• Nenhum resultado encontrado

OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O ENSINO MÉDIO

1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO OBJETO DE ESTUDO E ASPECTOS

2.2 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O ENSINO MÉDIO

Paralelamente às DCNEM, foram criados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Médio, com o objetivo de ampliar as discussões em torno da reforma curricular para esse nível de ensino, como também de orientar os professores no que concerne à utilização de estratégias metodológicas que possibilitem a formação geral dos alunos. Tal formação “deve ter como alvo principal a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação” (BRASIL, 2000, p. 5). Dessa forma, segundo os PCN, espera-se que os alunos desenvolvam capacidades como pesquisar, analisar e selecionar informações em diferentes contextos, para que, em seguida, possam criar, formular e aprender novos conceitos em realidades distintas, ou seja, que prevaleçam as descobertas para tomada de decisões e não a memorização de fatos, fórmulas e regras.

Diante dessa perspectiva, ganham notoriedade as quatro premissas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Tecnologia (UNESCO), voltadas para o setor educacional na contemporaneidade: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser.

O primeiro eixo estrutural, aprender a conhecer, deve ser enfocado nas diferentes áreas do conhecimento, na perspectiva de possibilitar ao educando o entendimento das diversas realidades existentes em nível global, objetivando oportunizar diálogos com possibilidades pessoais e profissionais.

Para que seja efetivado o saber científico do aprendiz, precisa-se relacionar teoria e prática com o intuito de aproximar a ciência, a tecnologia e o social, visando garantir o desenvolvimento da sociedade. Desse modo, é pertinente ao professor, além do conhecimento teórico, saber da realidade local do educando para planejar ações que minimizem problemáticas que afetam a população.

Em relação ao aprender a viver, o enfoque é direcionado à coletividade, com ações que visem o bem comum. No que concerne ao aprender a ser, carece possibilitar o desenvolvimento do pensar e agir, como resultantes dos acontecimentos que ocorrem na vida. Portanto, esses dois eixos “devem constituir

ações permanentes que visem a formação do educando como pessoa e como cidadão” (BRASIL, 1999, p. 30).

Além dessas mudanças propostas, a partir das DCNEM é criado o Ensino Médio Inovador17, como forma de oportunizar transformações nas escolas públicas não profissionalizantes de nosso país. Dentre outros objetivos, esse programa

quer estimular a reorganização curricular da escola, de modo a superar a fragmentação do conhecimento, reforçando-se a flexibilização do currículo e desenvolvendo uma articulação interdisciplinar, por áreas de conhecimento, com atividades integradoras definidas com base nos quatro eixos constitutivos do ensino médio – trabalho, ciência, tecnologia e cultura (MOEHLECKE, 2012, p. 45).

Nesse contexto, as escolas públicas de Ensino Médio devem se adequar a essa realidade, oportunizando infraestrutura adequada bem como orientações que possibilitem aos docentes desenvolverem suas atividades coerentes com a proposta do programa. Nesse modelo, o aluno participa de atividades integradoras das áreas de conhecimento, com ampliação da jornada escolar ou em um contraturno, já que entre essas áreas não deve existir fragmentação.

O PROEMI vem reforçar a importância do trabalho interdisciplinar18 entre as diversas áreas do conhecimento nesse nível de ensino, já que, independentemente da ciência, torna-se preciso trabalhar os conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais19.

A esse respeito, Pontuschka (2009, p. 109) afirma que

uma disciplina parcelar não consegue lidar com todos esses tipos de conteúdos e disso decorre a necessidade de se pensar em outros métodos e princípios que conjuguem esforços integrados para conseguir formar o homem inteiro, propiciando uma educação integral.

17 O Programa Ensino Médio Inovador (PROEMI), instituído pela Portaria n. 971, de 09/10/2009, foi

criado para provocar o debate sobre o Ensino Médio junto aos Sistemas de Ensino Estaduais e Distrital, fomentando propostas curriculares inovadoras nas escolas do Ensino Médio, disponibilizando apoio técnico e financeiro, consoante à disseminação da cultura de um currículo dinâmico, flexível e que atenda as demandas da sociedade contemporânea (MEC – Coordenação Geral do Ensino Médio, 2013).

