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O papel da Escola e dos Professores

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 43-47)

O ser humano, desde a sua génese, tem sofrido constantes mudanças (evolução). Com essas mudanças a sociedade também se modifica. Neste sentido, porque existe uma relação de afinidade, o papel do professor e da escola tem evoluído quase ao mesmo ritmo. A escola reflete, tendencialmente, a sociedade.

Essa evolução, contudo, não é automática. À escola cabe o papel de reconhecer essa evolução e adaptar-se a ela, através da população estudantil que constitui uma “micro-sociedade” dentro da sociedade global. Rocha (1998, p. 40) defende que “ninguém hoje duvida de que o homem integra uma forte dimensão cultural.”. A escola apresenta e representa, pois, uma multiplicidade de culturas do Homem.

Nos tempos que correm a escola e os professores são objeto de uma observação e análise mais cuidada e profunda, muito diferente do que eram no passado. A violência na escola (entre alunos, professores e alunos, pessoal não docente e encarregados de educação), a falta de condições da escola, o aumento do número de alunos por turmas, são referidos com mais rigor pela comunicação social e não só.

O já referido aumento de número de alunos por turma, a gradual redução das suas capacidades físicas, o aumento do peso dos jovens, como pode ser verificado através do trabalho de Neto (2004), no qual refere que uma elevada percentagem de jovens possui uma vida sedentária. Todos estes aspetos dificultam e degradam a ação do professor, influenciando determinantemente a disciplina de EF.

A evolução da sociedade com as suas constantes alterações, traduzem, igualmente, um clima de maior insegurança e inquietação, não só dos alunos,

mas também, dos seus pais e encarregados de educação. No passado era possível verem-se grupos de jovens a brincar nas ruas, até ao chegar da noite. Hoje tal não se verifica. Tudo isto, aliado à falta de infraestruturas desportivas, como parques de jogos, jardins, entre outras, impõe a falta de prática de atividade física e desportiva.

Por outro lado, ser professor não é uma mera profissão, é uma vocação, e o estudante estagiário necessita de ultrapassar um processo de aquisição de capacidades de adaptação e pensamento flexível, para conseguir solucionar as novas e renovadas exigências profissionais. Pelo que se torna, cada vez mais, imprescindível que os estudantes apostem numa formação segundo um contexto profissional que lhes providencie conceitos como a diversidade, flexibilidade, adaptabilidade e volatilidade, caraterísticas presentes na sociedade atual, porquanto as identidades estão a ser submetidas a frequentes (re)construções, tendo por base as práticas sociais (Liberali, 2004; citado por Gomes, 2011). Neste sentido, por profissão entenda-se a atribuição de uma qualificação fidedigna a um profissional que, consiga aprender e apreender um combinado de capacidades, habilidades, conhecimentos e preparação para a concretização de um trabalho (Bento, 1993). Para tal, o profissional deve ser possuidor de um aglomerado estruturado de conhecimentos: um saber específico. Pelo que, professor pode ser entendido como um profissional qualificado.

Esta profissão determina como requisito mínimo e indispensável, uma cada vez melhor preparação profissional e uma autonomia necessária para fazer face aos múltiplos obstáculos e desafios atuais, porquanto o papel do professor não se cinge ao ensino e ao exercício da sua profissão de forma estandardizada, uma vez que este papel do professor engloba uma multiplicidade de tarefas na escola (Cunha, 2008).

Posto isto, ao professor é exigida uma formação transversal nas mais diversas áreas e a capacidade de uma prática reflexiva, a qual englobe uma construção e desconstrução de saberes, documentais e experienciais e uma plasticidade nas suas crenças, por tal, estas ações reflexivas relativamente à

prática, providenciarão uma melhoria em todos os níveis de pensamento e atuação do professor, ou seja, no momento atual, é cada vez mais importante que o professor seja um profissional com enorme capacidade de reflexão acerca da sua atuação e durante a própria atuação, pelo que, este deve demonstrar que é um “professor reflexivo” (Cunha, 2008). Para tal, o reportório do professor atual deve englobar ação reflexiva, inovação, adaptabilidade, motivação (intrínseca e extrínseca) e entusiasmo em todas as suas intervenções sociais e pedagógicas (educacional).

