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3. O POSFÁCIO DE 1969 COMO PARTE DA ESTRUTURA

3.3. OS PARADIGMAS COMO EXEMPLOS COMPARTILHADOS

O conhecimento científico está fundado na teoria e nas regras; os problemas são fornecidos para que se alcance destreza daquelas. Todavia, tentei argumentar que esta localização do conteúdo cognitivo da ciência está errado. O estudante que resolveu muitos problemas pode apenas ter ampliado sua facilidade para resolver outros mais. Mas, no início e por algum tempo, resolver problemas é aprender coisas relevantes a respeito da natureza. Na ausência de tais exemplares, as leis e teorias anteriormente aprendidas teriam pouco conteúdo empírico (KUHN, 1992: 232-233).

Ao dividir a utilização do paradigma em dois pontos principais, e discutir neste ponto a importância dos exemplares no aprendizado do paradigma, Kuhn quer nos mostrar que nenhum

M A TRIZ D ISC IPLIN AR Generalizações simbólicas

Expressões geralmente aceitas pelo conjunto da comunidade

Assemelha-se à leis da natureza, mas também prestam-se à definição de símbolos comuns nas predições que esta subjaz.

Crenças em determinados

modelos

Abrange tanto modelos heurísticos quanto ontológicos Fornecem ao grupo analogias ou metáforas (permissíveis)

Auxiliam a determinar o que será aceito como "explicação" ou como "solução de quebra- cabeças não solucionados", bem como avaliar sua importância

Valores

São mais amplamente compartilhados que as generalizações simbólicas e os modelos Contribuem para o sentimento de pertencimento a uma comunidade global Está relacionado às escolhas metodológicas, pois implicam em como o cientista deve praticar

sua disciplina

São utilizadas para julgar teorias completas: precisam permitir a formulação e solução de quebra-cabeças

Podem ser compartilhadas por sujeitos que divergem de sua aplicação São imprescindíveis no julgamento de simplicidade, coerência interna e plausibilidade de

teorias (pode variar de indivíduo para indivíduo)

Exemplares

São as soluções concretas que são encontradas pelos estudantes desde o início de seu trabalho Indicam como o trabalho científico deve ocorrer

Definem os limites das comunidades científicas Tornam as generalizações simbólicas mais específicas

paradigma poderia existir sem uma escola que o tornasse possível. A atenção especial que se percebe, pode ser justificada pelos pontos que discuto a seguir.

O paradigma precisa ser compartilhado, ou seja, precisa ser fruto da interação de sujeitos diferentes que visualizem nele uma promessa para resolver os problemas até agora sem solução. Quanto mais houver iniciativas nesse sentido, o paradigma será fortalecido.

Existem entre comunidades diferentes uma disputa sobre o domínio de conhecimento, que pode ser analisada também pelo aspecto político. A disputa entre comunidades pode se dar a partir da análise que cada uma faz de certo objeto, o que gera uma disputa para que seja definido quem consegue explicar esse objeto de forma mais apropriada. Essa disputa é resolvida de forma científica, mas também de forma política, pois prevalecerá aquela explicação que tiver mais aceitação.

A escola serve para alinhar pesquisadores iniciantes com os compromissos teóricos oriundos do paradigma enquanto matriz disciplinar, fazendo com que os iniciantes, dificilmente, rompam com sua formação inicial. Como eles tiveram um aprendizado com o paradigma sem precedentes em relação a outros, o paradigma analisado foi sua escola e compreenderá o conhecimento que o cientista tem como basilar.

Os exemplos compartilhados possuem uma natureza pedagógica, que além de servir como parâmetro, pois implicam maneiras para encontrar resultados, fazem com que o cientista acredite que não poderia ser de outra maneira. Os resultados obtidos em uma análise sempre serão comparados aos exemplos compartilhados e a proximidade com eles servirá de parâmetro para indicar se a pesquisa está indo na direção certa.