18 A interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau

de interação real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa/ensino (JAPIASSU, 1976).

19 As definições e caracterizações desses conteúdos serão apresentadas no capítulo 3 deste

Considerando as orientações para o Ensino Médio Inovador, é possível mencionar que muitos dos estabelecimentos escolares do país não seguem as determinações vigentes, o que ocorre por falta de uma estrutura adequada nas escolas, de profissionais no quadro de pessoal e de conhecimento, por parte das instituições, acerca da proposta do projeto.

No Rio Grande do Norte, o currículo do Ensino Médio Inovador20 é constituído de cinco macrocampos, sendo três obrigatórios, indicados pelas instâncias superiores, e dois (comunicação e cultura digital e uso das mídias) sugeridos pela Subcoordenadoria de Ensino Médio (SUEM /SEEC).

A SEEC/RN sugere que sejam realizadas atividades teórico-práticas que fundamentem os processos de iniciação científica e de pesquisa, utilizando laboratórios de ciências, Física, Química, bem como outros espaços que potencializem aprendizagens nas diferentes áreas do conhecimento.

No entanto, nem sempre essas propostas são desenvolvidas, pois grande parte das escolas potiguares não dispõe de infraestrutura suficiente para acomodar a quantidade de alunos por turno nas diversas atividades que são planejadas.

Outro fator que dificulta a efetiva consolidação do Programa Ensino Médio Inovador nas escolas potiguares diz respeito ao desconhecimento da proposta do PROEMI por grande parte dos gestores escolares e professores, ou seja, as orientações foram elaboradas sem que esses profissionais tivessem uma participação ativa nas discussões e na redação final desse documento. Tal situação, em alguns casos, vem causando transtornos no que concerne às metodologias utilizadas e às formas avaliativas.

Aliado a isso, constata-se também a falta de professores e de equipe pedagógica nos estabelecimentos escolares que se envolvam nas discussões em torno desse programa. Além disso, alguns docentes não cumprem a carga horária destinada ao PROEMI.

Nas escolas potiguares, os docentes do Ensino Médio podem direcionar parte de sua carga horária obrigatória para o PROEMI ou aumentar 10 horas semanais, caso possuam apenas uma matrícula, resultando em um vínculo de 30 horas semanais.

20 De acordo com as orientações da SEEC/RN, as escolas devem propiciar aos alunos atividades nos

diferentes macrocampos, de forma a possibilitar que eles ampliem seus conhecimentos nas diferentes áreas do conhecimento.

Essa conjuntura afeta de maneira significativa o processo de ensino- aprendizagem dos alunos, podendo também contribuir negativamente na formação geral e no desempenho deles nas avaliações realizadas pelo MEC, as quais englobam as diversas áreas do conhecimento. Com as mudanças estabelecidas para o Ensino Médio, foi instituída, também, uma avaliação nacional denominada de Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a qual foi pensada e suas questões formuladas a partir de critérios estabelecidos pelos PCN.

O referido exame é composto por uma redação e outras 180 questões, que envolvem conteúdos das diferentes áreas do conhecimento e suas tecnologias. Nesse contexto,

O ENEM tem como ênfase a avaliação do perfil de saída dos egressos deste nível de ensino. Seu objetivo principal é proporcionar uma avaliação do desempenho dos alunos, ao término da escolaridade básica, segundo uma estrutura de competências associadas aos conteúdos disciplinares, que se espera tenha sido incorporada pelo aluno, para fazer frente aos crescentes desafios da vida moderna (CASTRO; TIEZZI, 2005, p. 116).

Dentre outros objetivos, essa avaliação de nível nacional foi utilizada para verificar e discutir os pontos nevrálgicos do ensino, sendo atualmente usada para possibilitar o ingresso em universidades públicas e privadas do Distrito Federal e dos estados da Federação.

2.3 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS NO ENSINO MÉDIO