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3 ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E

3.1 PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Referente ao Plano Municipal de Educação, as pesquisas encontradas abordam essa temática. Em grande número na perspectiva do planejamento educacional, outras da política educacional, gestão da educação municipal, participação e Conselho Municipal de Educação. Desse modo, destacamos algumas pesquisas e artigos:

A dissertação de mestrado publicada na CAPES com o título: “Uma análise sobre o PNE e o PME do município de Itajaí por seus níveis de consistência e de congruência” (PEREIRA, 2012) discute o Plano Nacional de Educação de 2001 e o Plano Municipal de Educação de Itajaí de 2004, com objetivo de caracterizar o nível de consistência interna e o de congruência entre ambos.

Desse modo, utilizou-se de um quadro conceitual para caracterizar o nível de consistência interna dos planos e de congruências entre eles. Outro aspecto que contribuiu para o nosso estudo foi que a pesquisa trabalhou, dentre alguns temas, na análise da meta referente ao ensino fundamental. Como resultado, a pesquisa verificou que os dois planos se assemelham quanto à consistência interna, salvo no capítulo referente ao financiamento, pois ambos não apresentam as garantias financeiras para a operacionalização do plano no seu todo, o que levou o pesquisador constatar que os planos são inconsistentes na sua totalidade, em vista de eles não apresentarem as condições necessárias para a materialização dos seus objetivos gerais.

A questão do financiamento de fato perpassa por todas as metas dos planos educacionais. No caso do PNE, são muitos os desafios para que essas metas sejam cumpridas e os recursos financeiros serão um grande impeditivo para alcançá-las (AMARAL, 2014, p.293).

Já, a dissertação de mestrado intitulada “A participação dos Conselhos Municipais de Educação na elaboração dos Planos Municipais de Educação no estado do MS” (BARCELOS, 2017) traz os aspectos do processo de planejamento, trajetória da formulação/construção/elaboração do PME e participação dos Conselhos Municipais de Educação.

O estudo objetivou analisar a participação dos Conselhos Municipais de Educação (CME) do Estado de Mato Grosso do Sul (MS) na elaboração dos Planos Municipais de Educação (PME), sendo esta última exigência do Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2014-2024.

Segundo a autora, a relevância social deste assunto, parte da ideia que os CMEs têm como responsabilidade representar a sociedade na formulação e decisões de políticas educacionais, mediando junto aos gestores municipais as demandas educacionais, com o objetivo da melhoria da qualidade da educação do município.

A pesquisa, realizada em 15 municípios, identificou que a maior parte dos CMEs pesquisados possui caráter normativo, consultivo, deliberativo e fiscalizador (grifo nosso). Ficando o caráter propositivo, mobilizador, informativo, pedagógico e burocrático com um menor número de CMEs. O caráter mobilizador e propositivo foi apontado por dois CMEs como desconhecidos, o que para a autora, pode comprometer a participação da sociedade no acompanhamento das políticas públicas de sua cidade.

Em relação a participação dos CMEs na elaboração dos PMEs, a pesquisa constatou que era realizada por meio de grupos de estudos, reuniões, fóruns, comissões e subcomissões, tendo pelo menos um conselheiro participante destes processos, juntamente com segmentos da sociedade civil, como os profissionais da educação, funcionários, pais, comunidade escolar, dentre outros (grifo nosso).

Contudo, a autora chega à conclusão que a participação destes segmentos na busca por seus direitos ainda não traz as mudanças necessárias para a luta da sociedade em prol da igualdade de classes e de conquistas de espaços. Por razões que ela não explicita na sua conclusão, mas que identificamos em alguns momentos do seu estudo, a maioria dos municípios afirma que a escolha dos membros do CME se dá por “indicação do prefeito” e em segundo lugar por “eleição”. Ou seja, a voz do CME em muitos casos ainda é a voz do governo e não da população.

De fato, o Conselho Municipal de Educação exerce um papel importante de “intermediação entre o Estado e a sociedade, materializando a democracia participativa” (WERLE; THUM; ANDRADE, 2008, p.86) e também possui importante função no processo de planejamento da educação municipal, na estruturação e qualificação da educação local, bem como na articulação de todas as iniciativas educacionais (WERLE; THUM; ANDRADE, 2008, p.88).

Ou seja, a existência de CME pode significar controle social e político das ações do Estado pela sociedade civil, em decorrência de sua composição plural. Atualmente, os CME poderão ter, e espera-se que realmente tenham, uma composição mais democrática superando as escolhas personalistas, o apadrinhamento e clientelismo político, bem como a presença maciça de indicados pelo executivo local (WERLE; THUM; ANDRADE, 2008, p.88).

