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OS PARADIGMAS TECNOLÓGICOS E A TRAJETÓRIA DA TECNOLOGIA

No documento Conteúdo nacional (páginas 39-42)

Uma forma de conceituar paradigma tecnológico pode ser feita através de Dosi65, o qual atesta que o mesmo é visto como um modelo seguido para decifrar e reduzir custos. O autor continua afirmando que o paradigma tecnológico é como “um padrão de solução de problemas tecnológicos selecionados, baseados em princípios selecionados, derivados das ciências naturais, e em tecnologias materiais selecionadas”66

.

O surgimento de um novo paradigma se faz necessário, pois oferece uma melhor solução para os utilizadores da antiga tecnologia, por conseguinte, a performance deste novo paradigma será observado para que então ele possa ser aderido pela maior parte da comunidade científica, como afirma Anjos67.

Segundo Anjos, a trajetória da tecnologia é determinada através das limitações externas à essa tecnologia, e também pela natureza do paradigma. Ambos estão ligados, sendo o paradigma tecnológico inserido, a partir da trajetória tecnológica.68

Segundo Dosi as características definidas para a trajetória da tecnologia em termos dos paradigmas são as seguintes,

[...] (1) a existência de trajetórias mais genéricas ou mais circunscritas, bem como mais poderosas ou menos poderosas; (2) o desenvolvimento ou a falta de desenvolvimento em uma dada tecnologia pode conduzir ou afastar o desenvolvimento de outras tecnologias; (3) a fronteira tecnológica pode ser definida como o mais alto nível obtido em relação a uma trajetória tecnológica; (4) as trajetórias tecnologia, em certa medida, conservam determinantes cumulativas e, com isso, os avanços tecnológicos se relacionam com a posição da empresa frente à fronteira tecnológica; (5) a dificuldade em migrar de uma trajetória para outra esta relacionada ao quão “poderosa” a trajetória vigente seja; e, (6) a superioridade de uma trajetória em relação à outra, em princípio, é bastante difícil de se avaliar, esse fato explica o porquê da natureza incerta da atividade de pesquisa. 69

65

DOSI, G. Mudança técnica e Transformação Industrial. Campinas: Ed. Unicamp, 2006.

66

DOSI, 2006, p. 41.

67

ANJOS, Flavia Fernanda Medeiros dos. Avaliação dos esforços de capacitação tecnológica das empresas do setor de software situadas nas incubadoras de base tecnológica de Florianópolis. 2009. 136 f. Monografia- Curso de Ciências Econômicas, Departamento de Economia e Relações Internacionais, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.

68

MELO 2008, apud ANJOS, 2009.

69

Logo após a determinação e a escolha do novo paradigma, o primordial é avaliar tanto o sucesso tecnológico quanto o sucesso econômico, que este novo paradigma proporcionou. O nível de sucesso é medido através dos interesses das organizações no processo de P&D, de acordo com Anjos. Por tanto, os surgimentos de novos paradigmas dão-se de acordo com as necessidades econômicas definidas pela organização.

São determinadas também quatro fases de um paradigma tecnológico, são elas:

[...] primeiro, o período de difusão inicial no qual são gerados novos investimentos, novas indústrias e novos sistemas tecnológicos; segundo, o período de crescimento acelerado no qual as indústrias se consolidam e exploram as inovações sucessivas; terceiro, o período de crescimento tardio no qual as indústrias iniciam um processo de desaceleração e o paradigma se difunde entre os setores com menor receptividade inovativa; quarto, o período de maturação no qual, o mercado começa a se saturar, os produtos e processos tornam-se padronizados e as inovações incrementais resultam em pouco aumento produtivo.70

Após um certo tempo da implementação de um novo paradigma, inicia-se o período de processo de experiência acumulada, quando a maturação é atingida. Por conseguinte, encontra-se o estágio de saturação do mercado, e como resposta e uma forma de sobrevivência as empresas apostam em estratégias competitivas. A busca por novas tecnologias é a estratégia mais utilizada, pois permitem gerar novos produtos assim como novos paradigmas, como afirma Anjos 71.