A Educação não está circunscrita a nenhuma sociedade em específico mas sim, trata-se de um fenómeno plural a todas as sociedades, que engloba os processos de ensino e de aprendizagem, através dos quais se promove a conservação e imortalização dos costumes culturais, princípios e valores, e no modo de interação (saber coexistir em grupo) fundamentais à socialização em grupo ou sociedade. Engloba, também, uma atividade capital na escola, a atividade pedagógica, e esta “actividade pedagógica, não pode deixar de se construir no interior de uma pessoalidade do professor” (Nóvoa, 2008, citado por Ferreira, 2011).

Portanto, a atividade pedagógica engloba, na ramificação da sua estrutura, os domínios do conhecimento (saber para ensinar); da cultura profissional (saber institucional); o tato pedagógico (capacidade para comunicar e relacionar-se com os demais intervenientes); o trabalho em equipa (as individualidades em prol do coletivo e dos alunos, na partilha de conhecimentos e a entreajuda para a progressão profissional e para a criação de melhores situações para os discentes); e o compromisso social (a construção do domínio psicossocial – princípios e valores sociais – para capacitar cada discente na sua integração não discriminatória na sociedade).

Não esquecendo de aludir que a educação exerce em sentido restrito, direcionando uma ação entre, pelo menos, duas pessoas em que existe numa delas díspares competências. Estas ações que acontecem por transmissão, com o intuito de obtenção de certos objetivos são executadas com intenção.

Posto isto, a educação providencia as ferramentas para habilitar os indivíduos de capacidades autónomas, críticas e reflexivas na sua interação com o mundo, sem desprezar que o aluno é o cerne do ato educativo, que visa a formação das pessoas em prol de uma sociedade gradualmente melhor (Carvalho, 1998).

Deste modo, a formação pessoal e profissional providencia-lhe uma autonomia para a vida diária, quer em ambiente pessoal, profissional ou social, pelo que, também, o ajuda na sua tomada de decisões. Contudo, no contexto de estágio, o estudante possui apenas uma autonomia relativa (para atuar) pois ele tem liberdade total para elaborar e apresentar ideias e projetos aos professores orientador, cooperante e restantes elementos do grupo disciplinar.

Neste panorama, o EP emerge como o catalisador fulcral no processo de formação profissional do docente, pois não só permite o primeiro contato com o contexto real de ensino como, também, possibilita a criação de processos de adaptação do estudante estagiário à realidade escolar.

Ser Professor, hoje em dia, é uma profissão muito desvalorizada (intelectual e economicamente) pela sociedade e na qual o poder estatal apresenta um parco investimento relativamente à média apresentada pela OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico), mas não só o capítulo dos investimentos causa uma problemática na educação. A perspetiva (a imagem) que a sociedade detém da profissão docente afeta gravemente a atuação do professor, pois outrora existia um maior respeito, prestígio e consideração pelo docente, agora é algo marginalizada – retiração da autoridade que detinha, os maltratos que se testemunham pela comunicação social dos pais, encarregados de educação e mesmo alunos para com os professores. A tarefa do professor, também, complicou-se exponencialmente quando a sociedade demonstrou uma apetência para a indisciplina, o incumprimento de regras e o desrespeito pelas figuras de autoridade.

É, neste sentido, que o paradigma atual da profissão docente (deve) tem que mudar, pois os docentes não são nem amadores nem profissionais de baixo

“status”. Esta profissão e a educação devem (têm) de ser valorizadas e alvo de maior investimento a todos os níveis – sociedade e governo.

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 43-47)

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