O processo de aprendizagem e compartilhamento de um paradigma inicia-se na resolução de problemas exemplares e isso cria no cientista a noção de que, se ele for devidamente treinado e inteligente, poderá resolver os mistérios ocultos na descrição dos fenômenos em teorias corretas. As análises oriundas dessa empreitada se darão em virtude da influência que o paradigma representa para o cientista, ou seja, conseguir resolver os problemas que se apresentam ao longo de seu trabalho corresponde à construção da compreensão mais pormenorizada possível do funcionamento do paradigma.

Parece que a conclusão evidente deste processo é que, ao final do aprendizado por meio de exemplares, o cientista não conhecerá a natureza das coisas, mas sim o paradigma que foi compartilhado e tomado como modelo. Os conjuntos de exemplares possibilitam os primeiros

contatos do estudante com o paradigma. Esse contato é aprimorado por meio de sucessivos testes. Kuhn chama isso de “aprender por meio de problemas” (KUHN, 1992: 236).

FIGURA 3.4 – Exemplares no aprendizado do paradigma

A utilização que Kuhn faz da ideia de exemplares não está completamente afastada da forma usual como se utilizam os exemplos. Comumente utilizamos exemplos com a finalidade de demonstrar alguma ideia de forma mais clara, por meio de uma aplicação prática de alguma teoria. Exemplificamos todos os dias, em situações diversas. Quando alguma ideia que estamos discutindo não fica clara para nossos ouvintes, utilizamos exemplos para clarificar a ideia. Também utilizamos exemplos para sustentar uma ideia – aqui, o exemplo vem acompanhado de uma aplicação.

Em Kuhn, os exemplares atuam de forma semelhante aos exemplos, pois também servem para clarificar ideias e para sustentá-las. Entretanto, na utilização em relação ao paradigma, possui certa especificidade. Na figura anterior, essa especificidade é demonstrada por meio de três utilizações: a) aprendizado por meio de problemas; b) observação de situações como “semelhantes”; e c) conhecimento da natureza aplicando a relação de semelhança entre predições do paradigma.

Posso concluir que os exemplares no aprendizado do paradigma possuem uma função importantíssima não só no aprendizado, mas colaborando como estímulo para o cientista. Toda vez que a utilização de exemplares possibilita a constatação de algo novo, que pode ser incorporado nas predições do paradigma como elemento que contribui para o alargamento dele, o cientista se sente mais motivado para continuar suas investigações.

EXEMPLARES NO APRENDIZADO DO

PARADIGMA

Aprendizado por meio de problemas

Observação de situações como "semelhantes"

Conhecimento da natureza aplicando a relação de semelhança entre predições do paradigma

Além disso, os exemplares são a forma mais explícita do funcionamento do paradigma, pois representam sua utilização empírica. Na prática, os exemplares são seguidos como parâmetros e isso faz com que a comunidade tenha objetivos em seu trabalho. Da mesma forma que os exemplares implicam objetivos do grupo, possibilitam também que o grupo observe realizações de fato na utilização do paradigma. É por meio da consideração desses exemplares que a comunidade percebe que o caminho que tem sido percorrido está fluindo de forma positiva.

3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sobre a ideia de comunidade presente no Posfácio, posso concluir que é composta pelos participantes de uma especialidade científica, os quais são submetidos a uma iniciação profissional numa extensão superior em comparação às outras disciplinas.

Uma comunidade científica possui seus próprios objetos de estudo, os quais podem ser também objetos de outras escolas. Nesse caso, o que torna uma comunidade específica é a abordagem que esta faz em relação ao objeto. O paradigma regula a atividade dessa comunidade no trato teórico dado às observações provenientes do objeto em questão, o que permite abordagens singulares.

Além disso, uma comunidade se organiza em níveis diferentes. Isso acontece por meio de grupos e subgrupos que se destacam conforme o enfoque e a especialização em um aspecto do objeto compartilhado. O compartilhamento de um paradigma é característica principal de uma comunidade.

