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Perfil dos agricultores familiares após a fase de assentamento da Etapa I

CAPÍTULO 3 – ESTUDO DE CASO: PROJETO JAÍBA – ETAPA I ACESSO À

3.6. Perfil dos agricultores familiares após a fase de assentamento da Etapa I

Por intermédio do interesse desta pesquisa em obter informações acerca da composição da estrutura fundiária no perímetro irrigado, percebeu-se que as motivações dos agricultores nesta área também precisavam ser entendidas, e por isso, o perfil daqueles que compuseram as entrevistas foi delineado e utilizado como um instrumento para o discernimento de que forma a posse da terra tem se concentrado na Etapa I do Projeto Jaíba.

E através da análise das entrevistas realizadas, foi possível captar o perfil de 17 agricultores identificados no item anterior42. E começaremos a análise pela origem de cada entrevistado, conforme o quadro 07:

Quadro 07 – Origem dos Entrevistados – Projeto Jaíba Etapa I

42 - Temerários por conta ocupação irregular, 04 produtores agrícolas não forneceram informações pessoais e de origem, suficientes para completar a amostra responsável por tratar o perfil dos irrigantes.

Entrevistados Origem 1 Petrolina – BA 2 Jaíba – MG 3 Espinosa – MG 4 Jaíba – MG 5 Jaíba – MG

6 Rio Grande do Sul

7 Francisco Sá – MG 8 Belo Horizonte – MG 9 Januária – MG 10 Mato Verde – MG 11 Januária – MG 12 Januária – MG 13 Jaíba – MG 14 Porteirinha – MG 15 Jaíba – MG 16 Jaíba – MG 17 Belo Horizonte - MG

Fonte: Pesquisa de Campo

Mediante a distribuição disposta no Quadro 07, os entrevistados em sua maioria são provenientes da região do Norte de Minas Gerais, totalizando 13 entrevistados, com exceção de quatro entrevistados, em que dois, são cada um dos estados da Bahia e Rio Grande do Sul, e dois entrevistados que são de Belo Horizonte, região central do estado de Minas Gerais. Em suma, o objetivo inicial do projeto em ocupar os lotes da Etapa I com agricultores da região do Norte de Minas foi alcançado, porém, como veremos adiante, o perfil dos assentados daqueles que hoje ocupam tais lotes, se limitou a região de origem.

O quadro 08, demonstra a atividade econômica principal anterior ao cultivo da fruticultura irrigada, daqueles que foram entrevistados:

Quadro 08 – Atividade Econômica Principal anterior à Fruticultura – Projeto Jaíba Etapa I

Atividade anterior à fruticultura irrigada (entrevistados) Atividade anterior à fruticultura irrigada Qtde Condição Atual

Agricultor – Sequeiro 7 4 Produtores Agrícola e 03 Colonos Irrigantes Assalariado – Agricultura 3 Colonos Irrigantes

Funcionário Público 1 Produtor Agrícola

Empresário – Transportes 1 Produtor Agrícola

Comerciante 1 Produtor Agrícola

Técnico Agrícola 1 Produtor Agrícola

Tratorista 1 Produtor Agrícola

Atacadista de Frutas 1 Produtor Agrícola

Total 17

Fonte: Pesquisa de Campo

É possível perceber através do quadro acima que dos dezessete entrevistados, sete praticavam o cultivo em sequeiro, três eram trabalhadores assalariados em atividades agrícolas e um agricultor em regime de parceria. Portanto, considerando apenas a condição de experiência prévia na agricultura pode-se afirmar que dos dezessete entrevistados, doze ou aproximadamente 70%, já dispunham de experiência prévia para o plantio, mesmo que em sequeiro. Os demais, não dispunham de experiência prévia na agricultura, porém, enxergaram na aquisição de terras na Etapa I como uma oportunidade de investimento no cultivo da fruticultura, e assim, o fizeram. Um fator de análise encontrado foi, aqueles que se identificaram como colonos irrigantes (07 entrevistados), todos dispunham de experiência prévia na agricultura, logo, a probabilidade desta condição ter sido importante para a permanência do assentado deve ser considerada; A identificação de experiência mínima no cultivo agrícola se repetiu em menor proporção dentre aqueles considerados como produtores agrícolas, que acessaram de modo informal aos lotes agrícolas.

Por meio da identificação dos entrevistados, a pesquisa também pode averiguar o nível de escolaridade dos agricultores, separando a análise dentre colonos irrigantes e produtores agrícolas, conforme quadro 09.

Quadro 09 – Nível de Escolaridade – Projeto Jaíba Etapa I

E. Fund. In. E. Fund. C. E. Médio. C E. Técnico Total

Colono Irrigante 3 4 7

Produtor Agrícola 2 2 5 1 10

Total de Entrevistados 17

Fonte: Pesquisa de Campo

Através da distribuição acima, é possível compreender que boa parte dos agricultores possuem conhecimento situado dentre o ensino fundamental incompleto e completo, com diferenciação dentre 5 daqueles considerados pela pesquisa como produtores agrícolas, que afirmaram ter cursado o ensino médio completo. Na ocasião,

apenas 1 dos entrevistados apresentou qualificação superior ao ensino médio, sob a afirmação de ter cursado e trabalhado como técnico agrícola. Assim sendo, o nível de escolaridade é menor dentre os colonos, podendo ser entendido como um reflexo do processo de seleção, que não privilegiou qualquer capacitação técnica formal. De qualquer forma o número de observações não é suficiente para fazer qualquer apontamento consistente acerca do sucesso no cultivo quando analisado o fator educação. O que se averiguou foi que dentre os produtores agrícolas, grande parte apresentou Ensino Médio Completo.

