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3 A MULHER COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO: A CONDIÇÃO DE

3.6 PAPÉIS POLÍTICOS, SOCIAIS E ECONÔMICOS DAS MULHERES

Na lição de SEN (2010, p. 259), quando as mulheres tiverem oportunidades de serem tipicamente reservadas aos homens não tem menos sucesso. Porquanto,

na história recente foi reconhecido o papel de mulheres em posições supremas no Sri Lanka, na Índia, no Bangladesh, no Paquistão, em Myanmar ou na Indonézia.

Com relação as situação criminosa, têm-se que existe uma relação de dominação masculina e prevalência de crimes violentos em comparação com as mulheres. Uns buscam explicações das preferências pelos filhos varões por serem melhor equipados para enfrentar a violência. Outros associam a maior presença feminina com a diminuição da violência.

Ora, quanto à participação econômica, os desvios de propriedade a favor dos membros masculinos dificultam o empreendorismo feminino. Todavia, quando as mulheres tomam a iniciativa, os negócios costumam ter sucesso.

Decididamente, SEN (2010) noticia que a autonomia das mulheres é uma das questões nucleares no processo de desenvolvimento para muitos países no mundo atual. Outros fatores decisivos são os relativos a educação das mulheres, cujo padrão de propriedade, as suas oportunidades de emprego e os funcionamentos do mercado de trabalho.

Por outro lado, outras variáveis menos clássicas são a natureza dos sistemas de emprego, as atitudes da família e da sociedade para com a atividade econômica das mulheres e as condições relacionadas com a mudança dessas atitudes.

Seguindo a linha de pensamentos de SEN (2010, p. 262), vê-se que embora o papel ativo das mulheres tenha consequências diretas no seu bem estar, essa atuação vai muito mais além.

No tocante aos aspectos de ação e bem-estar, a força da ação feminina atua em dois domínios: a sobrevivência infantil e a redução das taxas de fertilidade (SEN, 2010, 263).

Assim, não há nada, provavelmente, que seja mais importante na economia política do desenvolvimento como o importante reconhecimento da participação e da chefia política, econômica e social das mulheres. Esse é, pois, um aspecto fundamental do desenvolvimento como liberdade.

Sem dúvida é notório que tal problemática não se restringe apenas a uma determinada sociedade, porque a autonomia econômica das mulheres constitui um fator importantíssimo no intento de se atingir uma isonomia entre mulheres e homens, sejam elas das cidades, do campo ou da floresta.

manter o seu próprio sustento, fazendo suas escolhas da melhor forma seguindo suas próprias vontades.

Tal situação envolve, igualmente, as pessoas que delas são dependentes. Por tais razões, ela é mais do que uma simples circunstância de autonomia financeira, tendo em vista que se insere numa perspectiva de vida duradoura com abertura a outras áreas como a previdência social e aos serviços públicos.

Com efeito, torna-se imperativo que o Estado desenvolva políticas públicas voltadas para a inserção e a permanência das mulheres no mercado de trabalho e ofereça condições para uma ampliação dos seus direitos sociais.

Em suma, as mulheres ao longo dos anos já vêm conquistando espaços na sociedade, contudo, ainda, fazem-se necessárias a obtenção de igualdade salarial e as mesmas chances oferecidas as homens em algumas categorias profissionais.

As normas jurídicas precisam avançar mais e melhorar as relações de trabalho entre mulheres e homens.

Por esse turno, a dupla jornada de trabalho das mulheres consiste numa das principais responsáveis pelas condições desiguais entre mulheres e homens no mundo do trabalho, a conscientização das mulheres em garantir o seu empoderamento revela uma nova forma de poder, assumindo uma maneira democrática, criando novos mecanismos de responsabilidades coletivas, de tomadas de decisões e responsabilidades compartidas.

Ademais, o empoderamento feminino num verdadeiro desafio às relações patriarcais, em relação ao poder dominante masculino e a estatização dos seus privilégios no tocante as questões de gênero.

O empoderamento feminino assegura as mulheres uma autonomia no seu modo de viver, englobando a sua sexualidade, as suas relações afetivas e sociais, como também a sua vida profissional e até o seu direito de ir e vir. E, ainda, ao possibilitar a aquisição da emancipação individual favorece a existência de consciência coletiva imprescindível para a superação da dependência social e dominação política, devolvendo as mulheres o poder e a dignidade com liberdade de decidir e controlar o seu próprio destino com responsabilidade e espírito cívico.

Enfim, a partir disso, ao adquirir-se o empoderamento social concede-se à sociedade uma situação mais harmoniosa, mas democrática, de modo que as pessoas, em geral, passam a ser mais livres, mais conscientes dos seus direitos e deveres, e concentrem mais poder, riqueza e capacidade. Com isso, é evidente, que

o empoderamento social gera transformações nas relações sociais, culturais, econômicas e de poder.

Para AMARTYA SEN (2010, p. 263), o papel da condição de agente das mulheres incide diretamente sobre o bem estar feminino de tal modo que o seu alcance é bastante amplo.

Duas foram as áreas específicas ilustradas em suas análises que carecem de uma maior atenção: 1) melhoras na sobrevivência das crianças e 2) contribuição

para a redução das taxas de fecundidade” (SEN, 2010, p. 263). Esses aspectos, a

seu sentir tem um interesse especial direcionado para o desenvolvimento geral, muito mais do que a busca específica do bem-estar das mulheres. Todavia, é preciso que se reconheça o fato de que o bem estar feminino esteja diretamente envolvido e ocupe um papel mediador crucial na melhoria dessas realizações gerais.

Conclui SEN ( 2010, p. 263) alertando no sentido de que:

O grande alcance da condição de agente das mulheres é uma das áreas mais negligênciada nos estudos sobre o desenvolvimento e requer uma correção urgente. Pode-se dizer que nada atualmente é tão importante na economia política do desenvolvimento quanto um reconhecimentos adequado da participação e da liderança politica, econômica e social das mulheres. esse é, de fato, um aspecto crucial do 'desenvolvimento como liberdade'.

Por fim, é preciso para tanto que a teoria moral do argumento econômico seja aferida levando-se em conta que o desenvolvimento seja visto como um processo de expansão das liberdades reais em que as pessoas possam desfrutar. E a Justiça de um ato que seja aplicada na medida de sua capacidade de promover as liberdades, resultando na identificação entre a Justiça e o Desenvolvimento.

4 A MULHER NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E A VIOLÊNCIA