Percebendo que há resistência dos docentes no uso das TICs

Alguns docentes que participaram do estudo têm certa resistência em utilizar os recursos da TIC de forma mais intensa devido à falta de preparo e de capacitação ou até mesmo por pensar que o ensino virtual não deveria ser aplicado na área da saúde uma vez que cuida-se de pessoas e precisa-se do contato humano para realização do trabalho, porém a tecnologia é uma ferramenta que vem para melhorar a qualidade do atendimento as necessidades do paciente. Por exemplo, com o uso da internet podem ser retiradas dúvidas sobre determinados procedimentos, medicamentos, entre outras facilidades que a tecnologia contribui tanto para o estudante em formação como também para a melhoria da assistência.

Segundo os relatos dos docentes, nessa categoria, as dificuldades enfrentadas com a implantação da TIC são diversas, destacando-se as seguintes: a resistência no uso da TIC por docentes com metodologias tradicionais de ensino, desconhecimento ou medo devido à grande quantidade e velocidade de informações disponíveis na internet efalta de interesse dos docentes que participaram de treinamento sobre a plataforma Moodle.

Nessa categoria foram encontradas duas interações combinadas através de subcategorias, conforme ilustra o Quadro 6:

Quadro 6: Percebendo que há resistência dos docentes no uso das TICs

Códigos Subcategorias

A.1.1 Identificando a resistência, desconhecimento e falta de utilização da TIC por docentes devido ao medo, a quantidade e velocidade de informações disponíveis na internet.

A.1.2 Percebendo a falta de interesse dos docentes que participaram de treinamento sobre a plataforma Moodle.

A.1.1 Identificando a resistência, desconhecimento e falta de utilização da TIC por docentes devido ao medo, a quantidade e velocidade de informações disponíveis na

internet.

Nos depoimentos dos docentes foram revelados que alguns docentes apresentavam resistência para utilizar a tecnologia da informação e comunicação no processo educativo, apesar de trabalharem numa universidade pública que recebe investimento do governo federal e da instituição ter um núcleo de tecnologia; mesmo assim, a universidade pouco investe na capacitação periódica dos docentes para que os mesmos possam conhecer os benefícios que o uso de tecnologias como o moodle, com uma carga horária específica nas disciplinas, pode auxiliar na aprendizagem mais crítica e menos bancária dos estudantes de enfermagem.

Abaixo alguns fragmentos de falas dos docentes a respeito dessa resistência em utilizar a TIC no ensino-aprendizagem:

[...] O moodle, a universidade libera a plataforma para a gente trabalhar, mas quem são os professores capacitados para trabalhar com a plataforma? (P.1). [...] Gostaria que a universidade oferecesse mais cursos para que a gente possa se instrumentalizar melhor e utilizar esse potencial a TIC em toda sua plenitude (P.6).

[...] Eu acredito que, professor que tenha 10, 15 anos de atividade docente, ele não é um professor voltado para área tecnológica (P.12).

[...] O uso de tecnologia para uns assusta ou eles têm certa resistência, não conseguem utilizar, usam o mínimo possível que é o e-mail (P.4).

[...] A instituição pode até está investindo, mas ainda não chegou esse investimento para a parte didática, pedagógica, do ensino-aprendizagem (P.4).

[...] Lógico que a gente percebe, principalmente os docentes que estão há mais tempo na universidade uma resistência muito grande e um pouco de medo, porque muitas vezes o estudante acaba trazendo informações para a gente que ainda não tivemos acesso a essa informação, então, pela facilidade

que os jovens têm em lidar com várias tecnologias, eles descobrem antes de nós, trazendo a informação e a gente é que vai buscar se aprofundar (P.5). Nota-se que, os docentes mostraram que há necessidade de investimentos na área pedagógica e que desejam se inserir nesse mundo tecnológico, apesar de alguns que são professores com mais de 15 anos de formação e experiência sentem-se resistentes devido o recurso da internet facilitar o acesso ao conhecimento pelo estudante e estes muitas vezes chegam na sala de aula e mostram que sabem algo novo que o professor ainda não tinha tido acesso. Mas, isso deve ser estimulado, pois o estudante passa a ser mais ativo na busca do saber e o papel do docente é modificado para orientador que ajuda na construção do conhecimento do estudante, modificando o cenário clássico da aula expositiva em que apenas o professor é o detentor do conhecimento.