A condição de associação pode ser considerada com um fator que impulsiona o cultivo agrícola, bem como, a comercialização que resulta deste cultivo. Por meio de pesquisas, identificamos que muitas associações estão formalizadas dentro do perímetro, cada gleba possui uma associação, no entanto, as ações se limitam a processos de compras via PNAE ou PAA. A única associação que se disponibilizou a conceder entrevista formal foi a Associação dos Produtores da Gleba A, mas afirmou não dispor dados da estrutura fundiária da gleba ou informações mais específicas sobre os colonos, pois seus trabalhos se consistiam em participar de aquisições de compras públicas. Porém, todos os entrevistados afirmaram a importância do trabalho que a ABANORTE tem realizado na região, destacando o papel importante das cotações para o preço da banana na região, principal fruto cultivado. Sendo assim, questionou-se aos entrevistados, se os mesmos estavam associados a ABANORTE, e dos 17, apenas 3 responderam positivamente, e caracterizam-se como produtores agrícolas, que adquiriram lotes na Etapa I, através de negociação informal. Os 3 também afirmaram estarem associados devido a serem proprietários de áreas dentro da Etapa II (área do Projeto Jaíba destinado a empreendimentos agrícolas) e que a associação se torna importante por conta das ações que realiza em parceria com os produtores agrícolas da Etapa II.

Por isso, chegou-se à conclusão de que a ABANORTE é considerada como referência para todos os agricultores entrevistados por conta das informações de cotação de frutas que disponibiliza em parceria com o governo de Minas Gerais - IMA. Tais informações são de sobremaneira importantes para o comércio das frutas na região, porém, para acessá-las a condição de associação não é obrigatória, caracterizando-se como um serviço público prestado a todos os agricultores e comerciantes da região do Projeto Jaíba e Norte de Minas Gerais.

Quadro 10 – Valor da Produção para o Último Ano – Projeto Jaíba Etapa I

Valor da Produção para o Último Ano – Projeto Jaíba Etapa I Entrevistados

Condição do Domínio do Lote

Quantidade

de Lotes Cultivo Principal

Valor da Produção para o último ano 1 Produtor Agrícola 07 lotes

banana prata e goiaba

vermelha R$1.029.900,00

2 Colono Irrigante 03 lotes banana prata e caturra R$687.000,00 3 Produtor Agrícola 05 lotes banana prata R$1.770.400,00

4 Produtor Agrícola 04 lotes banana prata R$960.000,00

5 Produtor Agrícola 08 lotes banana prata/limão R$2.006.000,00 6 Colono Irrigante 03 lotes banana prata/horta R$412.000,00

7 Produtor Agrícola 03 lotes banana prata R$828.000,00

8 Produtor Agrícola 07 lotes manga palmer R$2.244.000,00 9 Produtor Agrícola 02 lotes banana prata/manga palmer R$580.000,00

10 Produtor Agrícola 01 lote sem cultivo

11 Colono Irrigante 01 lote sem cultivo

12 Colono Irrigante 01 lote banana prata R$270.000,00

13 Colono Irrigante 01 lote lote arrendado 14 Colono Irrigante 01 lote lote arrendado

15 Produtor Agrícola 05 lotes banana prata e caturra R$1.875.000,00 16 Colono Irrigante 03 lotes banana caturra R$641.000,00 17 Produtor Agrícola 20 lotes banana prata/manga palmer R$5.117.000,00

O quadro 10 apresenta os valores totais da produção para o ano de 2016 de cada entrevistado, de modo que o cultivo de banana é a que mais se repete, confirmando uma tendência a monocultura dentre os irrigantes da Etapa I, sejam eles colonos irrigantes ou produtor agrícola, conforme classificação dada anteriormente. A diferenciação do valor total da produção entre banana prata e banana caturra é dado pelo mercado da própria fruta, que classifica a banana prata uma fruta de maior valor em virtude de possuir maior composição nutricional e integrar ao consumo escolar/infantil. O cultivo da manga palmer é crescente no perímetro irrigado e tem como estímulo principal o fato de ser uma cultura que consome uma quantidade reduzida de água em comparação a banana, resultando em uma economia do custeio com irrigação no longo prazo e por ser menos perecível que a banana, logo apresenta maior resistência ao transporte rodoviário, único meio de escoamento da produção do perímetro irrigado. Porém, os custos iniciais de plantio são mais elevados do que a banana demandando maior investimento inicial, conforme revelou os entrevistados.

Mesmo diante de toda a limitação que este estudo possui, pode-se afirmar com base no quadro 10, que o valor da produção é um bom indicativo de como o processo concentração da terra, ou ainda, da expansão da área cultivada foi capaz de diferenciar os agricultores da Etapa I e a sua produção, pois na direção em que a área cultivada é aumentada, o faturamento também se eleva, e em alguns casos a produção se diversificou,

fazendo com que o risco da monocultura seja reduzido e o acesso ao mercado da fruticultura seja ampliado, resultando em ganhos para o agricultor familiar ali instalado no Projeto Jaíba.

O próximo item, será responsável por tratar das motivações que permearam os desafios enfrentados pelos colonos que foram assentados na Etapa I do Projeto Jaíba.