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Perfil editorial das publicações selecionadas

No documento O ANDRÓGINO NA FOTOGRAFIA DE MODA (páginas 48-53)

2.2 FORMAÇÃO DO CORPUS DE PESQUISA

2.2.1 Perfil editorial das publicações selecionadas

Alguns dados sobre as publicações selecionadas estão relacionados no Quadro 2 a seguir, e os perfil editoriais de cada uma delas está desenvolvido logo após.

 Vogue Hommes Internacional: Revista dedicada à moda, estilo, design, arte, cultura esportes e tecnologia explorando sempre novas tendências e novos talentos o que, apesar de ser propriedade de uma grande editora, consegue dar à publicação um ar transgressor. Publicada duas vezes ao ano, com edições em inglês e em francês. Site: http://www.vogue.fr/vogue-hommes

 Dazed and Confused: A Dazed and Confused é uma revista independente, de propriedade de Jefferson Hack e do famoso fotógrafo Rankin. Seu conteúdo versa sobre moda, arte, cultura e música, com entrevistas exclusivas, editoriais e projetos inovadores contando com contribuições do mundo todo. A Dazed tem seu foco em buscar novas tendências e talentos que possam moldar idéias para uma nova geração. Site: http://www.dazeddigital.com/

 Numéro: A Numéro é uma revista internacional editada em Paris e seu conteúdo traz moda, beleza, design, saúde, arquitetura e decoração, e perfil de celebridades. Quando a fundadora, Elisabeth Djian, foi perguntada sobre as motivações para criar a revista, respondeu: “Eu estava entediada com as revistas que me diziam como seduzir um homem e queria criar uma revista para uma mulher inteligente, esperta que quer ler sobre arte, design, música e não sobre estupidez - cremes que acabam com as rugas - você sabe, o que é estúpido.", segundo o site oficial da revista. Site: http://www.numero-magazine.com/

 Numéro Homme: é uma publicação semestral, separada da Numéro e distribuída internacionalmente. Dedicada ao público masculino, trata de aspectos da vida do homem contemporâneo trazendo publicações sobre moda, estilo, música, viagens e carros. Sempre conta com editoriais de grandes fotógrafos com a participação dos maiores “top male models” da atualidade. Site: http://www.numero-magazine.com/

 Candy Magazine: A revista espanhola criada pelo editor independente Luis Venegas. É a terceira revista do editor e foi lançada sob o slogan “The First Transversal Style Magazine”; tem uma edição limitada à 1.500 cópias, nada mais, vendidas pelo site e por distribuidores por 50 euros cada. É uma revista de arte e moda e se autodefine como uma publicação totalmente dedicada à transsexualidade, travestismo, cross dressing e androginia. O nome da revista é uma homeagem à Candy Darling, musa travesti de Andy Warhol. Foi a única publicação com conteúdo e perfil institucionalmente declarados como LGBTTT. Praticamente todo o conteúdo da revista, tanto em termos de imagem como de texto, fala e mostra o universo de sexualidades não heteronormatizadas. Site: http://candy.byluisvenegas.com/

 Fucking Young! Magazine: começou como uma plataforma inspiradora com foco na jovem estética masculina. Por ser uma publicação independente, permite mesclar nomes estabelecidos com artistas emergentes, auxiliando, assim, esses últimos a atingir e conquistar o seu próprio público. A curadoria é de Eduardo Garcia e Adriano Batista. A revista é muito focada em moda, trazendo editoriais, notícias das passarelas e semanas de moda, tendências e entrevistas. Site: http://fuckingyoung.es/

No geral, podemos observar que todas as revistas adotam uma postura que pretende infiltrar-se em um mercado recheado de publicações estabelecidas, em moldes editoriais mais tradicionais, explorando uma estética da transgressão, tanto por seu conteúdo, trazendo grandes nomes juntamente com novos talentos desconhecidos, como pela característica marcante de ligar de forma clara as “pontas” teoricamente opostas dos marcadores de gêneros em seus editoriais. Em termos comerciais, anunciantes estão cada vez mais interessados em publicações de caráter independente e de conteúdo diferenciado, como é o caso da Fucking

Young! Magazine (dos editores independentes Eduardo Garcia e Adriano Batista),

e anunciantes de peso como Dior, Diesel, Nike, Camper, Converse, entre outros.10 Já outra publicação independente, a Candy Magazine do editor espanhol Luis Venegas, além de não ter espaços para anunciantes, não tem página no Facebook. É a de maior valor de venda entre as pesquisadas e tem uma tiragem limitada a 1.500 unidades por edição. Por outro lado, nossa última publicação independente, a Dazed and Confused, é a revista de maior tiragem dentre as pesquisadas e também tem o maior número de seguidores em sua página do Facebook (615 mil). Rankin e Hack parecem ter encontrado uma fórmula para criar conteúdo de moda e comportamento que satisfaçam tanto o público LGBTTT como o público de moda em geral, e têm tido bastante sucesso em mesclar um conteúdo ambíguo em termos de gênero com grandes nomes do mercado da moda.

Levando em consideração os dados referentes às publicações selecionadas, podemos refletir sobre como uma crescente forma de circulação, constituída pelas redes sociais, é capaz de abrir espaço para um padrão estético, até aqui considerado fora do que poderia ser consumido comercialmente com sucesso. A transgressão apontada em relação às publicações ocorre tanto no que se refere a inserção de novos nomes desconhecidos no mercado fechado da moda como em relação ao tratamento dado às questões de gênero. Nada disso diminui o êxito das publicações ou restringe seu público, ficando a cargo do Facebook a ampla distribuição do conteúdo e a difusão de uma estética, mas comprometida com as questões de gênero. Como já foi dito, a tendência dos anunciantes é de um interesse crescente em publicações que, independentes ou não, mostrem-se mais abertas às novas formas de ver a moda e o uso da mesma. Dessa forma, observa- se tanto o surgimento desse tipo nos últimos 30 anos, e seu sucesso crescente, bem como a adaptação de publicações tradicionais a essa nova estética, sem perda de seu impacto no mercado, o que contribui para o avanço desse tipo de aparecimento no andrógino na moda e no cenário editorial.

No documento O ANDRÓGINO NA FOTOGRAFIA DE MODA (páginas 48-53)