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PESQUISA DE CAMPO

No documento Erechim 2022 (páginas 59-64)

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

3.3. PESQUISA DE CAMPO

Com base em Minayo (1992), concebemos campo de pesquisa como um recorte que o pesquisador faz em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto de investigação.

A entrevista e a observação participante são as formas de abordagem técnica de trabalho de campo mais utilizadas. Por se tratar de importantes componentes da realização da pesquisa qualitativa, tentaremos a seguir sistematizar aspectos relevantes sobre essas técnicas.

Esses aspectos que envolvem a constituição de dados qualitativos também podem ser encontrados em Chizzotti (1991).

O questionário, segundo Gil (1999, p.128), pode ser delineado “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”. Desse modo, nas questões de natureza prática, o questionário é um procedimento que servirá para coletar as informações da realidade.

Gil (p. 128-129) também nos traz as seguintes vantagens do questionário sobre as demais técnicas de coleta de dados:

a) possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio;

b) implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento dos pesquisadores; c) garante o anonimato das respostas; d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente; e) não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado.

De outra forma, o autor supracitado aponta pontos negativos da técnica em análise:

a) exclui as pessoas que não sabem ler e escrever, o que, em certas circunstâncias, conduz a graves deformações nos resultados da investigação; b) impede o auxílio ao informante quando este não entende corretamente as instruções ou perguntas; c) impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido, o que pode ser importante na avaliação da qualidade das respostas; d) não oferece a garantia de que a maioria das pessoas devolvam-no devidamente preenchido, o que pode implicar a significativa diminuição da representatividade da amostra; e) envolve, geralmente, número relativamente pequeno de perguntas, porque é sabido que questionários muito extensos apresentam alta probabilidade de não serem respondidos; f) proporciona resultados bastante críticos em relação à objetividade, pois os itens podem ter significados diferentes para cada sujeito pesquisado.

Ressalta-se que os pontos listados como negativos do questionário não devem servir como desincentivo para o uso do mesmo, mas, sim, para melhor direcionar sua instrumentalização, tanto na escolha das questões, quanto no cosmos dos entrevistados.

Na pesquisa, aderimos à plataforma Google Forms pela facilidade de se gerar um link geral do questionário, o qual foi distribuído via e-mail a todas as coordenações de curso das respectivas Instituições de Ensino Superior e nos e-mails dos professores disponibilizados nas páginas das Instituições.

Esta plataforma, segundo Google (2021) , é uma ferramenta online que permite a coleta e tabulação rápida de informações de questionários, provendo funcionalidades digitais interativas e maior agilidade em relação aos formulários de papel.

Na sequência, de modo a explicitar e aprofundar os aspectos relativos aos conhecimentos profissionais mobilizados em face destas ações, entrevistamos alguns professores que participaram da etapa de questionário e que se dispuseram a participar desta última etapa de coleta de dados. A respeito disso, destacamos que havia um campo específico no formulário online , respondido pelos docentes, que solicitava que indicassem um endereço de e-mail caso tivessem interesse em contribuir com a última etapa da pesquisa concedendo-nos entrevistas.

A entrevista é um processo mais flexível do que o questionário, pois nela o entrevistado pode tirar dúvidas, complementar as respostas. Por meio dela, o pesquisador busca obter as respostas possíveis e necessárias ao objeto. Escuta atenta, educada e equitativa, você não pode induzir a nada e nem se manifestar em uma resposta contrária ao que o pesquisado demonstra acreditar. Ela se caracteriza como uma conversa neutra sobre o assunto, mas com objetivos bem definidos (MINAYO, 2001).

ao contrário do que ocorre com as pesquisas tradicionais, a escolha do campo onde serão colhidos os dados, bem como dos participantes é proposital, isto é, o pesquisador os escolhe em função das questões de interesse do estudo e também das condições de acesso e permanência no campo e disponibilidade dos sujeitos.[...]. No que se refere aos participantes, nem sempre é possível indicar no projeto quantos e quais serão os sujeitos envolvidos, embora sempre seja possível indicar alguns, bem como a forma pela qual se pretende selecionar os demais. (ALVES-MAZZOTTI, 2002, p. 162).

