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INGRID SANTOS CIRIO DE AZEVEDO

CONTEÚDO NACIONAL: A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA NACIONAL

FLORIANÓPOLIS 2015

(2)

CONTEÚDO NACIONAL: A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA NACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Rogério Costa, Dr.

Florianópolis 2015

(3)
(4)
(5)

Ao meu orientador, Professor, por me incentivar e confiar na minha pesquisa, me guiando para os melhores resultados.

A minha mãe, por me proporcionar com todo o esforço e esmero esta conquista e por sempre acreditar no meu potencial me incentivando e torcendo.

A minha irmã e ao William, por compartilharem de todos os momentos de dificuldade durante o processo de produção do TCC.

Aos meus amigos do curso, Jean, Ana Flávia, Elize, Victoria e Nicolas por essa linda amizade e parceria desempenhadas ao longo desses quatro anos.

A todos os amigos e familiares, que consciente ou inconscientemente ajudaram para que este trabalho fosse concluído.

(6)

“Success is a science. If you have the conditions, you get the result.” (Oscar Wilde, 1889).

(7)

RESUMO

A presente monografia tem como tema central indicar possíveis influências que a Transferência de Tecnologia causou no desenvolvimento do conteúdo nacional na indústria petrolífera do Brasil. A transferência de Tecnologia é um tema sempre recorrente dentro das políticas de desenvolvimento nacional, por se tratar de uma forma eficiente e eficaz para a aquisição da tecnologia. A Política de Conteúdo Local, podendo ser chamada também de Política de Conteúdo Nacional, é abordada neste trabalho como uma via para se alcançar o desenvolvimento econômico, pois trata-se do compromisso entre o Estado e a empresa privada, a obrigando a fazer aquisições mínimas de bens e serviços de fornecedores especificamente Brasileiros. Esta pesquisa de natureza básica, elaborada através dos procedimentos bibliográficos e documental, teve como objetivo fazer uma revisão da literatura existente sobre o tema, seguindo por uma caracterização o padrão de desenvolvimento. E por fim, foi elaborada uma análise das influências ocasionadas pela Transferência de Tecnologia dentro de Políticas de Conteúdo Local do setor de Petróleo e Gás nacional.

Palavras-chave: Desenvolvimento econômico. Transferência de Tecnologia. Conteúdo Nacional.

(8)

ABSTRACT

This study has as its central theme indicate possible influences that technology transfer caused in the development of national content in the oil industry of Brazil. Technology transfer is a recurring topic in national development policies, because it is an efficient and effective for the acquisition of technology. The Local content policy, which can be also called national Content policy is addressed in this work as a way to achieve economic development, because it is the compromise between the State and the private company, making him do minimum purchases of goods and services from suppliers specifically.

This survey of basic nature, drawn up through the bibliographic and documentary procedures, aimed to make a review of the existing literature on the topic, followed by a development pattern characterization. And finally, was elaborated an analysis of the influence caused by transferring Technology within Local content Policies of national oil and gas sector.

(9)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fatores empresariais ... 27

Figura 2 - O triângulo da competitividade estrutural ... 28

Figura 3 – Fatores determinantes da competitividade ... 29

Figura 4 - A camada Pré-Sal ... 75

Figura 5 - Divisão do Marco Regulatório ... 77

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Perfurações realizadas pelo SGMB - Exploração de petróleo - 1919-30 . 66 Tabela 2 - Classificação dos Esforços Tecnológicos do PROCAP 1000 ... 72 Tabela 3 - Classificação das Linhas de Projetos do PROCAP 2000 ... 73

(11)

LISTA DE SIGLAS

ANP – Agência Nacional do Petróleo

ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

CEDPEN – Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional CENPES – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobrás

CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina CL – Conteúdo Local

CMBEU – Comissão Mista Brasil-Estados Unidos CNP – Conselho Nacional do Petróleo

DNP – Departamento Nacional do Petróleo

DNPM – Departamento Nacional da Produção Mineral E&P – Exploração e Produção de Petróleo

GIPART – Grupo Interdisciplinar de Administração, Relações Internacionais e Turismo

ONU – Organização das Nações Unidas P&D – pesquisa e desenvolvimento PCL – Política de Conteúdo Local

PROCAP – Programa de Capacitação Tecnológica em Sistemas de Exploração em Águas Profundas

PROMINP - Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural

SGMB – Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil SGMB- Serviço Geológico Mineralógico do Brasil TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação TT – Transferência de Tecnologia

(12)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 A TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA COMO DIFUSORA DO DESENVOLVIMENTO ... 20

2.1 A CONTRIBUIÇÃO DE SCHUMPETER PARA A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. 20 2.2 A INOVAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS ... 22

2.3 COMPETITIVIDADE E SEUS FATORES DETERMINANTES ... 26

2.4 CIÊNCIA E TECNOLOGIA ... 30

2.5 CONHECIMENTO COMO UM INSUMO E PRINCIPAL ATOR DA INOVAÇÃO31 2.6 FORMAS DE APRENDIZAGEM ... 33

2.7 DIFUSÃO DA TECNOLOGIA ... 34

2.8 A TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA ... 35

2.9 OS PARADIGMAS TECNOLÓGICOS E A TRAJETÓRIA DA TECNOLOGIA .. 37

3 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL E HISTÓRICA ... 40

3.1 TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ... 40

3.2 CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ... 44

3.3 AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA LATINA. ... 45

3.3.1 Teoria Cepalina para desenvolvimento da América Latina. ... 46

3.3.2 Teoria da Dependência ... 52

3.4 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO ... 57

4 O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA BRASILEIRA ATRAVÉS DA POLÍTICA DE CONTEÚDO NACIONAL ... 59

4.1 O BRASIL COMO UMA ECONOMIA INDUSTRIAL EM ASCENÇÃO ... 59

4.1.1 A Era Vargas, o nacionalismo, e o desenvolvimento econômico do Brasil 60

(13)

4.2 A INDÚSTRIA DESENVOLVIMENTISTA: PETROBRÁS ... 64

4.2.1 Os primórdios do petróleo no Brasil ... 64

4.2.2 Da descoberta do petróleo à fundação da indústria petrolífera no Brasil67 4.2.3 Da busca de petróleo para a redução da dependência de importações à autossuficiência na produção ... 70

4.2.4 PROCAP 3000 e a Era do Pré-sal ... 75

4.3 A POLÍTICA DE CONTEÚDO LOCAL ... 77

4.3.1 As políticas de Conteúdo Local no Brasil ... 80

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 84

(14)

1 INTRODUÇÃO

O primeiro capítulo do presente trabalho tem como foco a apresentação do tema e da pergunta de pesquisa. Como complemento serão expostos os objetivos gerais e específicos que o projeto busca alcançar. Por conseguinte, evidenciar-se-á a justificativa para a escolha do tema em questão, e a metodologia científica utilizada para este trabalho de conclusão de curso.

O desenvolvimento econômico de um país está relacionado principalmente ao nível tecnológico do mesmo. Hoje percebemos que a tecnologia e a inovação de um país dependem, em grande parte, da formação de recursos humanos capacitados, bem como de investimentos, intensos e contínuos nessa área.

Percebe-se que o desenvolvimento econômico não pode ser caracterizado apenas pelo aumento da produtividade ou da renda por habitante, deve-se levar em conta também a acumulação de capital assim como o crescimento tecnológico, como afirma Karl Marx em sua obra O Capital (1984)1. Desta forma, quanto maior o crescimento da economia de um país, maior o número de investimentos em tecnologia do mesmo.

É notória a evolução alcançada com a Revolução Industrial ao final do século XVIII. Uma sociedade que antes era completamente rural é obrigada a se adaptar ao novo sistema econômico, capitalismo, e sem mais nem menos são alastradas pelas indústrias que emergiram. O desenvolvimento industrial é crucial para a classe rural, extinguindo-a e fazendo com que surja o chamado proletariado, os cidadãos rurais que passam a trabalhar nas indústrias.

