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2. CONTEXTUALIZAÇÃO

2.11 Padronização

2.11.1 Padronização do Desenho Arquitetônico

No início da década de oitenta, os softwares CAD seguiram uma tendência de incorporação de novas funções e ferramentas, o que conduziu os arquitetos a reavaliarem o modo de elaboração e representação de desenhos para a construção civil.

A necessidade desse recurso decorre da complexidade inerente aos próprios projetos, por um lado a visualização simultânea de elementos permite uma melhor análise de relações espaciais, por outro, a exibição total desses elementos é confusa para a crítica do arquiteto (GIACAGLIA, 2001).

A rápida evolução da informática na área de projetos não permitiu que houvesse uma correta adaptação às suas potencialidades. De uma maneira geral, os programas CAD são utilizados como meros instrumentos de desenhos e apresentações gráficas de modelos e maquetes eletrônicas para os arquitetos.

A utilização como ferramenta de integração, compatibilização e coordenação das diversas especialidades de projetos tem sido pouco empregada. Some a isso o fato de que cada escritório de projeto e, às vezes, até a construtora tem desenvolvido critérios e rotinas próprias nas definições de camadas, referências, forma de apresentação e de arquivamento.

A unificação de linguagem e critérios iria permitir uma integração fantástica dos projetos, agilizar todo o processo de troca de informações, aumentando, inclusive, a confiabilidade do processo. Irá possibilitar também referenciar desenhos e esclarecer as responsabilidades de cada especialidade

Especificamente, na área de padronização e aperfeiçoamento dos desenhos eletrônicos, as pesquisas são escassas, vê-se apenas, e, na maioria das vezes, precariamente, a preocupação com a organização das camadas do desenho e um aspecto comum entre grande parte dos escritórios, é a falta de princípios claros na elaboração dos desenhos.

É válido ressaltar que as propostas organizacionais têm origem no uso de layers9, que consiste na separação hierárquica e separação quanto à ortogonalidade de informações do desenho, permitindo aos arquitetos um controle e uma organização geral. Mesmo assim, vê-se que apenas esta organização é falha e um aspecto comum, em algumas propostas, é a falta de princípios claros na sua elaboração quanto à organização lógica da informação e da forma como essa informação é codificada.

Antes de qualquer análise de novas propostas, relacionando-as com o aproveitamento de padrões nacionais existentes (normas ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas), vale ressaltar que no Brasil mantém-se o sistema normativo para desenhos feitos à mão. No entanto, é importantíssima a utilização dessas normas de forma a readequá-las ao sistema informatizado.

Essas são as seguintes normas em vigor relacionadas aos desenhos de arquitetura e estrutura de concreto armado:

NBR6492/94 – Representação de Projetos de Arquitetura NBR10068/87 – Folha de Desenho: Layout e Dimensões

NBR8403/84 – Aplicação de Linhas em Desenhos - Tipos de Linhas - Largura das Linhas

NBR8402/94 – Execução de Caráter para Escrita em Desenho Técnico NBR8196/00 – Desenho Técnico – Emprego de Escalas

NBR10126/87 – Cotagem em Desenho Técnico

NBR13531/95 – Elaboração de Projetos de Edificações – Atividades Técnicas NBR13532/95 – Elaboração de Projetos de Edificações – Arquitetura

NBR7191/82 – Execução de Desenhos para Obras de Concreto Simples ou Armado A seguir segue resumo sistemático das três propostas de organização das informações nos arquivos eletrônicos: (GIACAGLIA, 2001)

1. ASBEA - Proposta de normas para desenvolvimento de desenhos em CAD (2002) - Hierarquia de pastas: nome do projeto, fase e tipo de documento;

- Nomenclatura de arquivos: disciplina, tipo de desenho, qualificação, assunto, revisão; - Nomenclatura de camadas: disciplina, tipo de desenho.

2. AIA Press (The American Institute of Architects Press) – Cad layer guidelines (1997) - Nomenclatura de arquivos de modelo;

- Nomenclatura de arquivos de folha; - Nomenclatura de camadas.

3. ISO 13.567 (The International Organization for Standardization - 1998)

- Distinção entre a informação lógica e a informação codificada nos sistemas CAD; - Aproveitamento dos padrões nacionais existentes, relativizando sua apropriação; - Classificação da informação combinada em camadas.

Como são propostas pioneiras ao ponto que ainda não foram abordados e fazem parte da organização e representação dos desenhos eletrônicos, como: tipos de linhas, tipos e tamanhos de texto, símbolos, hachuras, formatos de papel e indicação de detalhes, podem ser discutidos, para que assim tais procedimentos possam ser padronizados, resultando na criação de uma memória de desenhos e um relacionamento mais prático entre as pessoas que utilizam o software.

