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4. Intervenção educativa no contexto

4.6. Ouvir histórias

“As crianças mais pequenas, de 3/4 anos, escutam atentamente: olhos pregados no Educador bebem com concentração cada palavra, e seguem as ondulações da história, não só com um olhar interessado, mas também conivente” (Albuquerque, 2000, p. 97).

No decorrer da minha prática verifiquei que as crianças mostram bastante interesse na exploração e audição de histórias mostrando já uma grande capacidade de adaptação ao momento do conto. De facto, e no decorrer da prática eram já constantes os pedidos das crianças solicitando-me que lhes contasse uma história, que a voltasse a repetir, ou questionando-me se iria contar naquele dia alguma história, sendo já aqui evidente o desejo das crianças em ouvir histórias. A audição de histórias por parte das crianças revelou-se desde logo uma proposta emergente à qual procurei dar resposta. Enquanto

83 futura educadora é importante responder aos interesses e pedidos das crianças, por isso é relevante reler “…histórias que as crianças mais gostam a pedido delas, ou por sua própria iniciativa …as crianças adoram que lhes seja lida a sua história favorita vezes sem conta, na mesma ocasião e às vezes períodos de semanas ou meses” (Hohmann & Weikart, 2011p.548).

O desejo na audição de histórias por parte das crianças esteve de tal forma evidenciado que o conto e explorações das histórias acabaram por ocorrer em diferentes momentos (na reunião de grupo; no momento que antecedia o almoço e durante a tarde e nos momentos de transição). Relativamente ao jardim-de-infância esta exploração acabou por ocorrer também os momentos referidos anteriormente, contudo, importa ressaltar que houve por parte das crianças um planeamento da área da biblioteca (com maior frequência) e também o planeamento de frequentes dramatizações no momento de animação cultural.

A audição de histórias que pude proporcionar às crianças revelou-se uma mais-valia potenciando o contacto com as diferentes histórias e recursos e onde foi possível verificar o envolvimento das crianças que se mantinham bastante atentas no conto das histórias.

Para além da audição de histórias que pude intensificar na minha prática, importa aqui referir, os momentos em que as crianças puderam ouvir histórias não só a partir do educador mas de outros contadores de histórias com diferentes modos de leitura e também de exploração de histórias, como aconteceu na visita ao Convento dos Remédios onde as crianças puderam ouvir a história “Os sete cabritinhos” e também assistir a um

teatro de fantoches sendo este aquilo que mais captou a atenção e interesse das crianças sobretudo pelo carater dinâmico destas explorações. O entusiasmo das crianças esteve sempre evidenciado durante a audição e visualização das histórias. Considero que esta saída se revelou interessante para o grupo, pois para além das interações estabelecidas as crianças puderem sair do contexto de sala a que estão habituados e vivenciar novas experiências, potenciando o contacto com diferentes obras artísticas e contos tradicionais importantes na nossa história.

Figura 40- Conto da

história "Os sete cabritinhos"

Figura 41- Teatro de

84 Outro dos momentos no qual as crianças puderam ouvir histórias foi na visita à Junta de Freguesia do Bacelo onde foi contada às crianças a história “En el silencio del bosque”. O contador da história começou por mencionar às crianças antes

do início da leitura do livro, que este tinha apanhado muito vento no fim-de-semana e tinha ficado sem letras sendo que deveriam ser as crianças a contar a história a partir das imagens. O resultado foi interessante, pois as crianças envolveram-se bastante na criação da história a partir das imagens e ao mesmo tempo ouvindo a história que ia sendo criada por todos os colegas.

Também, na visita ao Monte Selvagem as crianças tiveram a oportunidade de ouvir e assistir à dramatização de uma história sobre a cegonha, onde as crianças se mostraram bastante atentas na sua audição, levando-as à compreensão da história. Durante a dramatização foi estimulante ver que, a história contada com a dramatização de personagens facilitou a sua compreensão e potenciou um momento lúdico e envolvente para as crianças. Esta

tornou-se igualmente relevante, pois algumas das crianças puderam participar nesta dramatização.

Outra das experiências proporcionadas às crianças, que se revelou igualmente significativa, foi o conto efetuado pela prof Ângela Balça que

acedeu ao nosso convite para o conto de duas histórias. À medida que eram contadas as histórias, verifiquei que o grupo estava bastante envolvido e mostrava interesse na audição da história. O facto de o segundo livro “A maior casa do mundo” ter imagens aliciantes foi aquele que despertou maior curiosidade às crianças. No final o grupo pode colocar algumas questões sobre a história,

sendo aqui evidente o interesse em explorar de forma mais aprofundada a história. Também aqui o entusiasmo das crianças foi evidente no decorrer do conto das histórias. A audição e contacto com histórias esteve também presente na visualização da história do projeto “O sistema solar” efetuado por outra sala de jardim-de-infância ao qual pudemos assistir. O grupo manteve-se bastante atento e escutou com atenção o teatro. No final puderam ainda, usufruir da exploração de uma canção e também de umas

Figura 42- Conto da história

“En el silencio del bosque”

Figura 43- Dramatização da

história "A cegonha"

Figura 44- Conto de histórias

85 bolachinhas feitas pelas crianças. Neste momento o grupo pode ainda dialogar com as restantes crianças, promovendo um importante momento de interação entre os grupos.

Outra das apresentações foi efetuada pela outra sala de jardim-

de-infância, onde foi possível visualizarmos o teatro de marionetes realizado em torno do projeto “Os pássaros”. O grupo estava muito interessado em ouvir a história e ver as marionetas que iam surgindo.

Por último, não poderia deixar de referir o conto de histórias efetuado pelas educadoras cooperantes durante as minhas observações participadas e que se revelaram também potenciadoras de momentos de leitura prazerosa e de diferentes explorações.

Enquanto futura educadora penso que foi interessante proporcionar estas sessões de histórias com o grupo permitindo-me percecionar o envolvimento das crianças na audição e visualização das histórias. As explorações das diferentes histórias permitiram estimular o imaginário e a fantasia das crianças favorecendo momentos prazerosos e de usufruição na leitura de histórias.

“As histórias lidas ou contadas pelo educador, recontadas e inventadas pelas crianças, de memória ou a partir de imaginação, são meios de abordar o texto narrativo que, para além de outras formas de exploração, noutros domínios de expressão, suscitam o desejo de aprender a ler (Ministério da Educação, 1997, p. 70).