O ensino à distância não pode ser visto com perda da qualidade do ensino de Enfermagem. Essa modalidade não exclui as atividades teórico-práticas presenciais fundamentais para a formação do enfermeiro. Dessa forma, o ensino virtual deve ser inserido como um meio para auxiliar na formação dos estudantes, tornando-os capazes de lidar com as tecnologias fora do ambiente acadêmico7.

A internet facilita o acesso à informação, o que é visto como uma vantagem pelos docentes de um estudo realizado em uma universidade pública do sul do Brasil. Mas, essa facilidade de acesso traz consigo alguns riscos como a falta de segurança na transmissão de dados e a dificuldade para selecionar os conteúdos a serem trabalhados com os estudantes7.

A quantidade e a diversidade de informações existentes na sociedade do século XXI faz com que o professor sinta-se um pouco inseguro, devendo admitir que não terá respostas absolutas para todos os questionamentos, nem conseguirá ter acesso a todas informações que estão na internet. Frente a essa questão, é importante que os docentes estejam preparados para a problematização, auxiliando os estudantes a desenvolverem uma consciência crítica, através da troca de conhecimentos entre aluno e professor9.

A.1.2 Percebendo a falta de interesse dos docentes que participaram de treinamento sobre a plataforma Moodle.

Nessa subcategoria percebe-se que nem todos os docentes sentem interesse em buscar se aproximar, conhecer e manipular a tecnologia. E, quando se fala sobre a plataforma moodle

alguns acham que é uma ferramenta interessante e que pode ser aplicada no ensino de graduação em enfermagem, mas possivelmente não se sentem inicialmente motivados a

utilizar devido à falta de conhecimento sobre os cursos disponibilizados na instituição, ou seja, deve haver uma relação mais estreita entre a instituição e os docentes para que se possa inserir esse recurso na metodologia de ensino dos docentes.

Abaixo alguns trechos dos depoimentos dos docentes com relação à falta de estímulo em empregar o moodle na prática de ensino.

[...] Eu consegui fazer um curso, mas não consegui prosseguir porque todo grupo não têm esse curso para inserir a plataforma dentro da disciplina (P1). [...] Daqui do departamento foram 5 professores fazer o curso (P.1).

[...] Mas, existe ainda, certa falta de envolvimento do grupo total de professores da UFPB, ou seja, muitos dos professores ainda não encontraram as tecnologias da informação ou se deram conta de sua importância (P.3). [...] É preciso em primeiro lugar dar as informações necessárias para o professor utilizar esse recurso e em segundo lugar a universidade disponibilizar para os professores as ferramentas necessárias que seria a própria plataforma que a gente sabe tem aqui na universidade (P.12).

[...] A resistência de algumas pessoas em usar esse ambiente, muitas eu acredito que não usam por não conhecer e algumas que conhecem não usam por comodismo em não mudar, e a coisa da mudança dá muito trabalho, então o ensino fica muito prejudicado, espero que em um bem futuro próximo a gente possa usar (P.7).

A resistência em utilizar os recursos da plataforma moodle são de vários tipos e dimensões, seja por falta de conhecimento, seja por comodismo ou por ausência de investimento efetivo da TIC como prática pedagógica no ensino de graduação de enfermagem ou medo por desconhecer a ferramenta. Contudo, é preciso buscar soluções para mudar essa realidade, o ponto de vista desses docentes e o Projeto Político Pedagógico do curso de enfermagem juntamente com o apoio da instituição.

O moodle é um ambiente virtual de aprendizagem que proporciona aprendizado para os estudantes e docentes que o utilizam, é uma ferramenta que se aplicada no ensino semipresencial de enfermagem, que pode mudar a forma de ensino-aprendizagem aperfeiçoando a conduta do docente e o raciocínio crítico do estudante, mas é preciso que se tenha um preparo para se inserir essa ferramenta nas disciplinas da graduação de enfermagem e para que isso aconteça é necessário divulgação do moodle, o desenvolvimento de cursos periódicos e palestras para docentes e estudantes, para que se sintam interessados e capacitados para realizar um ensino-aprendizagem virtual de qualidade 2.

A.2 Havendoproblemas com a infraestrutura e com a conexão de internet quedificultam