No entanto, mesmo diante da importância do papel do CME, do seu processo de escolha dos seus membros, percebe-se na pesquisa de Barcelos (2017) ainda que muitos dos municípios, por motivos não explicitados, ainda se valem da indicação do prefeito. Já sobre o caráter normativo, consultivo, deliberativo e fiscalizador encontrados na maior parte dos CMEs pesquisados por ela, foi um dado positivo que repercute numa gestão democrática dentro dos conselhos. Para Oliveira (2003, p. 103), “deliberativos, no sentido de terem poder de deliberar sobre determinadas questões, fiscalizadores com funções mais restritas à verificação do cumprimento da lei e normatizadores quando se lhes delega o poder de regulamentar dispositivos legais já estabelecidos. Porém, ainda se evidencia atividades marcadamente burocráticas e legitimadoras de decisões já tomadas na esfera do executivo, que segundo Teixeira (2004, apud WERLE; THUM; ANDRADE, 2008, p.87), trata-se de uma herança histórica burocrática, marcadas por execução de tarefas administrativas.

Desse estudo mencionado podemos perceber a importância da participação do Conselho Municipal de Educação na proposição e elaboração das estratégias dos PMEs, pois como já dito pela autora “os CMEs têm como responsabilidade representar a sociedade na formulação e decisões de políticas educacionais” (BARCELOS, 2017, p.102).

Sobre análise de Planos Educacionais destacamos o trabalho publicado no evento da ANPAE: “Plano Municipal de Educação de Santa Luz – Bahia 2005-2014: breves reflexões sobre a execução e avaliação de objetivos e metas” (NASCIMENTO, 2016). Esse trabalho ainda estava em andamento quando publicado, mas teve o objetivo de pesquisar sobre a construção, execução e avaliação do PME. Os resultados preliminares apontaram que algumas metas não condizem com a realidade do município, e que não se associam aos objetivos. A falta de clareza no que concerne ao processo avaliativo também foi constatação importante. Até então caracteriza-se como uma pesquisa documental, mas que a autora diz que irá ampliar ao pretender investigar sobre a participação do Conselho Municipal de Educação no processo de construção do Plano. Ou seja, mais uma vez a participação destes segmentos é mencionada com relevância na construção do PME. O CME que já está em funcionamento, por conhecer as condições da educação local, pode muito colaborar procedendo a uma retomada de seu percurso, identificando sua contribuição para a educação municipal. WERLE; THUM; ANDRADE, 2008, p. 87).

Talvez a falta de relação da meta com a realidade do município e aos objetivos citados pela autora, esteja atrelada a pouca ou nenhuma participação do CME, que ela averiguará no

termino de sua pesquisa. A importância do Conselho Municipal de Educação, no todo ou em parte, constitui-se ator nato do fórum, ou seja, da instância deliberativa da elaboração do PME cuja uma de suas etapas de discussão das metas, das estratégias e dos recursos, segundo Monlevade (2004, p.41):

Pode ser feita em sessões internas do fórum e numa conferência municipal, precedida ou não de pré-conferências, se o tamanho do município ou a importância de certos temas assim o exigirem. Embora a SME seja a coordenadora das atividades dessa etapa, o CME deverá estar continuamente presente, emitindo opiniões, esclarecendo dúvidas, mantendo a discussão no leito dos objetivos do processo. Nessa fase, eclodirão os conflitos de interesses divergentes, principalmente de sindicatos e de setores da oposição, que devem ser devidamente respeitados e potencializados, sem prejuízo do avanço do processo. Se o CME tiver um perfil bem representativo das forças municipais, sua atuação facilitará o caminho.

Outro artigo que buscou descrever aspectos do processo de construção do PME foi o “Plano Municipal de Educação de Palmas-TO: uma discussão do lugar da gestão democrática no processo de planejamento” (SILVEIRA, 2016). Esse trabalho também buscou identificar mecanismos convergentes com o princípio de gestão democrática. A pesquisa identificou mecanismos e movimentos de institucionalização da gestão democrática, pelo menos formalmente, no sistema, e reitera que sua efetivação é algo a ser discutido e conquistado dia a dia. Para a autora, da legislação à efetivação, o caminho é de “construção”, pois há uma certa hibridez que permeia essa busca pela efetivação da gestão democrática, seja pela heterogeneidade, em que se forma o coletivo com a presença de diferentes interesses e ideais, seja pela formação histórica da não participação que teima em emergir (SILVEIRA, 2016).

Logo, os diferentes interesses e ideais do coletivo e a formação histórica da não participação são fatores que dificultam os mecanismos para a gestão democrática no sistema de participação. Ghanem (2010, p.192) trabalha com mais três hipóteses que procuram dar conta de compreender os fatores que ocorrem para a inexistência do que se poderia chamar de participação em educação no Brasil: a hipótese da repressão, a da desinformação e a da concepção de educação escolar como ensino.

3.2 ENSINO FUNDAMENTAL RELACIONADO À PLANO MUNICIPAL DE