Os principais avanços contidos no Posfácio, em relação ao texto de 1962, é o aclaramento dos usos do paradigma como compromissos de grupo e como exemplos compartilhados. Ao dividir a ideia de paradigma em dois eixos principais, foi possível observar sua atuação a partir de uma organização mais lógica.

A divisão pressupôs as utilizações mais fundamentais do paradigma, permitindo que os outros aspectos do paradigma estivessem vinculados aos eixos mais amplos. Cada utilização posterior ao eixo mais amplo pode ser compreendida como desdobramentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se a História fosse vista como um repositório para algo mais do que anedotas ou cronologias, poderia produzir uma transformação decisiva na imagem de ciência que atualmente nos domina (KUHN, 1992: 19).

Inicio minhas Considerações Finais com esta citação, uma das primeiras passagens da

Estrutura e certamente uma das mais impactantes também. Esta citação resume a intenção de

Kuhn: construir uma nova imagem da ciência. Com a citação, Kuhn propõe uma análise sobre a maneira corriqueira que se pensava a ciência. Do ponto de vista historiográfico, não se trata de analisar “quem fez o que” e “quando”, mas de utilizar a história como auxiliar das reflexões sobre o fazer científico em seu processo.

Ainda que a intenção de construir uma nova visão da ciência tenha sido válida, é certo que a contribuição de Kuhn não se deu como uma espécie de “Revolução Copernicana”. Suas ideias, embora sejam originais, se inserem no conjunto de tentativas registradas pela história da filosofia da ciência em romper com o positivismo.

Talvez Kuhn não tenha almejado ser original ao ponto de fazer sua própria revolução, mas fica evidente que ele esperava que seu modelo estivesse irretocável no final da década de 60. Contudo, a despeito dessa pretensão, algumas falhas em seu modelo são evidentes, como a polissemia do termo paradigma.

Embora a Estrutura como produção que se estende durante toda a década de 60 possa ser considerada como “demasiadamente demorada” – o que pode ter colaborado para Kuhn não tratar de outras questões necessárias ao desenvolvimento de seu modelo – devo levar em consideração que foi produzida com certo cuidado pelo autor e, no geral, representa um avanço considerável para as discussões do contexto em que foi lançada.

As constantes defesas de sua teoria empreendidas por ele desde 1965, representam um capítulo extra em sua biografia; o estudo detalhado desse caminho trilhado está registrado nos anais da filosofia da ciência, inclusive com a colaboração do próprio autor. Talvez por conta do constante empenho em se defender, Kuhn tenha deixado de trabalhar em outros aspectos fundamentais para sua imagem da ciência na Estrutura, como o problema da linguagem nas construções teóricas e as influências das questões psicológicas na produção científica, bem

como ter colocado de forma mais clara os meandros políticos que envolvem os processos de escolha na produção do conhecimento científico.

Talvez o grande erro de Kuhn tenha sido imaginar que as questões tratadas no texto de 1962 estivessem claras, pois, conforme indicou posteriormente, os problemas apontados por seus críticos poderiam ter sido resolvidos com um “trabalho editorial” (KUHN, 1992: 226). Por outro lado, assume no Posfácio que poderia ter escrito o livro de forma diferente, a fim de evitar incongruências (KUHN, 1992: 217; 220).

A análise detalhada do texto mostra que seria necessário mais do que um trabalho editorial para assegurar a correta colocação do problema. Se o texto não ajuda com a elucidação dos conceitos, os exemplos – que são abundantes – auxiliam na compreensão das ideias ali contidas, transformando a Estrutura em um livro de história e filosofia da ciência.

Quanto aos problemas do texto, os considero como, em certo ponto, naturais devido às condições históricas em que ele foi escrito. O texto original não foi fruto de amplas discussões em seminários ou reuniões acadêmicas – prática comum nos dias de hoje – mas resultado de uma empreitada singular por parte de Kuhn. A originalidade da obra não consiste em tentar superar a imagem de ciência do positivismo, mas em propor conceitos pertinentes para o modelo que ele desenvolveu.

