SAHEL: MAPA GEOGRAFIA E POPULAÇÃO
SECTOR DE CONSUMO FRAÇÃO DO SALÁRIO GASTO
C. Novos sistemas de alto rendimento e baixas emissões
7.2. Pistas para tópicos a aprofundar no futuro
O tema da pobreza energética é ontologicamente rico nas suas diversidades – causas e manifestações -, pelo que não cabe num único trabalho tocar todas as
168 realidades existentes com a profundidade que merecem. Ao contrário, a nível epistemológico, a pobreza é a palavra que descreve o campo do estudo e da teorização do fenómeno hoje: praticamente, nenhum livro editado para tratar o assunto, pouca produção académica consistente, poucas publicações a tratar disso e (quase) ausência de estudiosos (a publicarem) oriundos das regiões do mundo onde se concentra a pobreza energética (cerca de 3% dos “publicadores”, segundo algumas estimativas).
E, se “não há melhor prática do que uma boa teoria”, podemos perceber que, em grande parte, o elevado grau de insucesso das políticas seguidas até agora para combater essa pobreza, deve-se também a esse “deserto teórico” que envolve o fenómeno.
Para quem estiver interessado no estudo desse tópico, e fruto da minha experiência de investigação do mesmo – tanto com trabalho no terreno como na pesquisa documental -, proponho dois temas (entre dezenas mais) que penso de extrema prioridade e grande interesse:
7.2.1. A informação estatística
A estatística constitui a matéria-prima para a análise e estudo que servirão de base para a tomada de decisão no sentido de traçar uma política setorial que minimiza o risco de insucesso.
Na área de energia, em particular a energia doméstica, os dados são inexistentes ou são extrapolações de dados já por sua vez extrapolados a partir de outros estimados e pouco fiéis. Mais grave ainda é a generalização dessa lacuna – tanto a nível dos governos nacionais como de organizações regionais e mesmo das instituições mais credíveis.
169 7.2.2. A Governança no setor da energia
Uma boa governança é condição necessária para garantir uma melhor performance das políticas energéticas – tanto a nível das escolhas como a nível da implementação e, consequentemente, dos resultados para os consumidores individualmente e para o país no seu todo. Ao longo da investigação levada a cabo, constatamos uma grande opacidade e pouca prestação de contas por parte das entidades gestoras do setor. Como exercício, estabelecemos uma comparação direta para dois grupos de países africanos consoante o seu lugar no ranking de uma instituição credível com um índice de governança em África, por um lado, face ao seu desempenho a nível dos indicadores da pobreza energética (acesso à rede elétrica e uso da biomassa sólida para cozinhar), por outro lado. Encontramos claramente uma correlação entre os dois índices: os países melhor classificados em termos de governança (embora pobres) tinham muito menos taxa de pobreza energética do que os países do outro grupo (embora esses últimos bem mais ricos e alguns até produzem e exportam energia fóssil como o petróleo e o gás natural). (ver tabelas 4.7 e 4.8).
170
8. Referências
(AFD), A. F., & (AfDB), A. D. (2009). L'Energie en Afrique `l'Horizon 2050. Paris: AFD.
(FOODSTATS), F. (2002). FAO FAOSTATS – Statistics Database. http://apps.fao.org/,. Rome: FAO.
(ONS), O. N. (2017). Situation de l'Emploi et du Secteur Informel en Mauritanie en 2017. Nouakchott: ONS.
A. (s.d.).
AFD, A. F. (2009). L'Energie en Afrique à l'Horizon 2050. Paris: AFD. AfDB, A. D. (2015). AfDB Group Annual Report 2015.
Africa Progress Panel. (20015). Seizing Africa's Energy and Climate Opportunities- Africa
Progresss Report 2015. Africa Progress Panel.
AFRICA Progress Panel. (2015). Seizing Africa's Energy and Climate Opportunities - Progress
Report 2015. AFRICA Progress Panel.
al., D. F. (2005). The Urban Household Energy Transition: Social and Environmental Impacts
in Developing World. Washington DC.
Arnold, J. M., & et al. (2003). Fuelwood Revisited: What Has Changed in the last Decade? Bogor, Indonesia: Center for International Forestry Research (CIFOR).
Barnes, D., Krutilla, K., & and Hyde, W. (2004). The Urban Household Energy Transition
Energy, Poverty, and the Environment in the Developing World. Washington, D.C.:
Resources for the Future Press.
Barnett, A. (2000). Energy and the Fight against Poverty’. London: DFID.
171 Bechler-Carmaux et al. (1999). Le risque de pénurie en eau potable dans la ville de Niamey
(Niger). . Sécheresse 10, 281-288 .
Bertrand Russel, H. (2006 - 4th edition). Research methods in anthropology : qualitative
and quantitative approaches. Oxford: AltaMira.
