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4.2 AS CIDADES MÉDIAS E SEUS DESAFIOS NA GESTÃO DE RSU

4.2.1 Västerås: duas empresas para duas rotas

4.2.1.2 A planta de biometano

Por outro lado, a empresa que trata os resíduos da cidade, VafabMiljö, é propriedade dos municípios de toda a Província de Västmanland, cuja população é de aproximadamente 300 mil habitantes. A empresa possui 18 centros de reciclagem espalhados pela região, seis deles localizados na cidade de Västerås, onde está a sede da empresa. Além disso, tem várias plantas voltadas para o tratamento de resíduos, incluindo a planta de biometano, localizadas no bairro de Gryta, ao norte, em sentido contrário à planta de Mälarergi.

A iniciativa dessa planta de biometano não era originalmente pensada para tratar resíduos sólidos urbanos, mas sim para tratar os resíduos orgânicos gerados pelas fazendas da região. Por isso, um dos sócios da planta, Mälarergi e VafabMiljö, é a Federação Nacional de Fazendeiros Suecos (LRF). A ideia dessa planta foi concebida originalmente por fazendeiros da região, ainda em 1990.

Em 1995, decidiu-se combinar os resíduos agrícolas com resíduos sólidos urbanos. Em 1998, o planejamento da planta começou, mas a obra foi concluída em 2003, ano em que foi criada a empresa Svensk Växtkraft AB para operar a planta. Em 2004, decidiu-se também utilizar lodo de estação de tratamento em outra planta, e a produção piloto de biometano para transporte começou. No início de julho de 2005, a planta começou a funcionar plenamente.

Figura 28 – Controle de operações da planta de biometano da VafabMiljö Fonte: O autor (2017).

Em 2008, entrou em operação a primeira estação de abastecimento de biometano; em 2009, a segunda; em 2010, a terceira. No mesmo ano foi aprovada a utilização do lodo residual como biofertilizante para as fazendas. Em 2012, a quarta estação de abastecimento entrou em operação e, no ano em que a VafabMiljö, empresa de resíduos do município incorporou a Svensk Växtkraft, a quinta estação foi inaugurada.

Diferentemente do preconcebido, os principais substratos utilizados na planta atualmente são resíduos alimentares. O biogás gerado no biodigestor local e o que vem da planta de tratamento de esgotos são purificados numa planta anexa ao biodigestor para serem utilizados como combustível em ônibus, caminhões coletores e carros. A produção total abastece ao menos 150 ônibus urbanos, dez caminhões coletores e ainda outros carros leves.

Para purificar o biogás, usa-se a técnica já consolidada do scrubber de água e avançados sistemas de medição e supervisão da qualidade do gás. A água usada no processo do primeiro scrubber é tratada, e o gás restante passa por um outro scrubber (químico) e, em seguida, por um biofiltro. A perda de metano no processo não chega a 2%, e o biogás excedente não vendido para o abastecimento de veículos é usado para a geração de energia elétrica e calor na própria planta de tratamento de resíduos de Gryta.

Ultimamente, a demanda da região por biogás tem crescido e há a necessidade de tratar os resíduos agrícolas que estão sendo armazenados no pátio da planta. Por essa razão, está sendo planejado um novo digestor anaeróbico na planta.

Para 2014, as informações-chave da planta contemplam uma capacidade de processamento anual de 17.189 toneladas de resíduos orgânicos de residências e cozinhas industriais com teor de matéria seca de aproximadamente 30%; 3.835 toneladas de resíduos líquidos como gorduras e óleos com teor de matéria seca de 4 %; e 780 toneladas de resíduos agrícolas com teor de matéria seca de 35%.

A produção total anual foi de 2.740 mil Nm3 de biogás de resíduos alimentares que, com mais 1.959 mil Nm3 da planta de estação de tratamento de esgotos, resultou em 3.100 mil Nm3 de gás purificado, o correspondente a 3,8 milhões de litros de gasolina. O processo também produziu 2.157 toneladas de biofertilizante com teor de matéria seca de 25 a 30%.

A separação de resíduos alimentares começou bem antes da planta de biometano. Em novembro de 1996, a província estabeleceu uma estratégia regional para lidar com resíduos orgânicos. A estratégia propunha assegurar alta qualidade de separação de resíduos orgânicos em pequenas sacolas de papéis combinadas com lixeiras de plásticos ventiladas para armazenar esse tipo de resíduos.

Três pequenas estações de compostagem e uma de biogás seriam instaladas na região, sendo que tanto o composto como o lodo resultantes do biodigestor deveriam ser usados prioritariamente como fertilizantes em terras aráveis para a produção de cereais e, em segundo caso, em substratos para solo em parques e jardins. Por último, em obras de restauração de áreas poluídas. A compostagem caseira também deveria ser promovida, especialmente em áreas rurais e cidades pequenas que ficassem longe das plantas de compostagem e biogás.

O sistema de separação na fonte nas residências e cozinhas institucionais foi introduzido em todas as cidades da região, durante o período 1997-2001. Até 2005, os resíduos coletados eram tratados em três pequenas plantas de compostagem, quando então a planta de biogás passou a receber esses resíduos. A separação na fonte é voluntária.

Os residentes são livres para escolher três formas alternativas de lidar com os resíduos orgânicos, todos impactando na tarifa de resíduos: participação em esquema de separação na fonte: o resíduo orgânico é tratado na planta de biogás; compostagem individual de baixa escala nos jardins e quintais; ausência de separação na fonte: o resíduo orgânico é coletado com resíduos de cozinha e tratado via incineração.

A escolha da alternativa pelo morador é confirmada por um contrato entre ele e a prefeitura. Se o morador aderir ao esquema (redução do imposto de resíduos), ele se compromete a separar, de acordo com as instruções da prefeitura, esta, por sua vez, tem o direito de controlar a qualidade dos resíduos separados.

Em 2014, cerca de 144 mil residências (aproximadamente 90%) da região participaram do esquema, 7% tomaram conta dos seus resíduos em sua compostagem de quintal; 3% não separam e seus resíduos acabam na planta de recuperação energética da MälarEnergi. As instruções do sistema de coleta dos resíduos orgânicos estão impressas nos sacos de papel entregues em cada residência.

Depois de cheios, os sacos são levados pelos moradores para lixeiras ventiladas plásticas, que, em distritos residenciais, são localizadas fora das residências. Há duas lixeiras, uma marrom e outra verde. As marrons são para resíduos orgânicos. Em áreas de apartamentos, geralmente são colocadas em lugares cobertos e específicos. Resíduos sólidos de cozinhas institucionais são operados do mesmo modo que os residenciais, enquanto líquidos, como gordura, são coletados por caminhões tanques e entregues direto na planta de biogás.