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3.2 CLIMA E ENERGIA NA SUÉCIA

3.2.1 Regulação em energia

Basicamente, há dois impostos importantes que recaem sobre a energia e formam a base do sistema sueco de taxação do setor. O primeiro deles é propriamente o imposto da energia que recai sobre combustíveis (o imposto iniciou em 1924 sobre a gasolina; em 1937, recaiu sobre o diesel; em 1957, sobre o óleo e carvão para aquecimento; em 1985, sobre o gás natural e, em 2013, para biocombustíveis misturados em gasolina e diesel) e eletricidade (criado em 1951). Os impostos sobre óleo de aquecimento e carvão fizeram parte do esforço no sentido e expandir os sistemas de aquecimento central – District Heating (ÅKERFELDT, 2016).

Em 1991, por outro lado, a Suécia alterou esse imposto sobre energia diminuindo a sua base, mas estabelecendo outro critério adicional: as emissões de gases poluentes. Nesse sentido, o imposto mais importante é sobre a emissão de dióxido de carbono, e há também impostos sobre compostos de enxofre e nitrogênio, além de outros valores adicionais específicos para eletricidade e combustíveis.

Esses impostos têm tanto propósito fiscal quanto ambiental e são cobrados de usuários de todos os tipos de combustíveis para motores ou aquecimento, com exceção da maioria dos biocombustíveis. O imposto sobre carbono vem aumentando ao longo dos anos, sendo cobrado o valor de 0,25 SEK por kg no início e chegando, em 2015, a 1,20 SEKs por kg CO2. Essas taxas, entretanto, são menores para alguns setores, como a indústria manufatureira, a agricultura e a indústria florestal. O imposto de carbono é baseado no conteúdo de carbono de todos os combustíveis (a quantidade emitida de dióxido de carbono), exceto para biocombustíveis e turfa. Regras especiais se aplicam para a indústria eletrointensiva e diesel em indústrias rurais (IEA, 2017).

Em 2014, no que se refere ao imposto de energia em eletricidade, os impostos que incorrem em processos industriais e outros negócios é o valor mínimo permitido pela Diretiva de Impostos em Energia da União Europeia (2003/96/EC): ou seja € 0,5 MWh. Enquanto o imposto de energia para a maioria dos usuários residenciais de energia elétrica, em 2016, era 0,292SEK por kWh ou, aproximadamente, € 0,03 por kWh. A receita obtida pelo governo com esses impostos representa aproximadamente 4 % de toda a receita do governo (IEA, 2017).

O imposto sobre enxofre é aplicado onde essas emissões são medidas ou pelo conteúdo de enxofre do petróleo usado. Para óleo pesado ou diesel, o imposto é cobrado sobre 0,1% do peso e para coque, carvão e turfa, os valores são cobrados sobre kg de conteúdo de enxofre. Se os compostos de enxofre são removidos dos gases de exaustão, o imposto é devolvido de acordo com a quantidade (kg) de remoção (IEA, 2017).

Com relação ao imposto de carbono, não há medição das emissões e o cálculo é baseado na média de emissões e nos fatores de energia. Os cálculos são expressos na lei, em peso ou em volume, para diferentes combustíveis. O imposto de CO2 é coletado da mesma forma que o imposto de energia, de modo a manter os custos administrativos baixos para as autoridades tributárias e também para os operadores (ÅKERFELDT; HAMMAR, 2015).

Muito embora tenha se iniciado no mesmo nível, o imposto sobre carbono se tornou diferente para consumidores padrões e para indústrias como indústrias manufatureiras, agricultura, plantas de cogeração, indústria florestal, e aquicultura, como pode ser verificado na Figura 8:

Figura 8 – Imposto de carbono ao longo dos anos Fonte: Sumner et al. (2009, p. 11).

A introdução desse imposto de carbono fez parte de uma reforma tributária maior que, entre outras coisas, reduziu o imposto de renda para capital e trabalho, eliminou isenções e ampliou a base tributária sobre valor adicionado. Foi uma oportunidade política voltada para alcançar dois objetivos: de um lado, reduziu-se imposto de renda que havia alcançado níveis muito altos; de outro lado se atendia às questões ambientais que vinham alcançando grande interesse por parte da sociedade sueca (ÅKERFELDT, HAMMAR H., 2015).

No período de 2007 a 2013, o governo aumentou os impostos ambientais que recuperaram cerca de €0,6 bilhões, assim como cortou impostos trabalhistas que liberaram cerca de €8,6 bilhões na economia (ÅKERFELDT, 2016).

Em 2009, o governo decidiu aumentar o imposto de energia em dois passos para um total de 0,40 SEK por litro. A primeira parte foi implementada a partir de primeiro de janeiro de 2011, aumentou-se os primeiros 0,20 SEK; e na segunda fase, os restantes 0,20 SEK, a partir de primeiro de janeiro de 2013 (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2017).

Em função do Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU Emissions Trading Scheme (EU ETS), um vasto instrumento de comercialização de emissões de gases efeito estufa existente na União Europeia, as indústrias suecas submetidas a esse esquema (indústrias energointensivas), a partir de 2011, deixou-se de cobrar impostos desse grupo de indústrias participantes, uma vez que eles já se comprometeriam com a redução das emissões e pagariam pelas mesmas (ÅKERFELDT; HAMMAR H, 2015).

Em 2016, conjuntamente, os valores totais das receitas com os impostos de energia e carbono alcançaram 1,6 % do PIB e 3,6% do total das receitas de impostos no país. Os números absolutos podem ser conferidos na Tabela 6:

Tabela 6 – Receitas suecas de impostos de energia e carbono em 2016

Receitas em bilhões de €

A) IMPOSTO DE ENERGIA 4,66

Eletricidade 2,24

Gasolina 1,25

Outros combustíveis fósseis além da gasolina 1,18

B) IMPOSTO DE CARBONO 2,47

Gasolina 0,85

Outros combustíveis fósseis além da gasolina 1,62

Total (A+B) 7,13

A partir de 1 de fevereiro de 2013, biocombustíveis misturados a gasolina e diesel, em misturas acima de 5%, eram isentos do imposto sobre carbono e do imposto de energia, na medida da sua proporção em peso nos combustíveis. O E85 (etanol 85%) e outros combustíveis com alta mistura de biocombustíveis são inteiramente isentos dos impostos de carbono e energia na proporção em que se dá a mistura (IEA, 2017).