Autores como Schumpeter e Solow2 em suas bibliografias demonstraram que a tecnologia tem um papel central no crescimento econômico. E outros autores ainda afirmam que o motor principal da inovação, a criatividade humana, tem

1

MARX, Karl. (1867). O Capital: Critica da Economia Política. Vol. 1, T 2, São Paulo: Abril Cultural, 1984 (Coleção Economistas).

2

SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre

lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

SOLOW, Robert M. A Contribution to the Theory of Economic Growth. Publicado em: The Quarterly Journal of Economics, Vol. 70, No. 1. (Feb., 1956), pp. 65-94. Disponível em:

<http://www.jstor.org/discover/10.2307/1884513?sid=21106317982463&uid=4&uid=2 > Acesso em: 23/03/2015.

(15)

substituído recursos naturais e capital físico como principal meio para o crescimento econômico.

Schumpeter, em A Teoria do Desenvolvimento Econômico3, representa o

funcionamento da economia através do fluxo circular da renda e do produto. O objetivo deste modelo é representar o equilíbrio geral dos mercados em uma economia capitalista. O autor cria esta representação para posteriormente apresentar que o fenômeno fundamental da economia era romper com este fluxo circular e iniciar uma trajetória de desenvolvimento econômico. Ainda nesta obra o autor sustenta que a inovação é a mudança qualitativa e estrutural na produção e comercialização de alguns produtos o que provoca desequilíbrios em vários mercados. A mudança qualitativa citada por Schumpeter é a inovação radical, que é observada através das transformações provocadas por novos produtos (exemplo, cd e ipod), e não por melhorias em produtos já existentes.

[...] Isto não significa, porém, que as taxas de desenvolvimento serão iguais para todos: pelo contrário, variarão substancialmente dependendo da capacidade das nações de utilizarem seus respectivos estados e sua principal instituição econômica, o mercado, para promover o desenvolvimento.4

Essa desigualdade citada por Bresser-Pereira acontece, pois, os países que detém a tecnologia (os desenvolvidos) reservam esse conhecimento para uso próprio. A tecnologia pode ser descrita como o conhecimento que permite construir ou modificar um produto/serviço específico, o seu processo de transformação ou a sua comercialização. O custo para a implementação de métodos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) acaba sendo uma desvantagem para países que não detém da tecnologia. Por isso, a Transferência de Tecnologia (TT) acaba se tornando uma alternativa para a disseminação do conhecimento para as nações menos favorecidas economicamente.

Sendo assim, podemos conceituar a Transferência de Tecnologia como:

O processo através do qual um conjunto de conhecimentos, habilidades e procedimentos aplicáveis aos problemas da produção são transferidos, por

3

SCHUMPETER, 1988.

4

BRESSER-PEREIRA, Luiz C. O conceito histórico de desenvolvimento econômico. 2006. Disponível em:

(16)

transação de caráter econômico, de uma organização a outra, ampliando a capacidade de inovação da organização receptora.5

O conteúdo nacional (ou também chamado de conteúdo local) segundo o PROMINP, Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural,

[...] nada mais é do que a proporção dos investimentos nacionais aplicados em um determinado bem ou serviço, correspondendo à parcela de participação da indústria nacional na produção desse bem ou serviço. Assim, quando uma plataforma ou refinaria, por exemplo, possui um alto índice de conteúdo local, significa que os bens e serviços utilizados em sua construção são, em grande parte, de origem nacional, e não importados.6

A indústria petrolífera nacional, fundada em 1953, após uma forte influência da política nacionalista defendida pelo então presidente, Getúlio Vargas, a Petróleo Brasil S/A (PETROBRAS), pratica inúmeras políticas nacionalização de peças e equipamentos para a cadeia de abastecimento refino e petroquímica, que fortalecem o seu desenvolvimento e consecutivamente o desenvolvimento econômico do Brasil.

Essas políticas até então não eram regularizadas, porém em 1999 isso se tornou possível com a ocorrência da primeira Rodada de Licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), através das quais são estipulados requisitos mínimos de Conteúdo Local nos contratos de concessão das Operadoras, tanto para investimentos realizados nas fases de exploração quanto de desenvolvimento da produção de petróleo e gás natural. Sendo assim, esses contratos determinam que seja dada preferência à contratação de fornecedores brasileiros, aumentando, assim, a participação da indústria nacional, de forma competitiva.

Desta forma, atenta a este cenário, o presente estudo busca discutir a seguinte questão central: Como a política de conteúdo nacional, influencia no

desenvolvimento da indústria petrolífera nacional?

5

FERNANDEZ, Felipe. Estratégia Nacional de Defesa, Off-set e Transferência de Tecnologia -

Diagnóstico e Potencial de Absorção do Setor Aeroespacial Catarinense. 2014. Disponível em

<http://www.rexlab.unisul.br/junic/>. Acesso em 10 de Junho de 20015.

6

Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural, 2015, Disponível em <http://www.prominp.com.br/prominp/pt_br/conteudo/conteudo-local.htm> Acesso em 25 de Agosto de 2015.

(17)

Tendo como base o problema de pesquisa proposto, o objetivo geral a ser alcançado com este Trabalho de Conclusão de Curso é: indicar as possíveis influências que o conteúdo nacional causa no desenvolvimento da indústria petrolífera do Brasil.

Com o intuito de complementar e atingir o objetivo geral foi feito o desmembramento do mesmo em três objetivos específicos, os quais deverão ser alcançados no decorrer do trabalho, e serão apresentados a seguir: (1) Elaborar uma Revisão Bibliográfica, que servirá de referência para a análise da Transferência de Tecnologia para o desenvolvimento; (2) Caracterizar o desenvolvimento econômico, tendo como base o desenvolvimento da América Latina; (3) Analisar as influências da transferência de tecnologia na política de conteúdo local para o desenvolvimento da indústria petrolífera nacional.

A justificativa de escolha do projeto proposto tem sua importância nas Relações Internacionais, por investigar o processo de desenvolvimento da indústria petrolífera nacional, com a finalidade de entender o desenvolvimento econômico do próprio país.

A transferência de tecnologia, também pode ser considerado um termo particularmente novo, porém não menos importante. Adentrando a área das organizações internacionais, as quais se consolidaram como influente ator das RI, pois sua principal função seria atuar como um meio de garantir a estabilidade e a previsibilidade do sistema internacional.

Desta forma, o debate proposto visa abordar esta temática do desenvolvimento tecnológico, pois, hoje as economias mais desenvolvidas no cenário internacional são os que dominam e/ou desenvolvem a tecnologia.

O processo de motivação pessoal deu-se devido ao interesse sobre o tema anteriormente desenvolvido pela autora, no projeto de Bolsa de Iniciação Científica/Pesquisa em Relações Internacionais, desenvolvida pelo GIPART (Grupo Interdisciplinar de Administração, Relações Internacionais e Turismo) - Unisul.

Para a Universidade, após finalizado e publicado, o trabalho de conclusão pode ser usado como literatura auxiliar nas disciplinas ministradas dentro do curso de Relações Internacionais. Podendo também, futuramente, se transformar em uma nova vertente de estudo para o grupo de pesquisa da universidade, o GIPART.

Para o mercado de trabalho, a pesquisa é importante ao evidenciar como as políticas de transferência de tecnologia estão auxiliando no desenvolvimento

(18)

econômico, assim como, busca ajudar aos investidores, e aos próprios desenvolvedores da tecnologia, a fazer negócios com determinados países.