A entrevista demanda tempo e muito ponderação, pois é uma etapa muito importante da pesquisa, exige cuidados tais como: a escolha do entrevistado, a flexibilidade em viabilizar as explanações necessárias e posição favorável para garantir a confidência da identidade do

entrevistado, a organização do programa ou roteiro da entrevista com as questões (LAKATOS, 1996).

Lincoln e Guba (1985) sugerem o seguinte processo para a seleção de participantes:

(1) Reconhecimento dos participantes iniciais. A identificação desses elementos pode ser feita com a ajuda de outras pessoas que, por suas características, tenham vasto conhecimento do contexto estudado. (2) Emergência ordenada da amostra. Ou seja, através da seleção seriada, novos sujeitos só vão sendo incluídos à medida que já se tenham obtido as informações desejadas dos sujeitos anteriormente selecionados.

Tal procedimento permite que cada novo participante seja escolhido de modo a complementar as informações já obtidas. (3) Focalização contínua da amostra. À medida que novos aspectos relevantes da situação vão sendo identificados pela análise que acompanha a coleta, novas questões emergem, tornando frequentemente necessário incluir outros que estejam mais relacionados a essas questões emergentes. (4) Encerramento da coleta. A partir de certo momento, observa-se que as informações já obtidas estão suficientemente confirmadas e que o surgimento de novos dados vai ficando cada vez mais raro, até que se atinge um “ponto de redundância” a partir do qual não mais se justifica a inclusão de novos elementos (ALVES, 1991, p. 51).

Lincoln e Guba (1985) consideram que nenhuma dessas etapas pode ser inteiramente prevista. Eles, no entanto admitem, que o planejamento da pesquisa deve conter determinada argumentação desses pontos com indicação de que o pesquisador está ciente deles e tem alguma ideia do que fazer a respeito.

De acordo com Minayo (1994), mediante esse procedimento é possível obter dados objetivos e subjetivos. Os primeiros podem ser obtidos através de fontes, como censos, estatísticas e outras formas de documentos. Os segundos referem-se aos valores, às atitudes e opiniões dos indivíduos entrevistados.

Em geral, as entrevistas podem ser estruturadas e não-estruturadas, correspondendo ao fato de serem mais ou menos dirigidas. Assim, torna-se possível trabalhar com a entrevista aberta ou não estruturada, onde o informante aborda livremente o tema proposto; bem como com as estruturadas que pressupõem perguntas previamente formuladas. Há formas, no entanto, que articulam essas duas modalidades, caracterizando-se como entrevistas semiestruturadas ( MINAYO, 2002, p. 58).

Nessa pesquisa, as entrevistas tiveram como foco a formação matemática do licenciado em Pedagogia, adotando-se como base estabelecer relações e comparações entre as

respostas e as transcrições das falas para compreender o papel do curso de Pedagogia na formação de professores de matemática para os anos iniciais do ensino fundamental.

As entrevistas foram realizadas com professores dos cursos de Pedagogia das Instituições de Ensino Superior públicas do estado de Santa Catarina, indicadas anteriormente, mediante manifestação de interesse em colaborar nesta etapa da pesquisa (entrevistas). Sobre isso, esclarecemos que o questionário foi enviado aos participantes da pesquisa apresentando uma questão final consultando os respondentes sobre o interesse em participar da etapa das entrevistas.

O questionário foi assim estruturado:

Quadro 3 : Estrutura do questionário Questionário

1ª Parte: perfil dos participantes 1- Nome:

2- Formação: Ano de formação:

3- Última titulação concluída:

4- Área de formação da última titulação?

5- Há quanto tempo você é docente na educação superior?

6- Há quanto tempo é docente em Cursos de Pedagogia?

7- Quais componentes curriculares tem ministrado no Curso de Pedagogia?

8- Qual componente curricular você está ministrando no momento?

2ª Parte: Perspectivas sobre a formação de professores dos anos iniciais

1- Considerando as finalidades do Curso de Licenciatura em Pedagogia da sua instituição, quais componentes curriculares você considera indispensáveis para a formação do professor dos anos iniciais?

