• Nenhum resultado encontrado

2 POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DE RESÍDUOS URBANOS

2.3 PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)

2.3.1 A Política Instituída

A PNRS é um dos resultados das discussões da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92, que previa ações para a promoção do desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos (BRASIL, 2010). Um dos programas previstos para a implantação das ações era “a promoção da existência integrada de infraestrutura ambiental: água, saneamento, drenagem, e manejo dos resíduos sólidos” (BRASIL, 2014). A Lei n.º 12.305/2010 constituiu-se, portanto neste programa no que se refere ao manejo dos resíduos sólidos urbanos.

Segundo definição da Lei n.º 12.305/2010 (BRASIL, 2010) resíduo sólido é todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, cuja destinação se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

A Política Nacional de Gestão de Resíduos sólidos instituída em 2 de agosto de 2010 dispõem sobre seus princípios, objetivos, instrumentos, bem como sobre o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, incluindo os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis.

A Lei n.º 12.305/2010 no seu artigo 6.º estabelece os princípios da PNRS, os quais apresentam desde o desenvolvimento sustentável até o princípio da ecoeficiência que dispõem sobre a produção de materiais que venham a minimizar ou até mesmo eliminar seu impacto no meio ambiente após seu descarte, passando pela eficiência nos insumos para sua fabricação, preço acessível e eficiência na sua utilização. Cabe destaque para o inciso X que versa sobre o princípio – “direito da sociedade à informação e ao controle social”, sendo que este princípio é alcançado e aplicado quando a sociedade passa a cobrar a atuação dos municípios na aplicação da lei, que só foi possível a partir da constituição do Sistema Nacional de Informação sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR).

Os objetivos da política são abordados no artigo 7.º e tratam desde a proteção à saúde pública no seu inciso I até a gestão integrada dos resíduos sólidos em seu inciso (VII), apresenta ainda em seu último inciso (XV) estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.

O Marco Regulatório para os resíduos sólidos urbanos ficou estabelecido com a aprovação da lei supracitada versando sobre a distinção entre resíduos (lixo, que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeitos (materiais não passíveis de reaproveitamento). Esta lei se refere a todo tipo de resíduos urbanos: doméstico, industrial, da construção civil, eletroeletrônicos, lâmpadas de vapores mercuriais, da área de saúde, dentre outros.

São instrumentos principais do PNRS segundo o Art. 8.º: i) a elaboração do Plano de Resíduos Sólidos em seu inciso I, que é de responsabilidade dos estados e municípios; e ii) a criação do Sistema de Nacional de Informação sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR) em seu inciso XI.

Já o Art. 42 estabelece que o Poder Público deve instituir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de:

i) prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no processo produtivo;

ii) desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde humana e à qualidade ambiental em seu ciclo de vida;

iii) implantação de infraestrutura física e aquisição de equipamentos para cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda; iv) desenvolvimento de projetos de gestão dos resíduos sólidos urbanos

de caráter intermunicipal ou, nos termos do inciso I do caput do art. 11, regional;

v) estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística reversa; vi) descontaminação de áreas contaminadas, incluindo as áreas órfãs; vii) desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas

aplicáveis aos resíduos sólidos urbanos;

viii) desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos urbanos.

Foi previsto ainda no Art. 43, que no fomento ou na concessão de incentivos creditícios destinados a atender diretrizes da lei, as instituições oficiais de crédito podem estabelecer critérios diferenciados de acesso dos beneficiários aos créditos do Sistema Financeiro Nacional para investimentos produtivos.

Segundo o Art. 44 a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, no âmbito de suas competências, poderão instituir normas com o objetivo de conceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios, respeitadas as limitações da Lei Complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a:

i) indústrias e entidades dedicadas à reutilização, ao tratamento e à reciclagem de resíduos sólidos urbanos produzidos no território nacional; ii) projetos relacionados à responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos,

prioritariamente em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda;

iii) empresas dedicadas à limpeza urbana e a atividades a ela relacionadas. O Art. 45 estabelece que os consórcios públicos constituídos, nos termos da Lei n.º 11.107, de 2005, com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de serviços públicos que envolvam resíduos sólidos urbanos têm prioridade na obtenção

dos incentivos instituídos pelo governo federal como forma de garantia para que os municípios menores possam cumprir os dispositivos da PNRS.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente um conjunto de instalações para o manejo dos resíduos sólidos deve ser implantado de forma a garantir a implementação do modelo tecnológico com sistema de coleta seletiva dos resíduos: secos para triagem; orgânicos para compostagem; e dos entulhos para aprovei- tamento na construção civil, melhorando assim a gestão ambiental dos resíduos sólidos nos municípios (BRASIL, 2010).

O Art. 14 estabelece que ficará sob a responsabilidade da união, dos estados e dos municípios a elaboração dos Planos de Resíduos Sólidos.

Estes Planos são necessários para que os municípios acessem incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. O plano elenca uma série de critérios que deverão ser atendidos para a priorização de acesso aos recursos da União. Tais critérios visam o fortalecimento das comunidades de baixa renda, por meio da viabilização de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis; e fomentar as soluções consorciadas intermunicipais para a gestão dos resíduos sólidos urbanos incluindo a elaboração e implementação do plano intermunicipal de resíduos sólidos.

Documentos relacionados