Enfim, esta proposta de análise é relevante socialmente, pois, apresenta um conhecimento para todos os interessados na transferência de tecnologia e no desenvolvimento econômico, pesquisadores, leitores que gostam de estar a par sobre as inovações, investidores diretos e indiretos, e etc. Por último, no setor Governamental, o estudo auxilia nos acordos internacionais de transferência de tecnologia.

Para uma melhor compreensão desta pesquisa, faz-se necessário um entendimento dos métodos utilizados para o desenvolvimento da mesma. No que diz respeito à classificação específica existente será exemplificado quanto à sua natureza, a abordagem do problema, os objetivos, e os procedimentos.

No entanto, antes da classificação, é importante trazer algumas definições. Acerca da pesquisa, é possível afirmar que a finalidade para a realização de uma pesquisa é descobrir respostas para as indagações e questões existentes sobre do tema pesquisado. Isso se torna possível através de estudos científicos – aqueles que aplicam a ciência a partir de procedimentos específicos. Ou seja, “pesquisar significa planejar cuidadosamente uma investigação de acordo com as normas da Metodologia Cientifica, tanto em termos de forma como de conteúdo”7

. Para Ferrari,

Método é a forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo. 8,

Isto posto, em seguida discorrer-se-á sobre as características aplicadas a investigação em questão, as particularidades de cada uma, e sua aplicação acerca do tema abordado.

Quanto à natureza da pesquisa, este trabalho pode ser qualificado como uma pesquisa básica ou pura, visto que esta tem como finalidade gerar e dar continuidade no conhecimento científico. Diz-se que o cientista faz ciência pura

7

OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2002. p. 118.

8

(19)

quando seu objetivo é aumentar o conhecimento que já existe, seja no mundo factual, seja no mundo das ideias9.

Consecutivamente, fazendo alusão à abordagem utilizada no projeto, legitima-se a pesquisa como qualitativa.

Com relação ao emprego do método ou abordagem qualitativa esta difere do quantitativo pelo fato de não empregar dados estatísticos como centro do processo de análise de um problema. A diferença esta no fato de que o método qualitativo não tem a pretensão de numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas.10

Sendo assim, a pesquisa qualitativa não se preocupa com relação aos números, mas sim com relação ao aprofundamento e de qual forma ela será compreendida pelas pessoas. O mesmo se faz presente na referida pesquisa, a autora busca explicar a que proporção a Transferência de Tecnologia auxilia no desenvolvimento econômico em Processos de Integração Regional, explorando o que necessita ser feito sem identificar os valores que se reprimem a prova de dados, pois os dados analisados por este método não estão baseados em números.

Por meios de auxiliar na abordagem qualitativa, o objetivo de pesquisa estabelecido foi de caráter exploratório, uma vez que os estudos exploratórios têm como objetivo a formulação de um problema para efeito de uma pesquisa mais precisa ou ainda a elaboração de hipóteses11.

Quanto aos procedimentos ou meios de investigação, pode-se classificar o presente estudo em bibliográfico, e documental. CASTILHO, et al.12, descreve que o procedimento, o bibliográfico, “é baseado na consulta de todas as fontes secundárias relativas ao tema que foi escolhido para realização do trabalho. Abrange todas as bibliografias encontradas em domínio público como: livros, revistas, monografias, teses, artigos de Internet”. O autor continua afirmando que por meio da pesquisa bibliográfica, é possível delimitar um problema com base nas referências teóricas publicadas, além de conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado.

9

BERNI, Duilio de Avila; FERNANDEZ, Brena Paula Magno. Métodos e técnicas de pesquisa:

modelando as ciências empresariais. São Paulo: Saraiva, 2012. 418p. 10

OLIVEIRA, 2002, p. 116

11

Ibid., p. 135.

12

CASTILHO, Auriluce Pereira et al. Manual de metodologia científica: ILES Itumbiara/GO. Itumbiara: Iles/ulbra, 2011. 81 p. Disponível em: <http://www.ulbraitumbiara.com.br/OLD/manumeto.pdf>. Acesso em: 05 maio 2015.

(20)

Já sobre o segundo procedimento o mesmo autor considera que:

É delimitado como a pesquisa que se baseia na coleta de dados, de documentos escritos ou não, através das fontes primárias, realizadas em bibliotecas, institutos e centros de pesquisa, museus, acervos particulares (igrejas, escolas, bancos, postos de saúde, cartórios, hospitais) e públicos (documentos de órgãos oficiais como ofícios, leis, escrituras). E outros como fontes estatísticas, fontes do direito, livros de apuração ICMS, balancetes contábeis e financeiros e comunicações realizadas pelos meios de comunicação orais e audiovisuais (rádio, televisão, filmes, mapas)13.

Desta forma, esta investigação objetiva utilizar todos os métodos citados para apurar o tema com melhor exatidão, dando continuidade ao conhecimento prévio, e por fim que ocorra uma integral solução aos objetivos principais do trabalho em questão.

Além deste capítulo introdutório, cujo aborda questões para o posicionamento das ideias principais de elaboração deste tema, e as características intrínsecas a ela, essa pesquisa está organizada nos seguintes capítulos, o segundo capítulo apresenta uma revisão da literatura sobre os principais temas que cerceiam o tema de pesquisa escolhido. Dando maior enfoque no estudo da transferência de tecnologia como a propulsora, e difusora do desenvolvimento econômico. Para isso é importante passar pelos estudos de Schumpeter o precursor dos conceitos de inovação tecnológica, tema muito presente e a mesmo tempo importante para o desenvolver do trabalho.

O terceiro capítulo, Desenvolvimento econômico: uma abordagem conceitual e histórica, será responsável por descrever as principais abordagens e conceitos acerca do desenvolvimento econômico e tecnológico, mas antes aborda as teorias clássicas do comércio internacional para que assim possa ser possível compreender os tópicos consecutivos, cujo abordam as duas principais teorias de desenvolvimento para a América Latina. A escolha de abordagem do desenvolvimento econômico em específico para América Latina está na necessidade que a autora sentiu em abordar primeiro o cenário em que o Brasil se inseria para depois poder analisar o próprio, como é feito no capítulo consecutivo.

Sendo assim, o quarto capítulo, busca caracterizar a formação da economia industrial do Brasil, fazendo uma explanação da história da política

13

(21)

nacionalista de Vargas, para assim adentrar na empresa petrolífera nacional indicando suas experiências de Transferência de Tecnologia embutidas nas políticas de Conteúdo Local nacionais desenvolvidas pela Petrobrás.

Por último, o quinto capítulo, apresentará as Considerações Finais que puderam ser observadas com a investigação desta monografia, objetivando o fechamento do trabalho e responder a pergunta de pesquisa proposta nessa introdução.

Assim, encerra-se o primeiro capítulo desta monografia, e iniciaremos o segundo capítulo com a Revisão Bibliográfica e o embasamento teórico necessário para a compreensão da pesquisa.

(22)

2 A TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA COMO DIFUSORA DO DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo serão apresentadas as convicções de diferentes autores com vias de fundamentar as etapas desta pesquisa. O intuito principal é apresentar estudos e informações que fundamentem a revisão bibliográfica deste trabalho. Desta forma, esta sessão foi dividida em tópicos relevantes para a consecução dos objetivos primordiais do projeto.

Neste tópico serão abordados temas e conceitos importantes para a compreensão, da utilização da Transferência Tecnologia como meio para o desenvolvimento.

2.1 A CONTRIBUIÇÃO DE SCHUMPETER PARA A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

A inovação tecnológica para Schumpeter14 é o cerne da dinâmica do sistema capitalista. A inovação se torna o ponto central de sua teoria para a performance econômica, e é a inovação tecnológica que ditará a competitividade entre as empresas.

A teoria do autor origina do fluxo circular, onde a economia estacionária produz sem que haja uma considerável alteração. Como afirma Tigre15, Schumpeter reconhece que o capitalismo está sempre em movimento (mudança econômica) e não pode ser considerado estacionário, fato que incorre no desenvolvimento da economia.