2- A formação do professor que atua nos anos iniciais requer o desenvolvimento de conhecimentos de distintos domínios do saber. Quais conhecimentos você considera essenciais para a docência nos anos iniciais do ensino fundamental?

3- Quais componentes curriculares contemplam o desenvolvimento dos aspectos da prática de sala de aula (conhecimentos sobre o ensino) nos anos iniciais do ensino fundamental?

4- Quais outros conhecimentos você considera importantes na formação do professor dos anos iniciais do ensino fundamental? Cite e explique.

5- Considerando a estrutura do curso em que você atua: de que forma os componentes curriculares buscam promover a articulação entre teoria e prática?

6- O programa curricular do curso de Licenciatura em Pedagogia que você atua é suficiente para preparar o futuro professor para ensinar Matemática nos iniciais de escolaridade?

3ª Parte: A formação Matemática em cursos de Licenciatura em Pedagogia

1- Quais aspectos do conteúdo da Matemática são desenvolvidos no curso de Pedagogia em que você atua?

2- Quais aspectos do ensino da Matemática nos anos iniciais do ensino fundamental são desenvolvidos no curso de Pedagogia em que você atua?

3- Quais aspectos da Matemática e do seu ensino nos anos iniciais do ensino fundamental poderiam ser mais enfatizados no âmbito do Curso de Licenciatura em Pedagogia?

4- De que forma os componentes curriculares do Curso que você atua procuram contemplar as orientações e tendências relativas ao ensino da Matemática?

5- Você considera que a formação matemática promovida na licenciatura em pedagogia da sua instituição é suficiente para a docência nos anos iniciais do ensino fundamental?

Fonte: elaboração das autoras.

O questionário, inicialmente nos permitiu constituir o perfil dos professores que participaram, conhecer suas trajetórias acadêmicas bem como as suas perspectivas em relação a formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental e a formação Matemática em cursos de Licenciatura em Pedagogia.

A entrevista, por sua vez, buscou explicitar aspectos relacionados à formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental e a formação Matemática nos cursos de Licenciatura em Pedagogia das IES contempladas neste estudo, conforme quadro a seguir.

Quadro 4 : Roteiro de Entrevista

Roteiro de Entrevista – entrevistamos apenas os professores universitários que lecionam algum componente que envolve a matemática, buscando explicitar aspectos

da formação matemática, nomeadamente a matemática, didática da matemática, recursos e materiais de ensino, conhecimento do currículo.

1- A sua área de formação acadêmica (graduação, mestrado e doutorado) lhe proporcionou formação matemática necessária para sua atuação profissional atual? Comente.

2- Você considera importante ensinar matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental? Por que?

3- Quais são os componentes curriculares relacionados à formação Matemática propostas no curso de Pedagogia?

4- Comente sobre a formação Matemática ofertada no Curso de Pedagogia que você está atuando. Com base nisso, descreva e comente as principais ações, projetos e iniciativas voltadas à formação matemática.

5- O Componente Curricular de estágio contempla a prática do componente relacionado à matemática? Quais são as principais dificuldades e surpresas positivas relacionadas ao ensino de matemática realizado pelos estagiários de Pedagogia?

6- Qual a carga horária destinada à formação Matemática no curso que você está atuando?

Você considera que essa carga horária é suficiente para promover a formação da Matemática necessária a docência nos anos iniciais do ensino fundamental? Comente.

Fonte: elaboração das autoras.

As entrevistas nos explicitaram um pouco mais sobre a formação matemática necessária para trabalhar nos anos iniciais do ensino fundamental e o contexto da formação inicial do pedagogo nas Instituições Públicas de Ensino Superior de Santa Catarina.

As entrevistas foram realizadas com professores universitários que lecionam algum componente que envolve a matemática nos cursos de Pedagogia das IES circunscritas pelo objetivo da pesquisa. A partir das trocas com esses atores, sobre o processo de formação inicial de ambos relacionados à formação Matemática, e uma análise da percepção do mesmo com relação à formação Matemática, carga horária e metodologia utilizada no ensino dos conhecimentos Matemáticos ao futuro licenciado em Pedagogia nos cursos em que lecionam.

No documento Erechim 2022 (páginas 59-64)

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