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Após a adoção, em 2008, do Pacote Clima e Energia da União Europeia, a Comissão Europeia lançou o Pacto de Autarcas (Covenant of Mayors) para fomentar e apoiar os esforços das autarquias locais na implementação de políticas de energia sustentável. Os governos locais desempenham um papel crucial na diminuição dos efeitos das alterações climáticas, ainda mais se considerarmos que 80% do consumo energético e de emissão de CO2 está associado à atividade urbana.57

Pelas suas características singulares – sendo o principal movimento europeu que envolve autarquias locais e regionais voluntariamente empenhadas no aumento da eficiência energética e na utilização de fontes de energias renováveis nos respetivos

53 International Council for Local Environmental Initiatives (ICLEI), foi fundado pelas Nações Unidas em 1990 e promove, desde então, ações locais para a sustentabilidade global, apoiando as cidades a se tornarem sustentáveis e resilientes, projetando o desenvolvimento da economia urbana verde e inclusiva com o objetivo final de alcançar uma melhoria qualitativa da vida nas comunidades. Disponível em:

http://www.iclei.org/iclei-global/who-is-iclei.html

54 Disponível em: http://www.sustainablecities.eu/events/geneva-2013/ 55 Disponível em: http://www.sustainablecities.eu/the-aalborg-process0/ 56 Disponível em: http://www.sustainablecities.eu/aalborg-process/signatories/

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territórios – o Pacto de Autarcas é considerado pelas instituições Europeias como um modelo excecional de governação a vários níveis.

O Pacto dos Autarcas é uma ambiciosa iniciativa da Comissão Europeia que junta as Autarquias mais pioneiras da Europa. Constitui uma rede permanente para partilhar e implementar boas práticas nas cidades e zonas envolventes para melhorar a eficiência energética no ambiente urbano, através de inúmeras iniciativas levadas a cabo pela Comissão em conjunto com as autarquias.58

Consiste no compromisso de alcançar os objetivos da política da União Europeia em termos de redução das emissões de CO2 através duma eficiência energética avançada e da produção e uso de energias mais limpas, renováveis e alternativas. Com o lema “Atingir os 20-20-20 em 2020” o objetivo essencial desta iniciativa é que em 2020 se atinjam as seguintes metas: a redução de 20% nas Emissões de CO2; o aumento de 20% na Eficiência Energética; e o aumento 20% na incorporação de Fontes Renováveis na produção de energia (COMISSÃO EUROPEIA, 2013)

Para traduzirem o seu compromisso político em ações e projetos concretos, os Signatários do Pacto prepararão, em particular, um Inventário de Referência das Emissões59 e, no prazo de um ano após a assinatura, apresentarão um Plano de Acão para as Energias Sustentáveis60 que resumirá as ações-chave que tencionam levar a cabo. As autoridades locais têm um papel principal na mitigação da alteração climática, visto que mais de metade das emissões de Gases com Efeito de Estufa são originadas nas cidades. Atualmente 80% da população vive e trabalha nas cidades, onde mais de 80% da energia é consumida (AREAL).

As autoridades locais, sendo a parte da administração mais próxima dos cidadãos, está idealmente posicionada para compreender as suas preocupações. Ainda mais, conseguem expressar os desafios duma forma mais compreensiva, facilitando a conciliação dos interesses públicos e privados e a integração da energia sustentável na

58 As inúmeras iniciativas desenvolvidas no contexto do Pacto dos Autarcas podem ser consultadas em:

http://www.pactodeautarcas.eu/about/related-initiatives_pt.html#initiatives

59 Um Inventário de Referência das Emissões consiste na quantificação dos valores de CO

2 libertados durante o consumo energético no território de um signatário durante um ano base de referência. Permite identificar as principais fontes de emissão de CO2 e os respetivos potenciais de redução.

60 Um Plano de Ação para as Energias Sustentáveis (PAES) é o documento-chave em que o Signatário do Pacto salienta a forma como pretende atingir a sua meta de redução de CO2 até 2020. Define as atividades e medidas previstas para atingir as metas, assim como os prazos e responsabilidades atribuídos. Os Signatários do Pacto são livres de escolher o formato do seu PAES, desde que esteja em consonância com os princípios definidos nas linhas de orientação do PAES do Pacto.

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maioria dos objetivos de desenvolvimento local, sejam eles o desenvolvimento de energias alternativas, maior eficiência energética ou as mudanças de comportamento.

O compromisso formal com os signatários está traduzido em medidas e projetos concretos. As cidades signatárias aceitam relatar e serem monitorizadas na implementação dos seus Planos de Ação de Energia Sustentável. Também aceitam abdicar do seu envolvimento no Pacto em caso de se evidenciarem as não conformidades previstas.

Até ao final de 2014 aderiram ao Pacto dos Autarcas 5661 cidades europeias de 54 países, contando com países como Marrocos, Cazaquistão, Israel, Tunísia, entre outros fora da União Europeia, sendo a primeira iniciativa da Comissão Europeia a albergar países de fora do continente europeu (AREAL).

Apesar de um número cada vez maior de municípios mostrar vontade política de assinar o Pacto, estes nem sempre têm os recursos técnicos e financeiros necessários para honrarem os seus compromissos. Foi por esta razão que se criou, no Pacto, um estatuto especial para as administrações e as redes públicas que podem ajudar os Signatários a cumprir com os seus objetivos ambiciosos. Os Coordenadores do Pacto (incluindo províncias, regiões e autoridades nacionais) disponibilizam orientação estratégica e prestam apoio técnico e financeiro aos Signatários.61

A rede de autarquias locais, conhecidas como Promotores do Pacto, comprometem-se a maximizar o impacto da iniciativa através de ações de promoção, comunicação com os seus membros e plataformas de partilha de experiências.62

Para além da Comissão Europeia, o Pacto recebe o apoio institucional total, incluindo o do Comité das Regiões, que apoiou a iniciativa desde o início, o do Parlamento Europeu, onde tiveram lugar as duas primeiras cerimónias de assinatura, e o do Banco Europeu de Investimento, que ajuda as autarquias locais a desbloquear os seus potenciais de investimento (AREAL). Atualmente, Portugal conta com 112 signatários, nos quais Águeda, Cascais, Lisboa, Porto e Vila Nova de Gaia foram as primeiras 5 cidades portuguesas a pertencerem ao Pacto dos Autarcas, em 2008.63

61 Disponível em: http://www.covenantofmayors.eu/Covenant-Coordinators.html 62 Disponível em: http://www.covenantofmayors.eu/about/covenant-supporters_en.html 63 Disponível em:

http://www.covenantofmayors.eu/about/signatories_en.html?q=Search+for+a+Signatory...&country_sear ch=pt&population=&date_of_adhesion=&status

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