Schumpeter também relata que inovações tecnológicas notáveis ocorrem ao longo do tempo, e caracterizam o desenvolvimento. Neste aspecto:

O desenvolvimento, no sentido em que o tomamos, é um fenômeno distinto, inteiramente estranho ao que pode ser observado no fluxo circular ou na tendência para o equilíbrio. É uma mudança espontânea e descontínua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente.16

14

SCHUMPETER, 1988.

15

TIGRE, Paulo Bastos. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro. Elsevier. 2006. 7ª Ed.

16

(23)

A inovação pode acontecer através dos seguintes métodos: inserção de um novo bem, de um novo modo de produção, através da criação de um novo mercado ou a descoberta de uma nova matéria-prima. Na concepção de Schumpeter a inovação é dada como o principal insumo da competitividade entre diferentes economias. O ator central capaz de levar a inovação para a produção é o empresário, Schumpeter afirma que é o “espírito animal” desse empreendedor que busca o lucro, mas diferentemente do capitalista ele não busca apenas a renda fiduciária.

Tigre17 diz que esse empresário schumpteriano é recebido como um herói do desenvolvimento, pois as inovações quando aplicadas produzem resultados distintos, gerando um monopólio temporário deste empresário inovador, com lucros extraordinários. E para Schumpeter isso desafia as empresas existentes em um processo de destruição criadora que gera o progresso econômico. As mudanças na economia geradas por uma inovação destrói a velha estrutura e cria uma nova.

A concorrência que possui relevância para Schumpeter é aquela gerada por um novo produto. Sobre tal, destaca-se que:

[...] na realidade capitalista, que se distingue da retratada nos manuais, não é esse tipo de concorrência (a concorrência por meio da redução das margens de preço e custos) que importa, mas a concorrência da nova mercadoria, da nova tecnologia (...). Esse tipo de concorrência é muito mais eficiente do que a outra, da mesma forma que um bombardeio para arrombar uma porta.18

Os lucros que o empresário adquire com a inovação – caso esta seja aceita no mercado – inicialmente estimula outros empresários chamados de imitadores, a entrar no mesmo mercado, ocasionando a diminuição do lucro do empreendedor original. O desenvolvimento para Schumpeter oscila em momentos de crescimento (quando uma inovação é lançada) e momentos de recessão. As chamadas ondas são ditas por Schumpeter como um reflexo cumulativo promovido pela inovação original e seus efeitos especulativos. A especulação pode gerar uma frustração na qual leva a uma crise ou a uma depressão, e a recuperação só é diagnosticada quando ocorre a organização deste mercado mas ainda sem inovações revolucionárias. 17 TIGRE, 2006. 18 SCHUMPETER, 1988, p. 114.

(24)

O lucro, como o resultado do processo inovativo, é ágil e determina uma dinâmica na economia, destacando que só há incentivo à inovação caso o empreendedor tenha o conhecimento de que pode desfrutar do lucro de monopólio por um intervalo de tempo19. Entretanto, caso não exista concorrência certamente os empresários não serão estimulados a praticar o processo de inovação, ocorrendo então uma certa acomodação do empreendedor na posição de monopolista.

Os neo-schumpterianos ou evolucionistas integram a tecnologia como fator ligado à inovação, e, por conseguinte, a inovação torna-se intrínseca ao crescimento da economia20.

De acordo com os neo-schumpterianos há dois indutores diagnosticados como causa substancial da mudança tecnológica a demand-pull, e a technology-push. Na primeira proposta, a demanda do mercado sobre a indústria gera a inovação, é o usuário da economia que dita a mudança. Essa é uma característica de países em desenvolvimento. Na segunda proposta, a ciência da tecnologia é o determinante da inovação, e a tecnologia se torna um insumo21.

2.2 A INOVAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS

Como exposto anteriormente no texto, o que distinguirá as mudanças tecnológicas, é a inovação que ela apresenta, como por exemplo, o nível de inovação e também a dimensão desta inovação22.

A inovação pode ser conceituada como, “uma nova ideia, um evento técnico descontínuo, que, após certo período de tempo, é desenvolvido até o momento em que se torna prático e, então, usado com sucesso”23

. O mesmo autor continua afirmando que,

19

MELO, Michele Cristina Silva. Trajetória tecnológica do setor de telecomunicações no Brasil: a tecnologia VoI P. 2008. 229 f. 2008. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado)-Curso de Economia, Departamento de Economia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.

20

LEMOS, C. Inovação da era do conhecimento. In: Lastres, H. M. M.; Albagi, S. (Orgs) Informação e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro, 1999. Reproduzido em Revista Parcerias Estratégicas. Brasília, Centro de Estudos Estratégicos, n.8, p. 157-79, maio de 2000.

21

Ibid.

22

TIGRE, 2006.

23

REIS, Dálcio Roberto dos. Gestão da inovação tecnológica. Barueri, SP: Ed Manole. 2ª ed. 2008. p. 39.

(25)

Alguns estudos apresentam a inovação como uma criação original, uma novidade; outros apresentam-na como algo tangível, possível de ser aplicado no mercado ou num processo de produção; e outros estudos ainda apresentam uma abordagem mercadológica para diferentes classes de utilizadores. Procurando incorporar essas diferentes visões, Utterback propõe que a inovação tecnológica seja entendida como um processo que envolve a criação, o desenvolvimento, o uso e a difusão de um novo produto ou ideia [...].24

Já para Tigre25 “produto tecnologicamente novo é aquele cujas características fundamentais diferem significativamente de todos os produtos previamente produzidos pela empresa”.

Para Freeman26 há quatro tipos de inovação: a inovação incremental, radical, o novo sistema tecnológico e o novo paradigma técnico-econômico. A inovação incremental é caracterizada por uma transformação no produto, como por exemplo o layout, o design, ou na qualidade deste produto. Essa mudança tecnológica ocorre de forma regular, mas se difere dependendo do setor ou país devido a demanda gerada. É resultado da aprendizagem e da capacitação contínua. A inovação radical ocorre com a implantação de um novo produto, no qual interrompe a trajetória de uma tecnologia. Esse processo de inovação deriva da P&D, inicialmente há o rompimento da inovação incremental produzindo saltos de produtividade, em seguida cria-se uma nova trajetória de inovação incremental, pois uma vez já realizada a inovação primária de uma nova tecnologia a atividade subsequente é o melhoramento desta.

A mudança no sistema tecnológico provém de uma necessidade de um novo campo tecnológico, essa inovação causa uma transformação na organização, tanto interiormente, quanto à relação desta empresa com o mercado. A modificação no paradigma técnico-econômico por fim, é gerada com a revolução de uma tecnologia, da sociedade e da economia na qual esta organização se encontra. Essa inovação não ocorre continuamente, mas é permanente quando acontece, ela envolve vários arranjos de inovações radical e incremental.

24 REIS, 2008, p. 40. 25 TIGRE, 2006, p. 73. 26

FREEMAN, Christopher. A Economia da inovação industrial. Campinas, SP: Editora Unicamp. 2008. 813p. Tradução de: CAMPOS, André Luiz Sica de; COSTA, Janaina Oliveira Pamplona da, apud Tigre, 2006.

(26)

As estratégias de inovação utilizadas pelas empresas foram sistematizadas por Christopher Freeman27, em sua obra Economia da inovação

industrial. Para o autor são substancialmente seis estratégias existentes que

definem padrões de comportamento das empresas, em relação à inovação que as mesmas escolhem em conformidade com os seus objetivos principais. As estratégias são: Ofensiva, Defensiva, Imitativa, Dependente, Tradicional, e Oportunista.