Ainda que Kuhn não tenha concluído um modelo estrutural da ciência, no qual tivesse levado em consideração aspectos como os mencionados anteriormente, podemos falar de um legado kuhniano. A contribuição dada na Estrutura fez com que a imagem de ciência da concepção herdada tivesse de ser reconsiderada com base na nova argumentação proposta na

Estrutura, pois foi severamente abalada com as discussões kuhnianas e pós-kuhnianas.

Tais discussões permitiram a flexibilização das regras propostas pelo positivismo lógico e passou a ser uma constante entre os filósofos da ciência a consideração de que o produto da ciência, ou seja, seu resultado, deve importar menos que os caminhos percorridos até estes resultados, o que Marcum denominaria de “uma mudança do sujeito (o produto) para o verbo (o produzir)" (2005:57).

Segundo Marcum, na visão tradicional [concepção herdada], a ciência

é um repositório de fatos acumulados, descobertos por indivíduos em períodos específicos da história. Dentre as tarefas centrais do historiador, conforme essa visão tradicional da ciência, está a de responder a pergunta sobre quem descobriu o quê, onde e quando. Embora a tarefa pareça simples, muitos

historiadores acharam difícil responder a pergunta e duvidaram se esse é o tipo certo de pergunta que se deve fazer sobre o registro da história da ciência" (MARCUM, 2005: 57).

Com a perspectiva kuhniana, esse quadro terá uma alternativa a altura da historiografia positivista – embora, como já disse, possa ser considerada incompleta – representando, literalmente, além de uma nova abordagem em filosofia da ciência, um novo caminho para a historiografia da ciência.

A perspectiva kuhniana tem contribuído em muitos aspectos com as discussões sobre o desenvolvimento científico. Em seu modelo de desenvolvimento da ciência, Kuhn apresenta a proposta de que o empreendimento científico é marcado por processos de ruptura, contrariando a ideia comum de sua época, que defendia ser a ciência um empreendimento cumulativo.

Pensar a ciência a partir da perspectiva kuhniana é ter que repensar a ideia de acumulação. A ideia de desenvolvimento científico por processos não cumulativos defendida, contribuiu significativamente com a redução da influência do positivismo lógico na segunda metade do século XX e implicou numa nova visão de ciência. As análises de Kuhn foram tomadas como pertinentes e provocaram a necessidade de um novo entendimento sobre a ciência.

Por conta de um modelo que tem em seu interior a noção de paradigma, que continuamente é substituído, revela que a expectativa atrelada a ele é sempre muito maior do que sua capacidade real de fornecer as respostas almejadas. Isso implica em um duplo problema: ou há um grave equívoco na utilização de paradigmas para desenvolver a ciência ou os cientistas estão sempre equivocados em criar expectativas. Mas, nesse último caso, como poderia ser a atividade científica sem expectativas?

O modelo paradigmático revela certa incapacidade em gerar conhecimento permanente, mas como o paradigma é fruto das interações de uma comunidade, o problema do paradigma é também o problema da comunidade. Como sabemos, a filosofia de Kuhn não é proposta enquanto normativa da atividade da ciência, mas tão somente como a análise dos fatos como acontecem. Talvez por isso Kuhn não nos forneça uma tentativa de resolver esse problema.

A explicação do desenvolvimento da ciência por meio de processos de ruptura implica a necessidade de repensar todo o fazer científico em suas possibilidades. Se há uma constante substituição de paradigmas e o modelo kuhniano for tomado como plausível, a visão que se tinha de ciência, capaz de responder a todas as questões, foi severamente modificada por essa

compreensão. O entendimento que temos hoje refere-se à ciência enquanto explicações plausíveis, não mais como explicações últimas.

Aparentemente, a perspectiva kuhniana representa uma visão negativa do empreendimento científico, como se nada, ou quase nada de conhecimento pudesse ser produzido. Essa visão está equivocada, pois embora não haja a defesa de um progresso da ciência, observa-se a capacidade de resolver problemas como uma habilidade que fica para o conjunto das descobertas científicas. Além disso, com o trabalho de pesquisa orientado por um paradigma, conceitos vão sendo cristalizados como conhecimentos empíricos sobre a natureza.

