• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 2.  Enquadramento 6 

2.3  Perspectivas Actuais da Acessibilidade web 23 

Actualmente está a ser implementado pela UE um plano de acção denominado, i2010 – Uma Sociedade da informação Europeia para o Desenvolvimento e Empregabilidade. Este plano tem como principal objectivo a promoção dos contributos positivos que a sociedade das TIC tem para oferecer à economia, sociedade e qualidade de vida.

Segundo a UE (UE, 2005b), foi com base na convergência digital que o plano de acção i2010 definiu um conjunto de objectivos que visam uma nova UE, mais desenvolvida socialmente, tecnologicamente e economicamente. Estes objectivos são:

o Criar a nível europeu um espaço único da comunicação que ofereça serviços digitais, conteúdos ricos e diversificados e comunicações de elevada largura de banda, que sejam seguras e de preço acessível;

Página 24 de 70

o Impulsionar a nível mundial a investigação e inovação das TIC, aproximando o desempenho da Europa ao dos seus principais concorrentes;

o Realizar uma sociedade de informação inclusiva, que ofereça serviços públicos de alta qualidade e que promova a qualidade de vida.

A UE (UE; 2005a) apresentou um segundo comunicado, denominado “eAcessibility”, com o único intuito de tornar o plano de acção i2010 o mais completo possível em termos de acessibilidade dos sítios web. Este comunicado refere que, o simples facto de possuir TIC acessíveis irá melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas com deficiências.

No caso particular de Portugal, constata-se a existência de um conjunto de políticas, competências, estratégias, programas e recursos, que têm como objectivo atingir o ideal de igualdade. Este ideal está descrito no artigo 13º da Constituição da República Portuguesa, e segundo o mesmo (Canotilho, J., 2007), todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei, não podendo ser beneficiados, prejudicados, privados de qualquer direito, ou mesmo, isentos de qualquer dever em razão da raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

De modo a “ajudar” os sítios web portugueses (do governo, dos serviços e dos organismos públicos da administração central) a atingirem mais rapidamente o ideal de igualdade, o governo português publicou em 2 de Outubro de 2007 a Resolução do Conselho de Ministros nº 155/2007 (Sousa, J., 2007b), cuja regulamentação os obrigava, sem excepção, a respeitar o nível mais baixo de acessibilidade (nível A) das WCAG. Se algum dos sítios web referenciados anteriormente prestasse serviços transaccionais aos cidadãos, era-lhe exigido através da mesma resolução, que respeitasse o nível intermédio de acessibilidade (nível AA) das WCAG, desenvolvidas pelo W3C.

Em Portugal, o número de estudos que referenciam níveis de acessibilidade do conteúdo web português é bastante reduzido, porque apenas foram realizados quatro trabalhos nesta área:

1. O primeiro trabalho diz respeito a um relatório, denominado “Relatório Vector21 sobre Acessibilidade web em Portugal” (Vector21, 2007), que foi realizado durante a iniciativa Integra21 apresentada pela empresa de tecnologias de informação Vector21. Neste relatório constam os resultados obtidos através da análise de acessibilidade efectuada a um grupo de 200 sítios web pertencentes à administração pública (129 sítios web), a lojas de comércio electrónico (55 sítios web) e a empresas (16 sítios web);

Página 25 de 70

2. O segundo trabalho diz respeito a um estudo denominado “Avaliação da Acessibilidade dos Sítios web das Empresas Portuguesas” (Martins, J., 2008), que foi realizado por um aluno de mestrado da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Neste estudo constam os resultados obtidos através da análise de acessibilidade efectuada a um grupo de 1000 empresas portuguesas, as quais registaram maior volume de negócio durante o ano de 2005. É de referir que das 1000 empresas iniciais propostas para avaliação, só foram avaliadas 777, visto as restantes 223 empresas não possuírem sítio web ou este encontrar-se em manutenção;

3. O terceiro trabalho diz respeito a um estudo denominado “Avaliação da Acessibilidade dos Sítios web das PME Portuguesas” (Moura, F., 2009), que foi realizado por uma aluna de mestrado da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Neste estudo constam os resultados obtidos através da análise de acessibilidade efectuada a um grupo de 1000 melhores PME portuguesas de 2007, de acordo com a revista Exame (Exame, 2007). É de referir que das 1000 empresas iniciais propostas para avaliação, só foram avaliadas 642, visto que 63 se encontravam com o sítio web em manutenção, 7 eram incompatíveis com a ferramenta de avaliação usada e as restantes 288 empresas não possuíam sítio web;

4. O quarto trabalho foi um estudo apresentado pela APDSI em Setembro de 2009, intitulado “GNE - Acessibilidade Web - Ponto de Situação das Maiores Empresas Portuguesas” (APDSI, 2009), que foi realizado por um grupo de investigadores nacionais que integram o Grupo Permanente de Negócio Electrónico da APDSI (GNE).

Actualmente, o W3C é um padrão mundial em termos de definição de regras para acessibilidade web, visto que as WCAG 1.0 são consideradas uma referência para a criação de regras incentivadoras ao desenvolvimento de conteúdo web acessível. Apesar deste facto, o W3C desenvolveu uma segunda versão das directivas para a acessibilidade de forma a poder definir um novo conjunto de critérios e técnicas, adequadamente ajustadas ao nível tecnológico actual.

De acordo com a recomendação do W3C (Caldwell, Cooper, Reid, & Vanderheiden, 2008), as WCAG 2.0 abrangem um grande número de recomendações para tornar o conteúdo web mais acessível para todos os utilizadores, possuam ou não deficiências. Os criadores de conteúdo web ao seguirem estas directivas irão tornar o conteúdo acessível para um maior número de pessoas com deficiências, incluindo cegueira ou pouca visão, surdez ou perda de audição, deficiências de aprendizagem, limitações cognitivas, limitações de movimentos, dificuldades no discurso e combinações destas.

Página 26 de 70

Segundo alguns autores (Clark, J., 2006; UXPod, P., 2008), as regras e recomendações disponibilizadas pelas WCAG 2.0 não são fáceis de compreender porque estão escritas de uma forma demasiado genérica. Devido a esta dificuldade de percepção das recomendações, muitos autores desistiram do WCAG 2.0 e formaram um outro grupo em 2006, denominado WCAG Samurai (Campbell, A. 2007; Samurai, 2008a; Samurai, 2008b; Samurai 2008c), o qual é liderado pelo Joe Clark. A ideia do grupo WCAG Samurai é criar uma Errata para as WCAG 1.0 de modo a que estas possam continuar a ser usadas, mas adaptadas à tecnologia actual.

O W3C além de ter desenvolvido as duas versões de directivas para acessibilidade, também desenvolveu outras duas recomendações para a acessibilidade web. Uma das iniciativas é a responsável pela criação de directivas para a acessibilidade nos agentes – UAAG (User Agent Acessibility Guidelines), e explica como se constroem browsers acessíveis para pessoas com deficiências (Jacobs, I., Gunderson, J., & Hansen, E., 2002). Outra iniciativa é responsável pela criação de directivas para a acessibilidade das ferramentas de autor – ATAG (Authoring Tool Acessibility Guidelines), e explica como se constroem as aplicações informáticas responsáveis pela criação de sítios web acessíveis para as pessoas com deficiências (Treviranus, J., Richards, J., & May, M., 2006). O W3C, para além destas quatro recomendações tem grupos de trabalho cuja função é o enquadramento da acessibilidade na educação e formação (WAI, 2004).