A primeira estratégia, determinada por Freeman28, a Estratégia Ofensiva, afirma que a inovação é arquitetada para que a empresa alcance a liderança, o pioneirismo, técnico e de mercado sob aquela inovação. No entanto, para chegar a este estágio primeiramente a empresa deve investir arduamente em P&D (Pesquisa

e Desenvolvimento) independente, e, como garante o autor,

[...] o departamento de P&D das firmas tem um papel-chave nas estratégias ofensivas. Ele deve por si mesmo gerar as informações e conhecimentos científicos e tecnológicos que não estão externamente disponíveis, bem como levar a inovação proposta ao ponto em que a produção normal do novo produto possa ser iniciada.29

Da mesma maneira que será necessário o investimento contínuo em P&D será preciso também utilizar a proteção por meio de patentes, já que a empresa espera que o monopólio desta inovação lhe renda lucros, conforme atesta o autor.

Um forte exemplo de estratégia ofensiva no Brasil, é a Petrobrás, como exemplifica Tigre (2006) que: “para viabilizar tal estratégia, foram necessários investimentos de longo prazo em um centro de pesquisa e desenvolvimento interno (o CENPES) e um contínuo esforço de capacitação e cooperação com universidades”.

De acordo com Freeman (2008), não é qualquer empresa que esta disposta a investir tempo, dinheiro, e riscos em uma estratégia ofensiva de inovação. À vista disso a segunda estratégia, a Estratégia Defensiva, seria uma saída para as firmas que querem inovar. Esta estratégia diferencia da anterior não por investir menos em P&D - muito pelo contrário - mas sim na velocidade das inovações, uma vez que as mesmas investem em P&D, porém não aposta tanto no risco de serem 27 Ibid. 28 FREEMAN, 2008. 29 Ibid., p.459.

(27)

as proclamadoras de uma nova tecnologia. No entanto, não querem ser deixadas para trás, apostando em melhorias menores, modificações de produtos e processos já existentes, aproveitando-se dos erros dos pioneiros. Essa estratégia pode ser verificada frequentemente em mercados de oligopólio.

Se elas (firmas de inovação defensiva) desejam obter ou manter uma parcela significativa do mercado, precisam fazer projetos de modelos pelo menos tão bons quanto os das primeiras inovadoras e, preferivelmente, incorporando alguns avanços técnicos que diferenciem seus produtos, mas a um custo menor.30

As patentes também são uma opção para as inovações defensivas, é considerada uma forma de enfraquecimento das inovações pioneiras, “evitando serem excluídas de um novo ramo da tecnologia”31

.

As firmas de inovação imitadora são aquelas que não disputam diretamente com os líderes da inovação, elas simplesmente acompanham à distância, produzindo a baixo custo. “O grau dessa diferença irá variar dependendo das circunstâncias específicas do ramo, do país e da firma”32

.

A busca pela inserção no mercado pode causar uma alteração substancial no seu produto. Como forma de proteção, essas empresas também investem em patentes secundárias como subprodutos de suas atividades.

Já a estratégia dependente, demonstra um papel de subordinada às demais firmas mais fortes, posto que elas não promovem inovações. “De qualquer forma, elas podem até apreciar o grau limitado na autonomia que ainda desfrutam na condição de firmas-satélites”.33

A quinta estratégia, a Estratégia Tradicional, essas firmas não veem razões para mudar seus produtos, já que o mercado simplesmente não exige esse esforço.

Por fim, a última estratégia, a Estratégia Oportunista, conforme o nome já diz, esta associada a oportunidades temporárias para as firmas. Essas empresas se firmam em mercados muito específicos e particulares

30 FREEMAN, 2008, p. 470. 31 Ibid., p. 471. 32 Ibdi., p. 476. 33 Ibdi., p. 485.

(28)

2.3 COMPETITIVIDADE E SEUS FATORES DETERMINANTES

A competitividade, como já mencionado nos tópicos anteriores, pode ser considerada uma estratégia para uma empresa. Por conseguinte é indispensável ponderar os principais conceitos e os seus fatores determinantes.

Entretanto é importante analisar que em estudos desenvolvidos atualmente, ainda que seja questionável um conceito definitivo para competitividade, Ferraz34 afirma que é “a capacidade da empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”.35

Conforme Ferraz destaca, a competitividade é observada em dois pontos de vista diferentes, o primeiro vê a competitividade como o desempenho de uma empresa e o segundo como a eficiência da firma.

O primeiro ponto de vista apontado pelo autor intervém sobre o desempenho que a empresa apresenta diante do mercado, e acusa que é a demanda do mercado que determina as ações produtivas, comerciais, e propaganda que a empresa irá realizar para se destacar competitivamente. Tratando-se da competitividade revelada.

O segundo ponto de vista, intervém sobre a eficiência, apontando a competitividade como um potencial, quando a competitividade da firma tende a ser medida através da relação insumo-produto, que de acordo com Ferraz, é a capacidade da empresa de transformar os insumos em produtos com mínimos custos. Nesse ponto quem determina o nível competitivo é a própria firma, pois é ela quem discrimina as técnicas e estratégias para a capacitação tecnológicas.

Logo, para o autor, “considera-se, assim, que é o domínio de técnicas mais produtivas que, em última instância, habilita uma empresa a competir com sucesso, ou seja, representa a causa efetiva da competitividade”.36

Por se refletir diante das estratégias competitivas, o desempenho e a eficiência produtiva, a competitividade é considerada uma característica extrínseca,

34

FERRAZ, João Carlos et al. Made in Brazil: desafios competitivos para a indústria brasileira. Editora Campus, 2002.

35

Ibid., p.3.

36

(29)

e conta como elementos centrais de análise as seguintes áreas de competência empresarial: gestão, inovação, produção e recursos humanos.

As atividades de gestão, para o autor, tratam das atividades administrativas industriais, como planejamento estratégico, finanças e marketing; as

atividades de inovação abordam os temas de processos de P&D, e os processos de

intercâmbio de tecnologia através da transferência de tecnologia; já as atividades de

produção referem-se tanto aos equipamentos, insumos, quanto a produção e

controles de qualidade; e por último as atividades de recursos humanos que caracteriza a relações de trabalho que acabam influenciando na produtividade da firma.

Os fatores determinantes da Competitividade estão diretamente conectados com a estrutura da indústria, do mercado, e do sistema produtivo. Baseado neste critério, Ferraz considera que os fatores foram reunidos em três grupos distintos, os empresariais, os estruturais, e os sistêmicos.

Em linhas gerais, segundo o autor os fatores empresariais são os internos à empresa, aqueles cuja empresa tem o poder de decisão, podendo controlar ou modificar. Referindo-se às quatro áreas de competência da empresa, citadas anteriormente, as atividades de gestão, inovação, produção e recursos humanos, conforme ilustrado na figura a seguir.

Figura 1 – Fatores empresariais

(30)

Os fatores estruturais, diferentemente dos empresariais a empresa tem capacidade limitada de intervenção, pois aborda especificidades setoriais relacionadas ao padrão de concorrência ligada a cada indústria. Esses referem-se tanto à organização da produção intra-setorial quanto às relações entre fornecedores e produtores nas cadeias produtivas. O autor busca exemplificar esse fator constituindo o Triângulo da Competitividade Estrutural, que pode ser dividido em três áreas principais: o Mercado, a Configuração da Indústria, e os Regimes de incentivos e Regulação da Concorrência.

Figura 2 - O triângulo da competitividade estrutural

Fonte: FERRAZ, 2002, p 12.

Por último os fatores sistêmicos são aqueles os quais a empresa não tem a possibilidade de intervir, por tratar-se de questões externas à empresa. Esses fatores possibilitam a determinação das vantagens competitivas para as empresas em relação a concorrentes de outros países, podendo ser agrupados da seguinte forma: Macroeconômicos, Político-Institucionais, Legais-Regulatórios, Infra-Estruturais, Sociais e Internacionais, conforme ilustrados na figura 3.