Em um sistema CAD as prioridades passam a ser outras, que antes não faziam sentido, como a função do usuário, o seu conhecimento e atitude em relação à produção do projeto (NUNES, 1997).

Todo o sistema de padronização deve estar integrado no processo do projeto, desde as etapas de concepção, passando pelas representações, viabilizando a análise de alternativas no processo de produção dos desenhos técnicos.

Um dos pontos mais importantes na padronização dos procedimentos é a personalização do gerenciamento das informações. Minimizar a quantidade de informações que o arquiteto precisa lembrar é o princípio para um aprendizado fácil (NUNES, 1997). O

usuário deve ter sua atenção voltada para o trabalho propriamente dito e as decisões relativas à formalização da tarefa devem ser automáticas.

Assim, um sistema de padronização que auxilie, de forma viável, no processo de compatibilização de projetos, além de personalizado e versátil, apenas terá sentido se for concebido de forma enxuta e com aproveitamento global de padrões consagrados, sejam normas correntes de representações gráficas em papel ou rotinas computadorizadas.

Melhores resultados serão alcançados somente com o conhecimento e, principalmente, com a aceitação do sistema de padronização por todos os envolvidos no processo de projeto, assim como a implantação de procedimentos de retro-alimentação das informações.

A padronização de projetos e desenhos no AutoCAD tem como objetivo evitar que diferentes pessoas criem desenhos de forma desordenada.

Outra situação a ser abordada é referente aos setores de manutenção, onde se passam anos fazendo desenhos de reparos, novas instalações e melhorias e se tem que tentar garantir um aspecto similar ao da apresentação, independente do período ou pessoa que executou os mesmos.

Também, ao contratar serviços externos, os mesmos poderão não estar habituados ao modo de produzir desenhos da empresa contratante. Sendo assim, a padronização dos desenhos gera:

1. Homogeneíza a apresentação visual dos desenhos;

2. Permite a identificação e recuperação posterior do desenho; 3. Auxilia na comunicação entre setores da empresa;

4. Facilita a execução da obra, por manter um registro constante de informações associadas às diferentes regiões do desenho;

5. Permite a contratação de serviços de projetos externos sem as eternas preocupações com a qualidade do desenho que virá;

6. Funciona como referência ao se discutir sobre a qualidade de um desenho; 7. Permite aumentar a produtividade de produção. Isto ocorre pelo fato de dúvidas sobre estes aspectos visuais não mais existirem e estarem já totalmente tabeladas e definidas.

2.11.2 Padronização de Arquivos

Alguns escritórios não adotam padrões. Nesse caso, os profissionais e os desenhistas não são orientados para seguir uma regra específica para nomear e organizar os arquivos, gerando uma perda de tempo que traz prejuízos para a empresa.

A padronização dos nomes dos desenhos aperfeiçoa o gerenciamento dos arquivos, facilitando o seu uso, localização e armazenamento. As regras devem ser simples e claras e, para que elas sejam seguidas, é interessante uma consulta a toda equipe de desenho antes de adotar um padrão.

A nomenclatura de arquivos é livre ao usuário. No entanto, sistematizando-se o processo, é dada a sugestão para que a nomenclatura contemple siglas que identifiquem e organizem o conjunto de desenhos.

2.11.3 Comunicação entre as Equipes de Profissionais Envolvidas

Dois aspectos diferentes devem ser analisados em relação à comunicação das equipes. Uma é quanto ao conteúdo do produto de cada um; já o outro é referente à troca de informações e documentos.

Sendo produtos de linguagens diferentes, devem no mínimo, manter iguais e atualizados os elementos e características comuns a todas às especialidades. Idealmente, padronizar as simbologias utilizadas pelas várias equipes, minimizando a quantidade de informações diferenciadas.

Em relação ao intercâmbio de documentos, tem-se obtido bons resultados com a utilização de sites de gerenciamento e hospedagem de projetos, onde se pode “publicar” os projetos a qualquer hora. Automaticamente são enviadas mensagens a todos os participantes, informando a nova entrada de documento e resolver problemas como utilização de cópias desatualizadas ou desinformação de alguns participantes do andamento dos serviços. Caso não seja possível sua utilização, o envio e recebimento dos documentos devem ser concentrados em um só membro da equipe, preferencialmente, o gerenciador, o arquiteto ou o cliente.

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