O que não se deve esperar da análise kuhniana é a defesa de que, incondicionalmente, a ciência progrida, tanto em sua metodologia como na descrição dos processos naturais. Também não se deve esperar que haverá algum tipo de defesa sobre a construção de um conhecimento científico infalível.

O conhecimento, segundo a perspectiva da Estrutura, é construído de forma coletiva e baseado em consensos de grupo. Isso quer dizer que aquilo que é tomado como conhecimento, só pode ser justificado como tal pela aceitação do grupo. Para tanto, a comunidade utiliza-se de paradigmas que possibilitam a compreensão dos fatos. Kuhn defende que não pode haver conhecimento produzido de forma neutra ou tão objetivo que prescinda as diferentes atuações dos sujeitos que fazem a ciência, o que embasa a defesa de que a ciência não pode ser considerada como infalível.

O desenvolvimento da ciência se dá por meio de entendimentos consensuais no interior das comunidades científicas. O paradigma estabelece padrões que são seguidos. Estes padrões são teóricos e metodológicos e orientam o trabalho de pesquisa dos cientistas. São construídos coletivamente, garantindo, por conta disso, um conjunto de normas bastante forte e aceito.

Segundo o modelo kuhniano, a ciência tem se desenvolvido ao longo de sua história em direção à sua maturidade. Para Kuhn, a maturidade científica significa o compartilhamento de um paradigma.

Embora as questões tratadas por Kuhn possam ser revistas, é inegável a razão pela qual seu livro está entre os livros de humanidades mais lidos do século XX. As provocações contidas no modelo de Kuhn fizeram com que a ciência fosse repensada, pois colaborou com o movimento de repensar o alcance do conhecimento científico. Talvez também tenha colaborado com o relativismo das discussões pós-modernas, pois não há como evitar os desdobramentos de uma teoria quando ela é lançada, mas certamente possibilitou uma análise mais próxima dos

limites humanos, pois esteve considerando a empreitada científica como fundamentalmente humana e, por isso, falível.

Num universo cultural e histórico, a ciência não pode ser considerada como originária de um espaço hermético e imune às tendências, conceitos comuns, explicações generalizadas mais aceitáveis. No espaço de produção da ciência, embora tenhamos que considerá-lo como rigoroso, há que se aceitar que teorias são escolhidas em detrimento de outras, também por seu aspecto político, o que tira da produção científica o aspecto da neutralidade tão defendido pela tradição até meados do século XX.

Por diversas razões a Estrutura de Kuhn foi mal compreendida. Muitos críticos deram mais atenção aos pontos menos claros do modelo, não observando a importância de outras considerações. O trabalho de Kuhn vem gerando desde sua publicação posições favoráveis e também contrárias, e é isso que se deve esperar de uma grande obra.

Sem dúvida, as discussões kuhnianas permanecerão causando análises diversas, pois os problemas discutidos por Kuhn ainda não estão encerrados. Esta Dissertação teve a pretensão de contribuir com algumas delas, mas não terá sido contribuição maior do que o próprio texto de Kuhn, que foi capaz de sublinhar um novo tipo de relação com a ciência, na qual o fazer científico está diretamente relacionado com a aceitação de que não somos capazes de fornecer uma resposta final para as indagações que movem a ciência.

Embora o conhecimento produzido pela ciência possa ser considerado como seguro – e não parece ter sido intenção de Kuhn modificar esse quadro –, não pode ser tomado como definitivo. Se foi mérito dos positivistas lógicos denunciar a metafísica, a responsabilidade de provocar uma revisão da objetividade proposta pelos positivistas deve ser atribuída em parte à obra de Kuhn, pois configurou-se como um contraponto e alternativa à altura, não finalizada, é certo, mas capaz de apontar o caminho em que estamos hoje.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CUPANI, Alberto. A crítica do positivismo e o futuro da filosofia. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1985.

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