(31)

Figura 3 – Fatores determinantes da competitividade

Fonte: FERRAZ, 2002, p 14.

A figura acima exemplifica os fatores determinantes da competitividade como um todo englobando também os fatores sistêmicos bem como os fatores empresariais.

A indústria petrolífera brasileira é integrante de uma política industrial mais ampla. Que em função da dimensão dos investimentos feitos para o setor de P&G (PETRÓLEO E GÁS), faz-se necessária uma estruturação de uma política industrial específica para o setor. Esta política exige um planejamento e coordenação, mesclando diversos setores da esfera governamental e instituições do segmento privado.

Desta forma essa política industrial deve atuar sobre os fatores de competitividade, buscando, a partir dos investimentos e do potencial de escala que o País pode propiciar no setor de P&G para que no longo prazo, possa constituir uma cadeia de fornecedores com capacidade de atuação global. O setor do petróleo apresenta uma excelente oportunidade para o País, principalmente em função do nível tecnológico e de qualificação da mão de obra exigidos. Tais características podem fazer do setor petróleo um estimulante do desenvolvimento tecnológico e da inovação que ultrapasse suas fronteiras e tenha reflexo em outros segmentos industriais relevantes.

(32)

2.4 CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A intensificação do uso do conhecimento em atividades econômicas dá-se devido ao desenvolvimento, evolução, e aplicação das tecnologias de informação e comunicação dentro das organizações. Segundo Fialho et al.37 após a Revolução Industrial, quando a burguesia industrial buscava por lucros imediatos reduzindo os custos ao máximo, percebe-se a preponderância do desenvolvimento tecnológico ocorrido no período, principalmente nas áreas de transportes e máquinas.

[...] cabe ressaltar também que foi no período que antecedeu o século XX que surgiram os grandes pioneiros, criadores e disseminadores de conhecimento, os quais deram origem a estudos que até hoje repercutem em nossas vidas e são aplicados em nossa sociedade – adaptados, logicamente, à nossa realidade38.

Para compreender melhor esse tipo de conhecimento, faz-se necessário distinguir e conceituar ciência e tecnologia. Visto que esses são considerados conceitos básicos para o desenvolvimento do conhecimento inovativo. Portanto,

Entendemos que o conceito de tecnologia se refere a um conjunto de conhecimentos científicos, empíricos e intuitivos, que podem alterar um produto, o processo de produção e o de comercialização deste produto (ou serviço). A tecnologia, quando se refere a um produto/ serviço, representa o conhecimento que permite construir ou modificar o produto, seu processo de transformação ou comercialização. Ela não se refere ao produto em si. Não é o computador, mas o conhecimento que permite construir, operar e comercializar a máquina39.

Já a ciência,

[...] representa tentativa sistemática de estudar e compreender o mundo em que vivemos e as leis que o regem. A tecnologia pode ser definida como o desenvolvimento, também sistemático, com base nos resultados da ciência, de técnicas que produzam coisas, artefatos40.

37

FIALHO, Francisco Antônio Pereira et al. Gestão do conhecimento e aprendizagem: as

estratégias competitivas da sociedade pós-industrial. Florianópolis: Visual Books, 2006. 196 p. 38

FIALHO, 2006, p. 15.

39

BARRETO, Aldo de Albuquerque. A transferência de informação, o desenvolvimento tecnológico e a produção de conhecimento. 2012. Disponível em:

<http://200.20.0.78/repositorios/bitstream/handle/123456789/523/Barreto.pdf?sequence=1> Acesso em: 20 de maio de 2015, p. 5.

40

MARZANO, Fábio Mendes. Políticas de Inovação no Brasil e nos Estados Unidos: a busca da competitividade – oportunidades para a ação diplomática. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão. 2011. p. 49.

(33)

As duas locuções embora sejam conceitualmente diferentes, é de grande importância que sejam apresentadas conjuntamente, assim como afirma Reis,

As palavras “ciência” e “tecnologia” são úteis exatamente porque servem como um termo “guarda-chuva” amplo, que sugere de uma forma geral, áreas do conhecimento sem definir seus limites exatos. As duas palavras são utilizadas em conjunto, com maior sucesso; ciência e tecnologia juntas (e não “a ciência e a tecnologia”), referem-se a uma entidade que existe na prática na nossa civilização mas que é impossível de ser dividida em duas partes. 41

Para tanto, hoje faz-se necessário investir em tecnologias e inovações para a garantia da sobrevivência da empresa como será abordado no próximo tópico. De acordo com Reis42 “O processo de inovação por intermédio do conhecimento é visto como um recurso-chave e uma fonte de vantagem competitiva entre empresas em um ambiente crescente competitivo”. Ou seja, uma empresa para garantir sua permanência no mercado e assegurar papel de destaque frente a seus concorrentes deve imprescindivelmente investir em conhecimento.

2.5 CONHECIMENTO COMO UM INSUMO E PRINCIPAL ATOR DA INOVAÇÃO

Segundo Takeuchi e Nonaka43, há diferença entre informação e conhecimento. Esta diferenciação ocorre porque a informação baseia-se em uma nova perspectiva sobre algo, ou também dá significado a algo antes imperceptível, e para tal é necessário para arquitetar o conhecimento. O conhecimento é firmado pela informação, sendo que “[...] a informação é um fluxo de mensagens, enquanto o conhecimento é criado pelo mesmo fluxo de informação, ancorado nas crenças e no compromisso do seu portador”44

.

Neste contexto o conhecimento passou a ser analisado por diversos autores, e um exemplo é Peter Drucker. Este autor afirma que nessa nova sociedade em formação, o conhecimento é o elemento principal, sendo considerado

41 REIS, 2008, p. 37. 42 REIS, 2008, p. 2. 43

TAKEUCHI, Hirotaka, NONAKA, Ikujiro. Gestão do conhecimento. Porto Alegre. Bookman. 2008. 320 p.

44

(34)

o único recurso realmente significativo, se tornando a essência do poder financeiro, pois é caracterizado com maior qualidade45.

Empresas que possuem um capital intelectual mais elevado detém um poder econômico expressivo. Atualmente algumas empresas ainda não introduziram o valor do conhecimento, mas as que já inseriram esse valor e dominam o conhecimento em forma de pesquisa, desenvolvimento, design, processos de fabricação, marketing, entre outros, acabam terceirizando o serviço de fabricação por ser pouco lucrativo para a empresa. Essa desmaterialização faz do conhecimento o insumo mais rentável que o aparato material.

Segundo Reis,

O valor de produtos e serviços depende do modo de desenvolvimento dos fatores intangíveis com base no conhecimento, como por exemplo, o know-how tecnológico, a apresentação de marketing, a compreensão do cliente, a criatividade pessoal, a inovação etc. 46

A criação do conhecimento para Takeuchi e Nonaka47 (2008), é baseada em uma estrutura com duas dimensões denominadas de epistemologia e ontologia. Na visão ontológica o indivíduo cria o conhecimento, sendo que o papel da organização é apenas potencializar o conhecimento criado e torná-lo parte da gama de conhecimento da empresa. Já na visão epistemológica os autores se apoiam na definição de Michel Polanyi48, em que o conhecimento é dimensionado como tácito e explícito, onde o tácito é privado de cada indivíduo e difícil de transmitir e formalizar, ao passo que o conhecimento explícito é objetivo e de fácil transmissão e possui linguagem formal. A relação entre essas duas dimensões é chamada de conversão do conhecimento. As empresas que geram o conhecimento dissipando-o por toda a organização e introduzindo em seus produtos.

