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METODOLOGIA, CONTEXTO DE PESQUISA E PERFIS DOS PARTICIPANTES

3.3 Perfis dos participantes da pesquisa

3.3.2 Os professores de cursos de PLAc

O público de professores de PLAc participantes desta pesquisa compreendem um total de 20 participantes, dos quais 14 atuam no CZ e no CENEX, ao passo que os outros seis trabalham em outras iniciativas de ensino de PLAc. Esses professores são, em sua maior parte, mulheres (85%), e têm entre 21 e 52 anos, estando a maioria na faixa etária dos 21 aos 39 anos (90%).

No que diz respeito ao nível de escolaridade desses professores (GRÁFICO 2), grande parte está cursando (35%) ou possui graduação completa (20%) em diferentes áreas, sendo a maioria desses em cursos de Letras (81,8%). Em nível de pós- graduação, há participantes com mestrado em andamento (15%), outros que já possuem mestrado (10%) e estão em processo de doutoramento (5%) ou possuem doutorado completo (10%), majoritariamente em cursos relacionados no campo das Letras, aí compreendida a Linguística Aplicada. Metade dos participantes (50%) obteve seu maior nível de escolaridade há dois anos ou menos (50%), seguidos daqueles que o obtiveram entre três e sete anos (20%).

Pelos registros, observa-se que, em geral, embora com certa heterogeneidade, os professores são bastante especializados e em áreas relacionadas às Letras; no entanto, no contexto do CZ, isso nem sempre foi assim. Em 2015, poucos voluntários do Centro eram formados em Letras, mas esse cenário tem mudado, principalmente, após inúmeros esforços do coordenador da área de Línguas e Cultura, principalmente no ano de 2016, em firmar parcerias com profissionais da área em diferentes Instituições de Ensino, como o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e a UFMG, ambas em Belo Horizonte. Atualmente, dos 17 professores que atuam no CZ, 11 têm alguma formação concluída no campo das Letras.

GRÁFICO 2 – Nível de escolaridade dos professores participantes

Fonte: registros trabalhados pela autora

Assim como acontece com os coordenadores, o tempo de atuação em PLAc da maioria dos professores participantes é recente (GRÁFICO 3). 60% dos professores tinham experiência prévia com o ensino de PLA, que varia entre 2 meses e 2 anos (67%) e há mais de cinco anos (17%). Apenas um professor respondeu contar com ampla experiência no ensino de português como Primeira Língua (PL1), tendo atuado informalmente na área, como uma espécie de monitor/professor particular, por 10 anos. Apesar da formação em áreas relacionadas ao curso de Letras, para os demais 40% que não tinham nenhum tipo de prática com o ensino de línguas, a experiência com PLAc também representou uma estreia no âmbito do PLA.

No que diz respeito à atuação em PLAc, especificamente, podemos observar pelo gráfico ilustrado na Figura 6, que a maioria dos docentes (55%) tem uma experiência de atuação bastante recente, de um a três meses, seguidos de 20% cuja experiência abrange de 6 a 12 meses, e outros 20%, cuja atuação compreende um período de 1 a 3 anos. Apenas um participante atua na área há menos de um mês.

No que tange ao nível de proficiência em língua portuguesa pelos seus alunos108, na opinião dos professores, os imigrantes com os quais trabalharam tinham

108 É importante esclarecer que essa divisão entre níveis de proficiência em língua portuguesa não seguiu

nenhuma fundamentação teórica, ficando a cargo da interpretação dos professores sobre o que representava cada categoria.

35,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 10,00%

Superior incompleto Superior completo Mestrado incompleto Mestrado completo Doutorado incompleto Doutorado completo

um grau de conhecimento do português que poderia ser considerado de nível básico e intermediário, conforme representado pela Figura 7.

GRÁFICO 3 – Tempo de experiência com PLA (professores)

Fonte: registros trabalhados pela autora

FIGURA 6 – Tempo de experiência docente na área de PLAc (professores)

FONTE: Gráfico gerado automaticamente pela ferramenta Formulários Google, a partir dos registros gerados pelo questionário online.

Os docentes assinalaram que sua experiência em PLAc foi mais voltada para alunos de nível intermediário (70%) e básico (65%). Alunos iniciantes estão em terceiro lugar nas suas experiências docentes na área (55%), seguidos de alunos do intermediário superior (25%).

FIGURA 7 – Nível de experiência de aprendizagem da língua portuguesa dos alunos para os quais os professores ministraram aulas de PLAc

FONTE: Gráfico gerado automaticamente pela ferramenta Formulários Google, a partir dos registros gerados pelo questionário online.

Sem querer adiantar as análises que apresentaremos no capítulo IV, gostaríamos de apontar que os registros referentes à experiência dos professores em PLAc e à sua formação acadêmica podem representar uma tendência recente de estudiosos de áreas de letras/linguística em se interessarem na prática de PLAc. Por exemplo, conforme mencionado, quando eu, como professora-pesquisadora, iniciei meus trabalhos no CZ, poucos dos professores voluntários que atuavam como professores de português tinham alguma experiência prévia, seja na área de Letras, seja com o ensino de línguas adicionais, mas esse cenário tem mudado, conforme já mencionamos anteriormente na seção 3.2.1 deste capítulo.

Ainda, é preciso considerar que acreditamos que o pouco tempo de atuação dos docentes na área de PLAc, principalmente no contexto do CZ – onde atua a maioria dos professores participantes dessa pesquisa –, pode apontar para a alta rotatividade desses professores em cursos de PLAc. Concordamos com Souza (2016, no prelo), para quem isso se deve, muitas vezes, pelo fato de que, por serem, em geral, voluntários, muitos não conseguem assumir e/ou sustentar um compromisso a longo prazo, às vezes saindo e retomando essa prática docente quando podem ou para cobrirem eventuais faltas colegas que atuam como professores regulares. O mesmo pode não acontecer com professores que sejam bolsistas em cursos de extensão vinculados a instituições de ensino superior, como é o caso do CENEX e de demais cursos de PLAc no Brasil109.

109 Para um panorama mais amplo sobre iniciativas acadêmicas de acolhimento de deslocados forçados no

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