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ANTE AS ABORDAGENS TEÓRICO-PEDAGÓGICAS

4.3 PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E ORGANIZACIONAIS DO MST E A ESCOLA HOJE: ALGUMAS CONTRADIÇÕES

4.3.2 Os projetos/oficinas e a materialização dos princípios do MST

No período de nossa pesquisa de campo, aconteciam os projetos de percussão, teatro, artesanato e canto coral. As duas últimas oficinas não foram observadas durante a pesquisa.

A idéia que fomentou estes projetos teve início quando a escola estava na Vila Velha, ainda no início do assentamento a partir da iniciativa do diretor e de uma professora na época de formarem um grupo de coral. Dado o sucesso do grupo e o desenvolvimento positivo na aprendizagem (motivação), elaboraram um projeto maior encaminhando a Empresa Tractebel que apoiou financeiramente durante um determinado período, conforme relatamos no capítulo referente ao histórico da escola.

A oficina de percussão iniciou em 2005 com um professor da escola trabalhando voluntariamente. As oficinas de percussão integram o projeto Viver em Harmonia e foi possível devido à aquisição de instrumentos musicais através do apoio da Empresa Tractebel Energia. As aulas são ministradas, uma vez por semana, em contra-turno, os alunos precisam fazem suas refeições na escola. As aulas são teóricas e práticas. Atualmente os educandos já tocam diversos ritmos, acompanhando também o grupo da Banda. Paralelamente às aulas de percussão, há um grupo de alunos percursionistas que também cantam e tocam violão sob instrução do mesmo professor coordenador. Aqui, há especificamente um resgate da música raiz. Já se apresentaram na cidade de Dois Vizinhos, durante o Festival de Artes do Paraná (FERA), em Laranjeiras do Sul na Conferência Regional da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná.

“Eles se escrevem e vem quantos alunos quiserem, daí esse ano deu uns 40 acho com a turma de manha que estuda a tarde no contra turno e de tarde deu uns 30 e poucos. Os de manha pra tarde nós seguramos todas ai fizemos duas turmas quinzenal uma semana vem uma e na outra vem a outra turma pra não despensa ninguém e a tarde fizemos um teste. No teste a gente vê que tem vontade de toca alguma coisa vê se tem alguma habilidade. Daí depois a gente da alguma teoria sobre musica. Tem mais é mais prática, pra depois a gente dá o instrumento [...] a questão do aluno trabalha a coisa da localidade dele [...] a piazada gosta ajuda também na aula alguns se descobrem e se que participa do projeto, mas tem que da a tua parte no estudo também. Ai eles se dedicam mais pra poder participa do projeto [...] é uma motivação [...] contribui também pro nosso ensino [...]” (Entrevistado T. em 15-05-2007).

O grupo de teatro está formado desde 2003 e vinha sendo coordenado por professores voluntariamente. No ano de 2005, as educandas da escola, Carla Maria Loop e Maria Lúcia de Chaves, participaram de uma Oficina de Teatro promovida pelo MST no Rio Grande do Sul e, a partir de então, começaram a coordenar o grupo de teatro que teve sua metodologia modificada, passando a ter referência no Teatro do Oprimido, de Augusto Boal. No qual, por meio da linguagem teatral busca-se interpretar a sociedade e a realidade que a cerca, resgatar e fortalecer a história e identidade cultural do povo camponês por meio da arte e desenvolver a cultura corporal. Este grupo já se apresentou em alguns eventos em cidades vizinhas: em Laranjeiras do Sul na Conferência Regional da APP-Sindicato; em Rio Bonito do Iguaçu no IV Encontro de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária (ENERA) e em Maringá, na Oficina de Artes promovida pelo Coletivo Estadual de Teatro Gralha Azul, do MST / Pr.

Unindo diversão, reflexão e diversão, além do grupo Teatral Itororó, há na escola apresentações de peças teatrais desenvolvidas pelos alunos em sala de aula com auxílio de professores e equipe pedagógica. Místicas são apresentadas na abertura de eventos realizados na escola e fora dela e o teatro também é realizado no Momento Cívico.

Atualmente, é uma ex-aluna da escola e ex-integrante do grupo que faz parte do Setor de Comunicação e Cultura no âmbito estadual do MST e atua voluntariamente na escola. A aluna relata que o projeto já foi coordenado por outras professoras, mas trabalhavam o método tradicional de teatro, ‘aquele grande palco ai devia ter uma camareira um pia que só faz o trabalho manual que limpa a sala você só faz o figurino e se você se expressa melhor do que os outros então o papel melhor é teu e ficava bem clara essa divisão e dai a gente não gostava daquilo’ enquanto que a metodologia das oficinas teatrais no MST é inspirada em Augusto Boal, com o teatro do Oprimido. Segundo esta aluna entrevistada, o grupo de teatro da Região Sul foi criado em 2004 e em 2005 foi criada a Brigada Estadual de Teatro,

chamada Gralha Azul, que segue orientações da Brigada Nacional de Teatro.

“[...] só que ai sempre trabalhando muito a teoria e a prática dentro do teatro do Oprimido [...] aí representantes do Paraná que tiveram aulas com Augusto Boal lá no centro de teatro do oprimido do Rio de Janeiro [.. .] e essas pessoas vieram pro estado e ai no nível de região sul a gente fez a brigada. Aqui o nosso grupo que o Ireno Alves dentro da escola a gente tem o grupo Face Arte [...] então aluno que participa ele se escreve no projeto sempre tem no inicio do ano ai gente faz um primeiro encontro pra conhece eles com o intuito de ver o que eles pensam sobre teatro, pra se expressa como é cada um ai com o passar do tempo você consegue trabalha com grupos ou individualmente cada um. [...] esse ano teve 36 escritos [...] eu trabalho com todos eles não diz ó você pode e você não pode por que como você taxasse você esta preparado para ser um vencedor na vida e você por ser quietinho infelizmente vai ter que ser um gari e a gente trabalha pra que eles não pensem dessa forma pra que eles percebam que a coisa é diferente ai consegue concilia arte e educação [...] a gente estuda teatro estuda a forma que existe tradicional palco Italiano, a forma dramática a tele novela isso tudo o teatro do Oprimido outros autores as formas de teatro outros grupos de teatro, produz as nossas peças, eles também escrevem sobre coisas nossas, coisas que eles querem, que falam da família e ai eles que comandam ai as outras vezes da dinâmica do teatro do Oprimido to trazendo a técnica do teatro e também a teoria trabalhando as duas coisas e assim usando todas as formas de matérias vendo que não é só o livro didático mas como um jornal um pequeno texto [...] são coisas novas e através da arte a gente leva pra eles” (Entrevista Ex-aluno C. em 14-05-2007).

Nessas duas atividades, a partir tanto das entrevistas como das observações, observamos uma forte relação com o ideário do Movimento, principalmente, na oficina de teatro, a seleção de textos abordados no teatro relacionam-se aos processos políticos e econômicos, como postula o MST e parte-se de conceitos da realidade dos alunos para a elaboração do conhecimento. A relação teoria-práica também se evidencia assim como a cooperação entre os alunos.

4.3.3 III Semana Cultural/A festa da colheita – história e a relação com os princípios do