O conhecimento constitui um ativo intangível que se soma ao ativo tangível da empresa, e ambos constituem as principais causas da competitividade na empresa. O conhecimento depende da aprendizagem. A aprendizagem empresarial tem como propósito a frequente atualização da empresa, sendo responsável pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento das competências essenciais

45

REIS, op. cit.

46

REIS, 2008, p. 2.

47

TAKEUCHI, 2008.

48

(35)

da organização, com vias de tornar-se um subsídio para a estratégia competitiva da empresa49.

Assim como o conhecimento é base para a inovação para Drucker50 a inovação é uma das funções básicas de uma empresa, pois há sempre a necessidade de aprimorar o negócio. Segundo o mesmo autor, a inovação inicia com uma ideia até se tornar um produto ou um processo.

2.6 FORMAS DE APRENDIZAGEM

Em Tigre51 aprendizagem é concebida como um processo cumulativo. Com rotinas em que há repetição contínua, sucede em atividades elaboradas de forma mais rápida e com melhor qualidade. O conhecimento e a inovação são atributos centrais do aprendizado no setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC)52.

Para que haja a oportunidade de uma mudança dentro de uma organização, é preciso habilidade para constatar o momento desta mudança, bem como a forma com que ela acontecerá. O aprendizado então se torna essencial, e através de conhecimento acumulado ele torna possível o processo de desenvolvimento e o uso de uma nova tecnologia.53

A principal forma de aprendizado se dá através da pesquisa e desenvolvimento, pois, como sugere Marzano,

[...] seu objetivo o de criar conhecimento, requererá boa dose de criatividade, a qual poderá levar ou não à invenção – segundo o grau de inventividade e a qualificação dos pesquisadores -, a qual, por sua vez, chegará ou não a traduzir-se em aplicações práticas e concretas na vida de cada indivíduo. 54

49

FLEURY, Maria Tereza Leme; JÚNIOR, Moacir de Miranda Oliveira (organizadores). Gestão

estratégica do conhecimento: integrando aprendizagem, conhecimento e competências. São

Paulo, Editora Atlas. 2001.

50

Drucker, 1962, apud MONTEIRO, 2011.

51 Tigre, 2006. 52 MELO, 2008. 53 Ibid. 54

MARZANO, Fábio Mendes. Políticas de Inovação no Brasil e nos Estados Unidos: a busca da competitividade – oportunidades para a ação diplomática. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão. 2011. p. 48.

(36)

Esse método de aprendizagem possui um custo elevado e os resultados não são imediatos, no entanto, é a tática de melhor efeito, segundo Reis. O autor continua afirmando que,

Quando um grupo de pesquisadores de dentro da empresa consegue criar um novo produto ou processo a partir de pesquisas próprias, ter-se-á o nível máximo de apropriação e o nível máximo de exclusividade na tecnologia desenvolvida. Como a empresa detém a tecnologia, poderá decidir se a explora ou se a vende, ou seja, de que modo ela pode usufruir melhor da vantagem competitiva conseguida ao dominar essa tecnologia.55

As vantagens comparativas de uma instituição, na conjuntura do século XXI, estão ligadas às frequentes modificações que expõe ao seu processo produtivo, onde o aprendizado se transforma no mecanismo através do qual as empresas preservam sua vantagem competitiva.

Isto posto, um país apresentaria vantagens em comparação a outros países, sobre determinados produtos. “Dessa forma, as nações devem procurar especializar-se na produção daqueles bens e serviços nos quais detêm vantagens comparativas”56

. Essa teoria de David Ricardo exemplifica um mercado desatualizado, pois atualmente mesmo os países que detém vantagem comparativas de determinados setores, concomitantemente apresentam índices baixos de desenvolvimento e alto nível de pobreza.

Nesse caso, diversos países acabam focando em suas vantagens comparativas – comumente associadas à setores primários, com baixa lucratividade – e deixam de investir em novos setores, especialmente à inovação alinhada à tecnologia, nicho em que as nações desenvolvidas se dedicam há décadas e, por conseguinte, levam vantagem frente à seus competidores.

2.7 DIFUSÃO DA TECNOLOGIA

A difusão tecnologia é compreendida pela adesão de uma tecnologia no mercado com características que condiz com a economia na qual será inserida. Ela causa impactos econômicos mais significativos do que os impactos inovativos. A velocidade da difusão é dada por sua aceitação pela sociedade (Tigre, 2006).

55

REIS, 2008, p. 96.

56

(37)

Segundo o mesmo autor o ciclo de vida de uma tecnologia é dado por quatro etapas: introdução, na qual a inovação é inserida e depende da aceitação dos usuários, a etapa de crescimento, é diagnosticada a partir do momento em que houver a aceitação da tecnologia (esta será sucedida com melhorias ao passo que exista uma concentração de conhecimento), a etapa de maturação acontece quando há uma estabilidade na demanda pela tecnologia e o processo de inovação incremental nesta tecnologia é menos constante, e por fim a etapa declínio, em que os usuários não se interessam mais por esta tecnologia e buscam novas inovações.

A difusão da tecnologia não ocorre necessariamente nesta direção, pode haver situações em que uma tecnologia sem sucesso salte da etapa crescimento para a etapa declínio. Para Tigre57 os fatores condicionantes da difusão tecnológica são de “natureza técnica, econômica ou de caráter institucional”.58

No enfoque econômico analisa-se a estrutura industrial, o crescimento econômico do país, e a competitividade, no enfoque social averígua-se o impacto na qualidade trabalho, e no aspecto ambiental, julga-se a o impacto ao meio ambiente causado pela tecnologia.

2.8 A TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

A tecnologia como explanado em tópicos anteriores, assim como afirma Guimarães59 “compreende um conjunto de conhecimentos científicos úteis e aplicáveis a uma variada gama de projetos, processos e produtos”. Porém, quem não detém tecnologia, ou quem não tem condições de desenvolver esta tecnologia, pode optar pelo processo de Transferência de Tecnologia. O referido processo pode ser compreendido, através da definição de Besant e Rush60, cujo afirma que a transferência de tecnologia é o procedimento pelo qual uma tecnologia é passada de um usuário para outro. A aquisição de tecnologia demanda alguma forma de

57 TIGRE, 2006. 58 Ibid., p. 82. 59

GUIMARÃES, Arthur Oscar. In VIOTTI, Eduardo Baumgratz et al. Dimensão Econômica da Inovação. Coleção Curso de Especialização em Agentes de Difusão Tecnológica. Brasília, ABIPTI/SEBRAE/CNPq, 1997. p..26.

60

(38)

aprendizado e adaptação já instalada nas organizações receptoras da tecnologia, como afirma Cysne61.

De acordo com Tigre

O processo de transferência de tecnologia envolve diferentes formas de transmissão de conhecimentos, incluindo contratos de assistência técnica, em que a empresa obtém ajuda externa para iniciar o processo produtivo, solucionar problemas ou lançar novos produtos; a obtenção de licenças de fabricação de produtos já comercializados por outras empresas e licenças para utilização de marca registradas; a aquisição de serviços técnicos e de engenharia.62

A maneira mais comum para a comercialização de uma tecnologia pode ser observada através do Licenciamento. Após a compra da tecnologia, verifica-se a importância de uma absorção, adaptação, e aperfeiçoamento desta tecnologia adquirida para as condições internas, aspirando sempre à melhoria na produtividade. Logo, é imprescindível a disponibilidade de recursos, de profissionais qualificados, para se perceber a eficiência dinâmica da transferência de tecnologia, como afirma Tigre,

O Licenciamento de tecnologia pode envolver diferentes níveis de participação das empresas recipientes. O nível mais baixo é a simples importação de componentes para montagem local de produtos, envolvendo um “pacote” completo sem praticamente nenhum componente local. Tais processos são conhecidos como SKD (completely knocked down) ou SKD

(semi knocked down).63

Conforme evidencia aquele autor, à medida que a tecnologia adquirida é utilizada desperta a necessidade de capacitação da adquirente perante este produto, uma vez que a empresa que adquire a tecnologia, através deste nível mais baixo de licenciamento, não tem capacidades de desenvolver o projeto da tecnologia. Enquanto que o nível mais alto é alcançado quando a tecnologia licenciada é incorporada ao processo de P&D”64

.

