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2.1 Solicitações de usuários e patologias recorrentes após a entrega do imóvel

2.1.2 Patologias recorrentes após a entrega da edificação

2.1.2.1 Patologias nos SPHS

Segundo Gnipper (2010), devido à variedade de equipamentos, componentes, materiais, peculiar dos SPHS, há uma enorme diversidade de manifestações patológicas relativa a estes sistemas. Para Resende (2004), a origem dessas patologias pode ser por:

a) falhas de projetos: com detalhamentos deficientes, escolha inadequada dos materiais e das técnicas construtivas;

b) falhas de execução: com mão-de-obra deficiente, alterações inadequadas das especificações de projeto e técnicas inadequadas de controle da produção;

c) falhas relativas ao uso: com má utilização e ausência ou insuficiência de qualquer ação de manutenção.

Segundo Gnipper (2010), a maior parte das anomalias dos SPHS são frutos de não conformidades com origem nos projetos, seguidas de não conformidades construtivas ou decorrentes de falhas de execução; problemas relativos ao uso e também, em quarto lugar, comparecem as patologias decorrentes dos problemas com materiais e componentes (relacionados à qualidade deles).

Segundo Gnipper e Mikaldo Jr. (2007), qualquer inconformidade normativa verificada nos Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários de uma edificação, relativas às normas técnicas da ABNT, constituem patologias, manifestas ou potenciais (com alguma probabilidade ou nível de risco de se manifestarem). Gnipper (2010) diz que a patologia

decorrente da não conformidade pode surgir com pouco tempo após a construção ou se manifestar em uma época bem posterior. Nestas circunstâncias, o referido autor trata da importância de se considerar as não conformidades que ainda não geraram problemas aparentes no processo de investigação e solução de patologias nos SPHS.

Em estudos realizados por Amorim et al. (1993), Bernardes et al.(1998), Ducap e Qualharini (2001), Rodriguez e Novais (2002); Araújo (2004), Amorim et al. (2004); Conceição (2007); Martins et al. (2007); Gnipper (2010); entre outros, são apontadas patologias (manifestas ou potenciais) comuns dos Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários.

Em Amorim et al. (1993), são descritos os problemas quanto aos SPHS registrados em 29 edifícios com mais de quatro pavimentos na cidade de São Carlos/SP. Dentre os principais problemas registrados por estes autores, estão ruptura de flexíveis, ruptura de aparelhos sanitários, não funcionamento de bomba de recalque, vazamento de água na junção aquecedores/tubulações, queima da resistência dos aquecedores por falta de água, entupimentos em prumadas de esgoto e vazamento no forro falso devido à falha no rejuntamento das bacias, entre outros.

No estudo realizado por Bernardes et al.(1998), são apontadas como as principais não conformidades encontradas nesses sistemas os vazamentos, entupimentos, retornos de gases, má fixação de louças e metais e defeitos em componentes dos SPHS, entre outros.

No estudo realizado por Ducap e Qualharini (2001), no qual foram avaliados 23 condomínios residenciais da cidade do Rio de Janeiro, foi feito um levantamento do número de incidências patológicas relacionadas aos Sistemas Prediais, especificamente os sistemas hidráulicos, de energia e de comunicações. Este estudo detectou que a maioria das patologias encontradas ocorreu nas instalações hidráulicas, totalizando 145 incidências das 252 registradas. Os fatores que mais determinaram os reparos e melhorias relativas aos sistemas hidráulicos nos edifícios estudados por Ducap e Qualharini (2001) foram: troca de tubulação; realização de reformas na cozinha, banheiro e áreas de serviço; instalação de mais um chuveiro elétrico e extensão de suprimento de água quente ao setor de serviço.

Rodriguez e Novais (2002), ao tratarem sobre a coordenação dos projetos de Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários em edificações verticalizadas, destacam que esses sistemas são geradores de parcela representativa de patologias no edifício e que se sobressaem como os principais problemas mais frequentes: a perda de estanqueidade; os níveis deficientes de pressão e vazão; ruídos nas instalações; deficiências no fornecimento de água quente; deficiência no desempenho dos equipamentos ligados aos sistemas. Em relação à satisfação destes usuários com os SPHS, Jobim (2003) trata que o desconforto causado pelo ruído das

tubulações foi apontado, na maioria dos prédios estudados em sua pesquisa (20 dos 34 prédios), como significante causa de insatisfação com barulhos.

Araújo (2004) realizou uma pesquisa de Avaliação Durante Operação, a fim de detectar os principais problemas referentes aos SPHS em uma amostra de 83 edifícios escolares da rede municipal da cidade de Campinas/SP. Conceição (2007), por sua vez, catalogou as incidências de falhas nos SPHS a partir de um estudo de caso desenvolvido em duas edificações residenciais localizadas na cidade de São Carlos/SP. Gnipper (2010) propôs um método hierarquizado para investigação de patologias em SPHS a partir de levantamentos patológicos em 25 edifícios, entre residenciais e comerciais, localizados no município de Curitiba/PR. Em resumo, nestas pesquisas, foram abordados os seguintes pontos como principais problemas dos SPHS: materiais de baixa qualidade; fixação inadequada dos aparelhos e equipamentos sanitários; vazamentos; mau dimensionamento dos ramais; tubulações plásticas expostas ao tempo; entupimentos; empoçamentos de água no banheiro; altura inadequada de alguns componentes; pressões alteradas; retorno de efluentes; entre outras patologias.

Ainda, segundo o estudo de Mendonça e Sales (2009), os problemas mais comuns relativos aos SPHS solicitados durante o serviço de Assistência Técnica prestada por uma construtora do Estado de Sergipe são: vazamento em flexíveis e sifões, gerados principalmente pela baixa qualidade do material, falhas de vedação (ausência da fita veda- rosca) ou de ajuste na fixação; defeito em registros, causado provavelmente por baixa qualidade do material ou da mão-de-obra; entupimentos em tubos de esgoto, podendo estar relacionadas à presença de resíduos de fina granulometria nas tubulações (partículas de gesso, massa corrida, rejuntes e outros) e à má utilização por parte do usuário, causando entupimentos dos vasos sanitários.

O que parece acontecer, portanto, quanto aos problemas nos SPHS, é que há uma repetição sempre dos mesmos problemas nos levantamentos realizados em pós-ocupação.

Conceição (2007) e Gnipper (2010), por sua vez, aconselham que, no processo de catalogação em campo dos problemas relativos aos SPHS, deve ser criada uma planilha que facilite e organize as patologias segundo critérios identificadores. Gnipper (2010) fala que, por questão de organização e sequenciamento, o lançamento das anomalias nesta planilha deve seguir algum critério lógico, sendo o de tópicos por subsistema o mais recomendado. Conceição (2007) não fez essa divisão por subsistema (Água Fria, Esgoto, por exemplo), mas fez por local do reparo, apontando as principais patologias associadas a cada ambiente.

Ainda, segundo Gnipper (2010), também podem essas patologias estarem associadas à fase de origem que gerou o problema, se na produção, se na execução, no uso ou na fabricação dos materiais.

Baseando-se, principalmente, em Conceição (2007) e em Gnipper (2010) e, sabendo-se que as principais patologias dos SPHS podem estar subdivididas nos seguintes grupos: vazamentos, pressões, ruídos e vibrações, entupimentos, defeito de fabricação ou instalação e retornos (CONCEIÇÃO, 2007), pode-se categorizar as patologias mais recorrentes por esses grupos gerais de reparos e ainda por grupos organizados por subsistemas, de modo a facilitar a catalogação in loco.