Bervoets, e. a. (2016 - 67). Forests and access to energy in the context of climate change: the role of the woodfuel sector in selected INDCs in sub-Saharan Africa. . Unasylva, pp. 53–60.
Bey, M. (1999). Recherches sur la pauvreté : état des lieux. Contribution à la définition d'une problématique. (Persée, Ed.) Tiers-Monde, n°160, 40, 871-895. doi:10.3406/tiers.1999.5349
Birol, F. (2014). Achieving Energy for All will not cost the Earth. Em B. Sovacool, Energy
Poverty (pp. 11-20). Oxford: Oxford University Press.
Bogdanski, A. (2012). Integrated food–energy systems for climate-smart agriculture. .
Agriculture & Food Security,, 1(1), 1.CrossRefGoogle Scholar.
Bouna, D. S. (16 de Dezembro de 2014). Directeur de l'Energie. (M. Ahmed, Entrevistador) Bruce et al. (2000). Indoor Air Pollution in Developing Countries: A Major Environmental
and Public Health Challenge. Bulletin of the World Health Organization.
Cheikh Anta Diop. (1974). Les fondements économiques et culturels d'un Etat fédéral
d'Afrique Noire. Paris: Présence Africaine.
CILS/PREDAS. (2005). Bois-énergie, lutte contre la pauvreté et environnement au Sahel. Burkina Faso: CILS.
Comité de l’Aide au Développement (CAD), O. (2002). Liens entre pauvreté, environnement
172 D'Agostinho, A. a. (January de 2011). What's the State of Energy Studies Researche?: A
Content Analysis of Three Leading Journals from 1999-2008. Energy 36, 508-519. Dah Ould Khtour. (2013). RISQUES D’INONDATION MAJEURE DE NOUAKCHOTT ET IMPACTS
ASSOCIES. Nouakchott: Collectif des Cadres Expatriés Mauritaniens (CCEM).
Davidson, O., & Sokona, Y. (November de 2003, November). The development and climate nexus: the case of sub-Saharan Africa. Climate Policy.
De Gromard, C., & Louvel, R. (2015). L’approvisionnement en énergie des populations d’Afrique non raccordées au réseau: diagnostic. Encyclopédie de l'Energie, Article 063.
DELVILLE, P. L. (1999). Impasses cognitives et expertises en sciences sociales: réflexions à
propos du développement rural en Afrique. Paris: GRET, Document de travail nº9,
Octobre 1999.
DFID. (2002). ENERGY FOR THE POOR - Underpinning the Millennium Development Goals. London, UK.: DFID.
Diagana, I. (2010). La Reestructuration du Quartier d'El Mina à Nouakchott. Laboratoire "Villes Inclusives", Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal) - 2010, Bruxelles.
Dini, A. &. (2009). Poverty, from orthodox to heterodox approaches: A methodological comparison survehy.
Diouf, N. (30 de Novembre de 2012). Politique économique et sociale: Profil de la Pauvreté au Sénégal. PressAfrik, 1.
Eckholm, E. (1975). The Other Energy Crisis: Fuelwood. Worldwatch Paper 1.
ESMAP. (1990). Mauritania - Elements of Household Energy Strategy. Washington: The World Bank Group.
173 ESMAP, B. M. (05 de Agosto de 2018). ESMAP. Obtido de Banco Mundial:
https://trackingsdg7.esmap.org/country/mauritania
FAO. (1984). Simple Strategies for Charcoal Making. Roma: Amazon.
FAO. (2001). State of the world’s forests 2001. FAO Forestry Paper No. 140. Rome, Italie: FAO.
FAO. (2005). Evaluation des ressources forestières mondiales 2005: Les 15 résultats
principaux. Rome, Italie: FAO.
FAO. (2016). Forestry for a low-carbon future: integrating forests and wood products in
climate change strategies. Rome: FAO.
FAO. (2017). FAO YEARBOOK 2015 – FOREST PRODUCTS. Rome: FAO.
FAO, & DeMontalembert MR, C. J. (1983). Fuelwood supplies in the developing countries.
Forestry Paper, 42. Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO).
FAO. (2017). The charcoal transition: greening the charcoal value chain to mitigate climate
change and improve local livelihoods - Executive Summary -, by J. van Dam. Food
and Agricultural Organization. Rome: United Nations Organization. Obtido de www.fao.org/forestry/energy
Fogel, F., & Rivoal., I. (2009). La relation ethnographique : Terrains et Textes. Ateliers
d'Anthropologie - 33.
Fontes, J. (1985). Evaluation des ressources forestières en Mauritanie - Situation 1980-1985.
Rapport réalisé à la demande de la F.A.O. Rome, Italie. 22 p. Rome, Italie: F.A.O.
Gamser, M. S. (1986). Innovation, user participation and forest energy development. PhD