parte da hipótese de que é possível discriminar as diferentes fases de atividades do projeto. O modelo influenciou os estudos dos métodos de projeto em arquitetura.

Método de Jones (1971) classificado sobre três pontos de vista: a) Criatividade: conceito da caixa preta (não pode ser explicado), b) Racionalidade: conceito da caixa de vidro (pode ser explicado), c) Controle do processo: sistema auto-organizado, que busca alternativas inteligentes. O projeto é dividido em busca de solução adequada e controle e avaliação dos padrões de busca.

Método descrito por Markus (1971) baseia-se no processo de projeto e sequência de decisões. O problema desse método é que prende o projetista a/em uma sequência de eventos, que pode se tornar muito rígida.

No método descrito por Broadbent (1973), cada nova decisão leva a uma mudança de decisões iniciais. Ele aponta que o processo de projeto não pode ser totalmente linear, pois as decisões anteriores podem ser incertas e acrescenta que se deve ter feedback, return, loops e articulações - novas informações podem ser incluídas em qualquer fase do projeto.

Ainda, Andrade; Moreira e Ruschel (2011) enfatizam que, segundo Broadbent (1973), em um simpósio sobre metodologia de projeto, foram definidos dois termos: o primeiro, o processo de projeto, como uma sequência íntegra de acontecimentos, que parte da concepção inicial à realização total. O termo sequência de decisões foi definido como um intervalo individual do processo de projeto, ou seja, análise e síntese.

Outros métodos são abordados por Kalay (2004) apud Andrade, Moreira e Ruschel (2011):

- O método de tentativa e erro baseia-se em encontrar ou desenvolver soluções e avaliar se atendem às metas e restrições. O processo se repete até encontrar a melhor solução para atender as metas e restrições, ou pode haver a necessidade de mudá-las.

- Métodos de satisfação de restrições consistem na aplicação de um número progressivo de restrições. Ao invés de várias soluções para um determinado problema, chega-se a quase uma única solução, devido à quantidade de restrições aplicadas, que vão das mais flexíveis às mais rígidas.

- Métodos baseados em regras visam reduzir a quantidade de problemas através de um tipo de informação restrita.

- Método baseado em precedentes baseado em precedentes cuja maioria dos problemas de projeto é similar. Se o conhecimento antecedente de projeto se distancia do novo problema, as aplicações a novas soluções podem ser imprecisas.

Ainda em relação aos métodos, Mahfuz (1995) faz uma abordagem dos aspectos da criação formal, por parte de arquitetos e designers, e ressalta que ela pode ser definida como uma atividade baseada amplamente na intepretação e adaptação de precedentes - ao mesmo tempo o trabalho do arquiteto não está limitado somente ao uso de precedentes pelo seu grau de complexidade. O autor discute quatro métodos de geração formal:

- Método Inovativo: “um procedimento através do qual se tenta resolver um problema sem precedentes ou um problema bem conhecido de maneira diferente”.

- Método Tipológico: “como a estrutura interior de uma forma, ou como um princípio que contém a possibilidade de variação formal infinita, e até de sua própria modificação estrutural”.

- Método Mimético: “é o método pelo qual se gera novos artefatos arquitetônicos através da imitação de modelos existentes”.

- Método Normativo: “as formas arquitetônicas são criadas com auxílio de normas estéticas, isto é, princípios reguladores”.

Na lógica do processo de projeto Lawson (2011), mostra-se que a decisão pode começar por um esboço geral, ou por um detalhe - depende- se da particularidade de cada projeto. O processo de projeto, como sequência de decisões composta pela análise, síntese e avaliação (Figura 5), parte de um processo de projeto flexível, articulado e com ciclos interativos. Qualquer projeto deve levar em consideração esse método.

Figura 5: Representação do ciclo de decisões de projeto proposto por Lawson (2011).

Fonte: Adaptado de Lawson (2011, p. 47)

As literaturas que tratam sobre metodologia de projeto, em sua maioria, abordam exatamente as fases do processo de projeto descritas

por Lawson (2011), envolvendo os conceitos de Análise, Síntese e Avaliação.

Concluindo, os conceitos são apresentados por Kowaltowski (2011), que define a análise como uma fase de identificação dos principais elementos que compõem o problema de projeto, enquanto a síntese refere- se à busca de soluções, as quais podem ser parciais ou globais e a avaliação detecta as deficiências do projeto antes da construção. A autora aborda também a Representação que compreende a comunicação e os instrumentos de representação.

As discussões apresentadas ajudam a enfatizar que não existe um método mais apropriado, mas o projetista deve ter conhecimento dos métodos, para buscar a criação e as habilidades que possam contribuir no processo de desenvolvimento projeto. Deve-se, sempre, visar soluções adequadas e coerentes para os problemas de projeto, em conjunto com os demais profissionais, resgatando a atividade de coordenador de projetos e se reaproximando do canteiro de obras.