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Mapa 6 Identificação dos equipamentos culturais na região Centro-Oeste da cidade de São Paulo

2.8 PERFIL DOS JOVENS INQUIRIDOS

Os níveis de sucesso e insucesso ao longo da experiência escolar foram organizados tendo em conta a equivalência do rendimento escolar, isto é, a não reprovação (sucesso escolar) e a reprovação, abandono/retorno aos estudos tardiamente e distorção idade e série. De acordo com esses critérios, foram considerados três níveis:

a) Nível 1:. Estudantes que nunca reprovaram;

b) Nível 2: I. Estudantes que reprovaram apenas uma vez;

c) Nível 3: II. Estudantes que reprovaram duas ou mais vezes.

Assim, de acordo com a adequação entre a idade/série pertinente ao ensino médio e as

distorções decorrentes da idade e da série devido à repetência, os sujeitos desta pesquisa foram

distribuídos em três grupos diferentes:

a) Jovens com experiência escolar contínua (sem reprovação, distorção idade e série); b) Jovens com experiência escolar descontínua I (fluxo descontínuos: estudantes que

reprovaram apenas uma vez);

c) Jovens com experiência escolar descontínua II (elevada distorção idade e série. Estudantes que reprovaram duas ou mais vezes).

O quadro 5 a seguir evidencia a distribuição original do universo e a distribuição praticada:

Quadro 5 - Experiências escolares dos jovens no ensino médio

Fonte: Elaboração própria baseada no questionário respondido pelos então estudantes das 36 escolas da Zona Oeste da cidade de São Paulo.

N. 673 respondentes. Experiências escolares

Grupos etários Sexo Questionários (Participantes) Masc. % Fem. %

Nível 1

Jovens com experiência escolar contínua.

15 anos

76 28,7% 163 40% 240

16 anos 63 23,8% 70 17,2% 133

17 anos 77 29,1% 107 26,3% 184

Nível 2 Jovens com experiência escolar descontínua I. 18 anos 33 12,5% 41 10,1 74

Nível 3

Jovens com experiência escolar descontínua II.

19 anos

8 3,0% 15 3,7% 23

Após a definição do perfil dos entrevistados, buscou-se realizar o cruzamento dessas informações com as variáveis, compostas com os dados de perfil sociodemográfico (sexo, raça, religião, situação de moradia – rural/urbano –, nível de escolaridade e renda).

A análise dos dados produzidos visou compreender de que forma os contextos de origem, as redes de sociabilidade/culturas juvenis e a própria escola interagem, produzindo identidades juvenis e dinâmicas de escolaridade. Como se caracterizam e estruturam as posições e disposição dos alunos na escola e face à escola?

Para as deambulações etnográficas, seguida de entrevistas itinerantes, a pesquisa foi centrada nos discursos, representações e interações provenientes de encontros e registro de dados produzidos pelos jovens. Buscou-se reconstituir os contextos relacionais e os processos de interação por meio das quais os percursos de integração social relacionam-se com os modos de circulação, mobilização e apropriação do espaço urbano, considerando-se também o espaço público da escola.

A análise dos dados visou aprofundar os conteúdos sobre: a) Percepções juvenis sobre a constituição da condição juvenil;

b) As práticas e representações sobre o que é ser jovem, pobre e estudante de escola pública;

c) O sentido que a escola tem para a vida dos jovens; d) Experimentações no interior das escolas;

e) A luta por mais espaços e a afirmação das suas identidades.

Considerando tais aspectos, a pesquisa buscou traçar uma vertente sociológica, visando os quadros de interação no nível de análise contextual e individual, de maneira a modular as representações juvenis acerca dos valores e opiniões, o quotidiano e seus enigmas nas trajetórias juvenis, e, por fim, as concepções juvenis acerca da realidade social que circundam as narrativas desiguais.

Naturalmente, a análise que segue exige a apreciação de inúmeras questões a fim de conseguir um quadro explicativo para a constituição das representações da juventude estudantil na cidade de São Paulo. Assim, dar-se-á destaque às concepções e percepções dos estudantes acerca da constituição de si, do valor atribuído à escolarização e ao mundo do trabalho, da construção identitária e das representações das visibilidades e das intensas mobilizações desses indivíduos na esfera pública pela luta por reconhecimento.

Diante desse quadro complexo, iniciamos aqui a etapa propriamente dita da apresentação e análise dos resultados empíricos recolhidos e tratados de acordo com os aspectos técnicos descritos.

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Inicialmente, propomos uma análise da dinâmica demográfica recente, contemplando a composição populacional – expressa pela distribuição da população por sexo e grupos de idade – dos estudantes inquiridos e entrevistados das escolas públicas que compõem a delimitação territorial da Diretoria de Ensino Centro-Oeste do estado de São Paulo. Em seguida, nos ateremos aos pedaços segregados, que ainda limitam as condições juvenis no entorno das unidades escolares que circundam as realidades sociais dos jovens entrevistados.

Paralelamente à aplicação dos questionários, as narrativas juvenis registradas nas incursões etnográficas também irão compor esse capítulo, indicando as concepções e reverberações provenientes do pensamento expressivo dos agrupamentos juvenis acerca das implicações que circunscrevem as suas existências no interior das escolas.

O lema “É nós, por nós. Defendendo a Educação”, reverberado pelos jovens em suas mobilizações estudantis, passou a percorrer o itinerário etnográfico de modo lento, desconstruindo discursos que afirmam que os alunos de escola pública não querem estudar.

Os primeiros passos do itinerário etnográfico exigiram uma desnaturalização do olhar muitas vezes constituído socialmente de modo acrítico, superficial, imediato, por meio do senso comum sobre juventude na realidade brasileira contemporânea. Neste estudo, as percepções juvenis demonstram um viés crítico e reflexivo, potencializando suas existências, vozes, corpos em manifestos, atos que traduzem a afirmação das subjetividades juvenis e a defesa do direito público e subjetivo de uma educação de qualidade.

A percepção juvenil foi tomada como ponto de partida para compreender o que é ser jovem, assim como o processo de constituição da condição juvenil nos variados modos de existir. É necessário potencializar as vozes, expressividades e representações, no limite de suas possibilidades, como um instrumento a serviço das juventudes em busca de mais espaços de afirmação de suas existências.

Mas, afinal, quem são os jovens estudantes que chegam ao ensino médio em São Paulo?

3.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DOS JOVENS ESTUDANTES DE