Para Freeman e Perez72 o surgimento de um novo paradigma se dá com base em um paradigma anterior, caracterizando uma inovação radical, na qual supera a anterior. E faz-se necessário de três fatores que efetivam a sua consolidação, São eles:

[...] primeiro, uma diminuição de custos; segundo, um rápido crescimento da oferta; e terceiro, um claro potencial de implementação desta tecnologia tanto nos processos quanto nos produtos inseridos no sistema econômico. Atingindo estes três objetivos o novo paradigma prova sua vantagem

70

DOSI, 2006, apud ANJOS, 2009, p. 36.

71

ANJOS, 2009.

72

FREEMAN, C.; PEREZ, C. Structural crises of adjustmet: business cycles and investment behaviour. In: Dosi, G. et all. Techincal change and economic theory. Londres: Pinter Publishers, 1988. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YhP- WhHxB2gC&oi=fnd&pg=PA871&dq=Structural+crises+of+adjustmet:+business+cycles+and+invest ment+behaviour&ots=JjOYYlnOEE&sig=3rGRZoWxDhw7ozQj04z8t5c7qTU> Acesso em: 12 de Set. de 2015.

comparativa e, a partir daí, se inicia o processo de reestruturação para que esse paradigma se torne predominante. 73

Assim, percebe-se que cada paradigma tecnológico é característico para cada tecnologia, pois, mantém relação com informações tanto de conhecimento formal quanto de conhecimento tácito, como também do acúmulo de capacitações adquiridas anteriormente.

O estímulo para o processo de inovação tecnológica conforme afirma Dosi74 é a solução de problemas. Estes problemas são diagnosticados a partir de experiências prévias. As descobertas universitárias são significativas para a inovação ao ponto de originar em conhecimento tácito diferente.

Sendo assim o regime tecnológico é descrito por Nelson e Winter75 com uma fusão entre quatro fatores, oportunidade tecnológica, apropriabilidade e cumulatividade de conhecimento tecnológico e, Malerba e Orsengo76 acrescenta relevância da base de conhecimento.

E aqui encerra-se a Revisão Bibliográfica deste trabalho de conclusão de curso. No próximo capítulo, o tema a ser abordado é o desenvolvimento econômico e tecnológico.

73

FREEMAN E PEREZ, 1988, apud ANJOS, 2009, p. 37.

74

DOSI, G. The nature of the innovative process. In: DOSI, G. et all (ed). Technical change and economic theory. London: MERIT, 1988b, p.221-238.

75

NELSON, Richard R.; WINTER, Sidney G. Uma Teoria evolucionária da mudança econômica. Campinas: UNICAMP, 2005. 631p.

76

MALERBA, Franco; ORSENIGO, Luigi. Technological regimes and patterns of innovation: a theoretical and empirical investigation of the Italian case. Evolving technology and market structure, p. 283-305, 1990. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?hl=pt- BR&lr=&id=qQMOPjUgWHsC&oi=fnd&pg=PA283&dq=Technological+regimes+and+patterns+of+in novation:+a+theoretical+and+empirical+investigation+of+the+Italian+case&ots=d1dZOe-

3 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL E HISTÓRICA

Na primeira parte deste trabalho apresentou-se o embasamento teórico elaborado a partir da pesquisa bibliográfica e documental relacionada ao tema proposto. Esta fundamentação possibilitou conhecer e descrever os principais conceitos acerca desta temática.

Desta forma, conforme indicado nos objetivos específicos desta monografia, esse capítulo se inicia com uma abordagem aos temas circundantes ao desenvolvimento econômico e tecnológico, as áreas de principal foco deste trabalho.

No documento Conteúdo nacional (páginas 39-42)