61

CYSNE, Fátima Portela. Transferência de tecnologia e desenvolvimento. Ciência da Informação, v. 25, n. 1, 1996. Disponível em:

<http://revista.ibict.br/cienciadainformacao/index.php/ciinf/article/view/485> Acesso em: 20 de Maio de 2015 62 TIGRE, 2006, p. 100. 63 Ibid., p. 101. 64

(39)

2.9 OS PARADIGMAS TECNOLÓGICOS E A TRAJETÓRIA DA TECNOLOGIA

Uma forma de conceituar paradigma tecnológico pode ser feita através de Dosi65, o qual atesta que o mesmo é visto como um modelo seguido para decifrar e reduzir custos. O autor continua afirmando que o paradigma tecnológico é como “um padrão de solução de problemas tecnológicos selecionados, baseados em princípios selecionados, derivados das ciências naturais, e em tecnologias materiais selecionadas”66

.

O surgimento de um novo paradigma se faz necessário, pois oferece uma melhor solução para os utilizadores da antiga tecnologia, por conseguinte, a performance deste novo paradigma será observado para que então ele possa ser aderido pela maior parte da comunidade científica, como afirma Anjos67.

Segundo Anjos, a trajetória da tecnologia é determinada através das limitações externas à essa tecnologia, e também pela natureza do paradigma. Ambos estão ligados, sendo o paradigma tecnológico inserido, a partir da trajetória tecnológica.68

Segundo Dosi as características definidas para a trajetória da tecnologia em termos dos paradigmas são as seguintes,

[...] (1) a existência de trajetórias mais genéricas ou mais circunscritas, bem como mais poderosas ou menos poderosas; (2) o desenvolvimento ou a falta de desenvolvimento em uma dada tecnologia pode conduzir ou afastar o desenvolvimento de outras tecnologias; (3) a fronteira tecnológica pode ser definida como o mais alto nível obtido em relação a uma trajetória tecnológica; (4) as trajetórias tecnologia, em certa medida, conservam determinantes cumulativas e, com isso, os avanços tecnológicos se relacionam com a posição da empresa frente à fronteira tecnológica; (5) a dificuldade em migrar de uma trajetória para outra esta relacionada ao quão “poderosa” a trajetória vigente seja; e, (6) a superioridade de uma trajetória em relação à outra, em princípio, é bastante difícil de se avaliar, esse fato explica o porquê da natureza incerta da atividade de pesquisa. 69

65

DOSI, G. Mudança técnica e Transformação Industrial. Campinas: Ed. Unicamp, 2006.

66

DOSI, 2006, p. 41.

67

ANJOS, Flavia Fernanda Medeiros dos. Avaliação dos esforços de capacitação tecnológica das empresas do setor de software situadas nas incubadoras de base tecnológica de Florianópolis. 2009. 136 f. Monografia- Curso de Ciências Econômicas, Departamento de Economia e Relações Internacionais, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.

68

MELO 2008, apud ANJOS, 2009.

69

(40)

Logo após a determinação e a escolha do novo paradigma, o primordial é avaliar tanto o sucesso tecnológico quanto o sucesso econômico, que este novo paradigma proporcionou. O nível de sucesso é medido através dos interesses das organizações no processo de P&D, de acordo com Anjos. Por tanto, os surgimentos de novos paradigmas dão-se de acordo com as necessidades econômicas definidas pela organização.

São determinadas também quatro fases de um paradigma tecnológico, são elas:

[...] primeiro, o período de difusão inicial no qual são gerados novos investimentos, novas indústrias e novos sistemas tecnológicos; segundo, o período de crescimento acelerado no qual as indústrias se consolidam e exploram as inovações sucessivas; terceiro, o período de crescimento tardio no qual as indústrias iniciam um processo de desaceleração e o paradigma se difunde entre os setores com menor receptividade inovativa; quarto, o período de maturação no qual, o mercado começa a se saturar, os produtos e processos tornam-se padronizados e as inovações incrementais resultam em pouco aumento produtivo.70

Após um certo tempo da implementação de um novo paradigma, inicia-se o período de processo de experiência acumulada, quando a maturação é atingida. Por conseguinte, encontra-se o estágio de saturação do mercado, e como resposta e uma forma de sobrevivência as empresas apostam em estratégias competitivas. A busca por novas tecnologias é a estratégia mais utilizada, pois permitem gerar novos produtos assim como novos paradigmas, como afirma Anjos 71.

Para Freeman e Perez72 o surgimento de um novo paradigma se dá com base em um paradigma anterior, caracterizando uma inovação radical, na qual supera a anterior. E faz-se necessário de três fatores que efetivam a sua consolidação, São eles:

[...] primeiro, uma diminuição de custos; segundo, um rápido crescimento da oferta; e terceiro, um claro potencial de implementação desta tecnologia tanto nos processos quanto nos produtos inseridos no sistema econômico. Atingindo estes três objetivos o novo paradigma prova sua vantagem

70

DOSI, 2006, apud ANJOS, 2009, p. 36.

71

ANJOS, 2009.

72

FREEMAN, C.; PEREZ, C. Structural crises of adjustmet: business cycles and investment behaviour. In: Dosi, G. et all. Techincal change and economic theory. Londres: Pinter Publishers, 1988. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YhP-WhHxB2gC&oi=fnd&pg=PA871&dq=Structural+crises+of+adjustmet:+business+cycles+and+invest ment+behaviour&ots=JjOYYlnOEE&sig=3rGRZoWxDhw7ozQj04z8t5c7qTU> Acesso em: 12 de Set. de 2015.

(41)

comparativa e, a partir daí, se inicia o processo de reestruturação para que esse paradigma se torne predominante. 73

Assim, percebe-se que cada paradigma tecnológico é característico para cada tecnologia, pois, mantém relação com informações tanto de conhecimento formal quanto de conhecimento tácito, como também do acúmulo de capacitações adquiridas anteriormente.

O estímulo para o processo de inovação tecnológica conforme afirma Dosi74 é a solução de problemas. Estes problemas são diagnosticados a partir de experiências prévias. As descobertas universitárias são significativas para a inovação ao ponto de originar em conhecimento tácito diferente.

Sendo assim o regime tecnológico é descrito por Nelson e Winter75 com uma fusão entre quatro fatores, oportunidade tecnológica, apropriabilidade e cumulatividade de conhecimento tecnológico e, Malerba e Orsengo76 acrescenta relevância da base de conhecimento.

E aqui encerra-se a Revisão Bibliográfica deste trabalho de conclusão de curso. No próximo capítulo, o tema a ser abordado é o desenvolvimento econômico e tecnológico.

73

FREEMAN E PEREZ, 1988, apud ANJOS, 2009, p. 37.

74

DOSI, G. The nature of the innovative process. In: DOSI, G. et all (ed). Technical change and economic theory. London: MERIT, 1988b, p.221-238.

75

NELSON, Richard R.; WINTER, Sidney G. Uma Teoria evolucionária da mudança econômica. Campinas: UNICAMP, 2005. 631p.

76

MALERBA, Franco; ORSENIGO, Luigi. Technological regimes and patterns of innovation: a theoretical and empirical investigation of the Italian case. Evolving technology and market structure, p. 283-305, 1990. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=qQMOPjUgWHsC&oi=fnd&pg=PA283&dq=Technological+regimes+and+patterns+of+in

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